Nasce um mito: Alter-do-Chão, “a melhor praia do Brasil segundo a imprensa inglesa”

alter

Lembra da história do Washington Post ter eleito Jericoacoara como uma das 10 praias mais bonitas do mundo? Pois o Washington Post nunca disse isso. Apenas pôs Jeri numa matéria sobre praias exóticas, 22 anos atrás. A revista Visão (ou será que foi a Veja? jamais saberemos ao certo) é que inventou a história das 10 praias, e a coisa colou para todo o sempre.

O engraçado é que um telefone-sem-fio idêntico está acontecendo bem debaixo dos nossos narizes. E desta vez o que está impulsionando o mito não é a inacessibilidade da fonte, mas a velocidade de propagação de factóides pela internet.

É o seguinte: quarta-feira passada a edição online do jornal britânico The Guardian publicou uma lista de 10 praias top do Brasil, escolhidas aleatoriamente por 10 especialistas. 

Alter-do-Chão está entre essas 10 praias, com bastante merecimento. Mas encabeçou a lista não porque seja a número 1 desta avaliação, mas porque está mais ao norte do que as outras nove. A lista foi apresentada em ordem g-e-o-g-r-á-f-i-c-a (a 2a., a 3a., a 4a. e a 5a. da lista estão no Nordeste, da 6a. à 9a. no Sudeste, e a 10a. no Sul). E cada praia teve apenas um voto — não houve eleição ou nada parecido. Como eu sei? Porque eu fiz parte do “júri”, ora.

Só que algum coleguinha da edição online da Época entendeu mal a matéria e apressadamente tascou o título: “Jornal inglês elege praia de rio do Pará como a melhor do Brasil“. (A propósito: a foto eu afanei de lá.)

Pronto. Nada do que se fale, que se argumente ou que se linke será capaz de retificar a notícia. O título de melhor praia do Brasil foi galardoado e está sendo comemorado, com justificada euforia, pela imprensa e pela blogosfera paraense. Hoje, na Folha, uma notícia sobre as enchentes do inverno amazônico assinada pelo correspondente no Pará dá conta de que “a praia mais bela do Brasil, eleita pela imprensa inglesa, está debaixo d’água”.

Veja bem: Alter-do-Chão é linda, e o Pará (junto com o Piauí) é o lugar do Brasil mais injustamente esquecido pela imprensa de viagem. Esse ano eu vou fazer sem falta a viagem que eu mais me devo dentro do Brasil.

Mas que o Guardian não disse isso que todo mundo daqui por diante vai repetir que disse — ah, não disse, não :mrgreen:

47 comentários

Alter do Chão merece o título de um dos lugares mais bonitos do mundo! Indesejável é considerar que somente após suposta consideração de estrangeiros, reconheça-se o óbvio. Existe nesta região, no mes de setembro o Çairé, uma manifestação da nossa extraordinária e diversa cultura brasileira. Como membro do Gremio Recreativo e Bloco Carnavalesco Embaixada do Jacaré, com sede na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Penha Circular e integrante da Ala de Compositores, orgulho-me de antes de saber, por outrem das belezas naturais no Brasil, tenha me rendido ao Pará,a seus encantos e magias amazônicos.No ano de 2014 estaremos apresentando, do Rio de Janeiro para o mundo “Çairé, Um Encontro No Tapajós” e a letra é esta: Vem amor desfutar de um sonho que eu vivi/ Lá em Santarém,em Alter do Chão na Ilha do Amor/Çairé um encontro no Tapajós/ Ver o sorriso da Saraipora/Carregando o estandarte à frente da procissão/Um semicírculo envolvido por puro algodão/ Flores e fitas coloridas/ Cruzes simbolizam a fé, a religião/ No Lago dos Botos a cultura Borari/ O Folclore do Boto Rosa e do Tucuxi/ O sagrado e profano em união e não esquecer o aquífero de Alter do Chão/ Todos os tons da natureza que o garimpeiro não viu/ As aves enchem o céu de cores / E dão vidaaos galhos despidos/ Praias, igapós, Flona Tapajós/ Jóias raras que existe na Amazônia/ Terra de matizes mil/ Esbajam a riqueza do Brasil.

Letícia, parabéns pelo relato e pela viagem! Fiquei morrendo de vontade de ir lá e conhecer este paraíso, tomando a cerveja mais gelado e comendo o peixe mais fresco!

Acho engraçado como esse povo tem preconceito com tudo que vem do Norte. Agradeçam a nós o ar que respiram. Porque do contrário, estariam em outro plano com tanto “desenvolvimento”.
Alter do Chão é o lugar mais lindo que conheço. E o que disse a clega aí em cima, o melhor e que a água é tranparente, areia branquinha, e quando a gente saí de dentro NÃO fica parecendo uma carne de sol: só sal! heheh Não tem sal na água da melhor praia do Brasil, é água doce. Vê se pode?! Que maravilha. Alter é tão impar que só está a disposição de quem quer ver seis meses por ano. Nos outros 6 ela se esconde debaixo ´d´água. Talvez temendo a ira de invejosos olhos de seca pimenteira!!!

