Vale a pena comprar dólares canadenses

Dólar canadense: vale a pena comprar, porque está mais barato que o dólar americano?

Vale a pena comprar dólar canadense

Não passam dois dias sem que alguma pergunta parecida com essa apareça na caixa de comentários. O dólar americano está tão caro! Será que não vale a pena comprar dólar canadense para viajar? Tem certeza que não é mais negócio comprar dólar australiano, que é mais barato ainda?

Eu já tinha abordado esse assunto neste post (entre outros), mas achei que criando um post específico, com a pergunta objetiva aparecendo no título, mais pessoas vão poder encontrar a resposta antes de precisar perguntar.

Vamos lá: as moedas fortes (que são as moedas de países desenvolvidos, como o dólar americano, o euro, a libra, o franco suíço, o dólar canadense, o dólar australiano, o yen) costumam manter a mesma relação de valor, não importa o país em que sejam comercializadas. Então, se o dólar canadense custa 25% menos do que o dólar americano no Brasil, é sinal de que deve valer 25% menos que o dólar americano no Chile, no México, no Egito, na Índia ou na República Tcheca. Você não leva nenhuma vantagem comprando a moeda mais barata. Teoricamente, dá no mesmo comprar qualquer uma delas, se você viajar a um país de moeda fraca onde vai ter que fazer uma nova troca. Na vida real, porém, você sempre vai estar mais garantido com o dólar americano, que é a moeda que tem mais mercado no mundo. Na dúvida, vá de dólar americano.

Vale a pena comprar dólar canadense? Um exemplo prático

Para provar isso que eu afirmei na primeira parte do post, vou comparar todas as possibilidades de levar dinheiro vivo para Santiago do Chile, conforme as cotações da sexta-feira, dia 3 de junho. Essa comparação é possível porque consegui apurar todos os valores online para o mesmo dia. Do lado brasileiro, usei as cotações mais baixas encontradas no site de comparação de corretoras MelhorCâmbio.com (não tenho nenhuma relação com esse site, apenas uso pela conveniência de reunir cotações em tempo real de várias moedas). Do lado chileno, usei as cotações publicadas no site do Cambios Santiago, que já provou ser confiável (as cotações do site sempre batem com as praticadas na loja em Providencia; também não tenho nenhuma relação com a empresa).

Na sexta-feira à tarde, as menores cotações encontradas (já com IOF de 1,1% incluído) no Melhor Cambio foram:

  • 1 real = 166 pesos chilenos
  • 1 dólar australiano = 2,77 reais
  • 1 dólar canadense = 2,91 reais
  • 1 dólar americano = 3,68 reais
  • 1 euro = 4,18 reais

Na mesma sexta-feira à tarde, as cotações do Cambio Santiago (limpas, sem comissão) eram:

  • 1 real = 175 pesos chilenos
  • 1 dólar australiano = 510 pesos chilenos
  • 1 dólar canadense = 530 pesos chilenos
  • 1 dólar americano = 685 pesos chilenos
  • 1 euro = 770 pesos chilenos

Assim, nessa sexta-feira, com R$ 1.000 você compraria:

  • 166.000 pesos chilenos em São Paulo
  • 175.000 pesos chilenos em Santiago
  • 361 dólares australianos em SP, que renderiam 184.000 pesos em Santiago
  • 343 dólares canadenses em SP, que renderiam 181.800 pesos em Santiago
  • 271 dólares americanos em SP, que renderiam 185.600 pesos em Santiago
  • 239 euros em São Paulo, que renderiam 184.000 pesos chilenos em Santiago

Ou seja: a moeda da qual todo mundo quer fugir, o dólar, porque está alta demais… adivinha: é a que vale mais em Santiago, também. Na sexta-feira, quem comprasse dólar americano em São Paulo (tão caro!!!) e levasse para trocar em Santiago receberia 10% mais pesos chilenos do que quem comprasse pesos chilenos (tão baratinhos!!!) aqui no Brasil.

