Vila Galé Rio de Janeiro, Lapa

Vila Galé, na Lapa: estreamos o hotel mais esperado do Rio

Vila Galé Rio de Janeiro, Lapa

Acredite: não foi pensando em tramas de espionagem que decidimos nos hospedar no Vila Galé Rio de Janeiro. Há uma semana, a imprensa já vinha comentando sobre a aguardadíssima abertura do hotel, na Lapa, e dava o hotel como inaugurado. Nossa idéia era aproveitar ~o ensejo~ e resenhar as instalações e serviços, complementando com dicas sobre a noite no bairro.

(Qual o porquê do bafafá? Ah, sim: o Vila Galé Rio de Janeiro foi um investimento audacioso da rede portuguesa na cidade, instalando o hotel num palacete tombado em plena Rua Riachuelo, uma das principais vias da zona boêmia carioca.)

Programamos então um pernoite no hotel para alguns dias após a inauguração, fazendo a reserva pelo Booking. Encontramos preços bons; R$ 362 para o quarto standard, em tarifa não-reembolsável. Com a confirmação em mãos, lá fui eu.

Rua Riachuelo, Lapa, quase esquina com a Rua dos Inválidos. A fachada cor-de-rosa recém-pintada do Vila Galé era inconfundível entre botequins, padarias e o pequeno comércio de rua do entorno. Encontrei um segurança na porta:

– Boa tarde. É por aqui que eu entro para fazer check-in?
– Check-in? o hotel não está funcionando ainda não, senhora.
– Não?! Mas como? Eu tenho reserva, fiz na internet!
– Não, por enquanto só estamos recebendo pouca gente, celebridades, atrizes… A senhora deve ser muito importante!

Pensei: “Eu? Imagina. Se ainda fosse o Ricardo Freire…” :mrgreen:

Vila Galé Rio de Janeiro, Lapa

Logo o maleteiro apareceu, olhou minha confirmação do Booking, disse que estava tudo certo e me encaminhou para a recepção. Fui recebida com simpatia e um pedido de desculpas:

– Perdão pelo acontecido; é que o hotel acabou de abrir. Bem-vinda, a senhora é a nossa segunda hóspede!

Nem tudo estava resolvido, porém:

– Nós estamos oferecendo à senhora um upgrade para a ala histórica do hotel, mas estamos com um problema na distribuição de gás, então não temos água quente para o banho, e nem estamos com serviço de restaurante. Se preferir se hospedar em outro local, podemos ajudar, sem qualquer problema.

A perspectiva de um banho gelado e de uma tarde à beira da piscina sem poder pedir nem um petisquinho já seria o suficiente para qualquer hóspede preferir se mudar para outro hotel. Mas a gente é blogueiro e não desiste nunca, e eu já estava irremediavelmente curiosa para conhecer pelo menos o quarto, que não havia sido divulgado em nenhum lugar, nem mesmo no site do Vila Galé.

Decidi ficar.

Vila Galé Rio de Janeiro, Lapa

O hotel é um deslumbramento. Como carioca, é de fato emocionante ver recuperado um pedacinho da história da Lapa.

Vila Galé Rio de Janeiro, Lapa

O palacete centenário está tinindo, e anexos foram construídos dois prédios de estilo contemporâneo, que felizmente são discretos o bastante para não ofuscar o casarão original.

O meu quarto estaria em um dos prédios novos. Com o upgrade, acabei ficando em um dos apartamentos em frente à piscina, no palacete.

Quarto no casarão histórico

Quarto no casarão histórico

Espaçoso, com um pé direito alto, janelões e longas cortinas, excedeu minhas expectativas quanto ao conforto, mas desapontou na decoração. É um apartamento bonito, mas eu esperava encontrar ali algum diálogo com a área externa. O mobiliário é de hotel executivo.

(Com isso, ganha quem for se hospedar nos apartamentos da ala nova: vai pagar mais barato e não vai perder tanto assim em termos de experiência.)

Lobby do Vila Galé Rio de Janeiro, Lapa

Devidamente acomodada, decidi dar uma voltinha. Minha idéia era conhecer as instalações do bar, da academia, do centro de convenções. Nada estava pronto ainda, logo me informaram na recepção, enquanto funcionários passavam para lá e para cá ocupados em levar equipamentos para o restaurante, dar os últimos retoques no piso, fazer a limpeza, embelezar os jardins. Passar despercebida e fotografar os ambientes em funcionamento seria impossível, então decidi não incomodar.

