De barco em Galinhos: salina, dunas e um peixe muito bizarro 1

De barco em Galinhos: salina, dunas e um peixe muito bizarro

Galinhos

Atenção: Este relato é do passeio como era feito em 2012. Para ver fotos atualizadas, veja o nosso Guia de Galinhos.

Passeio de barco no litoral é tudo igual? Bom: parecidos todos são, pois costumam percorrer rios ladeados por mangues viçosos. Mas cada um vai ter a sua peculiaridade — o tipo de vegetação do mangue, uma prainha, uma colônia de cavalos-marinhos, uma família de peixes-bois…. Nesse quesito, não conheço nenhum mais diversificado que o passeio de barco oferecido em Galinhos, a 180 km de Natal, no oeste potiguar.

Na verdade o passeio de Galinhos não é fluvial. O curso d’água tem o formato igual-que-nem de um rio, mas a água é salgada. Trata-se de um braço de mar que preenche o espaço entre a península e o “continente”.

Eu já tinha ido várias vezes a Galinhos e nunca tinha feito o passeio. Me contentava com a beleza dos 10 minutos de travessia desde o Pratagil (o ponto de embarque para quem chega pela BR 406, Natal-Macau). Desta vez, porém, marquei o passeio tão logo cheguei à pousada (muito boa, aliás: a Amagali. Tente reservar um dos bangalôs.)

Júnior Tubarão, o barqueiro, não fecha nada por telefone (a propósito: 84/9110-2965). Faz questão de passar na pousada no fim da tarde para combinar os detalhes e fechar o itinerário. Combinamos um passeio de meio dia, com ida à salina e às dunas, terminando em Galos — porque a gente queria vir caminhando pela praia (3 km) até Galinhos. Atualização: em agosto/2020 o passeio custa R$ 350 por casal, com almoço incluído (bebidas cobradas à parte).

Galinhos

No dia seguinte, às 8h30, lá estava o Júnior a postos, bem em frente à pousada (que fica à beira do braço de mar). O início de passeio é parecido com qualquer outro (e com a travessia Pratagil-Galinhos): vamos costeando o manguezal. O barco do Júnior, o Garça Azul, faz referência à ave mais característica da região. Durante o passeio ele nos apontaria algumas, mas estavam muito longe e eram muito ariscas. Não cheguei a registrar nenhuma.

Salina de Galinhos

Vamos lá no tuk-tuk-tuk-tuk até que… tcharam! Aparecem as montanhas nevadas! Digo: a salina.

Galinhos

Galinhos

Demos sorte, porque fomos numa época de produção recente; o sal novinho é que é branquinho feito neve. As montanhas mais antigas — que a gente podia ver atrás das novinhas — ficam amareladas, amarronzadas.

Galinhos

Por outro lado, demos azar, porque agora a salina está cercada. O Júnior conta que até há pouco tempo dava para brincar de subir nas dunas de sal.

Galinhos

Deixamos a salina antes da chegada do primeiro grupo do dia. Galinhos tornou-se um dos passeios oferecidos aos turistas que estão em Natal. Deve ser bastante cansativo (são 2h30 para vir, outras tantas para voltar), mas as paisagens e atividades (como veremos adiante) compensam. (E, de ônibus, dá para tirar um cochilo na viagem de volta…)

Galinhos

Galinhos

A segunda parada é no mangue. Ali o Júnior colhe as ostras que serão servidas logo mais, no lanche…

GalinhosJúnior Tubarão e o peixe-morcego

… e usa seu fôlego de maratonista para buscar, lá no fundo, rente à areia, o personagem mais exótico do passeio: o peixe-morcego.

Peixe-morcego

O bicho tem pernas (na verdade, nadadeiras), asas (idem) e chifre (na verdade, um prolongamento do focinho). Não é à toa que seu nome em inglês é sea devil (demônio do mar). Vai um carinho aí?

Dunas do Capim

Devolvido o peixe à água, seguimos para as Dunas do Capim — que agora têm um canto cravejado de cataventos eólicos. Ali o barco é ancorado e, enquanto a gente toma banho na prainha deliciosa, o Júnior vai cortando as frutas e abrindo as ostras.

