Cataratas para duros: como é ficar em Puerto Iguazú :-)

Cataratas do Iguaçu, lado argentino

Passei o Carnaval nas Cataratas do Iguaçu. Nunca fiz uma viagem tão planejadinha quanto essa. Em agosto do ano passado fechei as passagens, com bom preço, pela Gol. Logo em seguida, comecei as pesquisas de hotel. Fui especialmente cuidadosa nessa parte. Para o meu tipo de viagem — sem carro, sem crianças, econômico — encontrei o melhor custo x benefício entre as pousadas de Puerto Iguazú. Reservada a hospedagem, foi o momento de fechar o roteiro. Li sobre os transportes para os parques, fiz uma lista de restaurantes para conhecer e montei um mapa no Google Maps. Já estava tudo pronto, mas às vésperas da viagem, ainda publicamos aqui no site o guia com 90 dicas de Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú. Mais do que prontíssima, só faltava embarcar.

Ficar em Puerto Iguazú ajudou a matar um pouquinho a saudade da Argentina. Não sei se uma viagem internacional pode ser mais fácil. A imigração é vapt-vupt. O real pode ser usado na maior parte dos pagamentos, com excelente cotação. Muita gente fala Português.

Puerto Iguazú é uma cidade do interior comum, sem casinhas bonitas, sem ruazinhas charmosas. Mas é uma cidade do interior com um punhado de ótimos restaurantes e bares, e com estrutura para que o turista independente aproveite com conforto os passeios às cataratas. Em dois minutinhos você chega à rodoviária, de onde saem os ônibus para os lados brasileiro e argentino. Na volta, cansado, é só dar uma passada no hotel, um mergulho na piscina, e sair a pé mesmo para tomar um vinho em um belo de um jantar.

Petit Hotel Sí Mi Capitán

Petit Hotel Sí Mi Capitán

Escolhendo hotel em Puerto Iguazú

O entorno do terminal de ônibus é mesmo o lugar ideal para ficar. Por ali estão os restaurantes, as lojinhas, os pequenos mercados, as farmácias e o Banco Nación.

Do lado oposto da Victoria Aguirre, a avenida por onde se chega e sai da cidade, as ruas são basicamente residenciais. O que se vê são borracharias, sapateiros, estofadores, quitandas, muitos deles funcionando nas próprias garagens das casas, sempre bastante modestas.

Petit Hotel Sí Mi Capitán

A pousada que escolhi, o Petit Hotel Sí Mi Capitán, fica nesse lado da cidade, a seis quadras do terminal, ou uma caminhada de 10-15 minutos. Se a localização poderia ser um bocadinho mais conveniente, o hotel compensava em preços camaradas e personalidade. É uma graça de pousada. Descobri no Trip Advisor, reservei via Booking.

Petit Hotel Sí Mi CapitánPetit Hotel Sí Mi CapitánChalé no Petit Hotel Sí Mi Capitán

Escolhi um dos chalés, que ficam do outro lado da rua, em uma área à parte. São super bonitinhos e confortáveis. No prédio principal ficam a recepção, o restaurante, a piscina (uma delícia!) e os apartamentos.

Para não deixar os pontos negativos de fora, o wi-fi não funcionava bem nos quartos e umas reformas no banheiro seriam bem-vindas (a água demorava a escoar pelo ralo do chuveiro). O café da manhã era simples, mas tinha frutas frescas e medialunas. De todo modo, fiquei feliz com a escolha, e meu bolso também — a diária de Carnaval estava em 110 dólares no Booking. Ainda é preciso incluir os 21% de IVA, mas o hotel oferece 10% de desconto caso o pagamento seja feito em dinheiro. Fora do Carnaval, encontrei diárias para os chalés por pouco mais de 80 dólares.

O hotel campeão em localização é o Saint George, na Av. Córdoba, onde estão muitos dos restaurantes. Do Saint George até a rodoviária é só atravessar a rua. Mais prático, impossível. Os preços do Carnaval estavam um pouco além do meu orçamento. Reservando com antecedência, dá para encontrar tarifas em torno de 100 dólares na baixa temporada.

Há muitos albergues bem centrais, e vários deles com piscina. Use o Hostelworld para ver as avaliações. Existem alguns mais albergue-balada, outros com clima de pousadinha. Em quarto compartilhado, há diárias começando em 14 dólares.

Ônibus da Crucero del Norte

Transporte de/para/em Puerto Iguazú

Para as cataratas

Do terminal rodoviário saem ônibus que vão direto às cataratas argentinas (empresa Rio Uruguay) e às cataratas brasileiras (empresa Crucero del Norte). Ambos custam 60 pesos, ida e volta. Consegui pagar 24 reais na passagem para as cataratas argentinas, mas para as cataratas brasileiras foram cobrados 25 reais. Os bilhetes podem ser comprados na hora, nos guichês do terminal. Existem guichês na entrada e também em frente à plataforma, no piso inferior.

