Não procure um lugar em outro!

Baía do Sancho, Noronha

Um dos erros mais comuns em viagem é a gente ir para um lugar novo, mas procurando o conhecido. Ninguém está livre de passar por isso. Eu mesmo relatei há pouco como só fui entender Santiago depois que parei de procurar por lá as coisas de que gosto em Buenos Aires.

O Brasil, o mundo e a nossa curiosidade são grandes, então é natural querer sempre viajar para um lugar diferente. O  jeito mais eficaz de não cair na síndrome do procurar-um-lugar-no-outro é não viajar a um lugar só porque você “não conhece ainda”. Vá a esse lugar porque você quer ver/experimentar tal, tal e tal coisas — de preferência, coisas que só existam naquele lugar. Quando você vai a um lugar novo só para aumentar o número dos lugares onde você já foi, o risco de decepção aumenta.

Isso é ainda mais comum nas viagens que não são propriamente “turísticas”, mas de descanso e recarregamento de baterias. Muita gente se dá muito bem com uma praia, um hotel, um resort — mas em vez de voltar e aproveitar de novo o que já foi testado e aprovado, não: encasqueta que precisa sempre ir a uma praia, um hotel ou um resort diferente. E então se arrepende porque não encontrou aquilo que havia no outro lugar.

Quantas vezes me perguntam aqui: ah, mas será que a piscina/animação/comida/praia do resort xis vão ser tão boas quanto as do resort ípsilon, de que gostamos muito? E eu sempre respondo: não há lei que obrigue ninguém a tirar férias cada vez num resort/hotel/praia diferente. Se você gosta muito de um lugar, experimente repetir. Hóspedes freqüentes são mais bem tratados — é fato.

E se você quiser mesmo trocar de lugar, siga a dica lá de cima: escolha não porque você “ainda não conhece”, mas porque você ficou muito interessado nessa, naquela e naquela outra coisa que parece haver lá (e não no lugar aonde você já foi).

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70 comentários

Ja disse e repito: poucas coisas, sinceramente, me dao mais prazer que voltar a um lugar querido. As vezes penso na quantidade de lugares que queria ir e ainda nao fui e na quantidade de vezes que ja fui a lugares como Paris, Buenos Aires e outros. E nao me arrependo 😉

    Oi Mari, voltei ao blog! Sou dessa tribo – equilíbrio – se bem que nas últimas, por amor, conheci bem pouco e adorei rever juntinho com as pessoas que mais amo – mãe e amor! 😉

Eu gosto de ter um equilíbrio entre as duas filosofias. Tenho alguns lugares, em geral nada famosos ou baladados, onde gosto de voltar e passear aqui e ali. Mas também gosto de diversificar destinos, buscar experiências novas.

Tenho alguns amigos que gostam de ir SEMPRE às mesas 2 ou 3 praias, todos os anos, algumas vezes por ano, porque “já conheço tudo, sei como chegar, onde estacionar e onde ficam os restaurantes, cada ano tem alguma coisa nova mas eu não me estresso em um local desconhecido”. Eu jamais suportaria essa ideia, assim como jamais investiria em “casa de campo” ou “praia” – muito chato ir sempre ao mesmo lugar.

De qualquer forma, concordo integralmente que o maior erro de um local é ir ao mesmo buscando referências ou, pior, réplicas de um terceiro. Para quem mora fora da região e frequente o “circuito” de capitais nordestinas fora dos resorts, há quem goste de ficar discutindo se Pipa é melhor que Canoa Quebrada e se alguma é melhor que Jericoacoara. Nos fóruns de mochileiros na Europa que ainda frequento, pululam discussões sobre “qual cidade é a Barcelona da Europa Oriental” e coisas do gênero.

Aliás, se tem algo que considero tosco em propaganda turística de destinos brasileiros para brasileiros são slogans como “Recife, a Veneza das Américas” ou qualquer coisa parecida. Não que referências histórias não possam ser consideradas, mas o desserviço à mente do turista menos informado é gigantesco com esse tipo de promoção.

Da mesma forma, acho chatas demais análises do tipo “o bairro xyz é o Baixo Augusta da cidade abc”. Se alguém gosta do Baixo Augusta (eu odeio e não vejo graça alguma), vai ir logo procurando atributos únicos que não são reproduzíveis por aí. Se alguém não gosta, pode evitar o local por já fazer associações negativas.

Ah, não. Eu não consigo repetir o mesmo destino assim quando se tem um mundo inteiro ainda a conhecer. Não sofro desse mal de procurar um lugar em outro. Mesmo pra quem sofre ainda acho mais jogo ir pra um lugar novo e não gostar tanto quanto gosta de um lugar velho do que nunca ir no lugar novo com medo de não ser tão bom quanto o velho.

Prefiro provar um novo sabor e não gostar do que nunca provar aquele sabor. Onde está escrito que o turista tem que amar toda viagem que faz, tem que gostar de todos os destinos? Comigo acontece muito de eu odiar pratos tipicos de um lugar que todo mundo ama. Sim, sou chata pra comer, rs, mas nunca deixo de experimentar. Qual a graça de ficar sempre no bife com batata frita?

Outra coisa, quando tem um lugar que a gente gosta muito de ir é bom dar um tempo, não ir todo ano, assim aumenta a saudade e o prazer ao retornar! 🙂

Realmente super bacana. Agora no natal estive no Meliá em Punta Cana e o esporte favorito da maioria dos brasileiros que estavam por lá era reclamar que o Iberostar da Praia do Forte era melhor. Ou que outro resort zê, dábiliu no Brasil era melhor.

Essas pessoas sempre que se esquecem que o forma de brasileiro ir à praia, diag-se de passagem talvez a melhor do mundo (fato: provavelmente não haverá tira-gosto em praias fora do Brasil), é única, e raramente será encontrada fora de terras brasucas.

    é verdade: Frase da minha esposa na Ilha de Capri diante do mar mais azul que eu já vi: “Mas não tem areia.. só pedras !!! e se me der fome? não rola um camarãozinho?”
    Sensacional….

    Ai meu Deus….como carioca ,nao entendia as praias em Fortaleza, com mesas na areia e pensava…eles vem a praia pra comer? hahaha.

    Tb carioca, acostumada a ficar na praia 1-2h, estranhei mas achei bom estar numa praia c/ uma boa infra: armários, banheiros… permitindo que v passe o dia com conforto e volte para o hotel sem o sal e a areia. Claro que em praias urbanas isso é impossível. Mas sem comparação, gosto dos dois tipos de praia. O importante é curtir a cultura e os hábitos locais. Tb adoro repetir lugares pq sempre é diferente, além de como já foi dito, se sentir um pouco dono do pedaço!

Concordo!
Ano que vem vou repetir uma viagem para porto de Galinhas no Beach Class. Mas desta vez vou levar meus pais. 😉

Não consigo sossegar e repetir lugares com essa tranquilidade ainda. Mas muitas das minhas melhores memórias de infância são de uma pousada que eu fui umas 300 vezes.

🙂

É difícil se despir das referências quando viajamos. E quando comparamos ao lugar onde vivemos? E quando viajamos procurando um lugar para morar?

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