Tea (minha crônica no Divirta-se do Estadão)

Ilustração: Daniel Kondo

Ilustração | Daniel Kondo

Nunca fui muito fã de Londres. Aquele problema da primeira impressão, sabe?

A primeira impressão foi em 1985. Eu tinha estudado inglês por dez anos e era o maior fã do sotaque da BBC. Meu mundo caiu ao descobrir que ninguém, ninguém, ninguém na rua falava daquele jeito. Atrasei em dez minutos uma fila no McDonald’s porque não entendia que aquele “Fróiçã?” da garota do caixa era apenas um “Fries, Sir?”. Para piorar, o país vivia a fase mais deprê dos anos Thatcher. Fiquei pouquinho e, conforme anunciei aos amigos por meio de cartões-postais, fugi “para a Europa”.

Quando voltei, em 2001, Londres parecia ter se mudado de planeta. A cidade surfava a onda da “Cool Britannia” do Tony Blair. Seu novo logotipo era a roda gigante London Eye. Richard Branson tinha inventado a companhia aérea pop, enquanto Sir Terence Conran, das lojas da design, repaginava a cena gastronômica britânica. Confesso que gostei da estada mais do que pude admitir. Mas continuei achando (como se alguém se importasse) que Londres era “a Paris de quem prefere Nova York”.

A passada seguinte foi no verão de 2008. Minha antena apontou para East London, e aluguei por dez dias um apartamento em Bethnal Green, um bairro de imigrantes vizinho a Shoreditch, novo point da noite. E não é que comecei a me situar? A cidade estava repentinamente exótica. E barata, graças não só ao real supervalorizado, como também à profusão de redes de restaurantes competentíssimas que surgiram (pense assim em vários Almanaras dedicados a cozinhas diferentonas). Sem falar no onipresente Prêt, o melhor e mais saudável fast food do planeta (e seu ótimo concorrente Eat). Desde então digo (não que alguém esteja ouvindo) que “é mais fácil e barato comer bem em Londres do que em Paris”.

Estive por lá de novo semana passada com uma agenda de trabalho extenuante e posso afirmar que não reconheço mais aquela Londres que detestei na outra encarnação. Confirmei a minha simpatia por Shoreditch e já não vejo a hora de voltar.

Sei que da próxima vez vou gostar ainda mais – porque não repetirei a desfeita de não ter visitado o André Laurentino. Me perdoa, Dedé?

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42 comentários

Ric, apesar de concordar com todas suas outras opiniões sobre lugares que já visitei, com Londres me ocorreu o contrário. Tinha péssimas referências de amigos sobre a cidade, mas adorei na primeira viagem. Lali, dá um pulinho lá, é tão perto e vale a pena conhecer as duas cidades. Aí fica faltando só NYC para fechar as três capitais do mundo (rs).

    Acho que vou ter que dar um pulinho por lá, mesmo! E como NYC eu já conheço… fica tudo certo. 😉

Ai meu Deus… Desde que comprei a passagem p/ Paris, ida-e-volta por lá, passei a só ouvir elogios p/ Londres e tô me sentindo até obrigada a dar um pulinho lá, embora minha primeira idéia fosse ficar só na cidade-luz…. que dúvida cruel….rs.

Concordo, Riq. Londres está ótima. E as feiras com aquela profusão de comidas asiáticas deliciosas? E as antiguidades que, mesmo em Nothing Hill são muuuito mais baratas que no Brasil? E os sanduiches da Pret?

“Fróiçã?” é demais! 😆 Parece que escutei a vozinha falando!
E esta ilustração? Que coisa mais LINDA! 🙂

Desde muuuito pequena sempre sonhei ir a Londres. Aos 17 anos (2005), decidi realizar esse sonho estudando inglês por dois meses. Foi a primeira grande decisão da minha vida e eu sou muito feliz por tê-la feito. Foram dois meses incríveis em que percebi que tudo o que eu imaginava era pouco. A cidade, para mim, é muito melhor que qualquer sonho.

Voltei para casa em janeiro de 2006 e passei quase dois meses chorando dia e noite pois queria voltar para lá.

Em 2008, fui de novo. Dessa vez, apenas a passeio. A paixão aumentou ainda mais, tanto que eu decidi que depois que me formasse faria minhas trouxas e passaria um tempo maior na cidade em que sou mais feliz na vida – apesar de amar minha gelada Curitiba.

Em 2010, embarquei na minha última experiência por lá. Foram seis meses vivenciando a verdadeira vida londrina (que tentei relatar no meu e do meu namorado http://www.praveremlondres.com ) e tendo cada dia mais certeza que a vida que queremos está lá.

Agora, planejamos uma nova volta para continuar alimentando esse amor. 🙂

Dito isso, parabéns pela crônica. Apesar de não ser a minha realidade (paixão à primeira vista), fala muito da minha eterna lovely London!

PS: Da próxima vez que for a Londres nos procure. Pretendemos estar lá! 😉

Londres é uma das cidades para sempre na minha lista MAS só do final de maio até a metade de setembro ; fora deste periodo tem
o clima mais deprê que já vi .

Eu sempre fui muito fã de Londres, me encantei pela sua arquitetura rica, sem falar na educação do povo, nos melhores parques do mundo (na minha opinião), os museus mais interessantes, os monumentos históricos, a cultura britânica que tanto nos influenciou (e influencia), o maior ambiente cosmopolita na face da terra, a verdadeira capital da cozinha mundial, onde se encontra restaurantes de qualquer parte do mundo com muita qualidade à preços acessíveis, os Pubs, o Metrô, o ônibus de dois andares, os melhores supermercados, o Brick Lane, enfim não há cidade igual a Londres!

Como dizia um amigo meu, Londres não é uma viagem, é uma experiência de vida!

Eu, particularmente, tenho certa antipatia por Paris, e sei que no mundo há muita gente que nutri essa mesma sensação, no meu caso ficou abaixo das minhas expectativas, depois do quarto dia não aguentava mais ficar lá. Até recomendo ir pra lá, claro, mas no “continente” ainda prefiro Roma, Berlin e Amsterdam.

Agora, Londres realmente não está na Europa – está num mundo à parte! 🙂

Londres. Ah, Londres…

Primeira viagem com a Natalie, primeira por conta própria, sem malas (extraviadas pela Iberia/British), com pouca grana (Libra a 4 reais) e apenas com documentos, câmera e uma aliança no bolso.

Mesmo assim, a cidade nos tocou de maneira tão intensa que até Paris, o destino seguinte daquela viagem, ficou feia e chata.

Londres é nossa cidade do coração e sempre tenta se enfiar no meio de nossos roteiros pela Europa 😀

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