Guichê da Rio Uruguay

Há ônibus executivos e comuns para as cataratas argentinas, mas mesmo os comuns têm ar-condicionado. O valor da passagem é igual. Saem de 20 em 20 minutos do terminal e do parque.

Os ônibus para as cataratas brasileiras são executivos e confortabilíssimos. O serviço direto é novo, e por enquanto há apenas quatro partidas: 8h10, 10h20, 12h20 e 14h. Os horários de regresso também são quatro: 11h, 13h, 14h50 e 17h. É bom ficar esperto.

Para sair e entrar na Argentina é obrigatória a passagem pela imigração. O motorista de ônibus espera por todos os passageiros. Dei a sorte de pegar filas pequenas e as paradas não duraram mais do que 10 minutos. Como sempre, viajar com passaporte é recomendável para responder menos perguntas e, por que não, colecionar alguns carimbos.

Do terminal de Puerto Iguazú também saem ônibus para Ciudad del Este e para outros pontos de Foz do Iguaçu além das cataratas, mas ficar em Puerto Iguazú só vale a pena para quem quer curtir mais a Argentina.

Na cidade

Quem fica no centrinho de Puerto Iguazú vai e volta a pé dos restaurantes e das baladinhas. As distâncias são curtas e a cidade é bem pacata.

Táxi

Existe um ponto oficial de táxi no aeroporto de Foz do Iguaçu. A corrida até Puerto Iguazú é tabelada: 80 reais. Com paciência, dá para encontrar algum outro motorista por perto dando sopa que queira fazer a corrida por menos. Na volta, os taxistas argentinos cobram entre 45 e 50 reais para levar até o aeroporto.

O táxi foi necessário em mais três ocasiões: para ir do free shop ao hotel (15 reais, preço combinado), para ir ao novo endereço do El Quincho del Tío Querido (10 reais, taxímetro), e para ir do meu hotel, com mala e na chuva, ao Aqva (menos de 10 reais, taxímetro).

Para quem quiser passar só a noite em Puerto Iguazú, os taxistas argentinos cobram entre 40 e 50 reais para levar você de volta a Foz. Negocie, sempre. Há táxis com taxímetro e outros não.

Restaurante Terra

Terra

Restaurantes em Puerto Iguazú

Por que economizar no hotel e no transporte? Para gastar nos restaurantes, ora!

Foram ótimas as refeições em Puerto Iguazú, principalmente o jantar no Terra e o almoço no Aqva.

O Terra (Av. Misiones, 125) é mesmo especial. O ambiente é aconchegante e curioso, a música é muito bem escolhida, e o atendimento, excelente. Pedi recomendações do garçom para o vinho e para o prato, e ele acertou na mosca. O porco laqueado com tomates picantes foi uma gratíssima surpresa.

No Aqva também encontrei atendimento cuidadoso e muito boa comida. O melhor da refeição foi a entrada de tempura de camarões com guacamole e funcho. Meu surubim, peixe da região, estava extremamente bem feito. Para a panqueca com doce de leite me faltam adjetivos.

Restaurante AqvaRestaurante Il Fratello

O jantar no El Quincho del Tío Querido valeu pela farra: deu para entender por que os brasileiros amam aquele lugar. Quantidades indecentes de boa carne, salão imenso, música ao vivo: é disso que o povo gosta. O Tío mudou de endereço e não fica mais no centrinho. Agora o restaurante está mais perto da fronteira com o Brasil, próximo ao cassino e ao duty free. Não à toa, havia muitos grupos saídos de Foz por lá.

Mas, com pesar, eu constatei: a praga das batatas fritas congeladas chegou à Argentina. No Il Fratello, a carne estava deliciosa, mas aquelas batatinhas… que tristeza. O logo da McCain no pé do Cardápio do El Quincho del Tío Querido me fez optar por aipim para acompanhar a parrillada. Antes de pedir o seu tão sonhado bife de chorizo con papas fritas, cheque com o garçom se as papas vêm ou não do abominável pacotinho.

Quanto a valores, o real é amplamente aceito nos restaurantes e, em geral, é praticada uma cotação muito boa para pagamentos em dinheiro. Cheguei a encontrar a pechincha de 3 para 1, enquanto no câmbio oficial 1 real estava valendo 2,53 pesos. O valor médio que paguei em ótimos restaurantes foi de 50 reais. A conta mais cara, no Terra, ficou em 65 reais para cada, com vinho, água, prato principal e sobremesa. Por lá não aceitam cartão de crédito ou débito, e a cotação para reais foi a pior: 2 para 1. De todo modo, achei o valor muito justo.

Há restaurantes mais baratos, minimercados e padarias por todo o centro, se houver necessidade de que a viagem seja 100% econômica. As carrocinhas de pancho estão em toda parte e à noite o cheirinho de churrasco é sentido por todas as ruas.

