Como sobreviver ao extravio da sua mala em 4 passos

Claimed bag

Perder malas não é incomum, sobretudo quando você precisa fazer uma conexão. Qualquer atraso e pimba: sua mala fica pelo caminho. Na maioria das vezes, a mala extraviada é entregue no seu hotel em até dois dias. São raros os casos em que desaparecem para todo o sempre.

Nesse departamento, posso me considerar um sujeito de sorte. Por mais que tenha viajado, só tive malas extraviadas em duas ocasiões. E em ambas consegui reaver minhas malinhas.

No entanto, quis o destino (ou seria Murphy?) que nas duas vezes as malas tenham sumido na pior circunstância possível. Sabe quando você desembarca num aeroporto e de lá já sai imediatamente para um lugar distante, sem estrutura nem comércio decente? Pois foi justamente em dois momentos assim que fiquei sem minha mala — e acabei viajando meio maltrapilho por uns dias.

A última experiência foi recente, há dez dias. Aproveito que o limão ainda está fresquinho para fazer um post-limonada, compilando recomendações antigas com insights que me ocorreram agora e precauções recomendadas por leitores.

Dá para resumir tudo em quatro itens.

–> 1. Pense na sua bagagem de mão como um seguro-viagem

Sua maletinha de mão precisa conter todas as coisas das quais você não pode se separar por nenhum instante.

Têm que estar nela:

– Documentos

– Remédios

– Aparelhos eletrônicos

– Cabos, carregadores e adaptadores

– Peças de roupa que você precise usar assim que desembarcar

Por razões de praticidade, eu sempre subi a bordo com uma mochila tamanho médio. Chegando ao hotel, eu tirava dela todos os eletrônicos e cabos e quetais, e a bagagem de mão então passava a servir como minha mochilinha de passeios. O problema é que, pelo volume de eletrônicos que carrego, acabava não sobrando espaço para nenhuma muda de roupa. Depois do que sofri nesta última viagem, decidi: a partir da próxima, essa mochila vai vazia na mala grande, e vou subir a bordo com uma maleta de verdade (formato “carry-on”, dimensões máximas: 55 cm x 40 cm x 20 cm), para caber alguma roupa.

–> 2. Identifique e documente a mala que você despacha

Não despache malas sem identificação. Ponha nome, endereço e telefone de contato protegidos por fita adesiva no corpo da mala ou numa etiqueta de couro presa com fivela à alça.

Aproveite que o seu celular tira fotos e fotografe a mala antes de entregar no check-in. Fotografe também o recibo do despacho (o papel é pequeninho, fica colado no canhoto do cartão de embarque e às vezes se perde no caminho). E já que está com a mão na massa, fotografe o cartão de embarque também.

O leitor Lucas sugere que você fotografe até mesmo as peças de roupa quando estiver fazendo a mala; isso facilita muito caso você processe a cia. aérea por ressarcimento de danos.

Sair de casa com seguro-assistência comprado também garante apoio e algum ressarcimento caso a mala se extravie. (No meu caso, estava viajando a convite, e os anfitriões só tinham feito seguro-saúde, não seguro-assistência… é muito Murphy, Brasil.)

–> 3. A mala não chegou? Muita atenção no preenchimento da reclamação

É um momento cruel. Você veio de longe, passou pelo stress da conexão (que deve ter sido apertada, para terem perdido sua mala), pode ser que tenha varado a noite sem pregar o olho, e no fim ainda ficou meia hora com o coração na mão esperando a mala aparecer… e agora tem que enfrentar, em outro idioma, um sujeito no balcão de malas perdidas para preencher o formulário de reclamação.

Respire fundo e tente esquecer o cansaço por dez minutos. É importante que o formulário seja preenchido com o tipo de mala mais parecido com a sua (com a foto no celular, fica mais fácil para o agente identificar corretamente), e que os seus dados estejam corretos (tenha à mão seu endereço temporário e confira se o seu telefone está com DDI e DDD corretos).

–> 4. Esteja preparado para interromper a programação

Meu conselho pessoal: não siga viagem antes de recuperar o mínimo da sua dignidade. Atrase a programação por meio dia e faça as compras necessárias para que você não pense na mala perdida da hora de acordar à hora de dormir (e ainda sonhe com a desaparecida).

Conforme o conselho do leitor Juliano, que é advogado, compre tudo o que vá precisar, juntando todas as notas, para ser ressarcido pelo seguro-assistência (conforme limites do contrato) ou pela cia. aérea (por via amigável ou judicial).

