Flanando à procura de Hemingway, Scott, Zelda, Gertrude e Alice

E foram todos para Paris

Acabei de devorar o guia de viagem mais gostoso dos últimos tempos: E foram todos para Paris, do crítico cultural carioca Sérgio Augusto.

Se você assistiu a Meia-Noite em Paris do Woody Allen, pode até achar que o Sérgio Augusto fez tipo assim um frommer’s do filme. Em 100 páginas você percorre os lugares onde os mais charmosos intelectuais americanos viveram e se divertiram na Paris do início do século até o crack da Bolsa de 1929.

Só que não, o livro não é derivado do filme — mas a reedição, atualizada, de uma matéria que S.A. fez para o caderno de turismo da Folha de S. Paulo num longínquo janeiro de 1990.

E que matéria! Esse, na verdade, é o primeiro choque de E foram todos para Paris: a qualidade de pesquisa, edição e texto de algo produzido originalmente como uma reportagem de suplemento de viagem de jornal, sem pretensões de virar livro. Psionante.

Sérgio Augusto vai ligando os lugares às pessoas, primeiro na Rive Gauche — St.-Germain, Luxembourg, Montparnasse, Sorbonne –, depois no lado chique do rio: place Vendôme, Étoile, place des Vosges. Se você tem intimidade suficiente para ligar os nomes às pessoas e os topônimos aos lugares, vai se divertir: E foram todos para Paris é história da literatura e guia de viagem condensados num volume.

A edição da Casa da Palavra também merece elogios — sobretudo por abdicar de escrever em itálico as palavras francesas com que o autor tempera o texto. Todas as fotos são em preto e branco; algumas são históricas, mas a maioria foi feita por S. A. durante a flanância (a palavra foi escolhida por ele) para produzir o texto da Folha.

E foram todos para Paris

Mapas muito bem feitinhos em todos os capítulos são uma mão na roda para quem quiser seguir os passos de Sérgio Augusto por aquela Paris dos americanos. Saiba, entretanto, que será um turismo meio arqueológico: a maioria dos lugares já desencarnou há tempos; entre os sobreviventes, quase nenhum mantém a aura original.

Mas quem usar E foram todos para Paris como guia de caminhada não perderá a viagem: em Paris toda flanância será recompensada.

Recomendo:

E foram todos para Paris, de Sérgio Augusto; Casa da Palavra; R$ 39.

Siga o Viaje na Viagem no Twitter@viajenaviagem

Siga o Ricardo Freire no Twitter@riqfreire

Visite o VnV no FacebookViaje na Viagem

Assine o Viaje na Viagem por emailVnV por email


18 comentários

O livro deve ser maravilhoso, mas a sua forma de escrever, Riq, é estonteante!!!!
#adoro #riqmaníacaassumida

Li o livro e adorei. Li não é bem o termo. Também devorei. Deitei, abri o livro e só parei no “fim”. Outro que é uma delícia é “Casados em Paris”,- esqueci a autora – ficção baseado em realidade. Também muito gostoso.

Já li e reli o livro do Sérgio Augusto. É excelente e didático. Sugiro, para quem ama a Rive Gauche, o livro do Eros Grau (esse mesmo ex ministro do STF) que é uma verdadeira declaração de amor à cidade. Diria que é imperdível para quem ama flanar em Paris.

Estou às voltas com a primeira viagem a Paris e nao poderia deixar de ler esse livro.
Fantástico!!! Já adaptei varias coisas no meu mapa de roteiros por causa dele.
Em seguida vi o filme do Woody Allen e ficava adivinhando as locações e os personagens.
Realmente é quase natural pensar que um foi derivado do outro!

Comprei o guia na semana passada e estou me deliciando com ele. Agora é voltar para Paris, que eu adoro, e me divertir “flanando”.

Que beleza de dica! Louca por leituras diferentes sobre lugares, viagens… Além disso foi uma ótima ideia para um presente para alguém especial que faz aniversário logo mais, companhia em Paris em maio passado e será novamente em maio próximo. 🙂
Obrigada, Riq.

O Riq, as usual, nos presenteando com excelentes dicas.

Amo Paris, aliás, a França, e, definitivamente, adorei o filme de Woody Allen, inclusive já o revi varias vezes dando um outro tanto de pauses, com zooms ou não, para “capturar” alguma informaçao que possa me levar a alguns locais; tipo, eu sabia que já havia ido àquele local com escadas, onde o ator principal pegava a carona para suas “viagens” ao passado, e dando um zoom na placa da rua, identifique ser a Rue de la Montagne Sainte Genevieve, ao lado da Igreja de Saint Etienne, ao lado do Panteon …. bem, e por aí vão minhas brincadeiras … Que, novamente, me levarão a Paris e outras cidades da França no final de maio e junho.

Em outubro passado estive lá e no último dia de Paris alugamos um carro e fomos gastar outros dias viajando até Marselha, de onde embarcamos de volta ao Brasil.

Foi um roteiro/viagem maravilhosa, onde passamos por Reims, Strasbourg e descemos seguindo a rota do vinho da Alsacia. Em Colmar, saímos da França e entramos na Alemanha para passarmos em Freiburg e descemos para a Suiça e lá na frente entrarmos novamente na França e curtirmos a cidade maravilhosa de Annecy, a Veneza dos Alpes, e a cidade, quase, vizinha de Chamonix e ficarmos embasbacados com o passeio ao Alguili du Midi, já que o Mont Blanc estava fechado, e por aí vai … curtindo a rodovia Napoleon III, com belas vistas e paisagens até chegar a Costa Azul e a percorrermos de Monaco a Marselha ….

Ahhh, ainda vou escrever detalhadamente sobre essa viagem, ela merece.

Em maio/junho, iremos fazer um roteiro parecido, mas isso é outra história ….

Abraços,

André C. S.

P.S.: 3:10 da manhã, que insônia ….

Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

Assine a newsletter
e imprima o conteúdo

Serviço gratuito