Cancún, Playa del Carmen ou Tulum? Todos! (Por Érica de Paula)

Tulum, praia em frente ao La Zebra. Foto: Erica Arruda

Está em dúvida aonde ir na Riviera Maia — se monta base em Cancún, em Playa del Carmen ou em Tulum? Pois a Érica de Paula passou quinze dias por lá e encontrou qualidades nos três lugares. E neste relato, feito para o Viaje na Viagem (obrigadíssimo, Erica!), ela revela como extrair o melhor do que cada uma dessas bases tem a oferecer.

Texto e fotos | Érica de Paula

Para retribuir todas as dicas que peguei aqui no VnV, fiz um breve (?) relatório com toques de quem passou 15 dias em lua de mel no México, dividindo a estadia entre Playa del Carmen, Tulum e Cancún.

Quando, há alguns meses atrás, manifestei meu interesse de me hospedar nos três lugares, me lembro do Riq responder que se eu gostasse de Tulum, certamente não gostaria de Cancún, e vice-versa. Concordo que o esquema de cada um é completamente diferente, mas, hoje, posso afirmar que sim, se você é uma pessoa eclética e de cabeça aberta, é possível curtir igualmente os três ambientes, por mais diferentes (e até opostos) que sejam!

De forma geral, enquanto Cancún te oferece um mar muito bonito (mas cujas bandeirinhas vermelhas estão sempre hasteadas e ninguém entra), o luxo do resort que você escolheu se hospedar, grandes shoppings e uma vida noturna badalada, Playa del Carmen tem um mar igualmente bonito (mas possível de entrar e curtir), opções de resorts luxuosos ou pousadas charmosíssimas e uma vida noturna igualmente animada (com filiais das duas maiores casas noturnas  de Cancún e a opção de curtir uma baladinha na areia da praia, nos clubes de praia que se transformam a partir das 23h).

Quinta Avenida, Playa del Carmen. Foto: Erica de Paula

E claro, Playa tem o que pra mim fez toda a diferença: a Quinta Avenida! Aquele lugar não existe…foram 10 dias por lá e eu não consegui cansar (falo por mim, não pelo meu marido, já que aquilo ali é o paraíso das mulheres). A cada dia, um restaurante, bar ou pub mais charmoso e interessante do que o outro, com aquela mescla de lojinhas de artesanato e grandes grifes. E o melhor de tudo: concentrados no mesmo lugar (os taxistas passam o dia inteiro encostados esperando alguém precisar deles, já que dá fazer praticamente tudo a pé).

Tulum não se pode comparar com nenhum dos dois. É como sair um pouco do mundo em que estamos acostumados e se refugiar num lugar paradisíaco, onde só existe você, a lua, os coqueiros, o mar azul, a areia branca, a margarita e os nachos mexicanos (claro).


Tulum
Descubra a sua praia

Primeira parada: Playa del Carmen

Em Playa, nos hospedamos no resort Gran Porto Real, num sistema all inclusive que atendeu todas as nossas expectativas de atendimento, conforto e gastronomia (mesmo sendo vegetarianos). O resortão da mesma rede que fica ao lado (The Royal) é razoavelmente mais caro, mas não acredito que a diferença de luxo compense a diferença de preço. Na verdade até preferimos o nosso, mais colorido e mexicano, do que as imponentes construções de mármore do outro que, além de 5 estrelas, tem 2 diamantes (descobri essa informação quando, na minha inocência, resolvi perguntar para um funcionário de lá se nós do Gran Porto Real poderíamos usar os restaurantes do Royal. A resposta dele foi: “Me desculpe, mas é claro que não. Vocês tem apenas 5 estrelas. Nós temos 5 estrelas e 2 diamantes.” Pode?!).

Playa del Carmen, em frente ao Gran Porto Real. Foto: Erica de Paula

No primeiro dia em que chegamos me dei conta de que os 7 dias que ficaríamos em Playa não seriam suficientes para descansar no resort, curtir a praia, a Quinta Avenida e fazer todos os passeios que queríamos (outra grande vantagem: todos os grandes atrativos turísticos da região ficam mais próximos de Playa do que de Cancún). Então, ligamos para o resort de Cancún onde havíamos feito uma reserva de 5 dias e diminuímos para 2, de forma a ganhar mais 3 dias em Playa (e claro, num sistema que não fosse all inclusive, para podermos aproveitar os restaurantes locais sem culpa).

Feito isso, passamos os 7 dias iniciais dividindo o nosso tempo entre comer, dormir, piscina, mar, comer e dormir. Também fomos à famosa Coco Bongo (que sinceramente eu não gostei, motivos no final do relatório), nadamos com golfinhos no Delphinus e mergulhamos em Cozumel com um guia nativo que depois nos levou (na brodagem total) no carro dele para conhecer o outro lado da ilha e todas as suas praias desertas (super recomendo esse cara, o nome é Jorge Pacheco e o telefone é 45/987-111-90-88, email [email protected]).

