Testada e aprovada: Barra Grande, no Piauí, uma praia BBB
Um dos pontos altíssimos do meu rali pelo litoral brasileiro no ano passado, para terminar o 100 praias que valem a viagem, foi ser apresentado a Barra Grande, uma linda praia piauiense 50 km a leste de Parnaíba. Nos últimos anos, o lugar foi descoberto por kitesurfistas gringos; quem me deu a dica foi o Thiago Parente, que é de Teresina.
Passei muito rapidinho — era um rali, pouquíssimo propício a um campo inicial — mas meu radar acusou um potencial altíssimo. A beleza da enseada; a gostosura do mar (meio que de tombo, bem diferente do padrão rasinho e encrespado do litoral do meio-norte); o astral do vilarejo (potencializado pelo bom-gosto dos que estão chegando) e a dificuldade de acesso (não há aeroporto por perto) me fizeram declarar Barra Grande o grande achado da expedição. (“A melhor parada para descansar e pegar uma praia entre os Lençóis Maranhenses e Jericoacoara”, foi mais ou menos o que eu, ahn, decretei.)
Um dos primeiros a ir conferir a dica foi meu chapa André Galhardo, diretor de arte carioca com raízes piauienses. Depois de ter passado muitas férias na infância e adolescência em Parnaíba, ele estava curioso para testar a novidade, a bordo da patroa e do pimpolho. E eu, curioso com o que ele ia achar.
Ao voltar ele já me mandou um email dizendo que tinha adorado. Mas o fidibeque completo só chegou há algumas semanas (logo depois do blog se mudar para cá). Aí vai o relato completo — incluindo as roubadas 🙂
Acabei de ler seu post das ostras catarinenses – e jurei que ainda hoje te escreveria para falar sobre as ostras piauienses de Barra Grande 🙂 Lá nos esbaldamos, aproveitando a cotação de R$ 5 a dúzia! Ainda com delivery: Marcos, dono de uma das fazendas de ostras que fica no delta logo ao lado, ainda leva um isoporzinho na sua pousada com ostras recém-colhidas, limão e faquinha… (O telefone do rapaz: 86/9931-0176 .)
Para ser perfeito, só faltava um bom espumante, nacional mesmo. Mas as cervejinhas do Bistrô, bar/restaurante da pousada Ventos Nativos sempre estavam geladinhas. O dono do Bistrô e da pousada é o Mathieu, um francês de 25 anos que há 5 passou por lá para andar de windsurf e conhecer a família de sua mãe. Aí, já sabe – virou clichê: o francês enlouqueceu com lugar, decidiu ficar… e se apaixonou pelo kite.
(Aliás, é muito engraçado ouvi-lo falar português com sotaque de piauiense: “Ô neguim, sigure a vela do kite pra mim, sigure…”)
Ficamos lá mesmo na Ventos Nativos e fomos ultra bem tratados. Pé-na-areia, na frente da ponta que surge na maré baixa, super café da manhã… diária de 140 paus/casal – e não cobraram nenhum adicional pela presença do João, de 4 anos. (Detalhe: todas as “melhores” cobram 140 reais mas só “a melhor” não cobra adicional por criança.)
Sobre a praia… bem sobre a praia o que acrescentar, já que você já definiu tão bem Barra Grande: simplesmente um dos melhores banhos de mar do Nordeste. Praia com água cristalina, piscininhas etc etc… pedir mais o quê?
Ok, pediria só para os kites invadirem com menos freqüência o melhor banho de mar do nordeste, ficando lá na pontinha deles, bonitinhos. Tira a tranqüilidade – e é perigoso mesmo, ainda mais com crianças na área.
É um esporte lindo e fiquei feliz ao ver como o kite traz progresso sem quarto-de-empregadizar* o lugar. Mas eu precisava ter tido a infeliz idéia de tentar aprender a velejar naquela pranchinha? Olha, sou carioca, 20 anos de praia, surfista etc etc… mas aquela coisa é muito difícil!!! É fácil cair na tentação, por isso peço que desencoraje desavisados com todas as forças.
