Você vai ouvir que a Gruta Azul é uma das experiências de viagem mais bonitas que você pode ter na vida. Também vai ouvir que a Gruta Azul é uma das maiores armadilhas para turistas do planeta. As duas afirmações têm lá o seu fundo de verdade.
Os passeios saem do portinho de Capri. Lotou um barco, saiu. O traslado de barco custa 12 euros por pessoa.
Quinze minutinhos depois, o seu barco chega à porta da Gruta Azul. Dependendo da hora e da época do ano, pode estar bem engarrafado.
Ali é preciso trocar de embarcação, porque a porta da gruta é pequeníssima, tipo porta de iglu. Por ela só passam pequenos barquinhos a remo, pilotados por marinheiros aptos a entrar pelo buraco e, sobretudo, a sair com você vivo.
Nessa hora você entende por que há dias (ou momentos) em que a gruta fecha; basta a maré estar alta demais, ou o mar revolto ao extremo, para que a gruta feche. Com sorte, sem você lá dentro...
O processo é absolutamente fascinante, pela perícia envolvida. Mas na hora você não tem como curtir esses detalhes. Tudo precisa ser tão rápido e eficiente (o mundo inteiro está esperando à porta da gruta, e os barqueiros são só aqueles), que boa parte da poesia da aventura se afoga ali.
Os passageiros precisam se apertar no chão do barquinho (quem sai na gruta é pra se molhar), o que é uma experiência que não fica a dever para nenhuma sardinha em lata.
Então o barqueiro anuncia que é preciso passar no barco-guichê para comprar o ingresso (dois tickets por pessoa que, somados, dão € 12,50), e informa que espera uma gorjeta ao final da operação.
A passagem pelo buraquinho é tão claustrofóbica quanto aquelas travessias dentro de pirâmide para ver múmia no Egito.
E então... putzgrils della cáspita, não é que é mágico mesmo?
Da escuridão total brota aquela luz de baixo, totalmente sobrenatural.
Pra falar a verdade, eu não lembrava daquilo ser tão lindo; não sei se da outra vez que fui o dia estava encoberto, ou se a rispidez dos trâmites tinha me assustado tanto que eu não consegui relaxar.
Mas dura pouco. Devia ter cronometrado quanto tempo a gente ficava lá dentro. Não creio que seja muito mais do que um minuto.
E na saída, antes mesmo de se recuperar da passagem de volta pelo buraquinho, o barqueiro já vem pedindo a gorja (o troco do ingresso).
Então hoje, num balanço mais sereno, eu diria que a beleza da Gruta Azul faz jus à sua fama; mas que a pressa com que tudo precisa ser feito justifica seus detratores -- sobretudo quando você vem do continente só pra isso.
O segredo de gostar da Gruta Azul, acho eu, é vir a Capri com calma. Se você não fizer da Gruta Azul o momento mais frenético de uma visita supercorrida a Capri, vai ter mais condições de se encantar
(No próximo post, dou a receita.)
Outras maneiras de ir à Gruta Azul
- Você pode fazer um passeio em grupo em volta da ilha (€ 15) que inclui uma parada em frente à Gruta (para entrar, pague os € 12,50 de ingresso e a gorjeta do barqueiro).
- Você pode incluir a parada na Gruta num tour privado em volta da ilha (uma base de € 120 por duas horas de passeio), mas leve em conta que o tempo que você ficar parado em frente à porta conta como parte do passeio.
- Você pode ir de ônibus a Anacapri (€ 1,80), e de lá tomar outro ônibus à Gruta (€ 1,80). Os barqueiros pegam os passageiros no píer do bar/restaurante que existe no local. (A vantagem é que você já passeia por Anacapri na ida ou na volta).
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