Torres del Paine, Chile: como é se hospedar no Tierra Patagonia, no relato da Miriam
O hotel Tierra Patagonia foi a terceira parada no roteiro da Miriam entre Argentina e Chile, desbravando o extremo sul do nosso continente.
Os hotéis Tierra são uma pequena cadeia chilena que também está presente no Atacama, com o Tierra Atacama, e em Chiloé, com o Tierra Chiloé. São destinos em si, conhecidos pela sua integração total com o lugar em que se instalam, tanto na arquitetura quanto no desenvolvimento de trabalhos junto à comunidade nativa e na preservação do entorno.
Este não é o primeiro relato no Viaje na Viagem sobre o Tierra Patagonia — já temos uma resenha publicada sobre ele, nas palavras da querida enviada especial Lu Malheiros. A experiência da Miriam faz coro e vem reafirmar nossas impressões positivas sobre este lugar tão especial:
Texto e fotos | Miriam K
O aeroporto de Punta Arenas, no Chile, é a principal entrada para o Tierra Patagonia, mas há também a possibilidade de se chegar por El Calafate, na Argentina.
No nosso caso, entramos por Punta Arenas, mas através de um cruzeiro Australis vindo de Ushuaia. Chegamos com o navio Stella Australis, depois de três noites a bordo navegando pelo Cabo Horn, Baía de Wulaia, Glaciar Águila e Isla Magdalena para visitar pinguins.
O traslado regular do porto de Punta Arenas até o hotel dura cerca de 4 horas para vencer os 339 km, mas é uma tranquilidade, pois as estradas são boas, piorando só um pouco depois da rotatória em Cerro Castillo.
Ao nos aproximarmos do hotel, temos a impressão que ele está mimetizado naquela paisagem meio pálida, de vegetação rala e baixa. Ao entrarmos, vemos que ele está em frente ao lago Sarmiento, de águas azuis cristalinas, e por quilômetros não há ninguém mais além de nós.
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O hotel funciona somente de setembro a abril, e agora em dezembro tínhamos sol até às 21 horas, e claridade até umas 22h30.
Como em todos os hotéis Tierra, tudo está incluído no preço da diária, da alimentação aos passeios realizados pela região, incluindo os trânsfers para quem fica três ou quatro dias.
São 40 quartos, distribuídos por dois andares, decorados de maneira rústica que combina com a paisagem. Há uma janela enorme voltada para o lago que ocupa quase toda a largura do quarto.
Toda a parte interna do hotel e parte da externa são revestidas de lenga (Nothofagus pumilio), uma madeira nativa típica da região mas que também é utilizada no reflorestamento. Isso dá uma grande sensação de aconchego, embora os ambientes sejam bem amplos e vazados. A decoração é minimalista e tudo é funcional.
Quando chegamos eles nos dão as opções de passeios que podem ser feitos e escolhemos na medida do interesse e da forma física de cada um.
Em uma das extremidades do hotel fica o salão onde são servidas as refeições e o café da manhã. É este o único ambiente em que há wifi, mas que é bem lento, quase parando.
É lá também onde há um bar onde se pode pedir bebidas ou um lanche rápido a qualquer hora, além de muitas cadeiras confortáveis para passar o tempo admirando a paisagem através dos quase 50 metros de janelas.
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Na última parte deste salão há um setor que é aberto na lateral e envidraçado em frente ao lago.
Os vidros são tão limpos que em uma ocasião vimos um casal de passarinhos voando em direção ao lago sem perceber que não dava para passar, e um deles se chocou contra o vidro e caiu. Foi de cortar o coração ver o outro passarinho vir ver de pertinho que o seu companheiro havia morrido.
O café da manhã é no estilo buffet e tem um dos melhores setores de pães e doces entre os hotéis que já estive.
As outras refeições têm menu pré-estabelecido com duas opções de entrada, duas de pratos quentes e sobremesas, mas é possível pedir uma massa, um frango grelhado ou ainda os itens do menu de lanches.
As opções são variadas e durante nossa estada houve vieiras, polvo, centollas, salmão, sashimi de atum, merluza negra, cordeiro patagônico e até mesmo filé de guanaco, aquele animal parente dos camelos que corre solto pela estepe patagônica.
