Como é Villa GRU, a sala supervip de Cumbica (por Bruno Vilaça)
TEXTO | BRUNO VILAÇA, da Superviagem
Fotos | Bruno Vilaça & Divulgação
O Aeroporto de Guarulhos é daqueles lugares que amamos odiar. Ponto de partida de nossas aventuras e elo de ligação com o imaginário perfeito das nossas viagens, ele é a nossa conexão com o mundo lá fora. E claro, sempre mexe com nossos sentimentos (ou seria com os nossos ~nervos?). A gente que está sempre por ali sofre, sofre muito! Atire o primeiro passaporte quem nunca se irritou no meio do caos instalado.
Cumbica está longe (bem longe) de ser o aeroporto ideal, fruto da herança maldita (ops!) dos anos de descaso com a infra-estrutura brasileira. Mas não é que tô começando a ver simpatia nesse lugar? Algumas melhorias são nítidas após a privatização: novas boas opções de alimentação, estacionamento ampliado, free-shop remodelado, filas mais organizadas, visual mais cuidado, banheiros mais limpos, funcionários mais gentis. A mudança de gestão fez bem a GRU, é fato. E creio que só a partir da semana que vem, com o começo da operação do novo (e belo!) Terminal 3, o upgrade será realmente visível. Dá pra perceber que eu sou otimista e prefiro ver o copo meio cheio, né?
Semana passada fiz uma conexão em Guarulhos e fui convidado a conhecer a nova Villa GRU, a sala VIP que a concessionária GRU Airport inaugurou recentemente com grande alarde (e polêmica) na imprensa. Li algumas reportagens e não conseguia entender o porquê do serviço custar R$800 por pessoa (ou R$ 1.200 para duas pessoas viajando no mesmo voo). O valor beira o surreal quando se compara com outros lounges que vemos mundo afora. Bem, barato definitivamente não é, mas o erro está aí, eu não havia entendido o que era a tal Villa GRU! Classificada e divulgada equivocadamente como uma mera sala VIP, o conceito é bem maior que isso… Trata-se de um serviço de cerimonial completo! Quem vê de fora não imagina o que há de serviço agregado. Vem comigo.
Pra começar que, diferentemente de qualquer outro lounge, você não pode utilizar o serviço como passante. Ela também não está atrelada ao embarque em primeira classe/executiva ou a cartões de crédito/milhagem premium de nenhuma companhia. E é preciso agendar o serviço com antecedência (11/2445-4808 ou [email protected]).
[Recepção na pista e a primeira escala: a Ilha GRU]
No meu caso, o atendimento começou logo no desembarque em Guarulhos (eu estava em conexão doméstica –> internacional, vindo de Vitória e indo para Santiago). No próprio avião fizeram uma chamada pelo alto-falante para que eu me identificasse ao funcionário da GRU Airport que me aguardava no fim da escada. Sim, o avião estacionou naquelas malditas posições remotas, que te obrigam a pegar aquele busão chacoalhante. Mas não, não era o meu caso: um carro pra chamar de meu esperava para me levar sozinho até o terminal, na frente dos demais passageiros. Junto com ele estavam dois simpáticos funcionários que não desgrudaram de mim um momento sequer nas horas seguintes. Atenciosíssimos e preocupados com tudo o que eu poderia vir a precisar (ou nem sabia que precisava).
De lá fui encaminhado até a tal Ilha GRU, uma sala de passagem que fica bem na entrada do Terminal 2, e ainda não é a famosa Villa — é só um aperitivio, digamos. Para quem parte de São Paulo é aqui que começa o serviço. No meu caso vim pra cá para aguardar o check-in da Sky Airline abrir, já que minha conexão era bem longa.
[Antes do check-in: Ilha GRU]
Tcharam! As portas se abriram e eu parecia estar num lugar completamente diferente, que não Guarulhos. Esse pré-paraíso tem 110 m² e decoração de extremo bom gosto, misturando itens de artesanato com peças de design assinado, como cadeiras Sérgio Rodrigues e móveis Saarinen. Me esparramei no sofá e logo me foi oferecido um café expresso, bebidas e canapés bem bacaninhas pela equipe do Cerimonial.
O wi-fi é exclusivo e ainda há uma sala de reuniões equipada, guarda-volumes e banheiros espaçosos.
Assim que o balcão da companhia abriu, o check-in foi rapidamente providenciado, malas redespachadas e estava pronto para os procedimentos de embarque. Nesse momento você volta um pouquinho para a realidade, já que não há qualquer prioridade nos raios-X e na inspeção de passaporte, apesar do funcionário do cerimonial te acompanhar em todos os trâmites (já falei que eles são ótimos?). Me contaram que a famigerada burocracia brasileira não permite atendimento privilegiado nessas situações, o que seria absolutamente normal no mundo todo, vide o Fast Track/Global Entry nos EUA, por exemplo.
