Viaje na Viagem 12 anos

6 meses de moderação de comentários no VnV: com a palavra, A Bóia

A Bóia

A Bóia (com contexto e perspectiva)

Olá, ……!

(Por favor, insira o seu nome nos pontinhos. Eu sou treinada para começar todas as minhas interações citando o nome do leitor. Fico completamente sem jeito de não saber o seu nome nesse momento. Dsclp!)

Quando, no dia 1º de março, o Comandante anunciou que os comentários passariam a ser moderados, e só algumas perguntas seriam selecionadas para ser respondidas, eu gelei. Primeiro, porque isso ia contra 10 anos de tradição respondedora (e por vezes, respondona) do blog. E depois, o que seria de mim? Que função eu teria nesse site?

Seis meses depois, começo a achar que ele tinha razão. A produtividade do lado de cá da tela nunca esteve tão alta. Os posts estão saindo mais completos e detalhados. Finalmente conseguimos pôr em pauta a atualização sistemática de posts antigos – e de quebra, estamos completando as caixas de “Leia mais” com posts relacionados mais recentes.

(Outro dia o Ricardo Freire foi mudar uma informação sobre o vôo semanal a Valença e quando viu tinha feito um post novo inteiro desse tamanhão.)

Fazer este blog é complicado porque é um trabalho artesanal. Quase nada aqui é feito automaticamente pelo sistema. Você não vai encontrar listas compostas por robôs. Procuramos sempre oferecer o que os programas automáticos não conseguem dar: contexto e perspectiva. É o que faz o Viaje na Viagem ser diferente de todos os outros sites do nosso tamanho.

É certo que, num mundo ideal, a gente teria tempo e energia para responder todas as perguntas, produzir conteúdo novo completo e detalhado, viajar para trazer novos conteúdos e atualizar o conteúdo já publicado.

Mas num mundo ideal, todas as pessoas já desembarcariam direto no post mais pertinente às suas necessidades; leriam o texto inteiro, as perguntas anteriores e os posts relacionados antes de perguntar; não fariam perguntas altamente especulativas sem um mínimo de pesquisa prévia; e não esperariam que a gente fizesse um roteiro completo e personalizado numa caixa de comentários.

Quando o Ricardo Freire me contratou, há 5 anos, me disse: “Bóia, o blog cresceu muito. A caixa de comentários deixou de ser uma sala de chat para virar um SAC. Eu sou muito mal-educado para trabalhar num SAC. Você vai ser a hostess do blog. Seu trabalho principal é encaminhar o leitor ao post em que a pergunta dele já está respondida. Fora isso, o que você souber responder, responde. O que você não souber, me manda que eu te passo a cola”.

Olha que chique – hostess, moi?

Só que o tempo foi passando, e por mais versada que eu fosse ficando no conteúdo do blog, continuava repassando um catatau de perguntas diariamente pro Comandante. Se tem uma coisa que eu aprendi nesses anos bancando o oráculo, é algo que eu vou chamar de Paradoxo de Google: quanto mais informação você publica sobre algum assunto, mais informação parece que está faltando.

“Estamos em 2015, Bóia. Não faz mais sentido a gente googlar pelo leitor. A nossa parte tem que ser organizar e melhorar o nosso conteúdo para que seja encontrado por meio da navegação pelos nossos menus ou da busca pelo Google”.

E assim se fez. Mas confesso que ainda não me acostumei totalmente. Na maior parte do tempo, sou eu quem filtra as perguntas e faz as escolhas de Sofia de quais vão ser publicadas e quais vão para o poço. Não é uma tarefa prazerosa. A verdade é que não existe hierarquia entre perguntas. Toda dúvida tem importância máxima para quem está perguntando — e não cabe a mim, nem a ninguém, rotular uma pergunta de boba ou primária.

Qual é o critério, então, que está valendo?

Basicamente continuamos respondendo perguntas que ajudem a complementar a informação do post, ou dirimir uma dúvida pertinente de formulação do texto. Se a resposta for útil para mais pessoas, melhor ainda.

Perguntas que já estejam respondidas – seja no texto, seja em perguntas anteriores ou mesmo em outros posts do mesmo destino — estão condenadas ao poço. Perguntas que envolvam sintonia fina de roteiros, pedidos de tutorial passo a passo de situações muito específicas, pedidos contendo “na sua opinião” ou “o que é melhor” raramente são selecionados.