Fiquei um pouco chocada por servirem aqueles bichinhos que acabara de ver soltos, mas pesquisando, descobri que a Patagônia é o único lugar em que eles não estão ameaçados de extinção e é autorizada a caça de 1700 a 3000 animais por ano.
A carne lembra muito a de vitela, bem magra. Estou longe de me tornar vegetariana, mas nesse dia, escolhi a outra opção.
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Em geral os pratos são bem apresentados, mas nem sempre são muito fartos. Quando se fala de salada, são cinco folhinhas disso ou daquilo, artisticamente dispostas, com alguma guarnição e um toque de molho colorido enfeitando o prato.
Vale lembrar que o cultivo é feito no local, em estufas. As sobremesas doces são deliciosas e lindas, parte da patisserie do café da manhã.
No primeiro dia de passeios fomos logo cedo observar pássaros perto da Laguna Azul. Acho que não tivemos muita sorte, pois somente as nossas companheiras de passeio, fotógrafas da China que tinham lentes de 800 mm, conseguiram ver um casal de cisnes de pescoço negro.
Cruzeiro pela Patagônia:
Ushuaia a Punta Arenas no Stella Australis (relato da Miriam)
A nossa guia, Palin, era da Turquia, e era uma grande interessada em aves, via e ouvia tudo que era de passarinho e se divertiu bem mais do que nós.
A única coisa que se salvou no passeio foi o encontro de um grande bando de guanacos, sendo muitos deles com filhotes. Depois do almoço, fizemos mais um programa de índio que foi a cavalgada na Estância Lazo com um casal de escoceses.
A ideia era conhecer a vida dos gauchos na estepe, que é muito sacrificada por causa do clima. Passeamos por um bosque, atravessamos rios, mas acho que foi a última vez que caí nessa história de passeio a cavalo.
O passeio do dia seguinte foi muito mais interessante e finalmente conseguimos fotos bonitas. Chama-se Laguna Azul e certamente o tempo ajudou para vermos o Maciço Del Paine a partir de lá, e pudemos visitar a cascata do rio Paine numa caminhada de 30 minutos, já dentro do Parque Nacional.
As montanhas podem ser divididas em Paine Grande, Cuernos e Cerro Almirante Nieto. Elas estão sempre parcial ou totalmente encobertas por nuvens, então é preciso uma grande dose de sorte para conseguir uma boa visualização.
Acho que o guia Felipe tinha São Pedro nos favoritos no celular. A gente chegava, estava nublado, dali a alguns minutos o tempo abria só o tempo suficiente para algumas fotos e fechava de novo.
O tempo na Patagônia é muito instável, faz sol e chuva em questão de minutos e de tempos em tempos é possível até pegar um arco-íris que também dura somente alguns minutos.
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Há vários outros passeios com diferentes graus de dificuldade, sendo que um deles chama-se Base das Torres e tem uma caminhada em subida por 18 km em 7 ou 8 horas.
Conhecemos um casal de americanos que tinha feito esse passeio e realmente as fotos ficaram maravilhosas, mas… esse não era para nós.
À tarde ficamos descansando no spa do hotel, que tem uma piscina interna com vista para as montanhas e uma jacuzzi ao ar livre. Há também vários tipos de tratamentos que podem ser utilizados com pagamento à parte.
Um passeio imperdível se chama Macizo Paine que dura o dia todo e tem uma navegação opcional pelo Lago Grey para visualização do Glaciar Grey. Este é o único passeio em que há um pagamento à parte que se refere à navegação, que custa US$ 170 o casal (preço de 2016).
Se tiver somente um dia disponível, este é o passeio que considero mais significativo, pois nele vemos o Maciço Paine bem de perto e o Glaciar Grey numa de navegação de cerca de 3 horas de ida e volta.
Para chegar ao barco há uma caminhada sobre pedregulhos de cerca de 1,5 km que é de arder as pernas, mas em compensação, podemos ver uma porção de icebergs azuis flutuando nas laterais do caminho.
O barco tem uma parte externa e outra interna para quem quer ficar mais protegido do vento, e no final há drinks com gelo dos glaciares, em uma festa muito divertida. Durante o passeio o guia leva castanhas, frutas secas e queijos para quem ficar com fome, e também tem cerveja.
Foi aqui em Torres Del Paine o lugar onde mais tivemos contato com a natureza e animais livres, como guanacos, raposas, lebres, carneiros e aves, com a impressão de que eles estão em equilíbrio com a atividade turística.
