O casamento igualitário já é legal no Brasil desde 2013. Mas com a recente ~polêmica~ do comercial de Dia dos Namorados do Boticário, resolvi dedicar uma coluna ao assunto lua-de-mel LGBT na minha coluna Turista Profissional do Estadão. Agora, com o grande impacto da decisão da Suprema Corte americana que legalizou o casamento igualitário nos Estados Unidos, acho que é um bom momento para reproduzir a coluneta aqui
Texto originalmente publicado no Estadão
Foi tanta celeuma por causa de um mero comercial de Dia dos Namorados, que muita gente parece não se dar conta de que o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo é legal no Brasil. E como quem casa quer lua de mel, aqui vão sugestões de lugares onde casais de duas moças ou de dois rapazes vão gostar de estrear essas alianças no anular esquerdo:
Curaçao
Enquanto as ilhas do Caribe britânico não veem casais gays com bons olhos (a Jamaica criminaliza o sexo entre dois homens), o Caribe holandês oferece uma tolerância importada da metrópole. Curaçao não chega a ter uma ‘cena’ LGBT porque é tudo muito misturado – héteros e gays vão aos mesmos lugares. É um lugar perfeito para uma lua de mel ao sol (a ilha é árida e está fora da rota dos furacões) sem o menor risco de discriminação. Tudo fica ainda mais perfeito se você escolhe um dos hotéis-boutique de Pietermaai, o bairro mais descolado de Willemstad: escolham entre St. Tropez Suites e Pietermaai Apartaments.
Buenos Aires
A Argentina foi o primeiro país sul-americano a instituir o casamento igualitário. O primeiro beijo gay em novela também aconteceu primeiro lá –- e um dos personagens era jogador de futebol. A cultura gay se imiscuiu até numa das mais sagradas tradições argentinas, o tango. Em Buenos Aires, a milonga Tango Queer, que acontece nas noites de quarta-feira em San Telmo, está comemorando 10 anos de noitadas abertas a todos que queiram dançar tango, em qualquer um dos papéis (condutor ou conduzido). Como em toda milonga, quem chega às 20h pode contratar aulas de tango; o baile começa oficialmente às 22h (Peru 571 entre Venezuela e México, tel. 15-3252-6894).
Amsterdã
Se existe um lugar onde ser gay é tão banal quanto ser canhoto, este lugar é a Holanda. Em Amsterdã, melhor do que se enfurnar em bares LGBT é se divertir nos ‘bruine cafés’ (cafés marrons), que são o equivalente holandês dos nossos botequins. Com ótima cerveja e decoração kitsch, esses lugares são tão animados que de repente os clientes irrompem a cantar em uníssono uma música que esteja tocando no alto falante. Pode haver algo mais gay que isso? Um bom endereço: De Twee Zwaantjes (Prinsengracht 114, tel. 020/625-2729).
Provincetown
Há muitos lugares nos Estados Unidos com grandes comunidades gays – como o Castro em San Francisco, Wilton Manors em Fort Lauderdale, Key West e Palm Springs. Mas se você tem curiosidade em visitar uma cidade em que a população gay é maioritária, dê um pulinho em Provincetown (Massachussetts), na pontinha de Cape Cod. Originalmente colonizada por açorianos que se ocupavam da pesca de baleias (até hoje há restaurantes e padarias portuguesas na cidade), Provincetown foi adotada por escritores e artistas gays e se tornou uma colônia de férias LGBT. A alta temporada vai do Memorial Day ao Labor Day (este ano, de 25 maio a 7 de setembro). Há voos diretos de Boston.
Vila de Santo André
Em termos gerais, um casal de moças ou de rapazes será bem-recebido em qualquer destino turístico do Brasil: hotéis e pousadas estão escolados no assunto e, se aparecer a pergunta “a cama é de casal”, saiba que na grande maioria dos casos terá sido feita apenas para confirmação, sem juízo crítico. Mas caso você esteja à procura de um lugar traquilo com uma energia gay, considere a praia de Santo André, em Santa Cruz Cabrália, a 30 km de Porto Seguro. Há alguma coisa no ar (ou na água do mar) que faz com que casais gays, sobretudo de mulheres, acabem comprando casas e se estabelecendo por lá. Não diga que este colunista não avisou.
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