Orfei (minha crônica no Divirta-se do Estadão)

Pavilhão do México, Epcot Center, Orlando

De vez em quando alguém gasta saliva ou desperdiça tinta para reclamar que o Brasil não está representado no Epcot Center, o parque de diversões da Disney em que se pode dar uma volta ao mundo numa tarde, pulando de cenário em cenário. O único país representando os americanos do lado de cá é o México. Claro que não passa pela cabeça dos resmungões que o México, vizinho (literalmente) de muro, talvez tivesse mais motivos do que nós para se sentir ofendido, caso não estivesse presente no presépio internacional disneyano.

Um pouco da pretensão brazuca se deve à nossa presença. Somos muitíssimos em Orlando. À meia-noite de quarta-feira passada, numa loja de conveniência da International Drive, ouvi mais português do que no Pão de Açúcar da Angélica num horário equivalente. Vendedores sorriem à nossa passagem pelos outlets. Deve ser o único lugar do planeta em que ser brasileiro dá status.

É tarde demais para botar um pavilhão do Brasil no Epcot Center. O parque, já quase trintão, entrega a idade. Falta à Disney a direção de arte que sobra nos parques da Universal. Mas dá para se divertir um pouco imaginando como seria um parque temático brasileiro em Orlando.

A rua de entrada ia estar cheia de camelôs na calçada, vendendo mercadoria pirata do parque por um quarto do preço das lojas oficiais. No fim da rua, em vez do castelo da Cinderela, o Maracanã.

A montanha russa principal começaria numa miniatura dos Arcos da Lapa, faria as primeiras piruetas num Pão de Açúcar estilizado, subiria por dentro do Cristo e desembocaria em queda livre num chuá inspirado nas cataratas do Iguaçu.

Outra montanha russa, construída em recinto fechado para aumentar a adrenalina, passaria por fogo cruzado de mentirinha e simularia um deslizamento de morro. A nossa resposta ao desaforo do Epcot seria uma espécie de pequeno Projac reproduzindo lado a lado todos os cenários das últimas novelas da Glória Perez.

E como é proibido vender comida saudável em Orlando, no parque brazuca só ia ter acarajé, coxinha, churrasquinho de gato e pizza de catupiry.

Pensei até num nome: Orfei World. Mas pra americano entrar, só tirando visto.

13 comentários

Haveria ainda cambistas vendendo ingressos a preços módicos e muitos berimbaus como souvenir!

Que maravilha!
Orfei World é ótimo… Aliás, que fim levou o Seu Orlando Orfei, alguém sabe?

    Patty,

    Segundo consta, vai comemorar 90 anos em julho próximo e luta contra o Mal de Alzheimer.

Ótimo! hahaha
Será que no pavilhão do Brasil poderia-se furar filas? Sim, para se adequar ao esprírito local. Também seria permitido jogar lixo no chão, no setor “Copacabana”, hehe.

Bjs

Se o Brasil tivesse um pavilhão no Epcot, logo na entrada teríamos uma placa dizendo: “Bienvenidos a Buenos Aires, capital de Brazil!”

Seria uma humilheixon, non? Acho melhor deixar do jeito que está, né?

    Hehe Zé , e teria um casal portenho dançando tango embaixo do arco-brega : Bem vindo a Capital Federal .

    Zé entrou no espírito rebolaxion, fechou a crônica com chave de ouro.

Adorei.Tocou na ferida do nosso complexo de inferioridade!Que bobagem seria alguem reclamar da falta de representação do Brasil no Epcot, como se para ser grande, houvesse a necessidade de estar no mundo Disney. Acho que temos mais com o que nos preocupar!

Ricardo.
Caberia ainda,os indefectiveis jogadores de futebol e as escolas de samba,com as mulatas num rebolado bem sensual. Isso poderia ficar dentro do Maracanã.

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