Decisão de viagem

“Você pode decidir por mim?”

Decisão de viagem

As perguntas que chegam à caixa de comentários do Viaje na Viagem podem ser classificadas por categorias. Tem as perguntas que pedem pra gente destrinchar roteiro (coisa que, infelizmente, não temos como fazer; explicamos por quê aqui). Tem as que pedem licença pra fazer alguma coisa que a gente não recomenda (seria a categoria “deixa, tio”?). Tem as que jogam no nosso colo a bomba do “mas é o único mês em que eu posso!” — como se a gente tivesse culpa e pudesse arranjar uma solução. Tem as que querem que a gente adapte cada post (são 4.911) às necessidades de quem viaja com criança (de 1, de 2, de 6, de 9, de 12 anos, cada um esperando uma adaptação diferente). E tem a categoria de que eu vou falar hoje — as perguntas que pedem pra gente decidir pelo leitor.

Você, que acompanha o Viaje na Viagem com alguma assiduidade (a ponto de ler um post genérico como este), certamente já esteve do nosso lado do balcão. Quantas vezes já não vieram pedir para você ajudar numa decisão de viagem? Quando é para um amigo, é fácil e prazeroso: você conhece a pessoa, seus gostos, seu histórico de viagem, suas idiossincrasias. Existe uma grande chance de você dar a indicação que é a cara do seu amigo e vai render a viagem mais redonda.

Agora — e quando é alguém que trabalha em um departamento a três salas de distância do seu, que ouviu falar da sua fama de viajandão e vem pedir um pitaco: vou pra esse lugar ou esse outro? O hotel x é melhor que o hotel y? Automaticamente o seu cérebro tenta processar todas as variáveis, mas daí trava, pela falta de uma série de informações sobre os gostos, o estilo de vida e o histórico de viagem do colega. Você até pode fazer uma entrevista com o sujeito, mas pode ser que falte aquela aptidão inerente aos agentes de viagem.


Lopes Mendes
Viaje na certa

Aqui é a mesma coisa. Agora em julho batemos a marca de 1.300.000 usuários únicos no mês. São leitores de todos os tipos — não dá nem para dizer que todos são unidos pela característica de viajarem por conta própria. Nananina: o blog também é consultado por um público significativo que está apenas se munindo de informações antes de comprar um pacote (ou desenhar um itinerário numa agência de viagem). Como que a Bóia vai saber se um leitor vai gostar mais do Majestic Colonial ou do Meliá Tropical, se vai curtir igualmente Morro de São Paulo e Boipeba, se deve passar a lua de mel em agosto em Machu Picchu ou em Fernando de Noronha?

A gente já constrói os posts de um jeito que permita ao leitor tomar decisões bem-informadas. De uma maneira ora sutil, ora escancarada, a gente vai deixando indicações aqui e ali que servem para que cada tribo identifique a alternativa mais interessante ao seu perfil. Normalmente a gente só responde pergunta de decisão quando alguma opção considerada pelo leitor é tecnicamente não-recomendável (tipo: época errada ou tempo insuficiente). Se as perguntas se repetem, eu volto no texto e dou um maior destaque à informação que não está sendo bem compreendida.

Por isso, quando você vir uma resposta da Bóia a um leitor que pede uma decisão, pode reparar: ou a gente elimina alguma alternativa por motivos estritamente técnicos, ou repassa os prós e contras de cada alternativa pro leitor decidir. (Caso esses prós e contras estejam claros no texto, a pergunta dificilmente será aprovada.)

E você? Recebe muitos pedidos para decidir viagens de amigos? Sofre com isso? Ou gosta? (Neste caso, quer vir trabalhar de Bóia, haha?)