E, se por tudo isso, esse post não vai poder trazer a resenha completa que pretendíamos, ao menos vamos poder apresentar…

Piscina no Vila Galé Rio de Janeiro, Lapa

Piscina no Vila Galé Rio de Janeiro, Lapa

… a piscina que será o objeto de desejo desse verão no Rio.

Picolés Diletto

Espera-se que o hotel esteja em operação total em janeiro. As reservas via Booking estão abertas. Recomendamos dar uma ligadinha antes, para saber se todos os serviços estão sendo oferecidos.

A quinta estrela: a Lapa

O Vila Galé Rio de Janeiro é um quatro-estrelas que ganha um brilho a mais por estar localizado no coração da Lapa, a 5 minutos a pé do agito da rua Mem de Sá, e a 10 minutos dos Arcos. Se as tarifas forem mantidas, oferecerá uma excelente relação charme x benefício.

Para viajantes de negócios, é uma alternativa interessante aos hotéis do centro da cidade. Em 10 ou 15 minutos de táxi você chega ao local de sua reunião, e pernoita em um bairro que não morre à noite.

Para os boêmios, o benefício é claro: uma economia entre 70 e 80 reais de táxi por noite entre a zona sul e a Lapa, e a proximidade ao bairro também festivo de Santa Teresa.

Rua Mem de Sá, Lapa

E se Chico Buarque canta que “foi à Lapa e perdeu a viagem, que aquela tal malandragem não existe mais”, a gente avisa que o bairro não é nenhum Leblon, não. Espere a bagunça de um centrão antigo. É preciso viver a experiência usando de certa cautela e também de um pouco de poesia.

Carioca da Gema

Quem se aventurar vai poder curtir as noites de choro e jazz instrumentais no Semente (às segundas), o forró do Clube dos Democráticos (às quartas), a salsa do Leviano (às quintas). Todo dia é dia de samba no Carioca da Gema, e no Circo Voador existem sempre shows bacanas em cartaz.

No primeiro sábado de cada mês há ainda um ótimo programinha diurno: a Feira Rio Antigo, na Rua do Lavradio, com expositores de antigüidades, artesanato e vestuário.

Bem-vindo, Vila Galé — e longa vida à Lapa!

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25 comentários

Fiquei no Hotel este final de semana e é fantastico!
A arquitetura, a atenção dos funcionarios, a comida, enfim tudo perfeito para complementar a piscina que dá agua na boca.
Os serviços estão todos disponiveis, os quartos são espaçosos e muito bem decorados. Tem uma academia top, sauna e jacuzzi mesmo ao lado.
Vale a pena, acredito que seja a nova coqueluche da hotelaria do RJ.

Meu filho estudou no Colégio da Mabe dos 3 aos 6 anos… 2 anos antes de o colégio fechar as portas. Atualmente ele está com 11 anos e estuda em um tradicional colégio do Rio, também localizado no Centro. Assim que ele soube que o prédio abrigaria um hotel me indicou que gostaria de ficar hospedado lá pelo menos por um dia. Moramos em em condomínio com total estrutura a poucos metros do hotel. Quando eu soube que era um Vila Galé fiquei muito contente. E a estrutura de hospedagem e serviços divulgados superaram as expectativas. Ainda não fizemos a reserva, mas é claro que quero conhecer e cumprir a promessa que fiz ao meu filho em respeito à memória afetiva dele. Após a hospedagem, retorno para as comsiderações.

Isso é que é review em primeira mão. Texto maravilhoso e lindas fotos. Só queria estar sentando numa cadeira na beira da piscina espantando esse calor para bem longe.

Gostei do casarão, mas acho a rede Vila Galé pouco atraente. Já tive experiências na Bahia e em Portugal. Em ambas, o espetáculo fica pela construção. A área de lazer é muito grande e mal cuidada e a comida, que é feita em massa, não agrada. Não recomendo o da Bahia. Acho que pelo visual, o de Rio vale uma visitinha, mas fiquei muito receoso com esse post. Eu diria: INACREDITÁVEL!!! Ao menos ficou o que de artista/famosa da bela blogueira, que escreveu essa história deliciosa de ler! Grande abraço

Sem querer criticar o hotel ou a empresa portuguesa, que não têm nada com isso, mas no texto não há menção alguma ao Colégio da Mabe, que funcionou neste terreno durante décadas, e onde estudei por 12 anos da minha vida. Não importa o quanto tenha ficado bonito, me dói o peito ver tudo transformado e ao mesmo tempo ainda reconhecer parte inesquecível do meu viver nos casarões preservados, na piscina, etc. Pra mim é um absurdo permitir que um espaço de aprendizagem se torne um espaço para ganhar dinheiro, e absurdo maior ainda que batam palmas pra isso. O hotel ficou realmente belo, não posso negar, mas a perda pros cariocas de um excelente centro de educação é incalculável.

