Perto

Minha crônica no Guia do Estadão de hoje.

Olivia Byington em "A vida é perto"
Olivia Byington em "A vida é perto"

“Inventei isso por causa da inveja que eu tinha da Débora Bloch”, diz Olivia Byington, mais ou menos no começo do seu show “A vida é perto”. A inveja, explique-se, não é tanto de Débora, mas da possibilidade que os atores têm de fazer monólogos, viajando por aí apenas com um cenário leve e um desenho de luz.

Pois foi o que Olivia fez. Pegou um violão, um Macintosh, uma cadeira, três tapetes e uma prateleira de livros, e recriou um cantinho de sua casa da Gávea no palco da Casa Laura Alvim, em Ipanema. Três anos depois, ela continua na estrada, feito as atrizes de monólogo que não precisa mais invejar. Até o fim de agosto, seus tapetes, sua cadeira e seus livros estão no palco do Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura, todo sábado e domingo.

É praticamente um sarau. Olivia começa explicando como criou o show e acaba contando toda a sua vida, entremeada por músicas que gravou ou que ilustram cada momento.

Da idéia inicial – cantar canções de Caetano – restou apenas um medley, belíssimo, de “Alguém cantando” com “Muito romântico”. O projeto acabou interrompido porque, no entusiasmo pela retomada do violão, Olivia acabou se perdendo em criar novas introduções para músicas antigas. Um dia seu filho Gregório (Duviver, astro do indie “Apenas o fim”) passou pelo quarto e disse: “Mãe, por que você não volta a compor, em vez de ficar estragando as músicas do Caetano?”

Foi quando apareceu o português Tiago Torres da Silva, que lhe entregou um pacote de letras lindas, escritas praticamente em “brasileiro” – a não ser por detalhes como a rima de “idéia” com “areia”, que antecipou em alguns anos os problemas da reforma ortográfica.

Lá pelas tantas, Olivia mostra um sinal que recebeu do Além, na forma de um cartão-postal de Roma, comprado por 1 real na feirinha de antiguidades da Gávea, e assinado por um certo Tom. Que, não sabia o vendedor, era o Jobim. Outras cantoras podem saber letras de Tom Jobim; Olivia Byington reconhece até a caligrafia.

Você sabe que o espetáculo está terminando (aaaaaaaah!) quando Olivia leva sua voz de Bacchiana número 5 para passear em “Mais clara, mais crua” – a versão com letra de “Palhaço”, de Egberto Gismonti. Devia constar dos dicionários como a quinta ou a sexta acepção de “sublime”.

O nome do show é emprestado de uma frase de Millôr Fernandes. Sim, a vida é perto. E até o fim de agosto, está mais perto ainda, no teatro da Livraria Cultura. Não perca.

9 comentários

Riq,
não tinha voltado ainda nesse post para ver sua resposta. Muito obrigada! Só checando isso já dá para passar o tempo. Se der deu…se não der, não deu. Ainda tenho esperança de abrir uma vaguinha no vôo imediatamente depois he he bjs

Riq, este seu post está uma poesia!To torcendo pra Olivia voltar a fazer o show no Rio. Aí corro pra ver.

Olá, alguém sabe dicas de pousadas em visconde de mauá ?? Estou indo no próximo final de semana !

Da série perto…na carona da pergunta da Raquel, tenho uma parada de 4 horas numa conexão em Zurich entre o avião do Brasil e o avião para o destino final (milhas, lere lere…). Um amigo disse que o aeroporto fica a 7 min de trem – será que vale? Será que eu e Raquel temos a opção de sair do aeroporto entre uma conexão e outra? Em Miami da última vez, tinha pensado em encontrar minha prima nas lojinhas, mas fiquei enclausurada.

    Quando você chegar vai precisar desembaraçar as bagagens e fazer o check-in do vôo seguinte. Veja quanto tempo você leva do aeroporto ao terminal do trem. Lá chegando procure o horário para ver qual trem você teria que pegar de volta para estar na sala de embarque 40 min. antes do seu vôo.

    (Acho que não vai rolar, mas ajuda a passar o tempo…)

E eu achando que só eu estava virando a noite, trabalhando… 😉

Posso pedir uma ajuda? Chego em Lisboa às 7h20 e minha conexão só sai às 14h (check in abrindo às 12h30), será que em vez de mofar no aeroporto dá para dar uma fujidinha para qualquer outro lugar que não seja o aeroporto de Lisboa?

    Dá pra fazer tranqüilamente, Raquel – aliás, eu fiz exatamente isso quando fui para Milão com conexão em Lisboa. Você pode inclusive guardar a sua bagagem de mão em um guarda-volumes do próprio aeroporto. Há um ônibus do aeroporto para o centro de Lisboa, que leva não mais do que 20 minutos, e te deixa na Praça do Rossio. O passeio vai te deixar com vontade de voltar a Lisboa com mais calma (eu não consegui voltar ainda…), mas ao menos dá pra curtir o centro e, com um pouco de disposição, ainda dar uma chegadinha à Sé e ao Castelo de São Jorge! 😉

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