Europa: 5 idéias que parecem boas no papel mas na prática só dão perrengue 1

Europa: 5 idéias que parecem boas no papel mas na prática só dão perrengue

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Trem noturno: não me pega mais

Eu sempre digo que já cometi todos os erros possíveis e imagináveis. E é por isso que eu tento (mesmo sabendo que muitas vezes será em vão) que outras pessoas não precisem passar por isso.

Algumas das idéias que, se eu fosse você, deixaria de fora da próxima viagem à Europa:

1 | Vou pegar o avião (ou o trem) bem cedo para aproveitar melhor o dia

No entusiasmo de fazer nossos dias na Europa renderem o máximo, temos o mau costume de marcar as continuações de viagem para muito cedo no dia. Só quando a gente está lá é que percebe a roubada que é ter marcado um vôo “interno” para as 6 ou 7 da manhã.

O deslocamento para o aeroporto e os procedimentos de check-in fazem com que a gente precise estar no aeroporto com duas horas de antecedência. Para um vôo às 6 da manhã, isso significa sair do hotel lá pelas 3 da madrugada. Acordar cedo na Europa, sobretudo no começo da viagem, é uma tortura: no inverno são 3 horas de diferença para o Brasil, no verão são 5. A sua noite anterior fica prejudicada, as horas de sono serão poucas e provavemente maldormidas. O transporte para o aeroporto, que normalmente já é caro, de madrugada fica mais complicado (e tenso: você vai dormir com aquela pulguinha de preocupação — será que o táxi marcado vai aparecer?).

Se a razão para marcar um transporte muito cedo é para aproveitar uma tarifa baratinha, a economia sai pela culatra — de madrugada, o único transporte ao aeroporto costuma ser o táxi.

Mesmo se a continuação de viagem for de trem, marcar muito cedo não é bom negócio. A tensão de acordar cedo vai prejudicar a noite e o sono, e cabular o café da manhã não é um bom começo para o seu dia.

A noite maldormida vai assombrar o seu dia, diminuindo sua energia e baixando a resistência do organismo (sobretudo se o esquema for se repetindo durante a viagem).

Dormir bem é importante para aproveitar sua viagem. Só marque continuação de viagem para muito cedo se não houver outra alternativa.

2 | Vou de trem noturno para ganhar a noite e economizar hotel

Esse é um truque antigo para economizar. No tempo dos passes baratos de trem, fazia parte do kit de sobrevivência do mochileiro na Europa. Você procurava uma cabine vazia, deitava “de comprido” e poupava uma noite de hotel.

Hoje dia esse esquema sai, para começar, bem mais caro do que antigamente. Nos trens noturnos, as únicas cabines são as de couchettes — cujo suplemento, nas cabines de 6 couchettes, sai uns 30 euros (mais caro que uma cama de albergue). Cabines exclusivas saem o preço de uma noite de hotel. E as poltronas simples, sem taxa extra, reclinam menos que os nossos ônibus convencionais (e estão posicionadas duas a duas, sem espaço suficiente para se esticar ao comprido).

Mesmo se você viajar com conforto (pagando por isso), o trem noturno não é conveniente. Você sai do seu hotel anterior ao meio-dia, continua borboleteando pela cidade que está visitando, pega o trem à noite, passa a noite tentando dormir (se o barulho não incomodar, se o vizinho não roncar, se você conseguir se desligar do fato de a sua mala estar num rack na entrada do vagão…) e chega ao destino supercedo. A cidade ainda terá acordado, se for inverno estará um frio do cão, e o seu quarto — e o seu banho — talvez só estejam disponíveis às duas da tarde.

Deixe os trens noturnos para os viajantes a negócio, que saíram de casa de banho tomado às sete da noite, levam só uma maletinha que acomodam junto à couchette e têm reunião de trabalho às 9 da manhã.

3 | Estamos em quatro (ou temos criança/idoso), por isso carro é melhor que trem

Não é o tipo de ocupante que torna a viagem de trem ou de carro mais conveniente: é o tipo de viagem. Carro em cidade grande ou em itinerários muito puxados não vale a pena, não importa quem você esteja transportando. Entrar e sair das cidades, mesmo com GPS, toma tempo e energia. Estacionar é difícil e caro. Calcular o tempo de viagem é inútil — na vida real (e ainda mais com criança ou idoso) não dá para dividir a distância entre os pontos pela velocidade máxima da estrada; a gente sempre leva mais do que isso.

Se o seu roteiro passa por cidades grandes e médias, o trem sempre vai funcionar melhor. Com criança ou idoso, cuide de sempre ter assentos reservados (é automático nos trens de alta velocidade da França, da Espanha e da Itália, e possível de ser feito em quase todos os outros países), chegue com 15 minutos de antecedência para embarcar as malas da família e evite baldeações em tempo exíguo (justamente para ter tempo de subir a bagagem da família). Trem é uma super experiência bacana para criança e mais confortável do que carro para idoso.

