Testada e aprovada: Barra Grande, no Piauí, uma praia BBB

Pousada Ventos Nativos, Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)
Pousada Ventos Nativos, Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)

Um dos pontos altíssimos do meu rali pelo litoral brasileiro no ano passado, para terminar o 100 praias que valem a viagem, foi ser apresentado a Barra Grande, uma linda praia piauiense 50 km a leste de Parnaíba. Nos últimos anos, o lugar foi descoberto por kitesurfistas gringos; quem me deu a dica foi o Thiago Parente, que é de Teresina.

Passei muito rapidinho — era um rali, pouquíssimo propício a um campo inicial — mas meu radar acusou um potencial altíssimo. A beleza da enseada; a gostosura do mar (meio que de tombo, bem diferente do padrão rasinho e encrespado do litoral do meio-norte); o astral do vilarejo (potencializado pelo bom-gosto dos que estão chegando) e a dificuldade de acesso (não há aeroporto por perto) me fizeram declarar Barra Grande o grande achado da expedição. (“A melhor parada para descansar e pegar uma praia entre os Lençóis Maranhenses e Jericoacoara”, foi mais ou menos o que eu, ahn, decretei.)

Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)
Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)

Um dos primeiros a ir conferir a dica foi meu chapa André Galhardo, diretor de arte carioca com raízes piauienses. Depois de ter passado muitas férias na infância e adolescência em Parnaíba, ele estava curioso para testar a novidade, a bordo da patroa e do pimpolho. E eu, curioso com o que ele ia achar.

Ao voltar ele já me mandou um email dizendo que tinha adorado. Mas o fidibeque completo só chegou há algumas semanas (logo depois do blog se mudar para cá). Aí vai o relato completo — incluindo as roubadas 🙂

Acabei de ler seu post das ostras catarinenses – e jurei que ainda hoje te escreveria para falar sobre as ostras piauienses de Barra Grande 🙂 Lá nos esbaldamos, aproveitando a cotação de R$ 5 a dúzia! Ainda com delivery: Marcos, dono de uma das fazendas de ostras que fica no delta logo ao lado, ainda leva um isoporzinho na sua pousada com ostras recém-colhidas, limão e faquinha… (O telefone do rapaz:           86/9931-0176         .)

Café da manhã pé-na-areia, Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)
Café da manhã pé-na-areia, Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)

Para ser perfeito, só faltava um bom espumante, nacional mesmo. Mas as cervejinhas do Bistrô, bar/restaurante da pousada Ventos Nativos sempre estavam geladinhas. O dono do Bistrô e da pousada é o Mathieu, um francês de 25 anos que há 5 passou por lá para andar de windsurf e conhecer a família de sua mãe. Aí, já sabe – virou clichê: o francês enlouqueceu com lugar, decidiu ficar… e se apaixonou pelo kite.

(Aliás, é muito engraçado ouvi-lo falar português com sotaque de piauiense: “Ô neguim, sigure a vela do kite pra mim, sigure…”)

Pousada Ventos Nativos, Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)
Pousada Ventos Nativos, Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)

Ficamos lá mesmo na Ventos Nativos e fomos ultra bem tratados. Pé-na-areia, na frente da ponta que surge na maré baixa, super café da manhã… diária de 140 paus/casal – e não cobraram nenhum adicional pela presença do João, de 4 anos. (Detalhe: todas as “melhores” cobram 140 reais mas só “a melhor” não cobra adicional por criança.)

Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)
Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)

Sobre a praia… bem sobre a praia o que acrescentar, já que você já definiu tão bem Barra Grande: simplesmente um dos melhores banhos de mar do Nordeste. Praia com água cristalina, piscininhas etc etc… pedir mais o quê?

Ok, pediria só para os kites invadirem com menos freqüência o melhor banho de mar do nordeste, ficando lá na pontinha deles, bonitinhos. Tira a tranqüilidade – e é perigoso mesmo, ainda mais com crianças na área.

Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)
Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)

É um esporte lindo e fiquei feliz ao ver como o kite traz progresso sem quarto-de-empregadizar* o lugar. Mas eu precisava ter tido a infeliz idéia de tentar aprender a velejar naquela pranchinha? Olha, sou carioca, 20 anos de praia, surfista etc etc… mas aquela coisa é muito difícil!!! É fácil cair na tentação, por isso peço que desencoraje desavisados com todas as forças.