Dunas do Capim

O lugar é point dos bugueiros, que oferecem o passeio pelas Dunas do Capim até o vilarejo de Galos. Quem me acompanha sabe que estou nessa cruzada anti-bugue na praia e a última coisa que poderia querer na vida é uma foto minha na internet a bordo de um bugue na areia. Mas na real o passeio é inofensivo: passeia por dunas móveis (como as de Genipabu) e chega a Galos sem passar por trechos de praia usados por banhistas. O pessoal que vem nos passeios desde Natal pode optar entre ir a Galos de bugue (pagando à parte) ou de barco.

Dunas do CapimDunas do Capim

Servido?

A caminho de Galos

GalosGalos

Seguimos por duna e mangue até o vilarejo de Galos, onde desembarcamos. Galos é menor do que Galinhos; enquanto Galinhos se espalha do braço de mar até o mar aberto, Galos parece toda voltada para o canal. Ali ficam os restaurantes onde almoçam os passageiros dos passeios de barco. A gente não queria almoçar, para não perder o pique de ir a pé a Galinhos. Acertamos com o Júnior e seguimos.

Não foi uma decisão inteligente. O trecho entre Galos e Galinhos pela praia é de areia fofa e mar bravo. Durante o caminho, vários bugueiros, que depois de deixar os passageiros em Galos voltavam vazios a Galinhos, nos ofereceram carona. Mas resolvemos manter os planos de fazer exercício, mesmo sob aquele sol pouco clemente.

Galinhos

Uns 40 minutos mais tarde já estávamos instalados na nossa mesa na pousada Brésil Aventure, onde tinha me hospedado na primeira ida a Galinhos, em 2001. (Na segunda vez que pernoitei por lá, em 2005, fiquei na Oásis, à beira-canal, também recomendável.) A Brésil Aventure fica exatamente em frente a uma lagoinha que é formada pela invasão da água do mar na maré alta, e que proporciona fotos lindas (sobretudo ao pôr do sol).

Atenção: veja recomendações atualizadas de hospedagem em Galinhos no nosso Guia de Galinhos.

galinhos38

Galinhos

Galinhos

Galinhos

Queijo coalhoBúzios

Pedimos uma porção de queijo coalho na chapa e um ensopadinho de búzios (vôngole) e ficamos admirando o show dos kitesurfistas e a chegada das charretes que levam até a ponta da península de areia, onde está um farol. É a parte final (paga à parte, também) do passeio de quem vem de Natal.

Amagali

Felizmente a gente não tinha duas horas e meia de estrada pela frente. Uma caminhadinha de 10 minutos nos separava de um fim de tarde na piscina da pousada.

Passeio de barco do Júnior Tubarão
  • WhatsApp: (84) 98115-2772
  • Passeio para 2 pessoas: R$ 350
  • Passeio para 3 pessoas (limite máximo por barco na pandemia): R$ 510
  • Bebidas cobradas à parte
  • Instagram

Leia mais:


Praia em outubro: Perobas, RN

47 comentários

Fui a São Miguel do Gostoso a 2 anos e achei maravilhoso. Só que achei que venta demais! Em Galinhos também venta tão forte assim?

    Olá, Flávio! Toda a costa brasileira voltada para o Norte é bastante ventosa no segundo semestre. No primeiro semestre não venta muito não.

oi roberto tudo bem??
olha tem como vc tira aquele valor do seu do passeio,do seu blog, porq aqui quando eu falo do meu trabalho,conpleto com almoço.pra casal,e 200,reais, eles falam,nao eu vii,no blog do roberto,140,faça esse favor,pra mim cara como fiz um preço camarada pra vc!!!! aguardo retorno,seu!!! abraço e obrig,indicaçao dos passeios!!!!!!!!

    Olá, Tubarão! O site é do Ricardo 😀 Vamos atualizar, sim, pó deixar!

Olá Bóia,

Minha próxima trip é para Natal e como vou passar uns dias em São Miguel do Gostoso, tô pilhando de fazer um bate-volta em Galinhos. Como o Ricardo já andou por essas bandas, poderiam me dizer qual é o tempo médio do passeio de barco por Galos? Estou avaliando se vale a pena fazer o passeio na parte da manhã e passar a tarde em Galinhos ou evitar correrias e ficar só por Galinhos mesmo.

Fico no aguardo.
😉

    Olá, Renata! O único jeito de sair de Gostoso, ir a Galinhos e voltar no mesmo dia é indo de 4×4 pela praia desde Caiçara. Não endossamos o uso da praia como estrada, então não recomendamos o passeio.

    Então Bóia..

