Guia de Bento Gonçalves Vale dos Vinhedos

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Bento Gonçalves (Vale dos Vinhedos)

Bento Gonçalves: onde ficar & o que fazer

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    108 comentários

    Não confundir Michele Carraro com Lírio Carraro, esta última é uma vinícola muito respeitada e que faz vinhos sem passagem em madeira, com o intuito de preservar o que a uva tem a mostrar. Talvez a primeira tenha mudado de nome, aproveitando a coincidência de sobrenome, para associar seus vinhos a marca de renome.

    No mais, moro em Natal/RN e estou tentando montar uma confraria de vinhos, quem tiver interesse me add no Vivino “Robson Teixeira”.

    Ok. Resolvi contraindicar apenas duas: Michele Carraro (apesar dos rótulos estarem com este nome, a parte externa da vinícola vais encontrar o nome “Reserva da Cantina”) seus vinhos são todos suaves, leia-se suave da forma como a legislação coloca, são vinhos de baixa qualidade e que não refletem os vinhos da região, não são secos, finos. São vinhos com interrupção da fermentação, demonstrado pelo baixo teor alcoólico (de 11% para baixo) e muito açúcar residual, gerando aroma de sacarose. Até no visual era perceptível a baixa qualidade, o motorista da região que estava comigo reconheceu em ver que se tratava de “vinho do nono” como ele se referiu. Outra que não indico é a Cavas do Vale, ainda usa velhas pipas de madeira da árvore Grapia. Isso se traduz em menor higiene ao vinho, degustei todo o leque, são vinhos secos, mas destoam para baixo da média geral do Vale.

    Bóia, houve dois destaques negativos da qualidade dos vinhos. Uma vinícola que ainda utiliza velhas pipas de grapia (ruim para o vinho do ponto de vista de sabor e de higiene) e outra que entrega um produto beem abaixo das demais, fazendo vinhos com interrupção da fermentação e, provavelmente, chaptalizados (adição de sacarose), algo condenável do ponto de vista de qualidade e respeito ao cliente. Posso informar quais eram?

    Prezados, fui muito ajudado por este post e por isso vim aqui ajudar. Acabo de ficar de 5 a 13 de junho de 2018 no Vale dos Vinhedos e vou passar as dicas de transporte e, claro, das vinícolas e dos vinhos.

    Em primeiro lugar se você gosta de vinhos e vai lá apenas pelos vinhos, não cometa o erro de se hospedar na cidade (Bento Gonçalves). Se hospede nos hotéis ou pousadas dentro do Vale. Lá minha opção foi o Vila Michelon, e foi uma excelente escolha de qualidade, custo/benefício e localização perfeita, mas há também pousadas da Casa Valduga, o Spa do Vinho da Miolo, Pousada Terragnolo e Pousada Borghetto Santanna. Minha dica é programar bem antes da viagem que são pousadas pequenas e como deixei para reservar uma semana antes da viagem, nem tive opção de avaliar entre elas.

    Antes de viajar eu tinha esta dúvida: ficando no Vale dos vinhedos posso usar Uber para me deslocar para a Vinícolas? Vou ser direto na resposta: não! Primeiro porque o sinal de celular (usei Tim e Vivo) é ruim, para não dizer inexistente em boa parte das vinícolas, e não é por causa das operadoras, é por ser um Vale cercado de montanhas, segundo porque os Uber se concentram na cidade e, mesmo os que eu peguei eventualmente a noite dentro da cidade de Bento Gonçalves em direção ao Vale, quando se aproximavam ou entravam no Vale, eles negavam as corridas de lá do Vale (queriam, voltar pra cidade) Logo, se estás pensando em Uber, você vai se chatear sem conseguir usar bem o serviço. Também não vi um só táxi rodando no Vale nesses 8 dias e iria sair bem caro.

    Muitas pessoas alugam um carro por que é “mais barato”, coloco entre aspas por que há Ubers que cobram por diária a mesma coisa que você paga por um carro alugado. Minha sugestão é que contate eles antes e feche um pacote do preço da diária (na internet existem pessoas indicando e aqui vou indicar o que ficou comigo nesses 8 dias). Nessa de alugar um carro, encontrei casais se poupando, só um bebia e o outro ficava na vontade porque iria dirigir, ou então ambos bebiam, mas se cuidando, bebiam pouco, degustando apenas um ou dois vinhos, mesmo a vinícola ofertando bem mais vinhos na degustação, qual a graça disso? Além de ser perigoso e ilegal, melhor alugar carro com motorista, fiz isso e foi a saída mais inteligente, segura e ganhei tranquilidade e agilidade porque eu iria ter dificuldade em utilizar GPS no celular justamente pela falta de sinal de celular e 3G, paguei 150 reais por dia, motorista ficou integral comigo, desde de 9 da manhã (horário de abertura das vinícolas), até 18 horas (na verdade acabava sempre passando disso).

