Rede social (minha crônica no Divirta-se do Estadão)

@riqfreire

Acordei às quatro e meia da manhã, trabalhei até as dez, saí do hotel, peguei três horas de estrada, entrei no outro hotel. Almocei e saí correndo para fotografar enquanto a sombra dos coqueiros não atrapalhava a praia ou a piscina. Lá pelas tantas, dei uma parada para checar ligações não atendidas. Fui até a mochilinha, abri a bolsinha de fora – ué, cadê o iPhone?

Voltei ao restaurante. As mesas estavam sendo arrumadas. Reencontrei minha mesa. Nada do meu celular. Perguntei se algum funcionário tinha achado um iPhone. Necas – se acharam, deve estar já na recepção. Agradeci e zuni para o lobby. Nada feito. Nenhum celular entregue.

Caí em depressão. Estou no meio de uma maratona de resorts. Está tão pauleira, estou dormindo tão pouco, que me gripei – no verão do Nordeste! Só volto para São Paulo no início de dezembro. Meu iPhone (sim, aquele mesmo que me fez sentir uma iAnta nas primeiras semanas) não é mais só um telefone. É meu relógio, meu despertador, minha câmera de fotografar cardápio, minha tela de emails, minha ferramenta para nunca me sentir sozinho (basta entrar no Twitter).

Voltei ao quarto, liguei meu computador na internet. Antes de mais nada, desabafei no Twitter. “Desejo morte lenta e dolorosa a quem quer que tenha afanado o meu celular.” Imediatamente apareceram mensagens de conforto.

Foi quando lembrei que, no iPhone, os torpedos aparecem na tela, mesmo quando o telefone está bloqueado por senha. Tive uma idéia. Convoquei o pessoal a mandar torpedos para o meu celular com a mensagem DEVOLVA ESTE CELULAR NA PORTARIA! Mandei meu número em mensagem privada para quem não tinha. Pedi para não serem ríspidos – afinal, se devolvesse, o cara precisaria fingir que tinha achado o aparelho ao acaso.

Logo em seguida, me senti ridículo. Que mico! Imagina se isso ia dar certo.

@riqfreire

Mas então, quinze minutos depois do início da operação: TRIM TRIM! Era da recepção. Devolveram  meu celular! Uma senhorinha, que disse que “tinha posto na bolsa para devolver depois”. Sei.

@riqfreire

A clepto-hóspede capitulou em 22 torpedos, mandados de 9 DDDs diferentes (e um DDI, da Espanha). Viva o Twitter! (Agora tente fazer isso, com essa rapidez, via Facebook…)


54 comentários

hahaha tinha certeeeeeza que o “case do iPhone” ia virar crônica do Riq! Mesmo atrasilda (sorry, culta da viagem pouco cibernética), adorei ler, arrasou 😉

imagino a senhorinha:-” ai, catei o celular de um mafioso, esta coisa vai explodir na minha mão”…e depois ficou disfarçada de tocaia no hall do hotel prá ver o cara que iria pegar a coisa… -“chi, careca, cara de mau, nunca mais pego celular achado, é muito perigoso”…ahahahaha !!!

Eu vi tudo acontecer “on time” e foi absolutamente impressionante! Como não tenho Iphone, nem entendi qdo vc tuitou para enviar um torpedo p/ devolver o telefone…só sei que minutos depois, e o tempo de eu entender, vc já estava com ele na mão! Já virou case de twitter, óbvio!

Certeza que vai virar exemplo nas palestras de rede sociais, case nas universidades….

Muito boa a crônica e mais legal ainda que teve final feliz.

Abs!

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