Os “instrutores” tentam faturar uma grana com um “curso rápido” que custa por volta de 800 reais mas que, na maioria das vezes, resulta apenas em litros de água salgada no seu nariz.

Porque depois de aprender a empinar a pipa, o próximo passo é dominar a técnica de “Body Drag” – que consiste ser arrastado pelo Kite na água sem prancha. Mais ou menos como nos filmes do velho oeste, quando o mocinho é arrastado no chão por uma corda presa ao cavalo do bandido, sacumé? Litros de água no nariz, nem quero lembrar 🙁  Algo pior aconteceu com uma turista: “dragou” uma caravela, aquela água viva… ai, ai, ai.

Ou seja, melhor caminhar pela praia, ver os gringos arrepiando ou pegar um bote da Barratur — e passear 1h pelo Delta para tirar fotos de cavalinhos marinhos.

Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)
Barra Grande, Piauí (foto: André Galhardo)

Mas voltando à praia, se não me engano você não citou outro ponto fortíssimo: na maré baixa surge uma ponta de areia e rochas, que entra mais de 1km para dentro do mar. Bem na frente da Ventos Nativos. Quando a maré começa a subir, surgem dezenas de piscinas e algumas ilhas — sensacionais! Diria que é a “melhor ponta do nordeste” 😉 – pelo menos bem mais longa e interessante que a de Corumbau.

Enfim, tinha muito mais coisa para fazer. Ir para Jeri pela praia por exemplo. Mas relaxamos e depois de 4 dias voltamos para a fazenda do meu avô, felizes da vida por termos descoberto esse paraíso. O João adorou.

Barra Grande, Piauí (foto: Gabriela Galhardo)
Barra Grande, Piauí (foto: Gabriela Galhardo)

Obrigado, André!

Eu acrescento: Barra Grande é uma excelente opção para pegar praia em julho: lá em cima no meio do ano o tempo já está firme, o mar está azul, e os preços são camaradíssimas. Além da Ventos Nativos, considere as pousadas Casa TartarugaBGK, Vento do Mar, Rota dos Ventos, Casa Taboa (         86/3369-8051         ) e Pontal da Barra ( 86/3369-8100 ).

Como o aeroporto mais próximo é o de Teresina, 410 km para o sul, aproveite para visitar outros tesouros do Piauí, como os parques da Serra da Capivara e das Sete Cidades. Os passeio ao Delta e aos Lençóis Piauienses podem ser feitos a partir de Barra Grande mesmo.

*quarto-de-empregadização: o André se refere a um fenômeno que eu já relatei e que costuma acontecer em vilarejos de praia recém-descobertos por forasteiros; os nativos tentam dar um upgrade a suas pousadinhas, mas acabam transformando acomodações rústicas em bregas. Barra Grande do Piauí conseguiu pular essa fase…

Leia também:

Ponha no mapa: Barra Grande do Piauí

147 comentários

Pode parecer bobo, mas ri demais com essa de “Renato” e com o começo da resposta da Dani S.

Raquel, além dos imprescindíveis posts da Luisa, em português também há alguns comentários de cunho prático no guia do Zizo Asnis(www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=2547650&sid=124224217113778655919660&k5=2AA08628&uid=).

Sobre agências, outra com foco na Rússia é a Tchekhov (www.tchekhov.com.br).

Para uma pequeno adiantamento do que você vai encontrar lá, veja algumas fotos em https://netviagens.sapo.pt/forum/home.aspx?topDestinos=Russia

Em julho iremos ao Piauí, e como a visita a Parnaíba é certa, Barra Grande que já estava na lista, agora está confirmada.
Li o post e enviei pra uma colega do trabalho que já morou em Jeri e que conhece a região, perguntando se ela conhecia BG. Ela me respondeu: “se eu conheço BG??? Eu tenho um terreno lá!!” 🙂
Ela encaminhou o post pros amigos que foram de Jeri pra BG, abrir pousada, restaurante, etc.