Saiu muito mais barato pegarmos o ferry para Cozumel por conta própria e contratar esse cara para mergulhar conosco do que contratar uma empresa que leva um grupo (eu não tinha experiência em mergulho com tanque e ele passou 40 minutos me ensinando tudo que precisava antes de mergulharmos, além de tudo ele fala e entende português razoavelmente bem). Digo isso porque, no caso dos grupos e das empresas de turismo, normalmente se faz apenas snorkel, todos os barcos param no mesmo ponto de mergulho e são pelo menos 50 pessoas tentando ver os peixinhos que, com esse volume de turistas, saem correndo pro outro lado da ilha.

A seguir: Tulum

La Zebra, Tulum. Foto: Erica de Paula

Depois fomos para Tulum e ficamos três dias no La Zebra, numa cabaninha literalmente na areia, a 20 metros do mar. O contraste foi grande, mas podemos dizer que adoramos a experiência. Imaginem uma cabaninha redonda que só cabe a cama, um pequeno armário e o banheiro, que é conjugado com o quarto (ou seja, se você está de casal e precisa usar o banheiro para fazer número 2, o outro é literalmente obrigado a ir brincar com os siris do lado de fora do quarto – que são muitos, por sinal, principalmente quando escurece). O restaurante do hotel é ótimo, embora seja um pouco caro. Aliás, por mais simples que tenha sido a nossa estadia lá, a brincadeira saiu proporcionalmente mais cara do que os grandes resorts de Playa e Cancún.  De qualquer forma, todos merecem conhecer Tulum. O mar consegue ser ainda mais azul, mais quentinho e mais gostoso de entrar, e nada paga a experiência de ter uma praia maravilhosa praticamente só para você e para os outros poucos turistas que lá existem (pelo menos na época que eu fui, e também porque as pousadas não comportam muitas pessoas). Lá perto também conhecemos dois restaurantes muito bons, que dá pra ir a pé: o Om (da pousada com o mesmo nome, que fica na beira da praia e tem pizzas maravilhosas e baratas) e o Bananas (restaurante da pousada Nueva Vida de Ramiro que fica do outro lado da rua).

Cenote Dos Ojos, Tulum. Foto: Erica de Paula

Nesses 3 dias, curtimos a praia e fizemos um mergulho no cenote Dos Ojos (não conheci os outros para comparar, mas gostei muito desse, e a experiência de mergulhar numa caverna com rio subterrâneo azul bebê é sempre muito interessante).  Nesse dia íamos também para Akumal mergulhar com as tartarugas em alto mar, mas começou a chover.

Ruínas de Tulum. Foto: Erica de Paula

Já ia me esquecendo das ruínas: as ruínas de Tulum são imperdíveis. Aliás, todas elas são: Tulum, Cobá e Chichén Itzá. Se puder, vá em todas. Cada uma te dá uma sensação completamente diferente do que foi a civilização maia. Lindas, lindas, lindas! Mas eu, que criança sonhava ser uma arqueóloga quando crescesse, sou suspeita pra falar.

Voltando a Playa

De Tulum fomos novamente para Playa, onde nos hospedamos no coração da Quinta Avenida, atendendo aos meus anseios mais “consumistas”, digamos assim. A pousada era a Lunata (recomendo), onde pagamos 85 dólares para ficar num quarto deluxe maravilhoso. Dessa vez, fomos ao famoso parque Xcaret (que apesar de soar “artificial” vale muito a pena, até pra quebrar a rotina da viagem) e para as ruínas de Cobá (tudo de bom, principalmente quando você se dá conta de que só foram descobertas cerca de 50 edificações das mais de 6.000 detectadas pela NASA no local. Ao longo da trilha você vê claramente “morros” em forma de construções piramidais que ainda não foram limpos e descobertos).

Finalmente: Cancún

Westin Lagunamar, Cancún. Foto: Erica de Paula

Finalmente, fomos para Cancún passar os dois dias que faltavam. Ficamos no resort Westin Lagunamar, cujas fotos na internet mostravam um piscinão que se fundia com o mar, mas que na verdade não se funde, era apenas ilusão de ótica (e eu que escolhi o hotel só por isso, sniif). Mas tudo bem, o hotel era maravilhoso mesmo, a piscina é ótima, tem duas jacuzzis quentinhas na beira da praia e não estava muito caro, além de ficar literalmente a 10 passos do shopping a céu aberto La Isla. Em Cancún, aproveitamos o primeiro dia para jantar no criativo e divertidíssimo Carlos’nCharlie’s (super recomendo) e no segundo fomos para Chichen Itzá e dedicamos a última noite para sair de verdade, no conhecidíssimo Señor Frogs (muito bom também).

 

Agora, algumas informações de ordem prática:

– Os biquínis das brasileiras chamam MUITA atenção. Com exceção das outras brasileiras, é claro, todas as mulheres usavam aqueles cuecões horríveis e enormes, cujas marquinhas devem ficar piores ainda. Para a tristeza do meu marido e meu constrangimento, onde eu passava todos diziam: é brasileira!!! Mas nem liguem, viva a diversidade cultural! Elas escondem porque não tem! 😉

Não vale a pena ficar num all-inclusive em Playa del Carmen, a não ser que você não pretenda sair muito do resort ou que a estadia seja longa como a minha, permitindo fazer de tudo um pouco. É quase um pecado não conhecer os restaurantes locais de lá.