    A minha dúvida não é sobre como chegar em Galinhos. Isso já está resolvido: vou de carro comum e vou deixá-lo estacionado em Pratagil. Ok. De Gostoso até lá são 90km, o que eu acredito ser passível de um bate-volta (tem gente que vem de Natal que é bem mais longe).

    O que estou com dúvidas, e por isso recorri ao VnV, é sobre o tempo de duração do passeio que o Ricardo mesmo descreve neste post.

    Aprecio a preocupação de vocês com o uso indiscriminado de bugres pelo litoral brasileiro, mas esse não é o caso. É só um simples dúvida sobre o que está relacionado no post.

    Olá, Renata! O passeio local em Galinhos dura de três a quatro horas. Mas veja por qual caminho você acha que chega a Pratagil. O caminho indicado pelo Google Maps não existe. Você precisará ir a Touros e lá pegar a estrada que vai a João Câmara. Dará umas 3 horas. O Ricardo Freire fez este percurso na última viagem.

    Bem, se não existe a RN-022 e a 120 vou ter que rever isso aí. Como as informações não estão muito seguras vou me informar por lá mesmo.

    Obrigado pela resposta, depois volto aqui pra contar como foi.

    Valeu VnV!
    =)

Oi Ricardo!
Estou indo para São Miguel do Gostoso no carnaval e vou fazer algumas aulas de kite por lá. Gostaria de saber se você tem dicas de passeios e praias que posso fazer ali por perto?
Obrigada e parabéns pelo blog!
Abs

    Olá, Andreia! Quem responde é a Bóia. As aulas de kite devem consumir bastante energia, você provavelmente não vá querer fazer passeios no mesmo dia das aulas. Galinhos está a 1h30/2h pela areia, de 4×4. Um passeio próximo é às piscibas naturais de Perobas, em Touros. Veja com a sua pousada se haverá passeios durante sua estada (depende da maré).

    Olá Ricardo, gostaria de deixar aqui a agradável estadia que tive em Galinhos. Lugar lindo,realmente singular. Aproveitamos um pouco de cada coisa que a cidadezinha podia nos proporcinar. Um pôr do sol lindo, com o privilégio de ter lua e sol ao mesmo tempo, lá no farol.
    Tivemos a sorte de no nosso passeio de barco, o nosso guia nos presenteou com uma linda digamos “jazida” de sal, e a Pousada Amagali está num ponto estratégio, assim que nos aproximamos da cidade vamos logo avistando. Apesar de ter ido no Mês de julho (2013), tudo foi perfeito, combinado com a magia do lugar. Quero voltar a Galinhos outras vezes.

Olá Ricardo, acompanho seu blog a algum tempo, escolhi meu hotel em Punta Cana lendo suas dicas aqui e fiquei muito feliz com a escolha. Agora lendo sobre Galinhos não resisti em compartilhar minha experiência. Fui em 2012 para São Miguel do Gostoso, uma praia bem perto de Galinhos, tiramos um dia e fomos de bugue até Galinhos pelas dunas e praias que você citou aqui, infelizmente não fizemos o passeio de barco. Sou fotógrafa e tenho uma galeria lá no flickr com algumas fotos desse passeio e queria compartilhar aqui com você, achei que pudesse gostar de ver, eu amei esse lugar, a paisagem é encantadora. https://www.flickr.com/photos/angenied/sets/72157631215516706/with/7971823506/
Caso também queira ver, tenho fotos lá de Punta Cana onde fiquei no Barceló Bávaro Palace de Luxe e no mesmo Hotel na Riviera Maya (não achei o hotel tão bom como o de Punta Cana). Agora tenho uma viagem marcada para final de abril para Londres, Paris e sul da França, estou buscando informações aqui para programar meu roteiro, especialmente sul da França, ainda tenho muitas dúvidas. Parabéns pelo blog, sua ajuda é sempre muito valiosa, um grande abraço.