Se tem seguro-assistência ou comprou a passagem por agência de viagens, repasse a eles o número do protocolo da perda de mala. Se estiver desassistido, ligue uma vez por dia para o telefone que lhe informarem. Pedir assistência pelo Twitter da cia. aérea também ajuda (procure não ser agressivo, essas coisas acontecem e não é culpa de quem recebe a reclamação).

Espero que nunca aconteça com você. Mas se acontecer, que este guia ajude você a não perder a viagem 😀

Leia mais:

Volta (Crônica de uma mala extraviada)

Final feliz: ela voltou

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97 comentários

A minha contribuição ao post é para dizer que, independente da duração das minhas viagens, levo apenas uma pequena mala de cabine (carry-on, nas medidas citadas no post) onde vão as roupas; e uma sacola de mão onde levo remédios, documentos, sapatos e as tranqueiras da modernidade. E a malinha não vai estufada, longe disso.
Viajar com mala de cabine é uma tranquilidade e um conforto sem igual. Nada melhor que chegar e sair direto para pegar o seu taxi.

    Fazer isso em viagem quando o destino será os Estados Unidos da América é IMPOSSÍVEL, salvo se não for comprar coisa alguma!

    Juliano Marcondes, voce pode não acreditar mas eu não compro nada, nada quando viajo. Não preciso e não teria tempo. Às vezes não tiro nem fotos.rsrs

    Que inveja! Adoraria poder economizar como você!!…rs

    Quem sabe no futuro conseguirei atingir esse nível! Obrigado pela resposta Maria da Graça! Um Abraço!

Na ida, na minha bagagem de mão sempre vão, além dos eletrônicos e documentos, um pijama, duas ou três cuecas e igual número de pares de meias e duas ou três camisas. Se o destino final for quente, também incluo uma bermuda, o calção de banho e, se der, as havaianas. Se o destino for muito frio, as segundas peles também vão na mochila, e os casacos pesados na mão.

Eu sempre viajo de calça jeans, então geralmente não coloco mais uma calça na bagagem de mão, mas para quem viaja com roupa mais confortável, também pode ser interessante adicionar uma calça jeans na bagagem de mão.

Ah, e claro que escova e pasta de dentes, pente e desodorante também vão na bagagem de mão.

Na volta, nenhuma roupa na bagagem de mão. Mas, dependendo da existência de conexões, isso pode ser uma estratégia perigosa.

