Praia no rio Correntoso

Verão em Bariloche, Villa La Angostura e San Martín: o relato do Guilherme

Os brasileiros conhecem Bariloche como destino de inverno, mas o verão é também uma época ótima de viagem. Nossos hermanos argentinos rumam para lá e para as vizinhas Villa La Angostura e San Martín de Los Andes na estação mais quente do ano para curtir praias, cavalgadas, caminhadas e passeios nos lagos. O Guilherme aproveitou em janeiro o melhor da região, viajando em família. Veja que delícia de passeio:

Texto e fotos | Guilherme Morais

Decidimos viajar para a Argentina na região dos lagos andinos por ser o oposto do que estamos vivendo neste verão de temperaturas elevadas em São Paulo. Em janeiro, Bariloche, Villa La Angostura e San Martín de Los Andes têm calor agradável de dia e um leve friozinho instigante de noite, e a visão de inúmeros lagos cheios de águas limpas é um prazer nesta crise hídrica de represas vazias que estamos vivendo.

Lago Nahuel Huapi, Bariloche

Vale muito a pena ir para lá no verão: dias quentes, sem chuva, e anoitecer às 22h.

Guardadas as devidas proporções, a sequência de cidades Bariloche – Villa La Angostura – San Martín de Los Andes está, para os argentinos, como Porto Seguro – Arraial d’Ajuda – Trancoso está para nós, brasileiros. Assim como essas cidades baianas, cada uma das três cidades argentinas tem uma personalidade característica, que agrada a diferentes perfis de turistas.

Praia do lago Lácar, San Martín de Los Andes

Nossa maior dúvida era a escolha de transporte terrestre, entre alugar carro ou usar os serviços de motoristas locais. Optamos pela segunda, pelos seguintes motivos:

  • Vários passeios que faríamos ja incluiriam o transporte: Circuito Chico, passeio de barco pelo lago, Bosque de Arrayanes;
  • Gostamos de aprender sobre os locais visitados, através das descrições feitas pelos guias e motoristas dos veículos;
  • Tínhamos informações que a Rota dos 7 Lagos e o Paso Córdoba eram em ripio (cascalho) por toda sua extensão, e como estávamos viajando com uma criança de 5 anos, quisemos minimizar o risco de algum contratempo nessas duas estradas.

No final, em termos de custo, gastamos entre táxis e remis dentro das 3 cidades, e trânsfers particulares entre uma cidade e outra, em torno de 5 mil pesos, em 11 dias de viagem. Isso deu uma media de 450 pesos por dia, em torno de US$ 36.

Acho que foi até mais barato do que seria alugar carro pelos 11 dias. Lembrando que em Bariloche e Villa La Angostura ficamos em hotéis localizados a uma pequena distância dos centros das cidades, mas que não dava pra ir a pé.

Villa Huinid, Bariloche

Ficamos hospedados 3 noites em Bariloche no Villa Huinid, km 2,5 da Costanera do lago Nahuel Huapi. Excelente escolha, num quarto com vista incrível para o lago.

Puerto Blest, Bariloche
Lago Frías, Bariloche

Além do Circuito Chico, optamos pelo passeio lacustre até Puerto Blest e lago Frías, em vez do mais tradicional até a Isla Victoria e Bosque Arrayanes.

Bahía Mansa, Villa La Angostura
Bosque de Arrayanes

Fomos de táxi para Villa La Angostura, 3 noites hospedados no Antuquelen, que tem a melhor piscina aquecida que já vi! Navegamos ao Bosque de Arrayanes no último barco do dia, às 17h, quando a luz do sol do final de tarde deixa a atmosfera do bosque ainda mais mágica e onírica.

Lago Correntoso, Villa La Angostura

Pegamos praia no lago Correntoso, talvez a praia mais bonita e de águas com temperatura mais morna de toda a região dos lagos. Comemos a famosa massa do Nicoletto, muito boa, e uma excelente parrilla no Chop Chop.

Finnegan, Villa La Angostura

Todo fim de tarde, batíamos ponto nas mesas ao ar livre do pub Finnegan.

Rota dos 7 Lagos

Chegamos em San Martín num sábado ao meio-dia, após umas duas horas de estrada em táxi a partir de Villa La Angostura, pela Rota dos 7 Lagos. A estrada está quase toda já asfaltada, sobrou apenas uns 11 km de ripio.

San Martín de Los Andes

San Martín de Los Andes é mesmo o ponto alto da viagem: de longe, é a mais encantadora das 3! Pelo menos nessas férias de verão de janeiro, vale a mesma dica que o Riq dá sobre Valparaiso: a cidade fica com uma atmosfera deliciosa nos finais de semana.

San Martín de Los Andes

São muitos artistas e músicos se apresentando nas praças e calçadas do centrinho da vila, e os bares e restaurantes cheios de agitada vida noturna.

Praia do lago Lácar, San Martín de Los Andes

Nem fomos visitar, nesses dois dias, as atrações ao redor da cidade; apenas “flanamos” (palavrinha que o Riq adora usar) por San Martín, curtindo a praia urbana do lago Lácar e o centrinho.

Portanto, acho que duas noites é o mínimo pra se hospedar em San Martín, e dá para ser umas 3 ou 4 noites para algo mais completo.

El Regional, San Martín de Los Andes

A pousada Antares foi nossa opção de hospedagem, localização excepcional entre o centrinho e o lago, com ambiente e serviço elogiáveis. Jantamos no El Regional e no Ku (“eu sei, eu sei…”).

