Dezesseis

Não, eu não acho a Olimpíada no Rio uma idéia sem pé nem cabeça
Uma idéia sem pé nem cabeça? Não acho, não

É claro que os orçamentos vão inchar. É claro que muito do que está planejado não vai sair do papel. É claro que não saberemos onde vai parar boa parte do dinheiro. Mas é claro, também, que o Rio e o Brasil não podiam deixar passar esta oportunidade.

Por favor, não me fale mais de Pan. O Pan é um péssimo parâmetro. Sim, em 2007 aconteceu tudo isso que tememos que se repita, multiplicado por cem, em 2016. A diferença é que o Pan não valia nada.

Ninguém presta atenção nos Jogos Pan-Americanos. A única potência esportiva que leva o Pan a sério é Cuba. Os resultados não rendem uma linha de noticiário fora da América Latina.

Ainda está para ser encontrado algum turista que tenha programado uma viagem por causa de um Pan, seja lá onde for. Acontece justamente o contrário: muitos turistas deixam de viajar para um destino, ao imaginar que o lugar possa estar conturbado ou caro por causa de uma competição esportiva internacional.

A única função do Pan era mostrar ao COI que o Rio não é uma mega Cidade de Deus. Deu certo: os jogos transcorreram na mesma santa paz da Rio 92.

Evidentemente naquela época não dava para imaginar que os Lehman Brothers nos dariam essa colherona de chá, provocando o tsunami financeiro do mundo desenvolvido. Tampouco que, depois de surfar na marolinha, Lula se tornaria Luiz “he’s the guy” Inácio.

A verdade é que agora, com a Olimpíada garantida, finalmente o Pan passa a ter sentido. Se perdêssemos a eleição mais uma vez, o desperdício teria sido total.

É lógico que os erros do Pan podem ser evitados – ainda que nem a Velhinha de Taubaté acredite nisso. Mesmo que tudo ocorra conforme tememos, porém, terá valido a pena.

Na melhor das hipóteses, o Rio se barceloniza, ganha o banho de loja de que está precisando desde a perda do governo federal para os confins do Cerrado.

No mínimo, a Olimpíada rende ao Brasil um espaço valiosíssimo no horário nobre do mundo. A Copa também faz isso, mas com uma limitação: não reverbera nos Estados Unidos. A Olimpíada completa o pacote.

A exposição internacional intensa por três ou quatro anos abre possibilidades para o Brasil que nem a incompetência ou a corrupção de qualquer governo podem atrapalhar completamente.

Está bem, eu sei: se você é contra o Rio 2016, não é uma croniquinha que vai te convencer do contrário.

Vamos dividir as tarefas principais, então. Ambas são igualmente importantes. Quem é contra, que fiscalize. Quem é a favor, que empreenda.

Texto originalmente publicado no Guia do Estadão.

39 comentários

Que máximo! Estou muito feliz!
A setor do turismo vai agradecer. Muito emprego direto e indireto, sejam eles temporários ou não!
Precisamos disso e certamente aumentaremos a participação do turismo no PIB nacional em função disso tudo! Vamos viver essa emoção!

Obs: devo ressaltar que considero muito ácidas as piadas que circulam na internet em função dessa nossa conquista.

Concordo em gênero, número e grau. Não será perfeito, mas valerá a pena. E amei seu pedido: fiscalizar e empreender. Todos temos de trabalhar para que tudo dê certo. Beijo.

Eu sou brasiliense e o meu marido carioca. Ele critica BSB até dizer chega(haja defeitos pra uma cidade tão jovem…), eu digo que amo e que BSB é maravilhosa. O Rio? Bom, ele não vai dizer como eu tenho que agir. Então, nada de críticas, eu amo o Rio e acho o Rio maravilhoso!!!

Boa, Riq. Um post prá lá de equilibrado.
Pessoalmente, apesar de A-M-A-R os Jogos Olímpicos e a suposta alegria que cerca o evento, além de ter como sonho assitir as Olimpíadas, eu não estava levando fé na possível vitória.
Fui ao Pan e passei por vários dos problemas relatados por todos. Fui voluntária e me revoltei, porque após preenchimento de um cadastro imenso, me pediram pré me recadastrar, passando TODAS as info, de novo. Tremenda falta de respeito!!!
No entanto, torço MUITO prá que dê certo. Extremamente certo. Se existe uma frase do Lula que não precisa de qualquer reparo é a que indicou que o Rio precisa e merece um evento dessa magnitude.
No mais, é EXATAMENTE o que vc disse: quem gosta – empreenda, quem não gosta – fiscalize.
Isso é democrático e NECESSÁRIO prá que tudo funcione a contento.
Abraços fortes e minha admiração,

Ric, não sei se vai dar certo, não sou contra nem a favor, que venha as Olimpíadas e que sirva para tentar melhorar o país, de uma forma ou outra!
Agora, o quê eu DEFINITIVAMENTE NÃO GOSTEI FOI O “confins do Cerrado”. Minha cidade não é isso, aqui é lindo, e você deveria passear por aqui para conhecer nossas belezas. Aliás, é o meu desafio pra você, fazer posts sobre o lindo cerrado e seus encantos…
Beijos e bom findi!!!

    Menos, Flavia, please! Em 1960 aí era os confins do Cerrado, sim. Hoje é uma bela cidade, sobre a qual eu já escrevi algumas vezes. Morei aí entre 71 e 75. Tenho uma irmã brasiliense.

    A gente precisa parar com essa mania de se ofender por qualquer coisa…

    Riq, também não gosto do pronome demontrativo “lá no Cerrado”, lá no interior, que a maioria das pessoas que cresceram em cidades importantes como Rio e São Paulo usam para se referir ao local onde está Brasília, mas entendi o contexto e não fiquei ofendido pelo mesmo.

    Todavia, isso me fez lembrar como vários conhecidos cariocas que tenho com mais de 40 anos ainda são ressentidos pelo fato do Juscelino ter construído a obra-prima que é Brasília (em 1960 era Cerrado mesmo…).

Eu, que já trabalhei em várias Olimpíadas, acho a maior curtição. A cidade fica uma delícia, um monte de gente de outros países, uma farra só. É natural que haja a preocupação de construir, reformar e depois poder reverter para a comunidade. Na maioria dos lugares isso acontece, sim. E sei também que na maioria dos lugares o lucro é quase inexistente. Mas o prestígio, esse fica pra sempre.
E apesar de achar muito difícil eu trabalhar no Rio em 2016 estou achando o máximo: quem sabe eu até consiga ir como espectadora? 😎

–Eu nasci com o rabo virado pra lua, e com GPS dentro.
Palavras do Lulalá, na coluna da Mônica Bergamo, semana passada.

Olá a todos, antes não era a favor, mas depois que o Rio foi eleito, torço que tanto as Olimpiadas quanto as ParaOlimpiadas seja o maior sucesso!!! É uma oportunidade impar para o Brasil!!! E para ter o impacto que todos nós desejamos, cada um, a sua maneira, tem de contribuir…Parabens pelo texto!!!

Olha, eu sou entusiasta, eu sou carioca, eu fui no Pan até em levantamento de peso (não estou brincando) e AMAY! Para mim está sendo a realização de um sonho poder ir em uma Olimpíada, ainda mais quando a minha cidade é sede.

Já falei: quem não curtir a idéia passa 1 mês em Teresópolis, e é isso.

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