Olá, Riq!

Na ConVnVenção BH lhe contamos que iríamos para Alter do Chão (segundo você, lacuna grave do seu currículo). Voltamos ontem e como o destino é imperdível, aproveito para indicá-lo aos demais tripulantes.

Certíssimo o The Guardian ao incluir esta praia de rio entre as 10 melhores praias do Brasil. A areia é branquinha, a água quentinha, há praias com pequenas ondas ou com água calminha (basta escolher com o piloteiro ou guia) e o melhor de tudo: ao sair da água você não precisa de um chuveiro para tirar o sal!

A primeira dica é irem logo.

O turismo ainda está na sua forma mais pura, e isto não durará muito… Quando agradeci à recepcionista do hotel pela ótima estada, ela me respondeu: – “Que bom ouvir isto. Estamos começando agora com esta coisa de turismo e é bom saber que estamos acertando!” O “começando”, na verdade, refere-se ao turismo nacional. Alter do Chão já é bem conhecida dos estrangeiros que buscam a Amazônia e é destino regional, em especial no Sairé (festa regional profano-religiosa) e aos finais de semana, de turistas paraenses, vindos por barco ou estrada.

É bacana vê-los se estruturando para transmitir ao turista o quanto são apaixonados por aquela terra, ou melhor, água. Um dos passeios que fizemos foi uma caminhada de 3 horas e meia pela Floresta Nacional do Tapajós. Nesta caminhada é obrigatório, além do guia do receptivo, o acompanhamento de um guia da comunidade local. No nosso caso, a Ivone, que aprendeu com o pai e já ensinou para os filhos os segredos de cada uma das tão diferentes plantas da floresta que ela prefere chamar de Floresta Medicinal do Tapajós.

A segunda dica é irem sem medo.

E isto se aplicava a mim. Alter do Chão foi destino insistido pelo meu marido e embarquei certa que pegaria malária e odiaria colocar meu pé no lodo de fundo de rio. Rio, na minha cidade, infelizmente, corre embaixo da terra, no Boulevard Arrudas! Não deixei de usar repelente, mas a utilidade deste foi psicológica: inacreditavelmente não havia nenhum mosquito por lá e a unanimidade dos moradores me atestou que não há malária em Alter do Chão. Por via das dúvidas, aconselho usar. Quanto ao lodo, santa ignorância! Olhando para baixo, com água até os ombros, o que eu via era a areia branquinha do fundo do rio, alguns peixinhos e, pasmem, até a pintinha do dedo do meu pé! A água é inacreditavelmente transparente!

A terceira dica é usarem o receptivo.

Costumamos viajar completamente desempacotados. Desta vez, achamos mais prático contratar o receptivo local, o que mostrou-se uma excelente opção. Com a contratação do receptivo, as preocupações com traslados, barcos, piloteiros, destinos, deixou de ser nossa. Em destinos como este, o acompanhamento de um bom guia é fundamental e o acerto na escolha influencia em muito o sucesso da viagem. É ele quem vai lhe contar o nome de cada um dos pássaros que avistar, a hora de sair da água por causa das arraias (sim, nem tudo é perfeito: à noite e mesmo de dia em algumas praias, há arraias na areia), até onde mergulhar, que é hora de deixar aquela deliciosa e deserta praia rumo à melhor ponta de areia para assistir ao pôr-do-sol em companhia de botos e tartarugas, que aquela árvore na areia passa metade do ano embaixo d’água, além de vários “causos” próprios, de quem escolheu viver da floresta. No nosso caso, foram eles também que, nos 45 minutos de subida à Serra da Piroca, para a mais bonita vista das praias e lagos formados pelo Rio Tapajós, carregaram água geladinha e providenciais frutas. Também foram eles que, gentilmente, nas praias com alguma estrutura (normalmente longe da água, eis que o nível desta abaixa para formar as praias), percorreram o percurso em busca da mais gelada cerveja e do peixe mais fresco, e, nas praias desertas, sem estrutura, cuidaram de trazer isopor com bebidas geladas.

A quarta dica é experimentarem a culinária local.

Disse o Ricardo Freire que a Amazônia é a nossa Tailândia. Deliciem-se com os sorvetes de açaí, castanha, tapioca, cupuaçu, etc. Experimente o Tucunaré, Tambaqui e Pirarucu nas diversas preparações que encontrar. Experimente o tacacá, mesmo que lhe pareça quente demais. Na pior das hipóteses, será uma nova experiência sentir a boca formigar pela folha de Jambu.