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Na saída eles nos fornecem um voucher para plantar um pé de lenga e ajudar a reflorestar a Patagônia. Com ele entramos num site e lá eles têm um vídeo que explica como funciona e daí a gente planta a nossa árvore, que depois pode ser localizada pelo Google Maps.
No dia seguinte fomos para El Calafate, na Argentina, a nossa última parada, com o trânsfer do hotel, junto com outros turistas que também estavam seguindo viagem. São cerca de 5 horas, pois demora cerca de uma hora para passar pela imigração no lado argentino.
Resumindo, o Tierra Patagonia é um hotel que pode ser o programa completo de uma viagem, já que no preço estão inclusos os trânsfers a partir de Punta Arenas ou El Calafate, e também os passeios que podem ser realizados pela região.
Por ser um hotel confortável, embora não luxuoso, serve também para descansar e relaxar admirando uma linda paisagem.
Que espetáculo, Miriam! Obrigado!
Leia mais:
- Ushuaia: a porta de entrada para o fim do mundo, no relato da Miriam
- Torres del Paine: aos cuidados do Tierra Patagonia
- Patagônia de carro: El Calafate, El Chaltén e Torres del Paine (outra bela viagem do Silvio)
- Patagônia: como se deslocar entre os destinos (de avião, ônibus e barco)
- Dicas de Torres del Paine e Puerto Natales no Viaje na Viagem
- Quer publicar seu relato no Viaje na Viagem? Veja como
11 comentários
Em um outro link do site, ele aponta que a diária para casal é US$1.400 (data de 2012) para 5 noites.
Estes preços são muito, mas muito diferentes hoje:
https://www.tierrahotels.com/rates/tierra-patagonia-rates-2016-2017.htm
US$4.100 POR PESSOA, para as mesmas 5 noites.
Olá, Guilherme! Significa que a diária era de 700 dólares por pessoa, por noite. Multiplicando por 5, dá 3.500 dólares por pessoa para 5 noites. A tarifa para essas cinco noites subiu, em 4 anos, de 3.500 para 4.100 dólares por pessoa. Não é muito.
Usando o mesmo raciocínio, hoje escreveríamos que a diária para casal é de US$ 1.640 para o programa de 5 noites. 1.640 x 5 = 8.200 por casal ou 4.100 por pessoa em ocupação dupla.
Oi bóia, é sim, na página de Torres del Paine – https://www.viajenaviagem.com/destino/torres-del-paine
Olá, Adri! Localizei e corrigi, muito obrigada!
Sempre às ordens, Bóia linda! 🙂
(pessoal, tou clicando nos links do relato do Silvio pra saber da experiência de carro pela Patagônia e tá caindo no relato da Miriam) 😉
Olá, Adri! Onde isso está acontecendo? É em alguma página de destino?
Uau, que coisa delicia ser mimado pelo Tierra!!! Os passeios devem ter um conteúdo e serviço bem especial!!!!
Pessoal, uma pergunta. Qual a vantagem que vocês vêm em alugar um carro em Puerto Natales? Alguns são a favor, outros contra. Vejo que há passeios de um dia inteiro pela região, que só dá pra fazer pelas agências, então o carro seria total desperdício. Vale a pena? Há rotas que se pode fazer independente, de carro?
Excelente relato Miriam. Conheci o hotel em uma viagem realizada em novembro de 2015, embora tenha preferido ficar no The Singular Patagônia em Puerto Natales. Essa decisão levou em consideração à liberdade para escolher passeios e restaurantes. Como p Tierra Patagônia fica isolado de tudo, fiquei com receio de ficar limitado às opções de escolhas. A vantagem é que fica dentro do Parque Nacional Torres del Paine.
Adorei. Impressão de estar participando do passeio.
Adorei, Miriam!
Estou programando uma viagem à Patagonia, fazendo os 2 lados numa mma viagem, o q ñ é mto comum de encontrar, i.e., ñ tem roteiro pronto aos montes por aí. Então, esses seus posts foram ótimos! Estávamos pensando em fazer de carro, mas depois do seu relato, pq n de navio? Vamos avaliar essa possibilidade tb. Acho q vou copiar esse seu roteiro, incluindo a caminhada à base das torres.
Desculpe, talvez vc já tenha escrito por aí, mas o seu aéreo foi na ida até Ushuaia e na volta de El Calafate?