Confesso que eu tinha lá minhas dúvidas se valeria a pena se abalar até o interior do Piauí para ver uns desenhinhos de homens das cavernas.
Mas como vale! O lugar é um deslumbre. Uma semana depois de ter passado por lá, editando as fotos, eu custo a acreditar no que vi.
Não são desenhinhos. O Parque Nacional da Serra da Capivara detém a maior concentração de arte rupestre ao ar livre do planeta.
A quantidade, a variedade e a sofisticação dos motivos fazem a gente facilmente se sentir como nossos antepassados mais recentes, que achavam que os desenhos eram obra do sobrenatural.
Que mensagens eles queriam deixar? Eram os deuses grafiteiros?
Esses grafites são as nossas pirâmides, a nossa Petra, as nossas linhas de Nazca.
E tão surpreendente quanto a força das imagens é a organização e a conservação do parque. Padrão FIFA. (Ou padrão Niède Guidon, a arqueóloga franco-brasileira que é mentora da implantação do parque e de sua gestão pela Fundação Museu do Homem Americano.)
E tudo isso, pípols, em meio a paisagens áridas belíssimas, que continuariam impressionantes mesmo se estivessem no Arizona, em Nevada ou até no Atacama.
Para coroar a experiência, o Museu do Homem Americano é outra pequena jóia, que você jamais esperaria encontrar nos confins do sertão. Um museu de última geração, com a função única de provar que a ocupação do continente começou aqui por baixo, e não pelo estreito de Bering.
O acesso a São Raimundo Nonato é difícil; a hospedagem ainda é básica. Mas combinando com outros destinos dá pra fazer da Serra da Capivara o ponto alto de uma aventura inesquecível.
Atualização: já dá para ir de avião à Serra da Capivara!
A Serra da Capivara é a Hollywood da arte pré-histórica. Histórias em quadrinhos feitas pelos próprios Flintstones brasileiros. Não perca!
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