(Sempre repetindo aquilo que muita gente não quer acreditar: NÃO SE COMPRA moeda fraca no Brasil. Elas são aparentemente baratinhas, mas estão sempre mais caras do que deveriam. A corretora de câmbio tem margem muito maior quando vende peso chileno, peso mexicano ou sol peruano do que quando vende dólar americano.)

Como eu tinha antecipado lá no início do texto, dava praticamente no mesmo levar dólar americano, euro ou dólar australiano para Santiago. Mas o dólar canadense, por alguma razão, rendia 2,2% menos em peso chileno do que o dólar americano.

Ou seja: não existe mágica. Uma moeda 25% mais barata do que outra (como o dólar canadense, 25% mais barato do que o dólar americano) não faz os seus reais renderem 25% mais.

E recapitulando: você até pode levar reais para trocar na cidade de Buenos Aires, no Uruguai ou na cidade de Santiago (mas é possível que até nesses lugares o dólar seja mais negócio, como vimos que acontece nesse momento em Santiago). Para outros lugares, porém, não leve reais, que não são nada valorizados. (Se o real não vale nada aqui, por que você acha que vai valer no México?) Se viajar um pais desenvolvido, de moeda forte, leve a moeda local. Se for a um lugar de moeda fraca, leve dólar americano. Na dúvida, dólar americano — ou euro, no Leste Europeu. (Ou use cartão, que não é esse vilão todo que todo mundo pensa que é.)

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39 comentários

Boa noite, Bóia,

E para a Suíça ? Li em algum lugar que é melhor comprar e levar Euros daqui. É verdade? ( aqua em Salvador é super complicado encontrar francos com boa cotação – não sei se é diferente em SP, por exemplo).

    Olá, Bruno! Vale a mesma explicação que a gente deu para a leitora que quer comprar yens. A cotação interbancária hoje (verificada no Oanda) está em 3,6 francos suíços para 1 real. Em São Paulo (segundo o MelhorCambio) dá para achar por 3,8 euros, o que dá aquela diferença de 5% justíssima. Se você achar aí até a R$ 4 (enquanto a interbancária estiver R$ 3,60), vale a pena para evitar o duplo câmbio. Mais que isso, compre euros ou use cartão.

Ricardo em agosto estou indo para Praga, Áustria e Budapeste
Uso cartão de crédito ou Travel Money?
Adorei o seu post
Obrigada Suzete

    Olá, Suzete! Quem responde é A Bóia. O IOF é idêntico. A cotação do cartão de crédito é ligeiramente melhor, o cartão dá milhas, não dá trabalho para carregar e não fica com resíduo na volta. Mas por outro lado, está sujeito à variação cambial. No pré-pago você congela o euro ao carregar o cartão. Use cartão de crédito se você acha que o conforto e a praticidade valem o risco da variação cambial. Encare os (pequenos) perrengues do pré-pago se você não quer correr nenhum risco de variação cambial.

    Boia, Posso entrar de carona nesta pergunta?
    É “padrão”, em hoteis em qualquer país do mundo, que no momento do check-in seja feito um bloqueio do valor da hospedagem no cartão?
    pergunto porque, sempre que viajei e pretendia pagar com o cartão pre-pago no check-out, eu usava o cartão de credito neste momento do check-in, para não comprometer o total de dolares carregados.

    Olá, Guilherme! Não é padrão, mas é usual em grandes redes. Um hotel pequeno, independente, dificilmente pede o cartão para “garantia de extras”, mas a maioria dos grandes hotéis pede. Isso não é um problema para cartões de crédito (a pessoa perde 100, 150, 200 dólares do seu limite até o check-out) mas no caso do pré-pago o bloqueio não afeta o seu limite, mas com o seu saldo — e o estorno pode levar alguns dias para ser efetivado.

    A solução para esses casos é essa mesma que você já sacou: fazer o check-in com o cartão de crédito, mas fechar a conta com o cartão pré-pago. Caso a conta precise ser acertada antecipadamente, você paga com de cara o pré-pago, dá o cartão de crédito para a garantia dos extras e acerta os extras no check-out com o pré-pago.