Agora sim, depois da peleja das filas burocráticas você está liberado para chegar na verdadeira Villa GRU, que fica logo acima do free-shop de embarque do Terminal 1, ao lado das salas VIP da TAM e Mastercard Black. Para quem tem vôo partindo do Terminal 2 há um conector interno ligando os dois terminais.
Seguindo a mesma linha intimista da Ilha, a Villa GRU tem 600 m² e acomoda no máximo 20 pessoas, ou seja, inacreditáveis 30 m² por pessoa. Muita, muita exclusividade! Ao contrário de quase todas as demais salas VIP do aeroporto, que além de antigas e datadas, estão cada dia mais lotadas.
Tudo é requintado, calmo e silencioso. O espaço tem vista ampla para a movimentação dos aviões no pátio, spa com massagista e manicure, banheiro com chuveiro, área de trabalho com computadores, bufê com bebidas premium, comidinhas frias e quentes e um bistrô com opções à la carte. Tudo incluído no preço, inclusive os mimos. Se está viajando com crianças há ainda um kids club.
Nesse momento o seu concierge já terá se preocupado em perguntar se você prefere ser o primeiro ou o último a embarcar no avião, assim como se ainda pretende fazer alguma comprinha no free-shop. No horário combinado ele vai te chamar e acompanhar até a porta do avião. Sempre cheios de sorrisos, uns queridos. Como podem ver, o serviço é indicado para embarque/conexão em vôos internacionais, mas também pode ser usado para desembarque e voos domésticos.
É claro que foco é no público de alto poder aquisitivo, convidados, autoridades e celebridades (ainda tô decidindo onde me encaixo 😛 ). Pode não ser pro meu bico, mas é sim um baita diferencial que a GRU Airport está oferecendo. Que seja esse um bom sinal e que bons serviços sejam oferecidos a todos os usuários em breve. Amém!
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33 comentários
Muito bom relato, bem completo! Infelizmente é um local para poucos. Não vou entrar no mérito de vale ou não vale a pena, a questão é que quem pode pagar, vai ter um ótimo serviço disponível.
Deve ser maravilhoso o atendimento, mas custar 800 reais??? Não vale isso numa sala VIP… Você vai passar algumas horas pra esperar o voo e pagar 800 reais!!! Só quem tem dinheiro pra rasgar mesmo… Melhor usar a sala VIP do cartão de crédito mesmo…
Apenas uma correção no texto, se é “elo” não precisa do “de ligação” depois, isso é pleonasmo.
Tô aqui pensando em um bocado de coisas melhores a se fazer com esses 800,000…
Ótimo relato!
O “serviço” vendido é a exlcusividade, que por melhores que sejam as novas instalações, elas não me parecem R$800,00 melhores que as salas VIPs existentes em GRU.
Relato delicioso!
Como diz o ditado: “mais vale um gosto que um tostão no bolso! “
VIP no sentido da palavra. Belo relato. Vou fazer uma conexão de 12h em GRU no mês que vem, mas não é pro meu bico. Vamos ao day-stay do Panamby.
Ótimo relato, mas continuo achando que R$800,00 é mta coisa!!
Bruno,
Como se vê, sou fã de Cumbica (para mim sempre será este o nome! KKKK), mesmo com seu problemas.
De fato a GRU já mudou algumas coisas importantes. É certo que ainda existe muito para melhorar, seja internamente, seja fora do aeroporto. Mas ai são outros quinhentos.
Excelente relato.
Tudo muito bonito, mas consigo pensar em muita coisa melhor para fazer com 800 dilmas a mais no bolso em uma viagem… Mas a pergunta que não quer calar é: como fica o acesso do Terminal 3 às salas VIP “de pobrinho” nos terminais 1 & 2 ? Viajo em algumas semanas pela Swiss, que pelo que li vai para o T3 já agora dia 11, na abertura. Tenho acesso à sala do Mastercard, que quebra um galhão para quem vem do interior do estado como eu. Você pode sair cedinho de casa e chegar um pouco antes da hora de abertura do despacho de bagagem (evitando correria por causa de enchente, congestionamento, problema no carro…) e se esconder na sala até a hora do seu vôo com muito mais conforto. Até agora nem o pessoal do Mastecard soube me informar disso.
Olá, Fabio! O terminal vai ser implantado aos poucos, só daqui a alguns meses estará funcionando totalmente. O mais provável é que, de saída, não tenha as salas vips dos cartões. Não se aflija, com a inauguração do terminal os detalhes de acesso serão divulgados…
Cada preocupacao que aparece por aqui 😛