Nossa, nem imaginava que meu despretencioso email poderia ganhar o selo PRQ (Padrão Riq de Qualidade) e virar post. 😉
Fico ainda mais feliz ao ver que pude ajudar a revelar esse segredinho do Piauí para tanta gente. Obrigado pelos comentários!
Outra dica: quando forem de carro de Teresina… não se esqueçam de fazer rum pit-stop no Posto Cocal de Telha (Km 227, entre Campo Maior e Pitipiri) e passar na lanchonete para comprar um vidro de doce de caju + o melhor queijo de coalho do Brasil, feitos na fazenda do meu avô, Argeu. 😉

Oi, Renato, tudo bom?
Posso pedir uma ajuda sua e dos leitores?
Minha mãe quer ir à Rússia (Moscou e São Petersburgo), mas como é longe e caro pretende montar um roteiro, tipo Rússia + Leste Europeu ou Rússia + Escandinávia, com uma parada em Portugal no final da viagem para ver a família. A idéia dela é ir em agosto, tem medo de pegar muito frio, mas é alta temporada… Outro problema, minha mãe odeia excursão e quer ir com um roteiro mais ou menos esquematizado, mas que dê uma certa liberdade para mudar alguns planos.
O que você acha? Melhor deixar para setembro? Encarar uma excursão? Rússia + Escandinávia? Rússia + Leste Europeu? Estou rodando a web atrás de informações, mas como é difícil!
Obrigada!

    Raquel, o nome do Comandante é RICARDO, tá?
    A escolha da dobradinha com Rússia vai depender dos interesses da sua mãe. Descreva pra nós, que fica mais fácil dar pitacos. Escandinávia é famosa pela beleza natural; o Leste Europeu é mais legal pra quem curte cidadezinhas charmosas.
    A Luíza – cujo blog está listado à direita – já escreveu tudo a respeito de como organizar uma viagem independente à Rússia. Eu ainda não me arriscaria (mas é a minha opinião). A solução mais viável seriam os pacotes, já montados, mas sem excursão. Sei que a operadora especializada em Rússia no Brasil é a Tchayka, cheque com eles primeiro.

    Dani,

    eu sei, foi ato falho porque o chefe é Renato e estava atazanando a paciência enquanto eu digitava.

    O interesse dela é mais cultural, sempre, mas a idéiá de juntar a Escandinávia é que depois ela poder voltar ao Leste Europeu com Alemanha…

    Obrigada!

    Raquel, eu nunca fui à Rússia. Mas, como já disse a Dani, todos que vão falam da dificuldade que é se virar sem saber russo ou entender o alfabeto cirílico.

    Ao lado de destinos como Egito e Índia, acredito que este seja um lugar onde seja possível aproveitar melhor em grupo guiado, sobretudo se houver uma ênfase à cultura.

    Para ver como se virar sozinha, siga o conselho da Dani e vá aos posts da Luisa no Arquivo de Viagens https://arquivodeviagens.wordpress.com/category/russia/

    A agência mais especializada em Rússia, como já disse a Dani, é a Tchayka https://www.tchayka.com.br/

    Agosto é o mês mais quente do ano em toda a Europa. (Isso não significa que ela vá passar calor na Rússia, mas vai ser o mês em que vai passar menos frio.)

    A escala em Portugal está mais fácil, agora que a Tap voa até Moscou.

    Mesmo que você não pegue excursão, resolva essa viagem com um agente, porque destrinchar essa passagem (seja para as bandas da Escandinávia, seja na Europa Central) vai dar bastante trabalho, e trem não é uma opção.

    Ricardo,

    obrigada! Desculpe ter te chamado de Renato, já postei aqui outras vezes, mas o chefe (Renato) estava atrapalhando enquanto eu escrevia!

    Eu também acho que é melhor ir em grupo, vou tentar convencê-la!

    Obrigada pelos links!

