Bate-volta: de Nova York à Filadélfia
Eu sempre digo que Nova York é inesgotável: você pode ficar semanas na cidade que ainda terá o que descobrir. Querendo mudar um pouquinho de ares, porém, a Filadélfia se apresenta como uma senhora opção. Nesse post explicamos como ir de Nova York à Filadélfia e aproveitar um roteiro prático que cabe em um dia.
A Filadélfia fica a meros 90 minutos de trem convencional de Nova York (contra 2h50min no trem mais rápido de Nova York a Washington) e é suficientemente compacta para ser explorada num dia só.
Um ótimo esquema é pegar o trem das 8h10 (que chega às 9h35 na Filadélfia) e voltar no das 18h45 (de volta a Nova York às 20h07). O último trem sai às 23h15 (simule viagens e compre as passagens no site da Amtrak; pode-se conseguir passagens a partir de US$ 39 por trecho).
Nosso passeio foi ainda mais bem-sucedido, porque contamos com o auxílio luxuosíssimo do Oscar, do MauOscar, como guia 🙂 Ele estava voltando de carro para a cidade onde mora, ali perto, e nos levou de carro. Como demos sorte de não pegar nenhum engarrafamento na saída de Nova York (era um sábado de manhã cedo), chegamos em 1h45min.
Faça como a gente e comece seu dia no fabuloso Reading Terminal Market, o mercado central da Filadélfia.
Chegando à cidade de trem, pegue o metrô — Septa — na estação ferroviária 30th St. e desça na estação City Hall.
O mercado funciona neste local desde 1892 (antes disso, já operava na rua) e algumas coisas não mudaram desde a inauguração: o balcão do sorvete Basset’s continua ali, e os amish continuam vindo de Lancaster para vender seus (deliciosos) produtos quatro dias por semana.
Venha com fome: há muitas especialidades locais para experimentar. O Oscar nos fez provar o soft pretzel — um pretzel molinho sensacional.
Comemos também um sanduíche de porco desfiado (pulled pork) no stand do DiNic’s (mas confesso que acho o do bar Estadão, em São Paulo, melhor). Os doces amish parecem incríveis, mas acabamos tomando um sorvete de abóbora (pumpkin) no Basset’s (muito bom).
Há stands que vendem o Philly cheesesteak, mas deixamos para provar no fim do dia, no lugar onde foi inventado, em South Philly.
Os dias para ir ao mercado são de quarta a sábado, que é quando os amish estão a postos nos seus stands. No domingo metade das bancas não funciona. Leia mais sobre o Reading Terminal Market no MauOscar.
Do mercado fomos caminhando até o Independence Mall, um lugar sagrado para os americanos. Ali fica o Independence Hall, o prédio onde foram escritas tanto a Declaração de Independência quanto a Constituição americanas.
Também podem ser visitados o sino quebrado que anunciou a independência (e que é um fetiche americano) e o Constitution Center, um museu devotado à história da Constituição americana.
Com apenas um dia para passear pela cidade, me limitei a fotografar a estátua de George Washington em frente ao prédio mais histórico. Mas acredito que advogados devem curtir o Constitution Center.
Ainda a pé, voltamos para o marco zero da cidade (onde está a City Hall, prefeitura). Muito perto dela fica o Love Park, a praça onde está uma réplica da famosa escultura de Robert Indiana.
Dali se descortina a Benjamin Franklin Parkway, o Champs-Elysées da Filadélfia, que leva até a zona dos museus. Num dia bonito, quem gosta de caminhar pode ir a pé. Se quiser usar transporte público, pegue o ônibus 38 (embarque na rua 5, entre Market e Arch). Não há metrô nesse trajeto.
Um pouco antes da avenida acabar, à direita, você encontra o Museu Rodin, que expõe a maior coleção de originais do marido de Camille Claudel fora da França. Trata-se de uma coleção particular que foi deixada para o Estado. Mesmo sem entrar você já pode contemplar a réplica da Porta do Inferno, o mural inspirado no Inferno de Dante que é a obra-prima de Rodin.
Para visitar, o ingresso sugerido é de US$ 5. Abre de terça a domingo das 10h às 17h; está fechado aos domingos e feriados. (E sim, eu lembrei que ainda não fiz o post do Museu Rodin de Salvador, que visitei no começo do ano passado…) Leia mais sobre o Museu Rodin da Filadélfia no MauOscar.
Na cabeceira da avenida, formando um eixo com a prefeitura lá ao longe, fica o Museu de Arte da Filadélfia. O prédio principal guarda o maior acervo de arte dos Estados Unidos (tem Van Gogh, Duchamp, Picasso, Cézanne).
O visitante mais apressado (ou menos erudito), porém, já se satisfaz com as escadarias — cenário mais marcante do filme Rocky, um Lutador. O filme é um ícone tão poderoso da Filadélfia que Rocky Balboa ganhou uma estátua do ladinho direito da escada; no alto dos degraus há o registro em bronze das pegadas do lutador. Leia mais sobre Rocky na Filadélfia no MauOscar.