    Sobre os vinhos e a região:

    A Serra Gaúcha é certamente a região vinícola brasileira mais conhecida do país, é sobre ela que falarei aqui, pois foi nela que acabo de fazer uma visita a muitas de suas vinícolas. No Rio Grande do Sul há outras regiões vinícolas produzindo bons vinhos, como Serra do Sudeste, Campanha, Campos de Cima da Serra, Encruzilhada do Sul entre outras e todas valem a sua visita, visitar terras vinícolas e certeza de ver belas paisagens e degustar bons caldos.
    Focando na Serra Gaúcha se divide em microrregiões de vinhedos, a mais conhecida e com maior número de vinícolas é o Vale dos Vinhedos. A Serra Gaúcha tem como cidade principal Bento Gonçalves, mas como eu disse, fique hospedado dentro do Vale dos Vinhedos que aproveitarás mais as vinícolas se ficares dentro da cidade, será perda de tempo. Outras Microrregiões da Serra Gaúcha a se visitar são Pinto Bandeira e Tuiutí, pois ficam super próximas ao Vale e farás sem problemas a visita, outra dica é se você estiver indo para Bento Gonçalves vindo de Gramado ou o contrário, se após conhecer o Vale dos Vinhedos, você for a Gramado/Canela, caso faça de carro ou com motorista, peça a ele para ir por Farroupilha apenas para conhecer a Casa Perini e seus rótulos.

    Visitei 28 vinícolas listadas aqui e degustei 206 rótulos: No Vale dos Vinhedos: Torcello, Vallontano Vinhos, Cavas do Vale, Michelle Carraro, Angheben, Almaúnica, Don Laurindo, Lídio Carraro, Cave de Pedra, Pizzato, Larentis, Casa Valduga, Marco Luigi, Peculiare, Miolo, Millantino, Don Cândido, Adega Cavalleri, Calza, Terragnolo, Barcarola e Dal Pizzol. Em Pinto Bandeira: Cave Geisse e Valmarino. Em Garibaldi a Chandon. Em Tuiutí: Salton e Cainelli e em Farroupilha a Casa Perini. Também degustei rótulos da Luiz Argenta numa boutique da vinícola em Gramado na continuidade da Viagem e vinhos da Gheller num restaurante.

    Impressão sobre os vinhos: Tintos: de um modo geral, o tinto da Serra Gaúcha possuem coloração Rubi, alguns partindo para Rubi Violáceo, dificilmente verás um tinto violeta profundo, no aroma são perfumados, muitas notas de frutas vermelhas, negras, algo floral, de especiarias e uma madeira bem integrada com notas de baunilha no ponto certo. Na boca são leves, taninos finos e elegantes, na acidez oscilam, alguns com uma acidez mais pronunciada outros notadamente domados pela fermentação malolática demonstrada nos aromas lácteos presentes em alguns caldos. Bem feito (como o merlot da Pizzato) é um tinto complexo no aroma e no palato, leve e elegante.

    Vejo algumas vezes pessoas, nesta viagem inclusive, desdenhando do vinho do Vale ou do vinho brasileiro de forma geral são pseudo-conhecedores, um conhecedor de verdade compreende as características de cada região e analisa com base nas suas experiências daquela região e não as compara com outras, como, por exemplo, acreditar que o tinto do Vale dos Vinhedos é inferior aos tânicos e corpulentos tintos Uruguaios como vi na viagem, na verdade são estilos diferentes oriundos de solos e climas diferentes e sem dúvida, apesar de compreender os estilos, se tivesse que escolher entre os do Vale e os Uruguaios que já degustei, ficaria com os brasileiros, vista a elegância e complexidade aromática e gustativa serem certamente superiores aos líquidos do nosso vizinho.

    O que vi em 8 dias inteiros de visita a vinícolas foi muito respeito ao vinho, com apenas uma exceção, as pessoas ali amam o que fazem, para um amante e conhecedor de vinhos é gratificante chegar à Casa Valduga e ver em sua loja o aviso que os vinhos ali expostos não estão aptos ao consumo (por causa de exposição a luz), e que caso você se interesse por algum vinho contate algum profissional ali e ele buscará seu vinho que está devidamente guardado, é muito respeito ao vinho chegar à Millantino e perceber nas safras a venda, que eles só vinificaram safras excepcionais ou muito boas. É muito respeito pelo que se faz, principalmente numa terra onde as chuvas chegam muita próximas do período de maturação ideal de algumas uvas o que dificulta e coloca a qualidade do produto e o resultado da produção, todo ano, em risco. Você será muito bem atendido em todas, um atendimento amável e sem frescura nas familiares, em praticamente todas são imigrantes Italianos do Vale do Trento, e um atendimento profissional e correto nas grandes vinícolas.

