iAnta

iphone

Eu sou do tempo em que o cidadão comum não fazia a menor idéia do que fosse a Apple.

Macintosh era uma religião de pouquíssimos adeptos – nada a ver com o avassalador culto consumista de hoje em dia. O símbolo que identificava os fiéis ainda era a maçãzinha – e não esses fones de ouvido de fio branco que todo mundo carrega em volta do pescoço como se fosse colarzinho de crucifixo.

O pior é que, naquela época, eu praticava essa religião. Eu era tão Macfanático quanto os iPodmaníacos que surgiram de uns tempos para cá.

Fui forçado a abandonar a seita no início deste século. Precisava administrar um site, e depois um blog, cujas ferramentas não funcionavam em Mac. Naquele momento, por sinal, nada parecia funcionar direito na Apple. Era uma empresa que tinha perdido o seu poder de inovação.

Alguns anos mais tarde, porém, apareceu um negocinho chamado iPod – e o resto todo você sabe muito melhor do que eu. Sim, porque você provavelmente já está no seu segundo ou terceiro aparelho, e eu até hoje permaneço virgem de tocador de MP3.

(Só tenho iPod de tiozinho: CD player com carrossel de seis discos programado no modo ‘random’.)

Desde ontem, contudo, estou em processo de reconversão. Um tanto forçada, mas estou. Sucumbi à pressão social e transformei os meus créditos na operadora de celular num iPhone 3G.

Meu primeiro ‘smartphone’. Imediatamente descobri porque é chamado assim: porque é um telefone muito mais esperto do que você. A partir do momento em que abri a embalagem, meu iPhone me transformou numa iAnta tecnológica.

Já faz vinte e quatro horas que estou com o bicho ligado, e ainda estou mais perdido que cibercego em tiroteio digital. Nada do que aprendi em quinze anos usando celular — ou vinte e poucos usando computador — parece ter algum valor.

Todos me dizem, às gargalhadas, que daqui a uma semana estarei feliz da vida com meu brinquedinho novo. Para eles, o iPhone parece ser isso mesmo — um brinquedinho eletrônico. Um Tamagochi mais esperto do que eles, que precisa ser alimentado a todo momento com ‘aplicativos’ novos.

Só que, neste momento, eu me vejo dividido entre tocar a vida ou aprender a usar o iPhone. (Não, ler o manual está fora de cogitação. Já gastei toda a minha cota de paciência com manuais para aprender a programar gravações no videocassete na década de 80.)

Mesmo assim, acho que já entendi qual é a do iPhone. É um computadorzinho que dá pra levar pro banheiro, certo?

55 comentários

Se quiser vender me fale. 😉
Estou no terceiro e minha mãe já está de olho no meu 3Gs. Corre atrás. 🙂

Ricardo realmente tem hora que é complicado acompanhar tanta linguagem “ciberfacilitadora”. Eu achava que Apple era coisa distante dia até que meu filho começou a forçar minha atualização. Depois de conhecer caí de amores e não troco por nada. Às vezes o mais difícil é me adaptar a algo que facilita os acessos ao que eu estava atrapalhadamente acostumada a ter. Boa sorte com seu brinquedinho.

Não fique se achando tão iAnta nao 😛 Eu levei umas boas horas pra descobrir como usar o iPhone. No início vc fica todo contente querendo colocar zilhões de programas, mas com o tempo isso passa. Vc descobre q não precisa de todos eles e q a maioria não serve pra nada útil mesmo.

iPhone é o q há. Tentei achar uma opção q me desse o q o iPhone dava (e q os marketeiros da Apple colocaram na minha cabeça), mas nenhum era tão bom. Acabei me rendendo depois de 1 ano achando q era frescura… Até valeu a pena, pq o primeiro iPhone não tinha 3G…

Mas eu não gosto do iTunes. Ô programa pesado e amarrado q não te deixa fazer o que vc quer do jeito q vc quer…

    Pronto, é exatamente isso que penso. Meus passos foram os mesmos: levar algumas horas para aprender a usar o iPhone, empolgar-se inicialmente baixando um monte de apps, estabilizar-me emocionalmente no médio prazo depois da constatação de que a grande maioria dos apps tomam um tempo gigante e não ajudam lá essas coisas (os guias do Lonely Planet, p. ex., foram uma decepção) e passar a olhar o iTunes com cara feia por ele lhe amarrar e retirar sua liberdade.

    Dica: tenha sempre à disposição um aparelho celular “normal” com sua agenda atualizada para o dia em que seu iPhone simplesmente – e inexplicavelmente – perecer, nem que seja por algumas horas ou dias. É um computador, ou seja, padece das mesmas mazelas.

    Realmente o Itunes é o que há de pior em termos de programa “amarrado”. Com certeza mais difícil de aprender (e tolerar, por supuesto) do que o próprio aparelho! 🙁

Acho que ganhei meu iPhone 5 dias antes de você! Mas não senti nada disso, provavelmente porque passei pela adaptação ao smartphone com o Blackberry (que ainda amo mais que esse trambolho enorme).

Concluo que é isso sua síndrome temporária: uma adaptação ao smartphone – não ao iPhone, não precisa direcionar seu ódio à Apple =)

E, sim, são minicomputadores – e dão pau, travam, ficam malucos, se prepare! – mas depois de alguns dias você não vai entender como o resto dos mortais ainda consegue viver sem acessar o email do telefone (“oi? como você sobrevive SÓ podendo mandar SMS??”)

Boa sorte @riqfreire!

Riq, muita boa a crônica. Eu não tenho iPhone, mas garanto que você vai se acostumar logo, assim como acontece com a maioria dos smartphones.

Só vou discordar da sua última frase, pois hoje eu já levo o meu laptop para o banheiro usando a minha conexão wireless. :mrgreen:

PG, eu não li nenhuma reclamação no texto, então um de nós não entendeu o espírito da crônica…

Manual? A caixa do iphone não vem com manual!

É tão simples de operar que basta um folder que indica para que servem as únicas duas teclas do aparelho – a de cima (que apaga a tela) e a de baixo (que volta pro menu principal).

Sinceramente, Riq, um cara tão fuçador como você está me decepcionando… Me desculpe!

(Não, eu não tenho nenhum produto da Macintosh, embora tenha condições de ter, mas não me conformei de ver alguém reclamando da usabilidade, que é o maior trunfo dos Macs)

Bom, também já passei da idade de ler manual… Mas o conselho do Gustavo é bom, conversa um tempo com alguém da “seita”.

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