No Bar da Rô: um Doppelgänger em Barra Grande

Ilustração: Daniel Kondo

Publicada no Divirta-se do Estadão com o título Sósia

Ilustração | Daniel Kondo

Bastou que eu desembarcasse em Barra Grande, na península baiana de Maraú, para que o mundo inteiro me desse a mesma dica. “Vai no Bar da Rô”, mandou uma leitora. “No fim da tarde você tem que ir no Bar da Rô”, me diziam os pousadeiros. “Já foi no Bar da Rô?”, insistiam os desavisados que não sabiam que o passeio já estava na minha agenda.

Bar da RôBar do RôBar da Rô

Deixei para ir no último dia, que prometia um pôr do sol espetacular. Partindo do centrinho da vila, dá uma caminhada de bem uns quinze minutos, por uma ruela de areia fofa que passa pelos fundos das propriedades pé na areia. Lá pelas tantas uma plaquinha manda desviar para a praia, e voilà: você chega à esquina do rio Carapitangui com o mar plácido da baía de Camamu.

Ali a Rô montou um bar com duas frentes, uma na água doce, outra na água salgada, onde você se acomoda embaixo de pequenas tendas que ficam ainda mais gostosas depois que chega a primeira caipiroska. Pedi uma de sirigüela, sem açúcar e com trema, dado que minhas papilas gustativas não aderiram ao acordo ortográfico.

Bar da RôBar da RôBar da Rô

Pois estava eu deslumbrado com o Bar da Rô, fazendo uma anotação mental para agradecer a todos que me deram a dica, quando veio a própria Rô falar comigo. “Você por acaso é o Ricardo Freire?”.

Bar da RôBar da Rô

Sim, por acaso sou. Seguiu-se então um agradecimento emocionado a toda a força que eu tinha dado ao bar dela. Que depois que eu descobri e escrevi sobre o Bar da Rô, não parou de aparecer gente, e ela pôde investir para ficar o brinco que está hoje.

Eu tentei argumentar que essa era a primeiríssima vez que eu tinha o prazer de estar ali, mas ela não se deu por vencida. Se lembrava muito bem de quando eu tinha aparecido no bar pela primeira vez, logo depois de aberto, há uns cinco anos, acompanhado por um casal de japoneses. E também a vez que eu tinha falado do bar no Programa do Jô. “Mas eu fui no Jô em 2003, o bar não estava nem aberto!”. Não adiantou: ela se lembra.

Bar da Rô

De modo que ficamos assim: para todos os efeitos, fui eu que descobri o Bar da Rô em Barra Grande. Vá lá, e me conte: que autor de guia de viagem não gostaria de ter essa descoberta no currículo?

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17 comentários

Amo Barra Grande! Fui pela primeira vez em 2009 e desde então retorno todos os anos sempre na mesma pousada que mais parece casa de amigos. Lugar é incrivel, tem uma energia maravilhosa. O indiscritivel pôr do sol no Bar da Rô seguido de uma caminhada pela praia de volta em noite de lua cheia é uma das minhas melhores lembranças de viagem! 🙂
Foi um dos pouquissimos lugares que fui por indicação de uma amiga que tinha passado um Reveillon, e não do Riq!rsrs bjs!

    Fernanda,

    To cogitando passar o reveillon desse ano em Barra Grande. Qual o nome da pousada que vc fica?

Riq, você assisti Vampire Diaries? Foi o único lugar no qual me deparei com a palavra doppelganger. Achei que só eu assistia isso, hahaha, adorei.

    Assisti não, Doutora! Mas Doppelgänger (sósia) é uma das poucas palavras alemãs que entraram para, ahn, o vocabulário internacional — as outras são Zeitgeist (espírito do tempo) e Schadenfreude (alegria de ver o desafeto se dar mal) 🙂

    Séries televisivas americanas enlatadas também são cultura, Riq. Adorei as palavras que você conhece em alemão. Vou começar a utilizar a última, quando conseguir pronuciá-la, hehe.

Riq, essa história me fez lembrar de uma vez que estávamos em uma jangada no rio Tatuamunha, em São Miguel dos Milagres, fazendo um passeio para ver peixe-boi, quando o reconheci em uma jangada vizinha. Comentei com meu marido, e ele teve a “cara-de-pau” de conferir: “- Com licença, Ricardo Freire, não?” O casal que o acompanhava caiu na risada, e meu marido completou: “-Então estamos no lugar certo!”

Ricardo.
A sétima foto está simplesmente sensacional.
Céu e mar azuis. Nuvens (vejo nelas um ursinho).
Verde e dourado nos coqueiros.
A última também ficou ótima. Creio ser o nascer do sol,pois
o atlântico é virado para o leste. Enfim, você foi muito feliz
nesse trabalho artístico.
Parabéns.

Os trips devem ter dado muitas dicas desse lugar, um deles levou um casal de japoneses dizendo que ia publicar no blog do Ricardo Freire e dai, a fama somou-se e a culpa eh sua rs ainda bem que para o bem!

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