Fotokê (minha crônica no Divirta-se do Estadão)

Ilustração: Daniel KondoIlustração | Daniel Kondo

Comprei minha primeira câmera digital, uma Olympus, em 1999. Eu estava começando a fazer um guia de praias e levei a bichinha para a primeira semana de campo, no sul da Bahia.

Cheguei a Trancoso em meio a uma frente fria daquelas – e para piorar, quem disse que a tinhosa queria funcionar? Ligava, mas não batia fotos. Quando voltei a São Paulo, minha amiga Ester me ensinou as manhas: o segredo para fazer aquela câmera moderníssima funcionar era tirar a tampinha da lente.

Mesmo depois de dominados os fundamentos básicos, minha primeira digital continuou dando trabalho. Cabiam só 20 fotos na qualidade máxima. Eu não tinha comprado nenhum cartão suplementar de memória. Resultado: ficava apagando as fotos piorzinhas e no fim do dia descarregava apenas as menos horríveis.

A verdadeira revolução da imagem digital só veio um pouco mais tarde, quando as câmeras passaram a armazenar centenas de fotos. De uma hora para outra, clicar passou a ser grátis. E fotógrafos chinfrins como eu pudemos sair praticando à vontade.

Minhas fotos evoluíram quase tanto quanto as câmeras. E ganharam um upgrade definitivo quando aprendi a usar três ou quatro comandos café-com-leite do Photoshop. Cortar a foto (no jargão técnico, cropar) é o que eu faço de melhor. Reenquadro a cena, elimino o que não é importante – enfim, ajo como um bom editor salvando o trabalho de um fotógrafo deficiente (eu mesmo).

Quer dizer: na internet, minhas fotos até que funcionam. De vez em quando até impressionam – na certa porque estão casadas com o texto (coisa que diretores de arte raramente sabem fazer). Mas basta que sejam publicadas em papel, para que imprimam a realidade. Fotógrafo enganador procura foco, luz e profundidade!

O negócio é deixar o papel para os fotógrafos de verdade – e nos divertir com o brilho falso das telinhas.

Você já começou a brincar de Instragram? É o passatempo mais viciante dos últimos tempos. Você fotografa com o celular, joga um filtro que transforma qualquer foto ruinzinha numa foto instigantezinha — e compartilha com o mundo, num karaokê de imagens non-stop. Clicar e postar é só começar.

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27 comentários

Naila, Jackie e Thais, super obrigada. Com a recomendação unânime de vocês, é para lá que vou! 🙂

Pensando bem, Bóia, talvez essa pergunta pudesse ser levada ao perguntódromo, pois fotografia e viagem, como disse o Riq, têm tudo a ver. Dá para levar?

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