Estive na Pousada Amagali por 4 ou 5 noites em 2011, acompanhada de família e um amigo. Éramos 5 pessoas.
Chegamos à noite (em torno de 20.00h) e logo pegamos uma carroça puxada a burro onde colocamos as malas. Eu e nosso amigo fomos sentados na parte de trás do “taxi”, balançando as pernas, enquanto irmão, cunhada e sobrinha caminhavam ao lado, tranquilamente.
A pousada não podia ser melhor. Fomos muito bem recebidos por M.François e sua mulher. Um jantar foi providenciado por Amilton – que também capitaneia passeios de barco pelos arredores – e, logo a seguir, tratamos de descansar.
Como não havia outros hóspedes na pousada, o jovem, antes de voltar para casa, nos incumbia de desligar a TV e iluminação do lounge todas as noites. Hospedagem mais à vontade, impossível!
Em determinada manhã marcamos um passeio de barco com Amilton e um amigo. No trajeto, o barco foi ancorado junto ao pier da salina a fim de que ambos mergulhassem em apneia. Finalidade: arpoar alguns peixes que, minutos depois, foram assados na brasa na praia da Duna do Capim.
No final da hospedagem fomos de bugy até São Miguel do Gostoso pela beira do mar. Depois Maracajaú, Natal e Rio de Janeiro. a
Uma viagem inesquecível que pretendo repetir.
Saudade de Galinhos e todos que conheci por lá.

Eu adorei Galinhos, mas é uma pena que a população não cuide daquilo que tem. Vi muito lixo jogado pelas ruas e na praia e não era de turista, pois quando fui Galinhos ainda era desconhecida e não tinha esse fluxo de turista de bate e volta, mas apenas Europeus que faziam tour pelo nordeste e se hospedavam na Brésil antes de seguir viagem pelo litoral. Fiz uma caminhada até Galos, mas do lado contrário ao feito pelo Ricardo, subindo uma duna e tenho uma foto lindissima lá do alto. A água do local realmente é salobra, mas nada que prejudique o passeio. Fiquei na Oásis e não tive do que reclamar, fui muito bem tratada e a estadia foi muito confortável. Não fiz o passeio de charrete, mas fiz o de barco e a caminhada e adorei cada dia que estive lá. Graças ao Ricardo, na época do Freire’s eu pude conhecer esse lugar lindo desse nosso país.

Isso é um mar agitado… um mar bravíssimo!

🙂 Tenho a certeza de que não há fotos, na internet, de você a bordo de um bugue pelas praias do Brasil. Você adora as praias brasileiras. Eu sei, porque eu li seu livro: 100 praias que valem a viagem. Agora sim, na internet, há fotos suas andando pelas praias do Brasil!

Já pensei em passar uma semana por lá. Também ouvi falar sobre essa questão da água nas pousadas, dificultado bastante o banho, especialmente para quem gosta de ducha de água quente. Todos comentam a beleza do lugar, mas a infraestrutura ainda precária parece ser um consenso. Será que algo mudou?

    Continua uma aventura, Flavio! E por isso é tão bacana e tão singular. São Miguel do Gostoso, que não tem uma praia tão bonita (é turva o ano inteiro), deslanchou entre os kite e windsurfistas, ganhou muitas pousadas bacanas e uma meia-dúzia de restaurantes cosmopolitas. Por causa da dificuldade de acesso e da água salobra (vou falar disso melhor quando fizer um post sobre ficar por lá), Galinhos continua muito parecido com o que era há 15 anos. A diferença (que já tem alguns anos) é que boa parte da vila foi calçada. Essa Amangali é a única novidade de peso no front de hospedagem. Se você for fora de feriado ou de janeiro, pode decidir in loco quantos dias quer ficar 😀

    (Vale a pena escolher uma semana de lua cheia ou lua nova, quando a maré cheia renova a água da lagoinha em frente à Brésil Aventure e ela fica em condições de banho.)

Decepcionei-me muito com as praias da vilinha – do lado do mar aberto jogaram restos de material de construção na praia e a maré é muito forte; do lado do braço de mar há chiqueiros com criação de porcos (imaginem o mal cheiro e a higiene…) e muito lixo. A água das pousadas é salobra e escassa, algumas fornecem água mineral pra o banho. As salinas são belas e pela estrada passamos por “nuvens” de espuma de sal, muito inusitado. O jantar na Brésil Aventure foi bom, há muito poucas opções de jantar no vilarejo.

    Fui no fim do mês passado. Se você andar do ancoradouro no sentido contrário ao da pousada em que ficou irá ver lixo e chiqueiros, etc, tudo o que eu disse. Também esqueci de dizer que as luzes faiscantes dos parques heólicos ofuscam bastante o brilho das estrelas à noite.

    Ed, realmente não estive nessa área — nem desta vez, nem das vezes passadas. Precisa mesmo? :mrgreen:

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