Os “instrutores” tentam faturar uma grana com um “curso rápido” que custa por volta de 800 reais mas que, na maioria das vezes, resulta apenas em litros de água salgada no seu nariz.
Porque depois de aprender a empinar a pipa, o próximo passo é dominar a técnica de “Body Drag” – que consiste ser arrastado pelo Kite na água sem prancha. Mais ou menos como nos filmes do velho oeste, quando o mocinho é arrastado no chão por uma corda presa ao cavalo do bandido, sacumé? Litros de água no nariz, nem quero lembrar 🙁 Algo pior aconteceu com uma turista: “dragou” uma caravela, aquela água viva… ai, ai, ai.
Ou seja, melhor caminhar pela praia, ver os gringos arrepiando ou pegar um bote da Barratur — e passear 1h pelo Delta para tirar fotos de cavalinhos marinhos.
Mas voltando à praia, se não me engano você não citou outro ponto fortíssimo: na maré baixa surge uma ponta de areia e rochas, que entra mais de 1km para dentro do mar. Bem na frente da Ventos Nativos. Quando a maré começa a subir, surgem dezenas de piscinas e algumas ilhas — sensacionais! Diria que é a “melhor ponta do nordeste” 😉 – pelo menos bem mais longa e interessante que a de Corumbau.
Enfim, tinha muito mais coisa para fazer. Ir para Jeri pela praia por exemplo. Mas relaxamos e depois de 4 dias voltamos para a fazenda do meu avô, felizes da vida por termos descoberto esse paraíso. O João adorou.
Obrigado, André!
Eu acrescento: Barra Grande é uma excelente opção para pegar praia em julho: lá em cima no meio do ano o tempo já está firme, o mar está azul, e os preços são camaradíssimas. Além da Ventos Nativos, considere as pousadas Casa Tartaruga, BGK, Vento do Mar, Rota dos Ventos, Casa Taboa ( 86/3369-8051 ) e Pontal da Barra ( 86/3369-8100 ).
Como o aeroporto mais próximo é o de Teresina, 410 km para o sul, aproveite para visitar outros tesouros do Piauí, como os parques da Serra da Capivara e das Sete Cidades. Os passeio ao Delta e aos Lençóis Piauienses podem ser feitos a partir de Barra Grande mesmo.
*quarto-de-empregadização: o André se refere a um fenômeno que eu já relatei e que costuma acontecer em vilarejos de praia recém-descobertos por forasteiros; os nativos tentam dar um upgrade a suas pousadinhas, mas acabam transformando acomodações rústicas em bregas. Barra Grande do Piauí conseguiu pular essa fase…
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147 comentários
Na qualidade de único representante do “boom” da publicidade piauiense em São Paulo e de amigo e colega de trabalho do Galhardo, me sinto na obrigação de postar aqui. Inclusive porque o post está belíssimo, oportuno e justo. O Piauí, afora as piadas do Juca Chaves, tem realmemte muitíssimo a oferecer. Ressalto, como disseram acima, o Parque Nacional da Serra da Capivara, que tem uma pousada mantida pelo Fundham (Fundação do Homem Americano) que é de todo boa e confortável. Parabéns ao André pelo furo e ao Riq pela inteligência de sempre em tudo o que faz.
Carlos, o furo foi do Riq: https://viajeaqui.abril.com.br/blog/112280_comentarios.shtml?1311328.
O André foi lá pra conferir. 😉
Gente, que maravilha.
Amei as fotos.
E genial o comentário da SandraM 😀
Ótima alternativa para o passeio de Jeri conjugado com Fortaleza. Não é fazendo propaganda contra o turismo em Fortaleza, não, mas é que essas chuvas já esgotaram a paciência. Quase maio e ainda chovendo? Sei não… Os dilúvios dão a impressão de que não vão parar tão cedo.
