Uma degustação em Mendoza

Gran Malbec Pulenta Estate

Cometi o pecado mortal de quem visita Mendoza: não fiz reservas antecipadas para visitar as vinícolas. Todo o vale do Maipú já estava totalmente bookado para o feriadão de Páscoa; as bodegas mais bacanas de Luján de Cuyo também. Felizmente ainda dava para arranjar alguma coisa para a quinta-feira (chegamos na quarta à tarde).

Entrei no ótimo site do Vines of Mendoza, um bar de degustações localizado no centro da cidade,que mantém um simpático guia de Mendoza para consulta.

Procurei pelas vinícolas recomendadas na região de Luján de Cuyo, porque queria combinar uma visita/degustação com um almoço no Cavas Wine Lodge, o espetacular relais-château com bangalôs em meio a vinhedos, e que fica nesta região.

(Parênteses: há três regiões de vinícolas/bodegas em Mendoza: Luján de Cuyo e Maipú, nos arredores da cidade, e Uco mais distante, onde estão as novas superbodegas com capital estrangeiro. É bom organizar cada expedição dentro de uma única zona.)

Consegui marcar na segunda tentativa: a bodega Pulenta confirmou minha visita para as 3 da tarde da quinta. Em seguida reservei um almoço no Cavas e, seguindo sábio conselho da Carla Portilho, contratei um remis (carro com chofer) para a tarde.

A fachada

Chegamos à Pulenta já totalmente calibrados (no almoço no Cavas, harmonizado com vinhos, rolaram 4 taças de vinho e mais uma de champagne). E mesmo que estivéssemos sóbrios, jamais acharíamos o caminho da bodega (não há placas pelo caminho, e tenho cá minhas dúvidas de que as bodegas estejam nos GPS).

Surpresa: a visita era privada mesmo. Não havia mais ninguém agendado para a nossa hora. Fomos recebidos com duas taças de sauvignon blanc e convidados a passear com elas pela vinícola. Antes disso, precisamos optar entre as duas degustações: a com quatro vinhos jovens, a 25 pesos (R$ 12,50) ou a com dois jovens e dois grandes vinhos, a 50 pesos (R$ 25 por pessoa). Optamos pela segunda.

A moça que começou o tour pediu desculpas se fosse repetir o que já estávamos carecas de ouvir em outras bodegas — não, senhorita, não se preocupe, esta é a a primeira dessa viagem. (Já nesse momento eu me perguntava como alguém pode fazer mais de uma degustação por dia…)

Como está no fim da colheita (cosecha), pudemos ver as últimas uvas sendo escolhidas e processadas.

Só mulheres fazem a seleção, por serem mais delicadas

Prazer, Malbec! Meu nome é Ricardo.

Parece uva de mesa do Rio Grande...

Prosseguimos pela área de processamento do vinho, com barris de carvalho e também de aço inoxidável, e então fomos levados à cave, onde os vinhos descansam antes de ser engarrafados. Demos sorte: pegamos o fim de uma exposição de arte dentro da cave (o primeiro dos quadros é do Carlos Vilaró, o artista dono da Casapueblo de Punta del Este).

Casapueblo in Mendoza

Esqueci o nome desse artista, disculpen...

A sala de degustação, vista da cave

De lá fomos para a sala de degustação, um quadrado com iluminação natural e vista para a cave em todas as direções.

Havia três taças postas para degustar os vinhos restantes do nosso programa. Mas como, no caminho, eu tinha falado do rosé (que tinha me sido recomendado pelo EduLuz por email), apareceu mais uma taça.

Rosé de malbec, cabernet franc, gran malbec e gran corte

A degustação foi conduzida pelo simpático terceiro sommelier da casa. Eu me lembro de ter sabido o nome dele, mas depois da terceira taça a informação evaporou do meu cérebro, disculpen.

Madeiras, aromas, notas finais...

Experimentamos o rosé (de malbec), um cabernet franc (jovial, tipo um tempranillo), mais um gran malbec e finalmente um gran corte (blend com o que há de melhor nas barricas).

Espaço para anotar suas impressões

Vou poupar vocês dos aromas, notas e retrogostos porque essa definitivamente não é a minha praia. Entender de vinhos é algo que estou deixando de propósito para a próxima encarnação. Acho bastante divertido que tantas pessoas se dediquem a decifrar essas coisas com o mesmo fascínio que eu dedico a tremas, hifens e acentos diferenciais.

