Se for beber, dirija-se a Antônio Carlos (SC)
Ao emancipar-se, o distrito catarinense de Alto Biguaçu foi forçado a homenagear um presidente da província de Minas Gerais, passando a chamar-se Antônio Carlos.
Décadas mais tarde, a vingança: o município barriga-verde produz cachaças que não ficam nada a dever às mineiras.
Fui até lá, para testar um passeio que os hóspedes gringos da Ponta dos Ganchos adoram fazer: a visita à Adega Scherer, o principal produtor artesanal de cachaça de Antônio Carlos — e fornecedor de muitos rótulos de cachaça chique.
Esqueça aquela roça jeca-tatu que você porventura tinha na cabeça. A cachaça, aqui, não é parente da bagaceira portuguesa; é descendente do schnaps alemão.
A matéria-prima não é o melaço (resíduo da fabricação de açúcar) e sim o melado (caldo de cana evaporado). A fermentação é feita com leveduras importadas da Europa. O envelhecimento, em barris de carvalho usados apenas uma vez para fazer bourbon.
Experimentei uma provinha direto do barril.
(Não, eu não estava dirigindo.)
Se me dissessem que era bourbon eu não duvidaria…
A Adega Scherer fica 50 km a noroeste de Floripa. Para fazer uma visita guiada pelo Ivo Scherer, ligue antes: 48 3272-7000.
Querendo encomendar, olha que moderno: eles vendem online.
10 comentários
Deve ser meu parente, já que meus pais são de Antonio Carlos, meus avós paternos de nome Pedro Egídio Scherer e Izabel Schimt, avós maternos de nome Martinho Franzener e Maria Besen. Hoje moro no Amazonas no município de Maués e sou produtor de cachaça.
Estive lá, e fiquei uma temporada… O Sr Ivo Scherer no primeiro dia me convidou para provar a shnaps no barril… E eu peguei gosto, que nos dias seguintes estava indo chamar para ir junto…
Não sou um expert em cachaça, apenas um apreciador e, como tal, já provei muita mineira, pernambucana, de Luis Alves e outras regiões do interior de SC e posso afirmar que a cachaça da Adega Scherer é sem dúvida alguma a melhor cachaça que provei até este momento em minha vida ! Sem mencionar aqui a receptividade sem igual por parte do Ivo, seu irmão e familiares que nunca encontrei em outras destilarias ! Obrigado aos Scherer pelo ótimo trabalho desenvolvido e pelo enobrecimento da arte de fazer uma cachaça de alto nivel, mas acima de tudo, de um paladar tão apurado muito pouco encontrado pelas andanças deste amado Brasil !
Conheço a Wruck de Luis Alves Sc, tambem otima .www.cachacawruck.com.br
Ô, “faissonão”, eu sô perdida pela marvada…vô lá só pra provar a branquinha que vc recomendou…
INTERESSANTE ver produção de cachaça fora de Minas Gerais, Estado do Rio, de São Paulo e de Pernambuco. Uma completa novidade pra mim. Por falar em cachaça, há um interessante movimento de produtores sérios nacionais interessados em criar um órgão regulador e normatizador, controlador de qualidade para a cachaça brasileira. É um trabalho de especialistas de alto grau técnico de conhecimento e formação que está tentando padrozinzar e fiscalizar a produção da bebida no Brasil para que ela seja melhor aceita no exterior. Tomara. Bacana, né?
Também nem imaginava uma produção de alto nível assim no sul, Arnaldo. É bacana ver que os bons produtores estão se espalhando e que há uma preocupação com a qualidade, e não quantidade. Por falar em outros estados, uma das mais gostosas que experimentei é de Goiás, a Mercedes. Vale a pena.
Riq, você não estava dirigindo? Ou você não se lembra que estava dirigindo? 🙄 😀
Tenho um tio que diria o seguinte ao provar desta cachaça: “Esta é a verdadeira lágrima da cana”
Essa pinga até “chora” no copo! ; )