Segue aqui cópia da minha “saga”, este depoimento estou usando no processo que estou abrindo contra as Cias. Aéreas….rs
Ao Chegar em Milão, dia 14/05 em vôo da TAP fomos direto à esteira de bagagens. Após todas as malas terem sido retiradas, verificamos que as nossas não haviam chegado. Nos dirigimos ao balcão de Achados e Perdidos (Lost and Founds) do aeroporto Malpensa onde foi aberto o Property Irregularity Report e nos foi informado que no máximo no dia seguinte nossas bagagens seriam entregues em nosso hotel em Milão. Já sabendo que ficaríamos apenas uma noite nessa cidade, pois tínhamos reserva em um hotel em Roma para o dia seguinte (15/05/2012) já deixamos o endereço do próximo hotel, também no relatório do PIR.
Nossas bagagens não foram entregues no dia seguinte. Dessa forma, já preocupados e transtornados, entramos em contato com a Mondial Travel, empresa com a qual fizemos seguro de viagem para que nos ajudasse na comunicação com a empresa aérea pois estávamos em um país estrangeiro do qual não falamos o idioma. Como pode ser verificado nos e-mails trocados com a Mondial, a TAP não tinha a menor ideia de onde nossas bagagens estavam. Também entramos em contato com a TAM, pois compramos as passagens na agência deles, e recebemos a resposta de que nada podiam fazer, pois a responsabilidade é da companhia aérea que fez o último percurso de voo.
No dia 16/05, já estávamos no terceiro dia sem nossa bagagem e tínhamos a informação da TAP que neste dia nossas bagagens seriam entregues no hotel em Roma. Já estávamos mais que transtornados pois dispúnhamos apenas de duas peças de roupa limpas, assim como roupa íntima que já haviam sido utilizados nos dias anteriores. Neste dia, a bagagem não foi entregue.
No dia 17/05, quarto dia sem nossas bagagens, obtivemos novamente a promessa da TAP que eles nos as entregariam naquele dia. Deixamos a recepção do hotel avisada, e pedimos que nos informassem assim que as bagagens fossem entregues. Compramos inclusive, um chip de celular com um número italiano para facilitar a comunicação.
Ao chegar no hotel, por volta das 22hs verificamos com a recepção que nossa bagagem não havia sido entregue. Entramos em contato novamente com a Mondial Travel, informando o fato. No dia seguinte, 18/05/2012 seria nosso último dia em Roma e partiríamos para Florença. A Mondial nos orientou que se a mala não fosse entregue até a meia noite daquele dia, que informássemos o endereço do hotel em Florença para adicionar essa informação ao PIR. Mais uma vez, a TAP falhou e as malas não foram entregues. Nas fotos que tirávamos de nossa viagem dos sonhos as roupas já começam a se repetir e no Facebook já éramos “sacaneados” por nossos amigos. No dia 18/05/2012, já no quinto dia sem nossas bagagens e quase há uma semana no exterior com apenas duas peças de roupa, ligamos novamente para a Mondial Travel e informamos o endereço de nosso hotel em Florença. Também fizemos contato por e-mail e a resposta que recebemos foi a de que a Cia. Aérea ainda não sabia porque nossa bagagem não havia sido entregue. Também recebemos uma mensagem da TAP Portugal pelo Facebook que neste dia as malas seguiriam para o aeroporto de Florença através de um voo da Alitália. Dessa forma, seguimos para Florença.
No dia 19/05/2012, sexto dia sem nossas bagagens recebemos a informação de que nossas malas haviam saído no dia anterior (18/05/2012) de Milão para serem entregues em Florença. Novamente, deixamos a recepção do hotel onde estávamos hospedados, avisada de que nossas malas seriam entregues naquele dia. Já com seis dias e na terceira cidade, sem roupas limpas, o que fazíamos para amenizar o problema era lavar o que tínhamos em mãos e esperar que secassem para que utilizássemos no dia seguinte. Vale lembrar que não compramos peças de roupas para usarmos pois a todos os dias recebíamos a promessa da TAP que entregariam as nossas malas.
Ao final do dia 19/05/2012, às 19:00hs, retornamos ao hotel e fomos informados que nossa bagagem mais uma vez, não havia sido entregue. Fomos então ao aeroporto de Florença para verificar se nossas malas realmente haviam chegado através de um voo da Alitália como a TAP havia informado anteriormente. No setor de Lost and Founds, nos disseram que elas não haviam chegado. Por volta das 23hs (horário local) daquele dia, recebemos uma ligação do aeroporto de Florença, dizendo que nossas bagagens haviam chegado e que deveríamos nos dirigir ao aeroporto para retira-las, mas apenas no dia seguinte, pois àquela hora o setor de retirada estava fechado.
No dia 20/05/2012, sétimo dia de viagem, fomos ao aeroporto às 09:00hs da manhã, assim que o setor de entregas abriu, e finalmente pudemos retirar nossas bagagens.

    Oi Juliana, tanto a TAM como a TAP são responsáveis pelos danos causados com vocês no extravio temporário das bagagens, até mesmo porque, é muito provável que comprou as passagens aéreas com trecho fechado, ou seja, as empresas TAM e TAP, possuem toda responsabilidade pelos fatos ocorridos na viagem, haja vista as Companhias possuirem acordo interline entre eles, inclusive fazendo parte da Star Alliance, respectivamente a maior aliança de companhias aéreas do mundo,

    O acordo interline define que as empresas acima e seus agentes credenciados poderão efetuar vendas em vôos pelos quais são autorizados, conjugados com vôos TAM/TAP, o que possibilita aos passageiros adquirir bilhetes para destinos atendidos pela TAM nas suas rotas e pela TAP no resto dos trechos não atendidos pela empresa brasileira,

    Dessa forma, as tarifas para aquisição das passagens, tanto na IDA quanto na VOLTA, abrangem a rota completa nos trechos operados pelas duas companhias aéreas.

    Em outras palavras, o acordo INTERLINE, pelo Código de Defesa do Consumidor, significa que existe um só contrato de transporte executado por mais de um transportador.

    Convém frisar que a própria Lei 7.565/86, Código Brasileiro de Aeronáutica, em seu artigo 223, considera que existe um só contrato de transporte executado por mais de um transportador quando foi ajustado em um único ato jurídico como ocorreu com vocês, vejamos o art. 223 da Lei 7.565/86:

    Art. 223. Considera-se que existe um só contrato de transporte, quando ajustado num único ato jurídico, por meio de um ou mais bilhetes de passagem, ainda que executado, sucessivamente, por mais de um transportador.

