Saímos de Brasília pela moderníssima Rodoviária Interestadual. Quando escrever de verdade sobre a Chapada, vou recomendar que você vá de carro, para fazer mais passeios. Mas se você for sem carro, fique em São Jorge, onde há mais programas que não dependem de transporte.
A primeira etapa do périplo consiste em comprar (online) uma passagem para Alto Paraíso pela Real Expresso; você vai embarcar, como a gente, no ônibus com direção a Arraias. O ônibus tem ar condicionado e chega em três horas (com rápidas paradas em Sobradinho, Planaltina e São João d'Aliança.
[Ônibus das 10h para Alto Paraíso]
Tínhamos duas horas e meia até chegar o ônibus que faria o trajeto entre Alto Paraíso e São Jorge (um pinga-pinga que vinha de Brasília). Deixamos a bagagem na lanchonete (R$ 2 o volume) e saímos para almoçar.
Voltamos à rodoviária na hora marcada e... quem dizia que o ônibus chegava? Depois de uma hora de atraso, chegou a notícia: o ônibus tinha quebrado no caminho. Hora de acionar o plano B -- ligar para o mototaxista que tinha nos abordado oferecendo um táxi a São Jorge por R$ 80.
ATUALIZAÇÃO: este ônibus não existe mais. O canal para quem quer ir a São Jorge sem carro é usar o transporte compartilhado anunciado no Facebook da Conexão Chapada BSB.
[No táxi para São Jorge]
15 minutos depois estávamos a caminho de São Jorge, ainda com luz do dia (e repare que o taxista não tirou o uniforme do mototáxi...). São 35 km entre as duas cidades; os últimos 12, de estrada de chão.
[São Jorge, GO]
Alto Paraíso e São Jorge são dois lugares com personalidades bastante distintas. Alto Paraíso, maior, organizada e asfaltada, é esotérica, holística, natureba. São Jorge, minúscula e bagunçada, é alternativa, mochileira. Mas você não precisa ser nada disso para curtir as duas cidades -- basta ser caçador de cachoeiras.
[São Jorge]
São Jorge está colada à entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Você anda 15 minutos e está na portaria. Na portaria você se inscreve para um dos dois passeios guiados disponíveis -- nos dois você precisará de preparo para cobrir entre 11 e 13 km em seis horas, com duas longas paradas para banho de cachoeira.
[Chuveirinho | Cânion 2]
O passeio é uma pechincha: o cachê de R$ 100 do guia é dividido entre até 10 participantes. Nos fins de semana e na temporada os grupos costumam sair completos.
[Cachoeira das Cariocas]
Fizemos o passeio dos cânions, que é o mais plano. Um dos cânions está fechado, mas as duas paradas são belíssimas: no Cânion 2 e na Cachoeira das Cariocas.
[Vale da Lua]
No dia seguinte, contratei um carro com guia (R$ 200) para visitar os "atrativos" (é assim que todo mundo se refere a eles por aqui) ao longo do rio São Miguel.
[Vale da Lua]
O Vale da Lua é tudo isso que falam e mais um pouco. Uma beleza, ahn, atacâmica
Quando escrever de verdade sobre a Chapada dos Veadeiros, vou falar pra você vir durante a semana (dá inclusive para vir a pé, por uma trilha que corta caminho por dentro), quando você ficará a sós com essa beleza toda e terá o caminho desimpedido para todos os insights transcedentais que queira ter
[Morada do Sol]
Visitamos ainda as cachoeiras Morada do Sol (ótimo banho) e Raizama (estava sem graça agora na seca, deve ser mais bonita na época de águas mais caudalosas), e no final fomos ao Rio da Lua, para almoçar (estava fechado, então acabamos na vizinha Vale das Pedras).
[Cajuzinho-do-cerrado catado pelo nosso guia | Placa em Raizama ]
Tanto São Jorge quanto Alto Paraíso têm inúmeras outras caminhadas e cachoeiras no seu entorno. Em algumas é preciso ir com guia, mas na maioria basta chegar de carro e pagar a entrada (a média é R$ 10). Em outras há todas as atividades-praxe de ecoturismo de aventura: tirolesa, arvorismo, rapel, bóia-cross.
Viajar na época seca (maio-setembro) pelo Centro-Oeste é um espetáculo: você sabe que todos os dias serão aproveitáveis. O sol nunca pára de brilhar.
[Tia Nenzinha | Baruzeto no bar do Lua de São Jorge]
Na cidade, batemos ponto todos os almoços na Nenzinha (ótimo quilo) e à noite conferimos a pizza da Lua de São Jorge e o risoto da Santo Cerrado. E por falar na lua, a danada estava tão cheia que dava para ouvir o Caetano cantar -- não se vê um dia claro como tu.
[Jantar no Santo Cerrado | Lua em São Jorge]
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