Hic, hic, hic e mais hic

Ah, sim: os vinhos eram ótimos, redondíssimos. Hic!

Na saída sempre tem a sessão lodjinha, então levamos três rosés e três Gran Malbecs.

O que eu não entendo, no entiendo, no comprendo, é como alguém possa fazer mais de uma dessas por dia. Fui dormindo no banco de trás até o hotel e dormi até a hora do jantar…

Como fazer degustações em Mendoza

Por conta própria: marque visitas nas vinícolas com antecedência e alugue um remis. Não vale a pena alugar carro: você vai beber demais e a sinalização às vinícolas é inexistente.

Algumas bodegas (recomendadas pelo bar de vinhos Vines of Mendoza):

Em tours organizados: várias agências no centro da cidade vendem tours combinando degustações e almoço nas regiões vinícolas. Ideal para quem não quer ter trabalho de reservar e combinar remis.

Sem sair da cidade: o bar Vines of Mendoza faz degustações de vinhos de 50 bodegas da região. Funciona das 15h às 22h em dois endereços: na calle Espejo 567 e dentro do hotel Park Hyatt.

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339 comentários

Clarice, vou em março. Quantas noites são necessárias aproveitar a cidade
Abraços

Obrigada Clarice!
Estive hoje na Catena Zapata (realmente é imperdível), na Ruca Malén (a harmonização é ótima) e na Alta Vista.
Pena que não teremos tempo de conhecer mais vinícolas, nem de ir até o Aconcágua.
Fica para uma próxima oportunidade!
Ah, só para registrar a dica, adorei o restaurante Azafrán e os do Park Hyatt (Q Grill e Bistro M).
Abraços,
Ligia.

Oi Ligia,
as duas em que almocei (Zuccardi e Ruca Malen) gostei muito, mas minha preferida foi a Ruca Malen, pois harmonizam vinhos de todas as linhas com os pratos, que são ótimos (vinhos e comida)!

Diria que a imperdível, além da Zuccardi e Ruca Malen, é a Catena Zapata.

Boa viagem!

Clarice,

estou em Mendoza e gostaria de saber a sua opinião sobre as vinícolas que visitou. Qual é a imperdível? E para almoçar qual vc mais gostou?

Obrigada,

Ligia.

Oi Vanilza, além das vinícolas, fiz o passeio Alta Montaña, com a empresa de turismo Huentata, que contratei na recepção do hotel, foi 135 pesos por pessoa. Percorremos a Rota Nacional 7, estrada que leva a Santiago, até a fronteira, passamos pela Puente del Inca, mirador do Aconcágua e outros lugares. Foi um passeio mais dentro do ônibus, com algumas paradas rápidas. Gostei, pois as paisagens são muito bonitas. Imagino que na época que vc vai será melhor, pois o Parque do Aconcágua estará aberto.

Olá Clarice,
Estarei em Mendoza entre os dias 25 e 30 de dezembro. Além das vinícolas, você fez outros passeios? Se tiver outras dicas agradeço muito. Abraços, Vanilza

No primeiro dia paguei 320 pesos para 02 vinícolas (Família Zuccardi e Finca Flichman) e no segundo dia, 390 pesos para 03 vinícolas (Catena Zapata, Ruca Malen e Carmelo Patti). Pesquisei outros remises e esse foi o mais em conta.

Oi,
Voltei de Mendoza a uma semana e passo aqui para deixar minhas impressões: contratamos um remis, o Alejandro ([email protected], (0261) 156595315, 589*2289), é a melhor opção. E além da dica que o Ricardo já deu, de serem 02 vinícolas por dia, digo mais: uma antes do almoço e outra com almoço para finalizar, pois depois do almoço dá um vontade de ir pro hotel…Obrigada pelas valiosas dicas!

    Clarice,

    Tentei mandar um e-mail para o Alejandro por aquele que você colocou aqui, mas diz que está com erro permanente, não recebe mensagens. Você digitou certo mesmo??? Grata.

    Clarice,

    Esse e-mail do Alejandro está correto? Está dando erro quando tento enviar uma mensagem. Grata.

Olá!
Eu concordo com o comentário sobre a sinalização e as indicações para se chegar às vinícolas. Meu marido e eu alugamos um carro com GPS (porque el maridito gosta de dirigir), mas o GPS ajudou pouco… No final, considerando as degustações, almoços e etc., acho que é melhor mesmo contratar um carro com motorista ou tours especializados.

Fechei o Cavas, por dois dias. Estamos empolgadissimos, o lugar é especial! bjs

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