Paso Córdoba

Fomos embora na segunda de tarde para Bariloche, pelo Paso Córdoba, num trânsfer particular de SUV 4×4. Tive a mesma impressão do Riq: é mais panorâmico e aventuresco que o 7 Lagos (que, se ganhou rapidez e segurança com o asfalto, deve ter perdido grande parte da graça de quando era todo em ripio).

Mais duas noites em Bariloche, para um cool down antes de retornarmos pro Brasil, onde fizemos um programa muito brega e supervalorizado (ir no Bar de Hielo) e outro descolado e ainda não descoberto pelos turistas brazucas (comer “Entrañas” na Parrila Alto El Fuego), que foi o melhor churrasco que comi na vida!

Dicas de parte aérea: os horários de conexões da Aerolíneas Argentinas estão uma bagunça, com intervalos muito grandes de espera. Vale a pena pernoitar uma ou mais noites em Buenos Aires, na ida, antes de ir pra Bariloche. E, se quiser evitar a estrada de volta pra Bariloche, pode-se agendar o vôo de volta a partir do aeroporto de Chapelco, perto de San Martín.

Um balanço

Lago Nahuel Huapi, Bariloche

Somos um casal que gosta de viagens de ecoturismo, para destinos com belas paisagens naturais, mas que também tenham boa infra-estrutura turística e de hospedagem, e boas opções gastronômicas. Nossa filha adora contato com a natureza, plantas, árvores, flores e animais (ela delirou com as gaivotas do passeio de barco!), e adora poder nadar e brincar na água. E essas expectativas e gostos foram 100% satisfeitos nesta viagem!

Voltaremos num outro verão para curtir o lado B, sem a obrigação de ir pros highlights, tendo tempo para aproveitar todas as atividades e passeios outdoors de verão que a região oferece. Até mergulho nas águas transparentes e cheias de peixes dos lagos dá pra fazer!

Bahía Mansa, Villa La Angostura

As praias dos lagos superaram nossas expectativas, como as fotos que tiramos mostram. Algumas são pequenas, outras maiores, mas todas com lindas vistas, sem estarem lotadas, e sem vendedores ambulantes ou bares: em geral, cada um leva sua comida e bebida.

As praias do Lago Nahuel Huapi e seus braços secundários têm águas geladas (agora entendi por que os hermanos adoram vir pra Búzios…). Mas a praia do Lago Correntoso, em Villa La Angostura, e a praia urbana do lago Lácar, em San Martín, não por acaso são as mais gostosas de se visitar e as mais frequentadas: suas aguas são apenas… frias!

Mas, nada diferente do que ja estamos acostumados com as do Litoral Norte de São Paulo. E tem muitos passeios de barco e caiaque para fazer.

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    Bahía Mansa, Villa La Angostura

    Agradeço às dicas que peguei aqui no VnV: a viagem foi perfeita!

    Nós que agradecemos pelo seu relato, Guilherme! Comentário do Riq: “Caramba, que sensacional!!!!” (Quaaatro pontos de exclamação, vai vendo!)

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    72 comentários

    Que lindo post e fotos! Amo Bariloche e adorei Villa la Angostura. Falta conhecer San Martin. To encantada com as fotos 😉

      Obrigado, Ana Paula.
      Te confesso que eu tinha expectativas altas em relação a Villa La Angostura e por isso fiquei um pouco decepcionado.
      Mas, San Martin me surpreendeu positivamente: o que eu esperava de Villa, achei em San Martin…

    Olá Guilherme, excelente o seu relato!

    Eu sou brasileira, moro em Bariloche há anos, sou formada como guia de turismo aqui e trabalho em uma agência organizando roteiros. Sou uma grande incentivadora a que os brasileiros conheçam Bariloche também no verão, é uma época maravilhosa e o clima é bem agradável. Desde Bariloche dá para conhecer algumas cidades indo e voltando no mesmo dia. Outro passeio muito interessante para ser realizado nesta época é o Circuito Grande, onde é possível conhecer uma grande variação de paisagem como a estepe patagônica (como a vegetação do Paso Cordoba), zona de transição, bosque úmido, lagos, montanhas, Villa Traful e Villa La Angostura, tudo em um só dia.

    Convido a todos que desejam conhecer Bariloche que visitem o meu blog:

    http://www.barilocheparabrasileiros.com

    Um abraço!

      obrigado, Sabrina
      Nesta viagem eu ouvi falarem muito bem de Villa Traful.
      Entrou na minha lista para uma proxima…

    E pra combinar com os lagos andinos voltando pelo Chile, quantos dias vocês recomendam no total?

      Olá, Camila! Pense em três dias para Pucón, três para Puerto Varas e dois para Chiloé.

    Caramba digo eu : 4 exclamações do meu Guru de Turismo e o texto publicado na integra…

    Caramba !!!! … 😉

      Mérito todo seu Guilherme!!!!
      Texto leve e fotos lindas. Já fui várias vezes no inverno e fico insistindo em voltar no verão… agora tenho mais um motivo (quero pescar trutas selvagens e sei que precisa de licença), um dia essa viagem sai. Abraços.

      Obrigado, Silvia
      Faça sua viagem sair!
      E, se não conseguir pescar suas proprias trutas, as dos restaurantes de lá são otimas .. 😉

    Parabéns pelo belo relato, Guilherme ! Eu, que estava na dúvida em ir à Bariloche no verão, já resolvi. Estarei aí no recesso de dezembro. Pena, que a Aerolíneas Argentinas continua com problemas. Já tive alguns percalços com esta companhia em outras ocasiões.

      A LAN tambem voa para Bariloche.
      Mas, se for com seu espirito já preparado, os percalços da parte aerea não vão estragar sua viagem…

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