Costa do Sauípe: como aproveitar a estrutura do complexo

Os hotéis da Costa do Sauípe agora formam o Sauípe Resorts. Ainda não visitamos o complexo depois da mudança.

Quando foi inaugurado, perto do final de 2000, o complexo de resorts da Costa do Sauípe inventou um destino do nada. Como assim? A gente ainda estava tentando se entender com praias que sempre existiram mas que só então estavam sendo descobertas — Itacaré, Maraú, Carneiros –, quando veio alguém e resolveu pôr uma praia zero km no mapa.

O conceito era ousado e nunca foi imitado: um condomínio de cinco resorts e seis pousadas, pertencentes a quatro grupos diferentes (o jamaicano SuperClubs, o francês Sofitel/Accor e o americano Marriott/Renaissance nos resorts, e a Sauípe S.A. nas pousadas), compartilhando a mesma estrutura de lazer (golf, náutica, equitação, tênis, spa) e um centro de convivência, a Vila Nova da Praia.

Logo de saída o projeto apresentou duas qualidades inegáveis. A primeira: o paisagismo. Nunca antes na história deste país um resort tinha preservado tamanha faixa de vegetação junto à praia. Em vez de terraplenar e gramar tudo, como era o padrão, Sauípe manteve as dunas, lagoas e o manguezal entre os hotéis e a areia. Resultado: na inauguração o paisagismo já estava bonito.

A outra grande qualidade era a Vila Nova da Praia, uma shopping a céu aberto imaginado com a arquitetura de vilarejos nordestinos, com uma praça e umas ruelas laterais. Um achado.

O tempo passou, e a operação compartilhada do complexo por redes diferentes provou-se uma idéia pouco funcional. O único sucesso retumbante da primeira década de Sauípe foi o Breezes, operando em sistema all-inclusive e funcionando praticamente como um hotel à parte, desconectado do condomínio.

Nos dois últimos anos, a Sauípe S.A. acabou assumindo os resorts (o último a ser encampado será o Breezes, dia 1º de janeiro de 2011). E, antes das férias de julho de 2010, relançou a Costa do Sauípe, inteiramente reformulada.

Agora há três hotéis funcionando no sistema all-inclusive (Sauípe Class, antigo Marriott; Sauípe Fun, antigo Renaissance; e Sauípe Park, antigo Sofitel Conventions), um hotel mais sofisticado, com meia-pensão e bebidas à parte (Sauípe Premium, antigo Sofitel Suites) e quatro pousadas, apenas com café da manhã. Os hóspedes das pousadas podem comprar passes diários para usar as piscinas e aproveitar o all-inclusive dos hotéis. Os hóspedes dos all-inclusives podem usar as piscinas (e os bares) dos demais all-inclusives.

Nesta nova fase, a Costa do Sauípe está focada em oferecer um bom custo x benefício. Não espere buffets pantagruélicos: almoços e jantares são variados e bem-servidos, mas não exagerados. E as bebidas são de boas marcas.

O grande trunfo de Sauípe está na estrutura, que é mega.

A maior novidade da nova fase é o Kid’s Club, que funciona onde antes era a Pousada da Aldeia (a mais bonita e mais próxima do mar). A arquitetura de vilarejo faz o clubinho ter cara de escola do interior (o que vem a calhar, já que também há atividades educativas, como a aula de culinária). O horário de funcionamento é longo: das 8h às 22h. Ao lado, o que era o Restaurante da Dadá tornou-se um restaurante exclusivo para crianças. Mesmo as crianças hospedadas no Sauípe Premium (que não é all-inclusive) têm direito ao all-inclusive no Kid’s Club.

As outras atrações do complexo estão em outras áreas, longe dos hotéis. Um ônibus circular passa de 20 em 20 minutos e leva a todos os centros de lazer.

Dois desses centros valem como passeios: a náutica e a fazendinha.

A Sauípe Náutica funciona à beira da Lagoa da Vaca Tonta. Por ali há caiaques, escorregador, pedalinhos (incluídos) e tirolesa (paga à parte).

O Sauípe Country é o antigo centro eqüestre. Ver os cavalos no estábulo é de graça (mas fazer atividades de equitação custa à parte). Ao lado, a Fazendinha tem vacas, cabritos, coelhos, galinhas d’angola, patos; toda manhã as crianças podem ordenhar a vaquinha.

O campo de golf de 18 buracos — um item que normalmente só interessa a iniciados — em Sauípe ganha um interesse maior, porque uma aula coletiva consta do pacote all-inclusive. (Se você se animar, pode depois fazer um pacote de aulas.)

Pertinho da Vila Noda Praia, o conjunto de quadras do Sauípe Tênis inclui o estádio onde se realiza o Brasil Open. Dá para jogar na quadra em que Guga, Nadal e Ferrero já pisaram.

Mas o meu xodó em todo o complexo — sempre foi — é a Vila Nova da Praia. E ela está mais bacaninha do que nunca. Agora tem até artesanato de rua, com artesãos muitíssimo bem escolhidos. O coreto da praça tem música desde as 18h30, e lá pelas 21h sempre rola um samba-reggae ou capoeira, antes do show de música do Teatro da Vila.

Hóspedes dos hotéis têm direito a reservas (limitadas) nos restaurantes da vila (um japonês, um baiano, um italiano e um mexicano) dentro do sistema all-inclusive. Mas mesmo quando você não tiver reserva, vale a pena sair depois do jantar e fazer o footing da noite, comer uma tapioca doce antes de domir, tomar a última cerveja assistindo ao show. O consumo é pago à parte, mas é um programa que dá uma outra dimensão à experiência de resort.

Essa é a minha recomendação para curtir Sauípe: experimente não ficar só na piscina. Não tenha medo de se afastar da batata frita e da Skol — elas vão estar lá quando você voltar. Percorra os caminhos sob o coqueiral — são lindíssimos. Leve as crianças à lagoa e à fazendinha. E não deixe de ir à vilinha à noite. Isso faz toda a diferença.

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