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Thumb-aviaozinho-200

57 comentários

O engraçado é que as pessoas acham que viajar bem e barato acontece num passe de mágica. Daí elas querem que você ensine o “pulo do gato” tomando cerveja num churrasco. Mal elas sabem que uma viagem bem sucedida é 99% transpiração e 1% inspiração. São noites e noites procurando as mega promos, bugs, sites de viagem; meses enchendo o saco do gerente por aquele cartão infinite, 2,2 milhas, milhas em dobro na maquininha X, Priority Pass, negociando anuidade, transferindo milhas com 50% de bônus, acompanhando o vencimento de milhas de 5 programas diferentes, decorando os benefícios do seu cartão de crédito, imprimindo o seguro Schengen, abastecendo o carro no posto Y pra mandar os pontos pro programa de fidelidade Z; Comprando o trecho de ida com dinheiro na promo e a volta com milhas; meses planejando, lendo blogs, estudando o Google Maps, o Street View, construindo rotas no My Maps, verificandoas linhas de metrô perto do hotel, acumulando dez diárias no mesmo site pra ganhar uma. Analisando se vai de Uber, táxi, metrô, bicicleta, trem. Estuda se compra o tourist pass ou paga cada museu separadamente. Se vai comprar a passagem 777-200ER ou no 777-300. Verificar se a companhia mudou sua reserva e não te avisou. Escolher a companhia que permite o stopover e open jaw pelo mesmo preço…Se vai entrar no clube do programa de milhagem só pra ganhar 7 mil pontos na inscrição ou vai ficar pagando mensalidade pra ver no que dá…

Enfim, esses são alguns probleminhas que nossos amiguinhos pensam que resolvemos num passe de mágica.

    Concordo com você Eduardo! E pior é que ainda ficam te tachando de “rico”…mas deixa eles…quem se planeja temas melhores experiências…os melhores momentos…

    Eduardo!! Você acabou de descrever meu dia a dia… hahaha
    E sim, tem muito disso… O pessoal quer a fórmula mágica, quer a passagem na promoção, quer hotel bom e barato… Fazem nem ideia do trabalho (no meu caso muito mais um hobby do que um trabalho!) que dá… Tem gente que nasceu pra isso, tem gente que o esquema é mesmo ir na agência, dar todo o seu rico e suado dinheirinho juntado no ano inteiro e pedir pra alguém decidir como serão as suas férias… Jamais conseguirei entender!! hahaha

Recebo muitos pedidos para ajudar a achar a passagem aérea mais barata no Reveillon ou para encontrar aquele hotel BBB em Londres ou Zurique (algo quase impossível hahaha). Mas curto bastante ajudar. Principalmente pessoas que estão começando a viajar agora e sinto que não tem muita noção quanto à quantidade de dias em cada lugar ou melhor localização numa certa cidade. Adoraria trabalhar de Bóia, até como hobby.

Haha!
Aceitaria trabalhar de bóia fácil!
Sei que ja tive perguntas minhas banidas e sei o porquê rs, mas confesso que adoro ajudar os amigos que pedem dicas e inclusive dou pitacos (quando permitido) do tipo: fique no hotel tal e não no tal, não entre em tal museu. Não ligo de “decidir” pela pessoa quando tenho uma opinião formada 😉

Sim! Normalmente não me importo de dar dicas e respondo até quanto gasto em viagens (o que às vezes é assunto tabu! 😀 Mas eu adoro viajar e não tô nem aí para quem acha que é muito dinheiro investido… trabalho pra isso! 😀 ), mas o que não gosto é de virar “guia turística” quando viajo em conjunto com amigos ou família… e tenho que me policiar, pois acaba virando uma coisa “meio natural” pelo hobby. Mas levo MUITO em conta as dicas do Viaje na Viagem e recomendo o site pra todo mundo. Até hoje, não achei dica furada! Mas pretendo continuar viajando bastante até achar! 😀 hehehehe Continuem com o trabalho lindo! <3

Sempre dou dicas de viajens a amigos, enfatizando que o que funciona pra mim, pode não funcionar pra eles…
Morro de rir com as respostas irônicas dA Bóia em perguntas bestas 😀 e com certeza adoraria ser uma, hahahahaha.

O mais comum no meu blog é quase pedirem pra eu dizer que viajar no verão pra São Francisco é bom. Ninguém se conforma ou acredita que é a pior época do ano pra vir pra cá. Eu até acabo me sentindo responsável pelo frio e pelo fog. 🙂

    Pois é, Maryanne. Imagino sua “santa paciência”. Mais paciente que você acho que só mesmo o Riq….rsrsrsrs Morei na Califórnia e uma vez, comentando exatamente sobre o frio em SFO no verão, fui “desmentida” deslavadamente por uma fulaninha que tinha estado lá, supostamente conhecedora do pedaço, que afirmava categoricamente que “faz calor” no verão. Meio p da vida, calei o bico, pois estava dando uma orientação para outra amiga que embarcava alguns dias depois. Não sei em quem ela acreditou. Só vinha à minha mente minha imagem, enregelada, de bermuda, procurando um moleton para comprar em pleno mês de julho no Fisherman’s Wharf. Acredito que foi Mark Twain quem disse (se não me falha a memória) que o pior inverno que ele vivenciou foi um verão em San Francisco. Estamos em boa companhia !

