Japão: visitando o sr. Fuji

No parque da Hakone -- já no fim do percurso

30 de janeiro de 2005. Em dias claros, ele aparece do lado direito do trem para quem vai de Tóquio em direção a Nagóia e Kyoto. Se você zerar o cronômetro logo que o trem deixa a estação Shinagawa, entre 20 e 25 minutos mais tarde (dependendo do número de paradas) você vai avistar o Monte Fuji. Mas por muito pouco tempo. Dois minutos, se tanto, e pof!: o Monte Fuji desaparece por trás de uma montanha para nunca mais reaparecer.

Dois minutos de Monte Fuji é pouco para você? Pois é possível ir até o pé do Monte Fuji, e até mesmo escalar o Monte Fuji (existem albergues no meio da subida para quem queira desenrolar seu saco de dormir).

Calma, calma, nós não chegamos a tanto. Mas aproveitamos que a previsão do tempo indicava um dia perfeito de sol e viajamos até o parque de Hakone – o lugar mais próximo de Tóquio para quem deseja contemplar a montanha-logotipo do Japão.

Os japoneses chamam o Monte Fuji de “Fuji-san”. Muitos guias dizem que “Fuji-san” significa “Sr. Fuji”, o que denotaria todo o respeito que os japoneses têm por sua montanha sagrada. Dando uma googlada rápida, porém, vi textos dizendo que “san”, no caso, significa “monte”, escrito com um ideograma diferente do “san” de senhor, e que essa história de “Sr. Fuji” é furadíssima. Só para dificultar as coisas, no entanto, outros sites dizem que há duas maneiras de escrever (e dizer) “Monte Fuji”: “Fuji-san” e “Fuji-yama” – e que os japoneses preferem “Fuji-san” justamente pela semelhança oral (e não escrita) com o “san” de senhor, revelando todo o respeito etc. etc. Eu não tenho o mínimo ideograma de quem esteja com a razão. Só sei que daqui para a frente posso me referir à Marisa Monte tanto como Marisa-san quanto como Marisa-yama.

O passeio toma quase um dia inteiro, mas se o céu estiver claro, vale muito a pena. Para começar, você anda meia hora de trem-bala (provavelmente o primeiro trem-bala da sua viagem) – e no caminho já dá aquela espiada-relâmpago no venerável monte, um pouco antes de descer em Odawara. Aí você compra um passe, o Hakone Free Pass (entre 28 e 40 dólares, dependendo do dia da semana) que dá direito a viagens ilimitadas numa porção de meios de transporte que servem a região de Hakone. Primeiro você pega um trenzinho lento, depois um ônibus mais lento ainda. Uma hora depois de desembarcar do trem-bala, finalmente você chega a Hakone-moto, que fica à beira de um lago. Epa. O que é aquilo ali atrás das montanhas na margem de lá? Fuji-san! Irashaimassé!

Monte Fuji, visto da beira do lago de Hakone

A etapa seguinte consiste em atravessar o lago num…. navio pirata.

Por favor, não me pergunte por quê. Só sei que, enquanto eu estava preocupado em fotografar Fuji-san, boa parte dos passageiros estava mais era a fim de virar papagaio japonês de pirata.

No navio pirata

No meio do lago a vista de Fuji-san é ainda mais bonita. Mas de repente acontece o mesmo fenômeno registrado no trem-bala: o Monte Fuji some. Aproveitei para ver as fotos que tinha tirado. Você acredita que o fotômetro digital da minha câmera tinha apagado o Monte Fuji de quase metade das fotos? Monte Fugidio, isso sim.

Fuji-san

Na outra margem a viagem continua por um bondinho (que eles chamam de “ropeway”). Aqui você volta a enxergar Fuji-san – praticamente de pertinho – por quase quinze minutos. Então você diz sayonará para a montanha sagrada e entra num funicular (que eles chamam de “cable car”). Acabou? Não. Ainda tem aquela uma hora de trenzinho até a estação do trem-bala.

Bondinho do parque de Hakone

Sim, eu tive problemas sérios com os endereços de Tóquio. Mas o endereço do sr. Fuji eu acertei de primeira.

Estou republicando a blogagem ao vivo da volta ao mundo que fiz em janeiro de 2005. Os posts vão ar na mesma data da postagem original (a não ser quando eu não tenha conexão no dia, como aconteceu neste fim de semana). Para ler todos os posts da viagem, clique aqui.

26 comentários

Ricardo é possível visitar o Monte Fuji todos os dias da semana? Tem algum dia que esse passeio está fechado? Vc sabe o horário de funcionamento e algum site que possa consulta-lo?
Obrigada

Parabens pelo texto! Eu recomendo a todos que gostaram desse post a assistir um filme ( que estava no cinema ha pouquissimo tempo ) chamado Hanami – Cerejeiras em Flor! O Fuji faz o papel principal, e Tokio o coadjuvante! Filme belissimo e emocionante!!!

Gostaria de pedir desculpas pelo meu português ruim. Pouco a pouco eu pretendo escrever melhor…

    Você tá maluca? Que português ruim? Pede pra gente escrever em espanhol, pra ver o que sai!

    (Nem digo catalão…)

    Ricardo, você é gentil e um amigo. Não é imparcial. Eu não tenho nenhuma desculpa, faz mais de 4 anos que estou lendo Português. Eu sou lenta e lerda com os idiomas.

Gostei do sr. Fuji. Aqui em o meu pais é comum charmar-lo Fujiyama. Acho que é normal o respeito dos japoneses com a seu montanha, porque é impressionante. Uma “mole” enorme, estéticamente perfeita.
Lindas fotos e divertida a história do barco pirata.

Linda as fotos, acabei nao indo ao Japao enquanto estava em Cingapura, mas daqui alguns anos certamente voltaremos a morar na Asia e ai o Japao será uma prioridade!!

Eu fui a Hakone mas dão dei a volta completa (não peguei o barco). O tempo estava horrível no dia que chegamos e não achei que valia à pena. Mas no dia seguinte o sol abriu, as nuvens se foram e também me esbaldei de fotografar o primo da Marisa. Também comi o ovo preto, cozido nas águas sulforosas, e tomei banho na água fedida da pequena psicina natural particular do meu albergue ryokan. ; )

Riq, quer fazer o favor de parar de me matar de saudades do Japão!

Beijos.

Nossa!! Meu Kamisama !!! Nunca tive a sorte de pegar um Fujisan assim. Fantástico!!!!

Estou adorando os post sobre o japão! Monte fugidio foi boa! 😉
Minha irmã fez a caminhada partindo de hakone, até o topo. Com direito a dormir num paradouro pra recuperar as energias e continuar. Ela amou e diz que ainda fará outra vez.
Bjos

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