Segunda Praia
No fim do ano passado, quando vi pela primeira vez uma foto da pracinha de Morro de São Paulo toda calçada, com lajotas tapando a areia, pensei: acabou de acabar. R.I.P. Morro de São Paulo. Ruazinhas de areia faziam parte do DNA da ilha, e mudar isso seria o sacrilégio final.
Pracinha da igreja
Qual não foi a minha surpresa, semana retrasada, ao pôr minhas Havaianas pela primeira vez sobre o novo piso do Morro e... achar que ficou mó ajeitadinho.
Pracinha do alto
Não, a reforma não foi de mau gosto. E sim, a qualificação urbana é um direito humano
Fui deslizando minha maleta de quadro rodinhas ladeira abaixo pelo piso lisinho e, se tivesse alguma dúvida de que estava gostando do resultado, um trechinho de 50 metros não-urbanizados, logo antes da escadaria da Segunda Praia, me convenceria de que o calçamento veio para o bem de todos. Aquele trechinho de areião é um souvenir da Morro antiga -- um equivalente ao pedaço do Muro de Berlim que preservaram sem derrubar.
Último trecho entre a Primeira e a Segunda Praias
A Segunda Praia me aguardava com mais (boas) surpresas.
Segunda Praia
Uma passarela de madeira (igualmente própria à rolagem de maletas) faz as vezes de calçadão. Os restaurantes aproveitaram a larguíssima faixa de areia para instalar mesas sobre a areia, que ficam muito charmosas à noite.
Segunda Praia à noite
A calçada da Terceira Praia -- primeira obra de requalificação urbana da ilha -- também continua bonitona (não sei se mexeram) e tem agüentado firme as maiores marés.
Terceira Praia
Claro que os pioneiros e saudosistas dirão que a Morro de São Paulo que eles conheceram acabou. E têm razão. Só que não acabou agora, com as obras. Aquela Morro acabou quando foi descoberta. Num primeiro momento, a ilha não soube administrar o crescimento, e ficou à beira da favelização. Mas a decadência foi revertida e, se Morro não é mais o que era, pelo menos continua a ser um destino de praia com personalidade própria. A ilha tomou um banho de loja à la Praia do Forte, mas não encaretou.
Píer | Segunda Praia
Fiquei feliz de encontrar o lugar lotado de argentinos e italianos. E de ver preços camaradas nos bares e restaurantes -- dá para comer picanha ou camarão por 25 ou 30 reais por pessoa; é difícil uma caipiroska que custe mais de R$ 10. É uma beleza perceber o turismo independente funcionando a milhão: meios de hospedagem pequenos, gringos e brasileiros desempacotados, transporte fácil, passeios compráveis na hora.
Garapuá
Talvez Morro de São Paulo não seja mais a sua praia. Mas é a praia de muita gente que adora. Eu curti
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