11 anos boiando no espaço :-)

Toc toc toc, tem alguém aí?

Nos primórdios da blogosfera, nesta época do ano os ~internautas~ passavam pelos seus blogs favoritos para desejar um feliz ano novo aos colegas de caixa de comentários. Era um tempo em que todo mundo tinha sua própria rotina digital, passando diariamente pelo portal de notícias predileto e pelos seus blogs de estimação. As caixas de comentários funcionavam como salas de chat onde amizades virtuais eram estabelecidas.

Hoje a rotina é muito mais simples (mas também mais caótica): basta estar logado no Facebook, e a sua timeline vai trazer até 1.500 oportunidades por dia para interagir com amigos ou clicar em conteúdos sugeridos ou compartilhados.

(Se mesmo assim você ainda passa aqui todo dia para ver as novidades — até mesmo num dia ensolarado na antevéspera de ano novo — é porque você realmente gosta muito do Viaje na Viagem. Fico muito honrado de ter você a bordo!)

Paradoxalmene, hoje a audiência (e a influência) do Viaje na Viagem é exponencialmente maior do que quando a blogosfera pautava a navegação na internet. Como assim, Bial?

O que eu vejo aqui do meu cantinho é o surgimento de várias internets com diferentes especialidades. A internet da notícia e da interação está no Facebook, no Twitter, no WhatsApp, no Instagram. A internet do entretenimento está um pouquinho no Facebook, no Instagram, nos sites caça-cliques tipo Buzzfeed, e cada vez mais no YouTube.

Já a internet da consulta, da pesquisa, do conhecimento, continua onde sempre esteve — em sites e blogs com conteúdo sólido e confiável, encontrados via Google.

Grosso modo, daria para simplificar essa dinâmica na diferença entre a internet do conteúdo oferecido e a internet do conteúdo buscado.

O conteúdo oferecido normalmente é descartável (posts caça-cliques) ou tem prazo de validade curto (noticiário). Mesmo quando se trata de um conteúdo de fôlego, o conteúdo oferecido chega ao destinatário num momento em que muito provavelmente não será útil. A internet oferece tanto conteúdo pra gente — tanto bom quanto ruim — que de vez em quando sobrevém aquela sensação de embotamento.

Já o conteúdo buscado é certeiro: aparece na hora certa, soluciona dúvidas, resolve problemas, faz a gente agradecer a invenção da internet. O conteúdo buscado só é frustrante quando não responde ao que a gente está procurando.

É nessa internet do conteúdo buscado que o Viaje na Viagem tem relevância. Desde 2009, quando o blog voltou a ser independente depois de uma breve portalização (que não deixou saudades, né?), todo conteúdo tem sido pensado para responder às dúvidas de quem vier a pesquisar sobre o assunto dali em diante.

Nosso post mais visto é de 2012; em 2015, depois de várias atualizações, registrou 30.000 views mensais. Outro dia uma agência de publicidade perguntou à Elisa, nossa CEO, o que a gente fazia para promover esse post. A resposta: “Nada”. Conteúdo bom funciona.

Somos tão fissurados em produzir conteúdo para consulta que até no YouTube, epicentro da internet do entretenimento, resolvemos adotar uma linguagem de tutorial. De novo, investindo no longo prazo.

Além da reformulação do canal do Viaje na Viagem no Youtube, efetuamos duas mudanças importantes no blog em 2015.

A primeira foi o início da moderação dos comentários, que acabou com perguntas e respostas repetitivas (sobretudo aquela: “Desculpe, mas não temos como fazer roteiros individuais de viagem para cada leitor” — explicamos a nova política de respostas aqui). Isso liberou a equipe não só para produzir mais conteúdo como também para atualizar posts antigos e acrescentar links de posts relacionados, facilitando a navegação.