A quinta dica é aproveitarem os dias de semana.

Sábado à tarde e domingo a vila fica cheia de moradores de cidades próximas, em especial de Santarém. Se você busca privacidade, aproveite os dias de semana. No nosso caso, chegamos na quinta e fomos embora no domingo.

Nossas passagens para Santarém/PA foram emitidas na promoção dos 4.000 pontos da Gol. Os destinos do norte são uma boa opção para uso das milhas no Brasil.
Em Santarém, onde passamos a primeira noite, pois nosso vôo chegava de madrugada e ficamos temerosos de enfrentar a estrada à noite, ficamos no Hotel Barrudada (antigo, sem graça e meio sujinho). Em Alter do Chão, ficamos no Hotel Mirante da Ilha, já que o principal hotel, Beloalter, estava lotado. É um hotel limpíssimo, no centro da Vila, com um terraço com bela vista para a Ilha do Amor. Não conhecemos o Beloalter, mas disseram ser também muito bom, afastado da Vila, com piscina e praia. Cuidado, pois vários hotéis não possuem água quente! Contratamos o hotel diretamente, mas as tarifas do Receptivo Vento em Popa, viemos a saber depois, eram melhores que as que conseguimos.
Jantamos nos restaurantes Tribal e Farol da Ilha. Neste último, nas três visitas que fizemos, além de experimentar um prato diferente, repetíamos também, por absoluta gula, o Peixe ao Farol (pirarucu na telha, coberto por um purê molinho e delicioso de batata e queijo). Tacacá é na barraca da Maria Justa que fica na praça perto das barracas de sorvetes.
Usamos os serviços do Receptivo Vento em Popa (93)3527-1341 / (93)9154-2120 / (93)9654-4245). O dono chama-se Taketomi. Sim, sobrenome japonês. Seu pai imigrou com os avós do Japão para o Brasil e para surpresa deles, foram deixados em uma comunidade no Amazonas. Taketomi, já nascido no Brasil, casou-se com uma cabocla, em sentido inverso emigrou para o Japão, voltou para o Brasil e, amante da floresta, opera traslados e passeios, junto a seu educado filho, Rafael, a guias interessantíssimos (o nosso chamava-se Miguel) e a piloteiros pitorescos (os nossos foram o Sabá e o Edinaldo – que até hoje espera o barco Ana Beatriz, que trouxe o Príncipe Charles a Alter do Chão, pagar-lhe a hélice quebrada quando ajudou no reboque de tal embarcação – e o Sabá). O percurso e o tamanho do grupo são flexíveis. Para nós, que éramos dois casais, praticamente ficamos com um guia e um piloteiro por nossa conta do início da manhã até logo após o pôr do sol.

Não entendo tanta ironia em relação a Alter do Chão…
Vocês podem conhecer mais a praia, a vila, para poderem avaliar melhor.

Acessem: http://www.conexaooeste.com.br

https://www.youtube.com/my_videos_edit2?ns=1&video_id=lSKzqor3XrU&next=%2Fmy_videos2%3Fpi%3D0%26ps%3D20%26sf%3Dadded%26sa%3D0%26sq%3D%26dm%3D1

https://www.youtube.com/watch?v=BW2yY5cvJ74

    Não há ironia nenhuma, Emanuel. Se você ler o post com atenção, e também o post em que eu dou a lista do Guardian em primeira mão, vai ver que em nenhum momento se contesta o fato de Alter-do-Chão estar na lista. A praia evidentemente é linda e deixa uma lista dessas com um apelo ainda mais especial.

    O que se mostra aqui é que a notícia foi mal entendida, e acabou se atribuindo a Alter-do-Chão um título extra que não estava na matéria original. Nenhuma das dez praias da lista foi escolhida “a mais bonita do Brasil”. Não há hierarquia entre as listadas. Só isso.

Sinceramente os ingleses não sabem naaaaaaada de praia….SORRY! Aliás, no momento por causa das cheias a tal praia nem está mais ‘available’#FAIL…comoassim???? sabe q não me deu a menor vontade de ir pra ‘Alter do Chão’….
(lembrei q uma vez viajei com um grupo de ingleses p/ Ilha da Madeira e Porto Santo em novembro-leia-se FRIO! os caras se embrenhavam de maiô naquelas praias de pedra debaixo de garoa fina como se estivessem em Natal-RN AHHHH e eu ria muito!)

Riq seu blog é mara! hj mesmo recomendei ele na lista do MdeMulher da Abril com estrelinhas!!!!!!!!!!!!

bjos 😉

Rsrsrsrsrsrsr! os donos de pousadas e restaurantes da região devem estar amando a interpretação de texto do pessoal.

Mas que imagem é linda é!!

O negócio é passar por lá para conferir.

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