– Pesquise MUITO os preços dos artesanatos e souvenirs. Todas as lojas vendem basicamente as mesmas peças, com uma diferença de preços absurda. A ponto da mesma tartaruguinha de obsidiana custar 800 pesos em um lugar e 200 em outro. Os mexicanos também são bons para negociar, principalmente se você é bom para dar uma chorada. Você consegue encontrar praticamente tudo nas lojas enormes “Hacienda Tequila” (tem 7 delas em Playa), e por um preço inacreditável. Não comprem nada antes de passar lá.

– Os preços de tênis, óculos de grife e etc. de Cancún são os mesmos dos EUA. Vale a pena investir.

– Porque eu não gostei da famooooosa Coco Bongo? Porque estava muito mais lotado do que a sua capacidade deve permitir, os garçons eram brutamontes te acotovelando para passar e nos intervalos das apresentações algumas turistas loiras, bêbadas e devassas subiam ao palco para dançar na maior baixaria. Mas as apresentações da casa até prometiam ser interessantes, não fiquei até o final para descobrir.

– Se você achou Tulum meio programa de índio pela minha descrição da cabana (que era ótima, na verdade), existem dezenas de outras opções de pousadas com um design diferente. E mais baratas também. Mas a praia só fica boa a partir do Km 5.

– Tanto em Playa quanto em Tulum, a cozinha dos restaurantes fecha 23h (os bares ficam até mais tarde). Por isso, não saia para jantar após as 21h que não dá tempo. E não espere vida noturna em Tulum. Até mesmo os lugares mais famosos por sua “vida noturna” fecham 23h. Lá é pra relaxar meeeeesmo.

– Seja o primeiro turista a chegar nas ruínas de Tulum, 8h em ponto. O sol e a quantidade de turistas que pipocam lá a partir de 10h são implacáveis. Já em Cobá, leve água, pois as caminhadas são longas. E em Chichén Itzá, vá de manhã, pois quando você se dá conta o parque está fechando sem você ter tirados todas as fotos por ter ficado comprando bugigangas do pessoal que fica vendendo artesanato lá dentro. Aliás, comprar artesanato dentro de Chichen Itza (dentro mesmo, no pé das pirâmides) sai mais barato do que no Mercado 28 (que eu não vi muita graça) e do que em qualquer outro lugar de Cancún. Por incrível que pareça. Eles vendiam várias peças por 1 dólar.

relato leitor viaje na viagem
As viagens do leitor

– Não precisa levar calça jeans. Pelo menos agora na época que eu fui. Levei 4 eu não usei nenhuma. Lá você mal consegue usar um shortinho de tanto calor, inclusive de noite. Nos shoppings, restaurantes e boates mais badaladas, as mulheres estavam todas de shortinho ou vestidinho e sandália rasteira. Aliás, nem pensar em salto alto. Você simplesmente não vai conseguir encontrar nenhuma ocasião que justifique seu uso, por mais que tente.

Mergulhe em pelo menos um cenote. Vale a pena, e é uma experiência que você teria em pouquíssimos lugares do mundo, com a diferença que no México dá pra ficar imaginando os maias fazendo rituais e sacrifícios lá alguns séculos atrás.

– Fui atrás do buffet no La Parrilla que o Riq indicou no centro de Cancún, mas era terça, e o buffet funciona só de quinta a domingo. E para quem gosta de comida natural, lá pertinho (em Playa del Carmen também tem), tem o restaurante 100% Natural. Maravilhoso!

– Prepare-se para dar muitas propinas (gorjetas). Todos (até a moça que limpa o banheiro da rodoviária) esperam ganhar alguma coisa.

– E claro, prepare-se também para engordar pelo menos 1,5 kg.

Obrigado, Érica! Relato sensacional!

Leia mais:


Cancún

275 comentários

Oi Érica! Amei seu post.. O link foi direto para a primeira linha do meu arquivo “Dicas México”. Me fez adicionar um dia de pernoite em Tulum (tb quero cabaninha em frente ao mar – mas vou procurar uma com banheiro com portinha…)
Apesar de preocupada com o tal do “overplanning” (nunca me esqueço dessa matéria, Riq), quanto mais procuro informações, mais animada eu fico.
Li aqui que Junho é um mes com chuvas consideráveis. Como foi sua viagem em Junho, Érica?

Outra pergunta: Alguém conhece o hotel La Tortuga, em Playa?
Só mais uma: muito se falou em carro alugado, será que é viável ir de taxi de Playa até Tulum?

Beijos

Em tempo, essa cristina do perguntódromo não sou eu. A carioca que foi para o Egito e que sempre encontra com os trips. Fiquei assustada qdo vi no perguntódromo rsrs – será que vão pensar que eu estou em Playa qdo estou no trabalho rsrs?

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