    No itaucard, é possível comprar moeda no cartão de credito. A cotacao e um pouco pior que o cartao de débito, mas não há surpresas com a cotação no fechamento da fatura, alem de acumular milhas. Fiz isso na minha ultima viagem e funcionou direitinho. Comprei “crédito” de euros antes de viajar. Quando retornei, o real tinha desvalorizada mais de 10%. Independentemente disso, a comodidade do cartão, de credito ou de débito, é insuperável. É um gasto muuuuuito pequeno pagar o tal iof e viajar tranquilo, sem levar maços de dinheiro, com segurança…enfim, viajar é curtir tb.

Dúvida: para o Japão, o que vale mais a pena? Levar dólares ou comprar yenes aqui?

    Olá, Adriana! Em princípio, quando se vai a um país de moeda forte, o ideal é comprar essa moeda forte aqui. Agora: tem que ver se você consegue, na sua cidade, uma cotação justa para essa moeda. Nem sempre há disponibilidade ou concorrência suficiente para que a cotação justa seja oferecida.

    Comece pesquisando a cotação interbancária em https://www.oanda.com/currency/converter , que informa a cotação interbancária. Pela cotação atual, 1 real vale 30 yens (1 yen vale 0,033 real).

    Então verifique se você consegue na sua cidade uma cotação parecida. Uma diferença de até 5% é perfeitamente aceitável (a cotação interbancária só funciona entre bancos, no mercado consumidor vai ter uma diferença de 5% pelo menos).

    Em São Paulo, com dados de sexta-feira no MelhorCambio, 1 yen vale 0,0358 real na melhor cotação (1 real compra 27,9 yen). Dá uma diferença de 7% para a interbancária. Ou seja, está bastante razoável e vale a pena a compra.

    Mas no mesmo dia, no mesmo site, dá para encontrar corretora vendendo yen a 0,0419 real. Ou seja, 23,8 yens por real. Um ágio de 20% em relação à cotação interbancária (uns 15% em relação à cotação que você conseguiria no cartão de crédito, antes do IOF). Nesse caso, não vale a pena comprar yen. É melhor comprar dólar (na melhor cotação) e trocar lá, ou usar cartão de crédito (mesmo com o IOF, você perderia menos dinheiro do que comprando nessa cotação desvantajosa).

Ricardo , duas observações
– Parabens pela paciencia , clareza e didatismo de seu post;
– Não vai adiantar nada! Como o Marcos disse acima, a “preguiça” de ler o texto , ou a dificuldade de interpreta-lo , fará com que esse tipo de pergunta continue sempre…

Pelo jeito, essa pergunta continuará sendo feita o tempo todo, mesmo com um post esclarecedor como esse. A preguiça que o povo tem de ler o texto inteiro é incrível.

Indo para SAN ANDRES, o que é melhor em termos de moeda. Levar peso daqui do Brasil, ou dolar para fazer o câmbio lá? Aceitam real no câmbio em SAN ANDRES?

Fui pro Chile ano passado e levei reais para trocar lá, também tirei dinheiro no caixa eletrônico. Valeu muito a pena. Já em Buenos Aires, dava na mesma trocar dinheiro (só uso câmbio oficial) ou usar cartão de crédito. Comprar no Brasil essas moedas realmente é furada.

Olá

Budapeste e Praga é melhor levar dólar?

    Olá, Maikon! Euros poderão ser aceitos diretamente no comércio. Mas o câmbio normalmente é desfavorável, seja nas casas de câmbio, que costumam ser bem salafrárias no leste europeu, seja nas lojas. O Leste Europeu é um dos destinos em que recomendamos usar cartão de crédito, porque a taxa de câmbio é consistentemente melhor do que as casas de câmbio. Mas como sabemos que ninguém quer usar cartão de crédito (o pessoal prefere perder até 15% numa conversão ruim do que pagar 6,38% de IOF), então leve euros.

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