Check-up

Minha crônica no Guia do Estadão de hoje.

checkup

Enquanto vocês brincavam de ficar paranóicos com a gripe suína, eu me divertia com o meu primeiro check-up – aquele que a gente nunca esquece.

Pensei que não ia acabar nunca. Fiquei uns dez dias entretido com a coisa; sempre tinha um feriado a atrapalhar um jejum ou inviabilizar um procedimento qualquer.

Cheguei ao primeiro laboratório com uma lista de exames maior que a minha lista de supermercado. Escondido da atendente, um potinho com aquilo que entre adultos polidos chamamos de “número dois”. Tudo bem que o meu nome do meio, Schmitt, não é lá muito fácil de escrever. Mas ela também não precisava me registrar como “Schiit”. Precisava?

A bateria mais séria foi feita uma semana depois, num hospital. Fiz o check-in, digo, o cadastro, e logo me botaram uma pulserinha cor-de-rosa. Pouco tempo depois eu já me sentia num cruzeiro all-inclusive de exames.

A doutora que fez o meu ecocardiograma espirrou duas vezes durante o exame. Tentei me lembrar como é que se deseja “Saúde!” em mexicano, mas não consegui.

Já no teste ergométrico o doutor desatou a digitar loucamente no computador. Fiquei pensando se existe alguma família de tipos adaptada para a profissão – um Helvética Garrancho de Médico, ou um Times New Roman Ilegível.

Antes do ultrassom, me dei conta de que se trata de um exame tão avançado, mas tão avançado, que já não tinha hífen antes mesmo da reforma ortográfica.

O pior me aguardava no finzinho. Me disseram — ou sonhei, sei lá — que meia dúzia de eletrodos seriam plugados no meu peito, ligados a um aparelho que monitoraria o meu coração por 24 horas. E que, por causa disso, eu precisaria ficar totalmente desplugado por todo esse tempo. Para alguém que é mantido vivo por aparelhos (basicamente, um laptop e um roteador), esse era um exame de altíssimo risco. Sinceramente, não sabia se conseguiria sobreviver.

Ops, alarme falso. O monitoramento era de pressão. Me amarraram um aparelho no braço que inchava de vinte em vinte minutos e me fazia sentir incrível. Um incrível Hulk de araque. Mas não havia incompatibilidade nenhuma com eletrônicos. Disse a enfermeira: “É pra levar uma vida normal. Só não dá pra tomar banho”. No que eu devolvi: “É pra levar uma vida normal de francês, então”.

Mas o mais grave de toda a situação é que eu transmiti o check-up inteiro pelo Twitter.

Eu sei: o sujeito que tuíta o próprio check-up é doente.

30 comentários

Quem está precisando de um check-up é o Twitter!

Ah, parece que o google teve um susto ontem.

Vou lançar um plano de saúde para as mídias sociais.

; )

Me desculpe eu não ter comentado antes sobre essa ótima (lugar comum) crônica, mas HOJE foi o MEU dia de check-up. Só que é o meu décimo. E o décimo a gente esquece dez minutos depois

mais um texto sensacional! sou sua fã desde que o viaje na viagem (o livro) foi lançado e acompanhei o check-up no twitter: ótimo como sempre! parabéns pelo bom humor!

Estava divertidíssimo no twitter, mas o texto conseguiu ficar ainda mais engraçado. 🙂

Mooorrro de medo de check-up… até porque no último apareceu um feijãozinho dentro da minha barriga. Fiquei três dias em estado de choque. Quatro meses depois descobri que, na verdade, era uma feijoa… que completa um ano no fim do mês. hohohoho!
Bão, lendo seu testemunho em que – entre mortos e feridos todos se salvaram… acho que devo fazer um novo check-up. E se aparecer outro feijãozinho resolvi que… a culpa é sua! 😉

Morri de rir no Twitter… e agora aqui!
PS: Pelo menos agora…só no ano que vem! Só não vale demorar para fazer o retorno 😉 (Estou criando coragem para fazer o meu…)

Hehe, muito bom 😆

Meu check-up se resume a um exame de colesterol e só!

Agora, minha maior preocupação é quando chegar a idade para fazer o exame de próstata 😳

Muito legal!
Como não estava on-line, vi uma coisa aqui outra ali no twitter…juntando tudo ficou muito engraçado!

Estava meio baixo astral.
Como é que eu vou contar pra alguém que uma crônica sobre um checkup me fez ter “frouxos” de riso !! Xonguesca!!

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