    Bjs grandes

Olha, o Piauí foi um dos estados brasileiros q mais me surpreendeu positivamente. Achei bem preparado pro turismo, com lugares deliciosos e muito barato. Não fui a Sete Cidades, mas fiquei com água na boca pra ir. E esse post só aumentou minha vontade mais ainda. 🙂

opa! mais um BBB que eu preciso conhecer no Brasil – quando eu voltar! hehehe

Conferi Barra Grande em janeiro deste ano e assino embaixo de tudo que o Riq e o Galhardo disseram. O lugar é realmente bonito, e tem a grande vantagem de não ter a super-lotação da maioria das praias em epoca de férias escolares. Fiquei hospedada em Luis Correia, e lá recomendo também uma visita ás praias de macapá e maramar, cada uma mais bonita e agradável que a outra. E pra quem for aventureiro, faça a viagem de carro, de Brasília são “só” 2300 quilometros. Vale a pena para ver melhor e conhecer o sertão nordestino, desconhecido da maioria dos brasileiros do “sul”.Sete Cidades também vale a visita, as formações rochosas são impressionantes.. O passeio ao Delta, na minha opinião é o mais desinteressante de todas as belezas que o Piauí tem a oferecer.

Sorte que umos vão antes a conhecer e testar para que despois podan ir outros… Vou anotar rápido. Minha lista de dicas do Brasil é enorme…
Lindas fotos

Confesso que nunca tinha me animado mto pelo Piauí, mas depois deste post e das fotos, e da possibilidade de aliar Barra Grande c/outros lugares, já que é tão longe, comecei a ficar interessada, apesar de ñ gostar mto de vento. Além disso, um achado do comandante há que ser considerado sempre (vide o Toque nos velhos tempos!)!!

Bem, pelo que li, junho a setembro é a época boa p/ir lá, fugindo dos kites e do vento forte. Barra Grande é um vilarejo? Gostaria de mais informações sobre como conjugar Barra Grande c/Lençóis Maranhenses, que ñ conheço. Dá prá fazer por cta própria ou melhor entrar num pacote e esticar no final p/B.Gde? E, se desse p/esticar mais, valeria a pena ir até Jeri? Como se vai, só de 4×4?

    Barra Grande é um vilarejozinho muito do bonitinho, Lu. É um distrito de Cajueiro da Praia, que já é uma vila maiorzinha. Fica perto de Parnaíba, cidade antiga, porta do Delta, e de Luís Correia, que é o “balneário” do Piauí (a elite tem casa na praia do Coqueiro; há outras praias mais desertas, como Macapá, e outras superloteadas, como Atalaia).

    O lugar só é longe, mas o acesso é por asfalto.

    Dá para vir de carro desde Jijoca (uns 110 km a leste), em estrada novinha. Jijoca é o lugar mais próximo de Jericoacara aonde se chega pelo asfalto.

    Para vir do Maranhão o melhor é pegar um 4×4 em Caburé até Tutóia, voltando então ao asfalto (ou atravessando o delta em barco fretado).

    O meu post sobre Lençóis + Delta + Jeri está aqui; substitua Luís Correia por Barra Grande. https://www.viajenaviagem.com/2007/04/de-sao-luis-a-fortaleza-pra-flavia/

    Valeu, Riq! Vou lá olhar o post! Mas, duvido mto que eu me anime a volta a Jeri…era tão bonito qdo fui há uns 20 anos…só mesmo se o maridão quiser conhecer!

    Lu, pro meu gosto Jeri tá mais bacana hoje do que há vinte anos…

    Barra Grande tem o charme da Jeri daquela época — só que sem as dunas (e com pousadas melhores do que Jeri de 1989).

    Lu, jeri sempre vale a pena! Só recomendo que vc vá em épocas sem feriados como semana santa, carnaval e reveillon (pq ai fica lotado, caótico, cheio de carro de som tocando tudo que é tipo de música que vc imaginar). Fora dessas épocas a praia continua linda, as lagoas maravilhosas e a duna emocionante. Vale voltar lá!

Se não for pedir muito, um roteirinho gastronômico básico de Teresina complementaria bem o post. Uma paradinha na cidade muito quente do Brasil, na ida ou volta, é uma boa pedida.

    Rosa, sou do Piauí e moro em Porto Alegre. Como vou a cada ano, ano e meio a Teresina, corro o risco de dar dica de algum lugar que já fechou. Mas encontrei esta listinha aqui:
    https://www.piaui.com.br/internas.asp?ID=217
    Destes, conheço e recomendo os Favoritos e o Dona Maria. Tem um outro bem simples e bem antigo: Carnaúba. Mas a comida é ótima e o preço é justo. Ou era. 😉

    Rosa prometo que assim que chegar num pc te passo as dicas.

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