Imagina (minha crônica no Divirta-se do Estadão)

Ilustração: Daniel Kondo

Entre os meus hábitos mais bizarros está o de acompanhar, rodada por rodada, as séries B e C do campeonato brasileiro. Torço fervorosamente contra todos os times sem torcida, movidos a grana de prefeituras ou de empresários exportadores de mão-de-obra, que tiram o lugar de times populares do Norte-Nordeste.

Neste momento, por exemplo, estou abalado pel o fato do Guaratinguetá estar escapando de um rebaixamento que parecia certo, empurrando o CRB de Maceió de volta à série C. Juro.

Distraído com as divisões inferiores, contudo, não percebi que algo muito mais grave acontecia nas eliminatórias para a Copa de 2014. Na chave sul-americana, faltando seis rodadas, o Paraguai continua na lanterna, praticamente condenado a não vir para o Brasil. Puede, Arnaldo? Depois de participar de várias Copas consecutivas, os paraguaios vão ficar de fora justo agora, quando certamente seriam adotados como o visitante de estimação da torcida brasileira.

Mas o pior é que Chile e Uruguai também estão perigando não se classificar. E por que eu estou triste? Porque quanto mais vizinhos, melhor será a festa.

Anote aí: não vai haver caos aéreo na Copa. Você, eu e todos os outros brasileiros vamos ficar um mês sem programar viagem nenhuma, nem de negócios. Os preços altos afastarão todos os gringos do Hemisfério Norte que não vierem especificamente para a Copa. E virão poucos, porque há poucos ingressos, que estarão na mão dos patrocinadores.

Todo jogo será um pesadelo logístico – pense num show da Madonna a cada partida – mas os aeroportos só estarão conturbados na hora de cinco mil italianos se deslocarem de Fortaleza para Curitiba.

A verdadeira invasão vai ser rodoviária, protagonizada por hermanos sem ingresso, que virão pela farra e pela possibilidade de quem sabe descolar uma entrada por vias tortas.

É uma pena que as autoridades não entendam algo que eu sempre digo e que só a agência de publicidade da Brahma parece ter ouvido: durante a Copa, qualquer lugar do Brasil é uma festa. E durante a Copa do Brasil, todo lugar será especial. Até Guaratinguetá.

Ainda dá tempo, Paraguai!

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30 comentários

Caro Ricardo, você acertou na mosca. Pesadelo logístico é o que a gente vive no nosso dia a dia em São Paulo. Copa do Mundo é festa – vide a procura histórica para ingressos para a Copa das Confederações. Imagina a festa!!!

Muito bom, Riq! O São Caetano mesmo é um que nunca me desceu… Ainda bem que foi castigado da forma mais dura: perdeu duas finais de Brasileirão e uma da Libertadores, e, a partir daí, tirando um título paulista mequetrefe, só ladeira abaixo!

É muito triste mesmo ver esses times de empresários/prefeituras tirarem as vagas dos tradicionais Remo, Paysandu, Sampaio Corrêa, CRB, CSA, ABC etc. (por mais que a incompetência/desonestidade na gestão desses times seja também uma das causas para o fracasso retumbante na história recente).

Quanto às eliminatórias sulamericanas, só uma pequena correção: faltam 08 rodadas, então são dois joguinhos a mais pros vizinhos de “parede e meia” conseguirem se garantir na nossa festa!

Abraços,

Chalub

    Eu já acho que é um “bem feito” que times que tem torcidas grandes, o principal atrativo para patrocinadores, não consigam capitalizar seu sucesso de público montando equipes competitivas.

    Tradicionais ou não, tenho a impressão que vários desses clubes poderiam estar em melhor situação se sua gestão fosse profissionalizada pra valer, se fossem transformados de passatempo de gente desinteressada e espúria em empresas com gestão totalmente profissional como na Inglaterra.

    Para os empresários que despejam dinheiro no futebol, seria mais interessante investir em times que em um “branding” mais reconhecido, por assim dizer, se eles tivessem como comprar diretamente times como CRB, Paysandu e assumir o controle total da gestão do futebol, mas os dirigientes de vários desses times agem como se fossem líderes de gincana escolar no melhor dos casos, e mafiosos nos pior deles.

    Concordo com o A.L. em gênero, número e grau.

    A realidade é essa, mas, parece que preferem manter essas instituições arrecadando da mesma forma que no século passado.

    Sem grandes empresas por trás vai ser muito difícil. Vejam o caso do Fluminense, que tem ganhado muitos títulos… todos devido ao patrocínio da Unimed que não virou proprietária, mas, que banca tudo ou quase tudo no futebol!!!

    Só acho que isso tem que ser feito de forma muito clara e com leis rígidas, pois, o Brasil não tem o controle que a Inglaterra tem. Lá, eles sabem exatamente o quanto e em que está sendo usado o capital da empresa. Acho que o medo aqui é que usem os clubes para caixa dois e lavagem de dinheiro… esse é o problema!

    Abraços.

Depois de 13 anos sem vir a Fortaleza cá estou falando o idioma local e de carro alugado. Pergunto : cadê as placas da cidade ???
Gastaram tudo nas Hilux SW4 da policia local e não sobrou para a sinalização correta e eficiente da cidade para o turista.
Piada …

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