    Procure um advogado de sua confiança e busque seus direitos!
    Abraços e boas viagens!

Minha filha de 15 anos teve a sua mala extraviada ( e perdida para sempre) logo ao chegar ao sri lanka. Na mala, biquinis brasileiros, sapatilhas de couro, coisas que nunca mais vamos conseguir comprar. E recebemos 200 dolares de compensação.

agora fiquei preocupada com isso…1h50 é uma conexão apertada?

    Karla, eu nunca aceito uma conexão com menos de 3 horas. Mas, como eu disse lá em cima, sou estressada…

    Duas horas é um tempo ótimo para conexões , mas e os atrasos ?
    Se viajas sem bagagem despachada, não tem problema.

    Pra mim: conexões apertadas (2h30m ou menos) somente com cias. aéreas de excelência no trato com o cliente (British Airways, Lufthansa, Singapore e por aí vai…). Acredito que é uma segurança maior se tiver que lidar com esse tipo de situação.

    Vou sempre pela Air France e as vezes acontece atraso…o lance então é: ou não despachar bagagem ( o que no inverno é meio difícil) ou levar metade da bagagem na mala de mão e despachar a outra metade…

    Se tiver que passar pela imigração e o embarque do próximo voo for em outro terminal do aeroporto, até 2h é apertado, o ideal é no mínimo 3h. As filas de imigração costumam ser longas e demoradas e a troca de terminais nos grandes aeroportos, também.

Em março fiz uma viagem que conjugou a Patagônia Argentina com o Chile.
Eram vários voos, muitas conexões e com o tempo apertado entre um e outro.
Já na volta para o Brasil, saindo de Santiago, fazendo conexão em Buenos Aires para chegar em Guarulhos e só de lá vir para Brasília, destino final. O voo que saía de BAires se atrasou e não chegamos em SP a tempo para conexão.
A Gol nos ofereceu hotel e alimentação mas minha mala não apareceu.
Minha sorte foi ter mala de mão, inclusive com soro e estojo para lente de contato, além de uma muda de roupa.
Chegando em Bsb, ao preencher o formulário de perda lembrei-me que, por acaso, tinha uma foto com a mala perdida.
Mostrei às atendentes. Enquanto eu procurava o cartão de embarque, uma delas veio de lá de dentro falando: acabou de chegar uma mala aqui que se parece com aquela que você mostrou na foto!
Era a minha mala =) Detalhe: a cor ajudava: era vermelha!
Resultado: já saí do aeroporto com a bagagem.
Foi um alívio.
Agora vou tirar sempre fotos das malas. Não vai ser mais por acaso.

Semana passada, viajei com meu filho e marido pra Amsterdã com conexao apertada em Lisboa. Na mala de mão, roupas pra uns dois dias pro caso da mala extraviar na conexão. Roupas minhas e do meu filho , pq o marido se recusou a seguir meu conselho. Resultado: a mala DELE extraviou…rs. Isso sim é Lei de Murphy! rs

Sempre que vou fazer a mala de mão me lembro de um grupo de espanhóis que estavam no nosso hotel no Marrocos : passaram vários dias vestidos de kit-turista , com camisetas estampadas “I love Morroco”, Djelabas de tecido sintético bordadas com lantejoulas ,bonés do Hard Rock , e o mais hilário > babouches 100% turistique.
Então.. é recomendável incluir um calçado útil para os eventos locais na bagagem de mão .

Recentemente passei por este perrengue. Ao desembarcar em Aruba, cadêa mala? Ao reclamar fui mal atendida pela Copa Air e disseram que iam pagar USD 25 por dia, mas somente quando eu fosse fazer o chek in de retorno. Tive que explicar que isso não seria o correto, gerou stress e então me deram os. USD 25 para as primeiras 24 horas. Não deu nem para comprar uma camiseta. Então resolvi que nunca mais compraria seguro de viagem sem assistência para perda de bagagem. E a mochilinha do Ricfreire também não será esquecida. Viajando e aprendendo……

Eu normalmente carrego, na maleta de mão, além da parafernália dos eletrônicos, uma muda de roupa, completa. Depois do episódio da perda da sua mala, aumentei para duas mudas. Do jeito que eu já sou estressada é melhor, mesmo, tentar garantir um mínimo de conforto ao chegar. Principalmente porque não é que eu seja tamanho padrão, certo? 😉

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