Contornando o museu pela esquerda você chega à beira do rio Schuylkill. Por ali, uma estação de tratamento de água se transformou num museu sobre o assunto. A vista para as boathouses, galpões onde se guardam barcos, é muito bonita.
A essas alturas você deve estar com fome, então o melhor é pegar um táxi para South Philly (ou voltar para o centro e tomar o ônibus 47 na esquina da rua 8 com Market; desça na Wharton) até o Pat’s King of Steaks, onde em 1933 foi inventado o sanduíche-símbolo da cidade, o Philly Cheesesteak.
O sanduba consiste de lâminas de carne picadas na chapa e servidas com (ou sem) cebola e queijo (fundido ou provolone), num pão que eles chamam de italiano mas está mais para o nosso pão francês. O lugar abre 24 horas por dia, sempre com fila; um cartaz ensina a pedir (com ou sem cebola, e qual o tipo de queijo). É uma delícia, vale a lambuzeira. Em frente há um concorrente, o Geno’s, que se não bastasse ser imitador ainda é xenófobo, belicista e ultradireitista; evite. Leia mais sobre o Philly cheesesteak no MauOscar.
Fizemos a digestão caminhando pelo Italian Market, o mercado de rua da rua 9 que é o centro gastronômico italiano da cidade. Para chegar lá, porém, é preciso atravessar duas quadras de lojas dedicadas à base da pirâmide dos imigrantes mexicanos, que são inúmeros em Philly. Quando chegar à parte italiana, entre em lojas como Di Bruno e Claudio, que têm os mais incríveis produtos feitos ou inventados na Bota. Leia mais sobre o Italian Market no MauOscar.
Graças à mordomia do Oscar, conseguimos completar o circuito a tempo de pegar o trem das 16h19 para Nova York (eu não queria faltar à programação noturna da ConVnVenção NY 2011).
Se você programar a volta para um pouco mais tarde — e inventer a visita a South Philly, começando no Mercado Italiano (desça do ônibus 47 na esquina da rua 8 com avenida Washington) e terminando no Pat’s King of Steaks — você também consegue. Insisto: traga seu apetite; a parte das comidinhas torna o passeio inesquecível.
Obrigadaço, Oscar!
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228 comentários
Para quem gosta de compras, Philadelphia tem uns lugares ótimos, como o shopping King of Pussia (https://www.kingofprussiamall.com/) e o outlet Franklin Mills (https://www.simon.com/mall/?id=1245).
Também vale muito a South Street (https://www.southstreet.com/), cheia de bares, restaurantes, lojas abertas até de noirte, antiquários, museus etc.
Outro ponto legal é o Fairmont Park, que ocupa cerca de 10% de todo o território de Philadelphia e é um dos maiores dos EUA.
Finalmente, lembro também o bairro de Germantown, super histórico, fundado em 1683 por alemães e quakers e berço do movimento anti-escravidão.
Ah, Philly ainda esta faltando no meu curriculo 😉 Fiquei morrendo de fome (e de vontade de ir) lendo esse post. Quem sabe ano que vem…
Eu também adorei a Filadéphia.
delicia….
sandwich nazi essa??? parente do soup nazi?
o Burguer joint em NY tbém tem esss placas…dá um medo de errar….
Morri de rir com o ” If you make a mistake “. Eu nunca mais ia sair dessa fila hahaha!
Nem eu. Acho que a solução é fazer uma “cola” num papelzinho…
É claro que querendo sempre dá para ver tudo em um dia em qualquer lugar mas acho que Filadélfia merece pelo menos dois dias inteiros. A visita ao Independence Hall é muito interessante e explica muito do que hoje são os EUA, além de ser uma senhora aula de história. Como ela é necessariamente guiada, é preciso se encaixar em um dos horários, o que nem sempre dá certo se você está com o tempo contadinho. O passeio tem a duração ideal, não é cansativo e você passa por lugares onde literalmente a história foi feita.
Um pulinho no Liberty Bell Center também é super válido. Mostra como o conceito de liberdade foi se alterando com o passar do tempo, começando com a liberdade dos colonizadores ingleses passando por questões raciais, de gênero, de opção sexual etc. Muito interessante.
Tanto o Museu Rodin quanto o Museu de Arte valem a visita mesmo para quem não é tão fã assim de museu. Existem ótimas peças que justificam pelo menos uma hora no Rodin e duas no Museu de Arte.
Há, ainda, parques e igrejas muito bonitos. Uma boa forma de se locomover pela cidade para os pontos para os quais não se quer ir caminhando é comprar um bilhete de uma das empresas de hop on hop off. São bem freqüentes, param perto de todos os principais pontos de interesse e não são caras.
Para quem for ficar uma noite, o cenário gastronômico é muito gostoso.
Eu pousei em Washington, passei por Philadelphia e NYC e voltei de Boston. Foi um roteiro lógico e muito tranqüilo de ser feito.
Que legal! Rocky Balboa e Philly cheese é muito um retrato da américa! rs! Bate volta que rendeu!
Quando eu fui p/ lá, o bairro italiano também surpreendeu com ótimos restaurantes dignos da Italia mesmo!Vale a visita!