Lili do céu!!O q eu procurei teu email! Ainda não sei aonde salvei. O fato é que passei o feriado do dia 21 aí e menina, fui conhecer o L’Ô! Foi uma refeição maravilhosa. Os ambientes estão muito bem decorados e a sensação de aconhego desde lá embaixo. O lombo de sirigado estava indefectível, perfeito, saboroso e com uma linda apresentação (só de lembrar deu água na boca) o couvert nada mal tb. Os únicos “senões”: Chegar e dar de cara com os moradores do lado de lá foi chato. Me senti num zoólogico sendo espiada por todos os lados (sabe a q me refiro, né?) e a falta de um pratinho para o couvert. O serviço foi simpático, talvez um pouquinho confuso, mas nada que tenha comprometido nossa visita. Adoramos!!
Bjs,
Sandra M, só vc…eu grunhi aqui!!! 😆
É a minha próxima – se tudo der certo pra eu sair em julho, é pra lá que eu vou. Mas pelas contas que eu estou fazendo, é mais barato ir por Fortaleza, porque a Azul está com uns preços excelentes (algo como R$500,00 ida e volta).
Fortaleza!!!Iupi!!
É, é baratinho. Mas é tão longe..não sei, não. Acho que prefiro Miami… rsrs… Brincadeirinha, gente.
Bom dia!
bjs,
kkkkk, Sandra, essa foi ótema! 😀
Rafael,
Você pode fazer uma parada em Sete Cidades, que fica na metade do caminho entre Teresina e Parnaíba. Saia cedo de Teresina, se possível antes de o sol nascer (são 2h30min até Sete Cidades). Passe o dia caminhando pelas trilhas guiadas (vá preparado para sol e calor em julho). Há um hotel decente bem na entrada do parque. Se tiver fôlego, almoce lá e siga viagem no fim da tarde. Se não, durma e continue na manhã seguinte.
Já a Serra da Capivara é pra baixo. Se você sair de Teresina, é contramão ir até lá e voltar ao litoral. Quem vem do litoral leste pode começar por lá; quem vem do litoral norte, pode terminar lá. Não conheço ainda, mas é um espetáculo. Parque nacional muito bem conservado, com o maior sítio arqueológico do mundo. Sete Cidades seria uma espécie de versão “pocket” da Serra da Capivara, mas esta é muito mais impressionante.
Além de Barra Grande, recomendam outros pontos do Piauí? Esse estado é um grande mistério pra mim.
Hehe, tá tudo no post, Rafael: parques da Serra da Capivara e Sete Cidades, Delta do Parnaíba, Lençóis Piauienses.
Pra Serra da Capivara um ponto de partida alternativo é Petrolina, em Pernambuco.
Sete Cidades pode ser feito no caminho entre Teresina e Parnaíba.
Delta e Lençóis Piauienses, desde Parnaíba, Luís Correia ou Barra Grande.
Obrigado, Riq e Paulo Gustavo.
Vi na correria e não tinha lido o relato do André Galhardo 😆
Outro segredinho: também vale a pena sair da estrada principal e dirigir 40Km até Pedro II, onde a Associação Xique-Xique produz as mais belas redes do Brasil. Êpa, acho que vou ter que escrever outro email pro Riq com mais detalhes a respeito. 😉
Fotos belíssimas. A partir de setembro os ventos ficam mais fortes e a galera do kite invade mesmo. Seria bom vir entre junho e setembro pra não ficar “crowded” de kite surfistas.
Já fiquei morrendo de vontade de conhecer! Como eu disse, eu sonho com praia e sol, porque o frio por aqui não acaba nunca!
Barra Grande já é nome de grandes lugares mesmo!
Ah, parabéns pelas fotos! Estão lindas!
Puxa vida, vou ter que conhecer esse Paraíso só mais pra frente, já estou com tudo pronto pra Bonito, em julho, e Lagos Andinos, em setembro. Mas, essa brasiliense, filha de piauienses ficou com água na boca. Preciso voltar mais vezes as minhas origens. E com mais tempo para curtir. Ótimo relato e fotos do André, já me convenceu. Um voo até Teresina, alugar um carro e rumo ao litoral. A estrada de Teresina ao litoral é boa e não choveu, sol firme e água morna em Parnaíba e Luiz Correa (isso em julho de 2007).