    Aqui vão minhas opiniões pessoais, vou destacar o que considero como as vinícolas imperdíveis na bela Serra Gaúcha, em todas, tenham em mente, que as destaco pelos vinhos e não pela experiência, exceto a Valduga, que vale pelos dois. Das grandes sugiro a Casa Valduga, nela poderás ter experiências interessantes como um mini curso de vinhos, jantares harmonizados e outros, entre no site da Valduga veja as datas e experimente, sugiro o Wine Experience, no qual você degusta os caldos em vários momentos de maturação no tanque e nos barris, além do mini curso para quem não é iniciado. Dos vinhos, destaque para a oportunidade que se tem de comprar vinhos de safras antigas (garrafas sem o rótulo ainda nas caves), você compra, eles colocam o rótulo da enoteca e você escreve o que quer no rótulo, vale pela experiência e oportunidade de degustar bons vinhos bem armazenados ao longo do tempo. Indico as safras 2005 e 2012 para a Serra Gaúcha, foram excepcionais. Dos dispostos na loja, destaco o Casa Valduga Villa-Lobos Cabernet Sauvingnon 2011, rico no aroma, frutas vermelhas, baunilha, especiarias, complexo e perfumado. Não deixe de levar uma garrafa da série Merlot Storia para casa.

    Antes de falar das vinícolas menores, é preciso contar a história: antes de fundarem suas vinícolas essas famílias eram apenas produtoras das uvas e as vendiam para as big five do vinho no Rio Grande, durante a crise dos anos 90, o preço pago pela uva não cobria nem os custos de produção, foi quando, da adversidade, diversas famílias fizeram história com garra, perseverança e paixão, e uma dose de coragem, com empréstimos, construíram suas vinícolas e para nossa sorte, hoje temos diversos viticultores que entregam um ótimo produto, melhor que se suas uvas fossem destinadas às grandes vinícolas.

    O Vale dos Vinhedos elegeu como uva emblemática a bordalesa merlot, é pelo que degustei quero destacar o merlot da Pizzato Vinhas e Vinhos, e digo é o merlot convencional mesmo, nem estou falando do ótimo DNA 99, o vinho ícone da Vinícola (varietal de merlot), para mim, o merlot Pizzato representa o que se espera de um bom merlot do Vale dos Vinhedos. E pelo jeito não era apenas na minha opinião, sempre que eu chegava numa vinícola e começava a conversar com os donos ou funcionários e dizia que eu estava rodando todas as vinícolas da Serra, eles sempre me perguntavam: – você já foi à Pizzato? Portanto: Vá à Pizzato, eleita, por mim rsrs, o melhor Merlot, a uva emblemática do Vale dos Vinhedos.

    No quesito campeã geral fica a Millantino,(ela fica na estradinha de frente para a Mamma Gema e o Vila Michelon, veja no google para não perde-la) uma microvinícola de 9,5 hectares que só vinifica em safras muito boas ou excepcionais, ela é focada em tintos, e eles me impressionaram, foi a única das 28 que eu comprei caixas para entregar em casa e detalhe que era a única que só fazia frete aéreo para preservar os caldos, show! Nela faça a degustação do Teroldego 2006, Gran Vino 2008, merlot 2012 e se puder, do Ancellota 2004. Pode comprar esses vinhos sem medo que ainda estão bem vivos e possuem muita longevidade pelo que degustei lá. Apesar de focar nos tintos, não deixe de degustar o espumante deles o extra brut, possui um aroma vivo de licuri (aquele coquinho que fazia-se colar na infância), de cedro, na boca alta cremosidade.

    Agora fugindo ou pouco do Vale dos Vinhedos, quero destacar duas de Pinto Bandeira:

    Valmarino: se a Pizzato tem o melhor merlot e a Millantino é a melhor no geral, a Valmarino tem o melhor tinto, seu Cabernet Franc é soberbo, provei o 2015 e haviam poucas garrafas, quando liguei para pedir para entregar na minha casa na semana seguinte, já não haviam mais garrafas e eles passariam a vender o 2016 (vou logo ligar para pedir alguns), tal vinhoso possuía uma coloração rubi com reflexos violáceos, aroma rico de fruta negra, compota de ameixa, de torrefação, melado, altamente perfumado e apaixonante, na boca corpo médio-alto, acidez média, taninos bem vivos e harmônicos e final longo, um belo vinho e feito em videiras conduzidas em latada, para quem acha que não se faz grande vinho desta forma, vá até a Valmarino e prove este. A demonstração do cuidado do viticultor em fazer este grande vinho e com muito amor, esta no site da Valmarino, que conferi, por curiosidade, após o retorno a minha residência, vejam como ele detalhou o processo de produção deste ótimo Franc, em nenhum outro vinho da casa ele detalha tanto com o vinificou. Não deixe de provar também o reserva da família outro bom vinho desta casa.