E ainda que eu concorde conceitualmente com o Comandante, no dia a dia isso me parte o coração. (É da minha natureza de Bóia.)

Tem horas que eu tenho vontade de sugerir um filhote para o blog. O Ombro Amigo da Bóia ponto com. Porque boa parte do pessoal que pergunta está só à procura de uma palavra amiga — que dificilmente cabe numa resposta com base técnica. Tem certeza que vai chover na estação das chuvas? Olha, companheiro, vai com fé que de repente não chove. A rua tal é segura depois das 11 da noite? Tudo leva a crer que sim, amiga, já que não temos nenhum registro aqui nos comentários de alguém que tenha sido atacado nesse logradouro a qualquer hora do dia ou da noite. Encontrei críticas positivas e negativas sobre esse hotel no TripAdvisor; em quais devo acreditar? Olha, Fulano, o importante é a gente seguir o nosso feeling; tenho certeza que o seu não vai deixar você na mão.

Mas se boa parte das perguntas me deixa compadecida por não responder, tem umas poucas que eu não respondo com gosto. Ah, tem. Perguntas que vêm com o disclaimer “li tudo, mas não encontrei…” são as piores. Porque essas perguntas normalmente são de dois tipos. Ou do tipo “li tudo, mas não encontrei a parte em que vocês fazem um roteiro superpersonalizado para mim”, ou do tipo “li tudo, mas não encontrei a parte em que vocês recomendam que a gente faça o oposto do que vocês recomendam”.

Ao fim desses primeiros seis meses de moderação, fico feliz de ver que estamos construindo um blog mais organizado. Mas também fico chateada de não poder mais brincar de boa samaritana full time, pegando desconhecidos pela mão para ajudar a atravessar a rua.

Fui comentar do projeto do Ombro Amigo da Bóia com o Comandante, e ele respondeu: “e Bóia lá tem ombro, garota?”

(E pensar que ele parece tão fofinho no rádio…)

Leia mais:

84 comentários

Ainda sinto saudades dos momentos de boa Samaritana da Boiá, embora eu mesma jamais tenha feito uso, mas percebo o quanto está ficando mais fácil encontrar questões pertinentes na caixa de comentários. “Vai com fé que de repente não chove”? Curti muito o post, ainda estou sorrindo… Avante!! =)

Acho legal não ver repetidas as mesmas perguntas mil vezes, realmente melhora muita quando vamos ler os comentários. Sempre tem alguma coisa que serve para nossas viagens. Gosto muito de ler os comentários de quem viajou ao local do post, falando bem ou falando mal, afinal cada um tem uma percepção sobre as coisas, né? Abç.

Vocês são incríveis. Vivemos uma era em que muita gente não quer ouvir “não”, ser objetivo e contundente é uma forma de educação! Vida longa ao VnV!!! Mudou minha forma de viajar para sempre!

A Bóia pode não ter ombro, mas tem um coração do tamanho de todos os fiéis leitores do VnV! Adorei o post!

Como não gostar de um lugar que tem uma boia tão fofa ajudando as pessoas.

Confesso que ainda sinto falta do comandante dando aquele espalho nas perguntas repetidas e mediúnicas (que querem saber se vai chover durante a viagem). Mas quer saber, é muito melhor ver ele trabalhando nos bastidores e produzindo um material tão rico e interessante.

E realmente acho que a moderação foi uma escolha muito acertada. Com um conjunto de perguntas sem relevância, sempre fica mais difícil encontrar uma resposta na caixa de comentários.

Muito amor pela Boia! Clap, clap, clap.
(sim, eu sei que este comentário não acrescenta nada e que, portanto, vai pro poço…mas sei, também, que a Boia vai ler…!)

    Olá, Marcie! Comentários só não são publicados quando contenham palavras de baixo calão ou propaganda explícita! Nesse caso, você faz propaganda explícita da sua simpatia, mas isso a gente deixa passar 🙂

Atenção: Os comentários são moderados. Relatos e opiniões serão publicados se aprovados. Perguntas serão selecionadas para publicação e resposta. Entenda os critérios clicando aqui.

Assine a newsletter
e imprima o conteúdo

Serviço gratuito