A segunda mudança — esta, bem atrasada — foi a implantação do layout “responsive” para dispositivos móveis. Agora quando você acessa o Viaje na Viagem no celular, já lê o texto em corpo maior e com um espacejamento próprio para a telinha do telefone. Ainda há várias coisas que precisamos ajustar, mas de um modo geral acho que ficou lindão. Você já viu?

(Já no tablet o layout ainda não está funcionando. Se a sua tela aparecer desconfigurada, por favor role até o pé da página e clique em “Versão Desktop”, que restaura o layout para tela de computador.)

Depois da emoção de completar 10 anos (e da turbulência da mudança de layout do blog), chego ao 11º aniversário à frente do Viaje na Viagem orgulhoso e confiante. Ainda falta muito para construir e organizar, mas percebo que o blog é uma referência cada vez mais forte.

Esse ano bati todos os récordes de reconhecimento na rua. Em qualquer lugar que eu vá, sempre aparece alguém para cumprimentar, agradecer dicas (e tirar selfies, ha!). Muitos desses leitores não têm a menor idéia de onde tenho andado. Mas voltam ao blog sempre que precisam de informação para viagem.

Outro dia fui apresentado a representantes de convention bureaux da Califórnia como “um grande influenciador digital de viagens no Brasil”. Retruquei. Disse que eu e outros blogueiros de viagem influenciamos muito pouca gente. O grande influenciador de viagens no Brasil, isso sim, é o conteúdo que a gente publica e deixa organizado para quando os viajantes precisam dele.

Revelo para você as duas coisas mais valiosas que eu aprendi nos últimos anos.

O número de pessoas interessadas nas viagens que eu faço é limitado.

O número de pessoas interessadas no que eu posso fazer pelas viagens delas é infinito.

Duvida? Mesmo você, que está aqui em pleno 30 de dezembro lendo o Viaje na Viagem, e que por isso talvez se interesse pelas minhas andanças, vai ficar muito mais interessado se, em vez de escrever sobre a minha última viagem, eu escreva conteúdo fresquinho e atualizado sobre a próxima viagem que você quer fazer. Tô errado?

Minha opinião interessa a pouca gente e tem valor limitado.

Minha explicação interessa a muito mais gente e tem muito mais valor.

O que não falta na internet é opinião — e você precisa se identificar muitíssimo com um opinante para desdenhar a opinião dos outros. Poder confrontar várias opiniões é uma das vantagens da vida online. Mas o que falta na internet é explicação, curadoria, informação em perspectiva. Explicar e destrinchar é a única chance de ser mais útil que o TripAdvisor.

Tenho a convicção de que, num momento como esse, de crise e real desvalorizado, o conteúdo do Viaje na Viagem fica mais valioso do que nunca. Vamos naturalmente trocar viagens por impulso por viagens mais planejadas. E estratégia de viagem é, modéstia às favas, o forte da Bóia.

Fique ligado que 2016 vai trazer muita novidade no blog — incluindo bastante conteúdo Brasil. (Por falar nisso, hoje eu ia conseguir publicar o novo guia de Porto de Galinhas, mas depois de passar a manhã escrevendo esse post, acho que só vou dar conta de pôr no ar amanhã.)

Não dá pra terminar esse post sem agradecer a todo Team Bóia pelo talento e dedicação devotados em 2015: um beijo pra minha CEO Elisa (chefas first) e pras queridas Bóias (em ordem alfabética) Heloísa, Juliana, Mariana, Natalie e Rebeca.

Meu muito obrigado também aos parceiros comerciais e anunciantes, em especial ao Santander Select, que oferece a seus clientes o conteúdo de qualidade reunido no canal Select.

E claro, minha reverência (à japonesa: me curvei e abaixei a cabeça) a você, que passa aqui no blog até quando não precisa de informação para viajar e ainda lê textos desse tamanho. Muito obrigado! Como diria o J.R., garçom-figuraça da Pousada do Toque: você é show 🙂

Que venha 2016! Boas viagens para todos nós!

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