    Ainda em Pinto Bandeira não deixe de ir na Cave Geisse, são visitas com hora marcada, veja o site da vinícola. É mais uma que respeita o terroir da Serra Gaúcha, só produz espumantes, e fica, inclusive, com o título de melhor espumante da minha viagem, que vai para o Cave Geisse Rosé Brut Terroir, no aspecto visual: salmão alaranjado, limpo e brilhante, perlage fina e persistente e sem formação de mousse. No nariz aroma claro de fruta vermelha, destaque para framboesa (bala 7belo) e goiaba. Na boca boa acidez, corpo médio-alto, final médio alto. Seu aroma é o ponto alto e leva como melhor espumante da Serra, briga difícil com os ótimos espumantes da Valduga, destaque para o Maria Valduga e o sem dégogerment.

    Essas são as 5 casas com os melhores na minha opinião. Tem tempo para ver mais? Veja estas: Don Laurindo (tannat colhido bem maduro, fica sedoso e sem tanta acidez e com taninos bem domados, prova também a branca Malvasia de Cândia e o licoroso de Seu Ademir Brandelli) e Vinícola Almaúnica. Mais tempo? Angheben (veja os tintos de uvas pouco conhecidas), Peculiare (prova os espumantes, muito bons), Terragnolo (degustação meio improvisada e possuem supervisão da Miolo, e parece que superaram a professora no merlot, vale a visita por esse merlot deles, leve uma garrafa do merlot calhaus pra casa, esse não está na degustação).

    Se você faz questão de caminhar num vinhedo, terás que ir à Miolo. Se você quer ver uma linha de produção ativa durante a visita e com visão panorâmica (por passarelas estrategicamente instaladas, terás que ir à Salton.

    Quem quiser conhecer as minhas avaliações dos vinhos da Serra, estão no aplicativo de smartphone Vivino. Procura por Robson Teixeira, é um dos primeiros, o que tiver com o maior número de vinhos classificados. Aproveita para me seguir no Vivino, estou sempre avaliando vinhos lá.

      Olá, Robson! Obrigada pelo rico relato. INformo que precisei editar a parte das informações do motorista. Infelizmente temos muitos problemas com taxistas/motoristas indicados por leitores aqui no site. A indicação cria uma demanda que os motoristas não conseguem atender, o trabalho começa a ser terceirizado, a qualidade cai, os problemas aparecem e quando a gente vê a culpa é nossa… desculpe.

      Excelente relato, Robson. Ficou uma dica muito boa até para nós aqui do Rio Grande do Sul. Não conheço a Millantino, fiquei curioso. Um abraço e boa sorte com a confraria no RN

      Excelente relato, Robson!
      Estou montando meu roteiro para ir ao Vale dos Vinhedos em julho e suas informações irão ajudar muito!
      Você chegou a fazer algum almoço ou jantar harmonizado por lá que valeu a pena, em vinícola ou não?

      Robson,
      Gostaria de agradecer o excelente relato que fez, fomos agora em janeiro/20 para a região e montamos o roteiro considerando muitos aspectos das suas indicações de vinícolas e de vinhos para degustar. E quando chegamos lá, pudemos comprovar que de fato valia muito a pena a visita e degustação dos rótulos sugeridos.
      Ajudou demais! Super obrigada.

      Maravilhoso seu relato, Robson! Considerando a melhor relação bons vinhos X experiência da visita, quais vinícolas você recomendaria, além da Casa Valduga? Já sou “iniciada” no assunto, mas não expert como você; pretendo visitar poucas, 3 ou 4, num ritmo mais devagar.

    Estou indo a Bento em breve. Tenho dúvidas sobre como aproveitar melhor o Caminhos de Pedras! Tem que contratar guia ou agência ou se pode fazer de carro próprio? Começando por onde?
    Grato.

      Olá, Luiz! É um roteiro completamente self-service. Dá para começar por qualquer lado da estrada e ir parando na seqüência. Você também pode ir direto à Casa do Tomate, onde há um painel que mostra a história da rota.

    Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

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