O carnaval de 2010 registrou uma verdadeira folia de mau atendimento a passageiros ao redor do planeta. Aqui no Rio, um vôo da U.S. Air que deveria levar cariocas para longe do carnaval na quarta-feira dia 10 só decolou de verdade na sexta-feira dia 12. Em duas tentativas anteriores, o avião que faria a rota apresentou problema na refrigeração e voltou ao Rio logo depois de partir. A companhia, novata na rota Brasil-EUA, demonstrou notável falta de capacidade de reação ao não conseguir nem trazer outro equipamento nem distribuir seus passageiros por outras companhias (sendo que United, Continental e de uma certa forma a TAM pertencem à mesma aliança). Mais uma vez a U.S. Air demonstrou o que o Rodrigo Purisch do Aquela Passagem já tinha dito -- que se trata de uma cia. convencional com espírito de low-cost.
A maior papagaiada da temporada, porém, aconteceu com a notória Ryanair -- que, não podendo pousar em Lanzarote, nas Canárias, aterrissou numa ilha próxima, Fuenteventura. Muitas outras companhias aéreas fizeram isso e acomodaram seus passageiros em hotéis para seguir viagem no dia seguinte. O que fez a Ryanair? Sem dizer nada a ninguém, trouxe seu avião de volta a Londres, abandonando os passageiros num aeroporto sem guichê da companhia. Todos tiveram que tratar sozinhos de sua hospedagem e demoraram para saber que no dia seguinte poderiam continuar a viagem de ferry-boat, tão logo o serviço fosse retomado. A Ryanair promete ressarcir a noite passada no hotel -- mas, cá entre nós, a sensação de abandono mereceria uma senhora de uma indenização. Coisas de low-cost, que ficam ainda mais cruéis quando feitas pela Ryanair.
Passageiros de navio também tiveram suas viagens prejudicadas por causa de mau tempo. Em Fortaleza, um navio da MSC partiu uma hora antes do previsto, deixando 100 passageiros em terra. A explicação foi que os ventos tornavam arriscada a permanência do navio no porto e o comendante antecipou a partida. A companhia vai ressarcir os prejudicados ou oferecer outras datas para a viagem -- mas, de novo, estragar férias desta maneira envolve um dano muito maior do que o preço pago pelo cruzeiro.
Finalmente, pesquisando sobre esse incidente, acabei sem querer achando mais uma notícia de navio que não conseguiu fazer escala em Noronha por causa do swell. Aconteceu na quinta-feira antes do carnaval, dia 11, e 650 passageiros não puderam desembarcar na escala mais desejada do roteiro. O swell estava tão forte que mesas e cadeiras viraram no restaurante (era hora do café da manhã) e na área da piscina; houve um princípio de pânico entre os passageiros. O que é mais uma prova de que esta é a época mais inconveniente possível do ano para esta rota (o swell é um fenômeno típico do verão no arquipélago, todo ano tem). Não desembarcar em Noronha não dá direito a nenhuma espécie de compensação; está no contrato de qualquer cruzeiro que as escalas podem ser abortadas em caso de mau tempo.
E você? Já foi abandonado alguma vez no chão? Como fez para se virar? Conseguiu ressarcimento? Conta pra gente!
Foto gentilmente surrupiada daqui.
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