Deixe o carro para os trechos em que o possante se sai melhor: viagens por regiões delimitadas, usando estradas secundárias.

4 | Pra que engessar a viagem? Vou comprar um passe e decidir quando chegar lá

Esse é outro raciocínio de 20 anos atrás, quando os passes de trem eram baratos e sem letras miúdas. Hoje em dia os passes multipaíses são caros, oferecem poucos dias de viagem e exigem reservas e taxas suplementares para os trens de alta velocidade. Se você deixar para decidir seu roteiro já na Europa, talvez não encontre vaga no trem que deseja (alguns trens têm lugares limitados para portadores de passe).

Os únicos passes que continuam proporcionando o fator improviso são os passes internos da Alemanha e da Suíça — porque nesses países a grande maioria dos trens não exige reserva. Basta estar com passe válido para embarcar no trem que quiser, à hora que quiser.

Se você for ninja, você pode até descolar boas ofertas de última hora em hotéis. Mas se a procura estiver grande, vai pegar a xepa — e pagar mais caro do que se tivesse reservado com antecedência.

Pela minha experiência, a maioria de quem não quer “engessar a viagem” não está realmente à procura de uma viagem sem amarras. O que acontece é que, confrontado com tantas alternativas e vendo que não dá para conciliar tudo numa viagem só, o sujeito embarca numas de decidir depois de chegar.

Conforme-se com o fato de que todos os lugares que você quer ver não caberem numa viagem só. O melhor jeito de não engessar demais a viagem é ficar mais tempo em cada escala.

5 | Só vou viajar de avião e carro para poder levar mala grande

É incrível como muita gente decide o meio de transporte por causa do tamanho da mala.

Mala grande é uma das maiores fontes de perrengue numa viagem picada pela Europa, seja qual for o meio de transporte que você use.

Não seja escravo da sua mala. Viaje com uma mala M (65 cm de altura quando de pé) e uma vez por semana invista duas horas numa lavanderia para lavar camisetas e jeans.

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134 comentários

Excelente! Eu confesso que tenho um problema com mala. Ainda não aprendi a desapegar totalmente do meus unicórnios (vai que preciso deles, rsrs). O problema maior é quando vou a Portugal, pois tenho mil parentes, levo presentes para todos e volto com mais coisas ainda…

Perfeito seus comentários.
Viajei já 3 vezes para a Europa e fico em cada cidade “grande” no mínimo 5 dias. Faço delas um poll para cidades menores como por exemplo fico em Bruxelas, e daí vou para Bruges, Gent, Antuérpia, Dresden, etc. Uma delícia, tudo de trem.
Programo tudo antes de ir para a Europa.
Faço tudo de trem, as vezes pego 1 voo (quando de trem ou de ônibus é muito demorado , a exemplo de Praga até Amsterdam, ou quando vou para o interior ou desejo ver uma estrada linda (Toscana) alugo um carro.
Não saio de trem antes das 11 horas, tomo um belo café da manhã fecho as contas com calma vou em paz, não tem coisa melhor.
Parabéns pelo artigo
Tenho vários roteiros: Itália, Viena. França. Se alguém quiser escreva para [email protected]

Excelente artigo. As pessoas realmente tem problema com o uso do tempo. Esta história de levantar de madrugada, quando ainda está escuro, para chegar antes ou sei lá o que, é uma grande roubada. Em viagem, especialmente de férias, a gente tem que se permitir curtir, relaxar, usufruir. Incrível como as pessoas conseguem transformar uma viagem de férias in a boring agenda…

Parabéns pelo artigo. Eu aprendi muitos destes itens na marra. Mas há 27 anos atrás, quando fui para a Europa pela primeira vez, tudo era diferente e mais “romântico”.

Ric, to passando um mês na Itália, e por enquanto, em grande parte graças a tudo que li aqui, zero perrengue 🙂

Grande Ricardo! Na Itália os trens noturnos praticamente desapareceram por causa dos vôos low cost e dos trens alta velocidade.
Principalmente para mulheres viajando sozinhas como eu fiz não eram boa opção!

Mala grande não combina com nenhuma viagem! Já passou o tempo de se levar muita roupa. Quanto mais se viaja, menor fica a bagagem! Quanto a viajar de trem, é bom, mas eu prefiro, no interior da Europa, viajar de carro. A gente fica dona do seu nariz, para onde quer e, se nào gostou de algum lugar, segue adiante…

Fui p europa em abril e peguei voos internos muito cedo. Furada mesmo. Sorte que pesquiso muuuuiiito antes e descobri onibus que fazem transporte ate aeroportos da noruega. Se tivesse que pagar taxi estaria frito pois em nenhum lugar do mundo um taxi pro aeroporto deve ser mais caro que em Oslo. Enfim, o onibus me salvou.

Ricardo, como estou chegando perto dos 70 venho seguindo a sua cartilha à risca, por isso nunca tive esses perrengues. Tudo o que está aí no post é a mais pura verdade, posso garantir.

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