Saudades e fome dos dois lugares!:-)
bjus
Adorei, e bateu uma foooome!
Riq e Nick
Foi um enorme prazer passear com vocês em Philly. Se tivessemos mais tempo ainda teriamos outros lugares legais para conhecer pela região.
Enfim, apesar de compacto nosso passeio conseguiu cobrir quase todas as principais atrações da cidade. 😀
Até a próxima 😀
Philadelphia e região ainda conta com inúmeras outras atrações legais para quem pode visitar a região com um pouco mais tempo.
Um lugar que acho absolutamente imperdível é o Longwood Gardens – https://mauoscar.com/category/america-do-norte/estados-unidos/pennsylvania/kennett-square/longwood-gardens/ Considerado um dos mais importantes jardins botânicos do mundo, ele foi fundado pela família Du Pont daqui de Delaware e para quem gosta de flores e plantas este lugar é o paraíso.
Está Localizado à cerca de aprox 45 Min do Centro de Philadelphia praticamente na divisa com Delaware, por falar nisso esta região entre a Pennsylvania e Delaware, além de paisagens maravilhosas, principalmente na época do outono. Conta com de uma série de museus, jardins e mansões super interessantes para serem visitados.
Por exemplo Você sabia que 2 das 10 maiores casas construídas nos EUA até 1950 estão nesta região e ambas pertenciam a família Du Pont e hoje funcionam como museu.
Wintherthur => https://www.winterthur.org/
Nemours Mansion and Garden => https://www.nemoursmansion.org/
Além disso não deixe de conhecer o Hagley Museum https://www.hagley.lib.de.us/ – Museu que conta como a famíla Du Pont ergueu um dos maiores impérios industriais do mundo (Foram eles que inventaram a Lycra, Teflon, Kevlar, Rayon, Nylon entre outras várias coisas que fazem parte de nosso cotidiano.
Se gosta de arte, então não deixe de conhecer o Brandywine River Museum => https://www.brandywinemuseum.org/ (Maior acervo de pinturas da família Wyeth do mundo) e o Delaware Art Museum em Wilmington => https://mauoscar.com/2011/03/09/museu-de-arte-de-delaware-casa-da-maior-colecao-de-arte-pre-rafaelita-fora-do-reino-unido/
Ainda preciso escrever os Posts sobre todos estes lugares que estão situados no Brandywine Valley => https://mauoscar.com/category/america-do-norte/estados-unidos/delaware/brandywine-valley
À cerca de 1h e 15 Min de Philadelphia no Lancaster County está localizada uma das maiores Comunidades Amish dos EUA => https://mauoscar.com/category/america-do-norte/estados-unidos/pennsylvania/amish-country/, Conhecer seu estilo de vida e provar as delicias culinárias e o artesanato feitos por eles é um barato. (Mas prepare-se para Comer Muito bem)
Dali vale à pena dar uma esticadinha até Lancaster para conhecer o Museu do Patchwork e o Mercado de Lancaster, este último o mercado mais antigo em funcionamento nos EUA => https://mauoscar.com/category/america-do-norte/estados-unidos/pennsylvania/lancaster/ + 20 min do Amish Country
*Para os que gostam de compras nos EUA no meio do Caminho existe uma filial do Tanger Outlet =>https://www.tangeroutlet.com/lancaster (Roupas não pagam Sales Tax na Pensylvannia)
Mais adiante (40Min) em direção ao interior chega-se em Hershey – A capital americana dos Chocolates – Paraíso para qualquer chocolatra, as crianças adoram visitar a fábrica e ir no Hershey Park. No Blog tenho uma série completa sobre o que ver e fazer na cidade => https://mauoscar.com/category/america-do-norte/estados-unidos/pennsylvania/hershey/
Outro programa interessante para quem visita Philadelphia é conhecer Valley Forge – https://mauoscar.com/category/america-do-norte/estados-unidos/pennsylvania/valley-forge/ – aprox 40 Min de Philadelphia o local é tombado como patrimônio histórico nacional e é um parque histórico importantíssimo para a Independência dos EUA e ainda conta com paisagens belíssimas. Lugar ótimo para ver cervos soltos na floresta e pelo campos, estima-se que existam mais de 1000 deles vivendo dentro dos limites do parque.. É muito legal..
Mais uma vez para os que adoram comprinhas, ao lado de Valley Forge esta o King of Prussia Mall, considerado o maior Shopping Center dos EUA.. https://www.kingofprussiamall.com/
Como sempre damos mais valor as coisas de fora do que à prata da casa. Percebi que quase não tenho Posts sobre as atrações do Brandywine Valley e Delaware.. Preciso mudar isso em breve mas o link para a categoria com as atrações desta região que moramos e que inclue a cidade em que a gente mora hoje estão num raio de até 1 hora do centro de Philadelphia é este https://mauoscar.com/category/america-do-norte/estados-unidos/delaware/brandywine-valley e https://mauoscar.com/category/america-do-norte/estados-unidos/delaware/
Qualquer duvida entre em contato 😀
“…o marido de Camille Claudel…” foi a melhor definição de Rodin que já li! 😀
Não era bem marido, hehehe