Vai faltar água para tanta Boia! Eu adoraria.

O que eu recebo são pedidos de pitacos/dicas sobre destinos que já visitei (normalmente eu repasso, além das minhas experiências, as dicas que peguei aqui).
Para amigos e família é mais fácil mesmo. Quem me conhece vive pedindo dicas e muitas vezes eu até ajudo a reservar voos/trens/hotéis. Mesmo para quem eu não conheço muito bem eu dou uns pitacos, quando pedem.

Em todos os casos eu penso que a melhor técnica é justamente apontar os prós e contras do destino para que a pessoa possa decidir por si mesma – e para isso muitas vezes eu cito o VNV como uma tábua de mandamentos (como na vez em que livrei meus pais da ideia de ficar na Rambla em Barcelona – valeu, Ric!).

Recentemente alguém me perguntou sobre shows de tango em Buenos Aires e eu não queria de cara dizer: “não vá no X” (que eu descarto sem nunca ter ido), então eu ponderei: “Olha, eu não fui no X, há quem adore, mas não é para mim, acho colocar animais no palco foge à proposta, não é bem o meu estilo… pode ser que você goste” – para minha surpresa a pessoa já tinha ido justamente no X e tinha odiado também. Aí fiquei livre para elogiar alguns outros.

O mais importante é ter em mente que cada um tem um estilo e gostos pessoais. O que serve para mim pode não servir nem para minhas irmãs. Tenho consciência que não posso indicar a qualquer um o programa que eu mais gostei no Peru – dormir numa aldeia de pescadores, em quarto de chão batido e sem banheiro “de verdade”, numa ilha no lago Titicaca. Do mesmo modo, quando alguém me pergunta sobre outlets ou o que é bom para trazer de tal lugar, só faço repassar um grande ponto de interrogação, porque compras, para mim, não têm nenhuma relevância ao viajar (embora haja quem só viaje para isso).

O mais importante é que a responsabilidade pelas escolhas é parte fundamental em uma viagem! Afinal, se tudo der certo, pode ser que quem perguntou nem lembre a fonte da dica, mas se algo der errado, ou se algo sair do script, é bem provável que venha um dedo em riste, rsrsrsrs.

* Semana passada passei uns dias na Serra Gaúcha com a família. Sugeri o Templo Budista de Três Coroas. Fomos e todo mundo adorou! Só que estavam limpando o templo propriamente dito (em horário livre à visitação), então só pudemos explorar a área externa. Minha cunhada me olhou desolada e não se conteve, dizendo: “mas a gente não vai poder entrar?”, como se eu pudesse fazer alguma coisa, rsrsrsrs. Dar dicas tem disso.

Não que eu tenha decidido, mas passei por situação parecida. Montei em detalhes um roteiro para o Peru, para um grande amigo, baseado numa viagem anterior minha. Ele voltou super feliz da vida. Mas foi tranquilo, ele tem gostos muito semelhantes para viagem.
No mais, gosto muito de discutir sobre viagens, mesmo que a maioria dos amigos tenha um perfil bem distinto pra viagem.
Ah sim, e trabalharia de Boia…rs. Vcs podiam abrir um menu do tipo “trabalhe conosco”…hehe

Normalmente recebo pedidos de amigos e familiares, sim! No geral eu adoro ajuda-los, mas é triste ver que muitas vezes parecem que fazem exatamente o contrário das dicas que você deu (e muitas vezes coisas importantes como evitar perrengues desnecessários e pontos turísticos imperdíveis…). Enfim, estou sempre disposto a ajudar e cada um segue o que acha melhor, mas é triste ver a pessoa contar no final da viagem algo ruim que poderia ter sido evitado – e você olhar com aquela cara de “Eu avisei…”.

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