    Georg Müller, é absolutamente normal prédios mudarem de uso. Isso não quer dizer que educação não é mais valorizada só porque um colégio qualquer deixou de existir. É uma visão muito limitada.

    Prédios velhos se tornam inadequados a ambientes de aprendizagem modernos (faltam banheiros adaptados ou instalações de TI modernas ou acesso para deficientes), e colégios dificilmente teriam dinheiro de fazer as milionárias renovações. Daí, ou é a ruína, ou uma conversão de uso que permita a algum outro empreendimento investir as dezenas de milhões de reais necessários para atualizar o prédio e dar-lhe outra função.

    Me perdoe A. L., mas a Mabe não era nenhum “colégio qualquer”. Muito pelo contrário, a Mabe era um colégio excelente com educadores excelentes e dedicados e mesmo que o prédio fosse velho e necessitasse reformas, as instalações não deixavam nada a desejar, estudei lá até 2009 e posso afirmar isso.
    O colégio ter falido é prova sim de que a educação está cada vez menos valorizada no Rio de Janeiro, considerando que os pais dos alunos deixavam de pagar a mensalidade sem se importar com as consequências disso. E mesmo com meses de salário atrasado os professores davam tudo de si para levar a melhor educação possível para seus alunos. O povo carioca está cada vez mais ignorante, ver Eduardo Paes reeleito com uma vitória esmagadora é nojento. O que o governo do PMDB tem feito no Rio de Janeiro é nojento. A desigualdade social na cidade está cada vez mais gritante, e colocar um hotel de luxo num bairro decadente como a Lapa sob a desculpa de revitalização é só mais uma prova disso.
    Lembrando que minha crítica não é direcionada ao hotel ou à empresa portuguesa, mas à alienação do povo carioca que permitiu que se perdesse um colégio excelente que formou centenas de cidadãos conscientes e com senso crítico, algo que colégios de renome como São Bento ou PH falham em conseguir, pois formam apenas máquinas de passar em vestibular.

    Conheci uma senhora que trabalhou muitos anos neste colégio e o que ela me falou que a má administração fez com que o colégio fechasse. Parece que nem os direitos trabalhistas dos funcionários foram pagos. Como tem um bom tempo que não tenho contato com essa senhora, provavelmente este venda do colégio serviu para estes pagamentos.

Mariana, em 2005 eu publiquei uma crônica polêmica chamada A vingança do Subúrbio, em que eu mostrava como o mais interessante do Rio estava lentamente se deslocando para a área central da cidade.
https://jccbalaperdida.blogspot.com.br/2005/10/vingana-do-subrbio.html#links
E a chegada do Vila Galé não me surpreende muito, porque já alguns anos que a área de Ipanema e Leblon não estão mais oferecendo muita coisa de novo. Não houve um upgrade de atrações no trecho do Leme ao Leblon, enquanto Santa Teresa, Centro, Lapa e, mais recentemente, a Glória, estão ficando cada vez mais interessantes.
Vida longa ao Galé e que outros venham. E certamente virão.

Ai que vontade que deu!!!!!!!
Adoro o Rio Scenarium 🙂 logo ali na esquina ficando ai.
Não foi de todo ruim não estar tudo funcionando: vc vai precisar voltar 🙂

Adorei o post! Agora que não moro mais no Rio sempre faço essa dobradinha: hotel no centro + Lapa à noite. Sem contar que a proximidade com o aeroporto Santos Dumont é ótima para quem viaja na ponte aérea.
Gosto muito do Vila Gale também, me hospedei em Lisboa e virei fã. Quem sabe na próxima ida ao Rio?
No entanto, procurei no booking e não encontrei 🙁

Gostei muito da recepção deles, oferecendo ajuda para procurar outro lugar, mas me pergunto: se o hotel não está pronto, por que oferecem quartos?
Ah, concordo com a decepção na decoração dos quartos da parte histórica. Não faz nenhum sentido aquilo.

    Olá, Gabe! Certamente foi um cochilo do setor de reservas, que colocou o inventário no Booking sem que o hotel estivesse totalmente inaugurado. Provavelmente se a reserva tivesse sido feita por telefone eles não aceitariam :mrgreen:

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