Brioche (minha crônica no Divirta-se do Estadão)

Ilustração: Daniel Kondo

Ilustração | Daniel Kondo

E pensar que tudo começou há apenas cinco anos. Lembra? Entre abril e maio de 2012, dois eventos em que chefs famosos atenderiam em barraquinhas de rua acabaram em confusão.

Primeiro foi o Mercado, organizado num pátio no alto de Higienópolis, que engarrafou a avenida Angélica madrugada adentro e deixou dois mil de barriga vazia do lado de cá do portão.

Parecia que os notívagos esfomeados teriam melhor sorte no Chefs na Rua, realizado no Minhocão, durante uma Virada Cultural. Mas aconteceu que a distribuição da galinhada de Alex Atala frustrou tanto os 500 que conseguiram comer (estava fria!) quanto a multidão que tinha ficado sem ficha.

Inicialmente culpou-se o excesso de divulgação: eventos assim teriam que ser cochichados ou, no máximo, compartilhados em grupos secretos do Facebook. Sobrou também para a organização da Virada (incapaz sequer de levar gás aos fogões do Atala) e, sempre ela, para a emergência incontrolável dos novos consumidores.

Acalmados os ânimos, porém, viu-se que o buraco era mais em cima. A causa de tamanho alvoroço por comida boa e barata estava no empobrecimento das classes gourmets.

De fato, naqueles idos de 2012, a renda de um paulistano de classe média alta só permitia que ele freqüentasse restaurantes em Nova York. São Paulo andava proibitiva. Só o valet já custava quase uma corrida de táxi a Cumbica. Um restaurante nem precisava ter pratos gastronômicos para ter preços astronômicos.

Foi então que começaram a aparecer as primeiras carrocinhas de restaurantes estrelados nas esquinas da cidade.

Hoje em dia, nas noites do fim de semana, os dez pontos do Dogão do Atala faturam mais que o D.O.M., o melhor restaurante do mundo segundo uma revista inglesa. São Paulo tem mais quiosques de moules & frites do que a Bélgica inteira, graças a Benny Novak. E a fila do Suflê de Goiabada na Madruga, a towner de sobremesas de Carla Pernambuco, faz a fila dobrar a quadra da estação Angélica do metrô.

Esta semana inaugura o primeiro trailer do Jun Sakamoto. Mas traga o seu shoyu de casa, porque um chef pode estar na rua, mas não abre mão de seus princípios!

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33 comentários

Em São José dos Campos também tem caldos na madrugada! O Trailer Corujão na Praça São Dimas é o melhor em minha opinião. Caldo verde, canjiquinha, mandioquinha, canja, dobradinha, feijão, mandioca entre outros. Tudo acompanhado de pão crocante, cebolinha e queijo ralado. Vc come lá ou leva para casa. Hummmmm.

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