Bar Dharma

Noite em Puerto Iguazú

Para uma cidade tão pequena, Puerto Iguazú é de fato bastante animadinha. Para quem gosta de sair à noite, o dia para programar a balada é o sábado, quando todas as boates funcionam e os bares enchem. Fora do fim de semana, mesmo sendo Carnaval, não vi tanto movimento nas boates que abriram — o que infelizmente acabou furando o meu trabalho investigativo.

Bar Quita PenasBar Quita PenasBar Quita PenasBar Quita Penas

Como descreveu o Comandante, a Av. Brasil é onde o fervo está. Por ali, gostei da onda do Quita Penas (Av. Brasil, 126): mesas na calçada, salão bem-humorado, som variando entre pop argentino e samba brasileiro. Os petiscos são médios, mas fiquei de olho na pizza da mesa vizinha. É um ótimo lugar para ver a vida passar tomando a incrível cerveja Patagonia — dica de um leitor do VnV, a quem aproveito para fazer meus agradecimentos.

La Feirinha

La FeirinhaLa FeirinhaFeirinha

Os botequeiros vão gostar bastante da La Feirinha, que fica no final da mesma Av. Brasil. Queijos, salames, azeitonas: tudo que vai bem numa mesa de boteco, em ambiente de acordo, sem qualquer pompa ou circunstância. Recomendo como programa de fim de tarde, direto da rodoviária, como desfecho para um dia de muita caminhada. Duas cervejas e seis empanadas (que, por lá, são fritas) custaram 15 reais.

Fiquei com vontade de ir na Von Hafen (Av. Córdoba esquina com Bompland), um bar com cervejas artesanais de fabricação própria, e no Jackie Brown, o bar-balada com a cara mais simpática entre todos. Mas, uma pena, encontrei ambos fechados. Quem cair na night de Puerto Iguazú, favor contar aqui como foi, sim?

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82 comentários

Em Porto Iguazu, almocei em um restaurante de nome Parrila. Gostei muito. Uma tábua de carnes de primeira para quatro pessoas. Sobrou.

Inspirador esse post! Estou com essa trip na minha wish list.

Olha, se o propósito do tópico é “Cataratas para duros”, o correto é hospedar-se em Foz. Hospedagens próximas à rodoviária por 35, 40 reais a suíte são uma baita pechincha.

    Rogério, acho que a intenção do post é a de mostrar que, com a mesma quantia de dinheiro, dá pra conseguir um quarto melhor em Puerto Iguazú do que em Foz. O seu dinheiro vai valer mais do outro lado da fronteira. Isso também vale para os quartos de 35/40 reais. 🙂

    Ola , vc sabe nome dos hoteis perto da rodoviaria de Foz que valem a pena ficar com um custo baixo? Obrigada

Mariana, aproveitando que a tua ida foi no carnaval, um dos períodos do ano que eu considero mais “complexos” (leia-se: caros e lotados) para viajar, pergunto: Foz do Iguaçu é um bom lugar para fugir do carnaval? Tem muvuca de carnaval por lá? Os preços de hospedagem em geral sobem muito por ser carnaval?

    Oi, Nelson! Fui pra lá pra fugir do Carnaval mesmo. Nas minhas pesquisas, para o tipo de hotel que eu procurava, achei preços muito melhores em Puerto Iguazú. A cidade estava calma, os restaurantes tinham sempre lugar, deu super certo. As diárias que encontrei em Foz estavam bastante inflacionadas, e pelo mesmo preço eu poderia ficar em um hotel superior em Puerto Iguazú. Vale a pena comparar.

    Os parques estavam cheios. Peguei o parque argentino com muita gente e filas grandes para os transportes internos, mas é só ter paciência e não esquecer que é feriado.

    No parque brasileiro havia um número grande de vans e ônibus de excursão, o que me leva a crer que a cidade deva ficar bem movimentada, e os hotéis mais cheios do que em Puerto Iguazú.

    De qualquer forma, acho que as cataratas são uma ótima opção para quem não está a fim de folia. 🙂

    Valeu! Vou colocar na minha lista para 2014, ainda mais considerando que o carnaval será em março, imagino que o clima deva ser até melhor (não deverá ser tão quente).

    Estive em Foz do Iguaçu no carnaval também. A festa parece que nem existe lá. Eu não vi nenhuma movimentação carnavalesca.

Achei Puerto Iguazu bem legal, embora não tenha me hospedado por lá. Os restaurantes me pareceram melhores e o acesso de ônibus também achei tranquilo. E o lado argentino das cataratas é tão imperdível quanto o brasileiro. Ótimas dicas.

Estou com viagem programa para Foz em maio deste ano. Amei as dicas, principalmente dos petiscos na Av. Brasil!!

Faz tempo q estou ensaiando uma ida a Foz e esses relatos #paraduros são a minha cara! Mto bom!

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