Miniguia para megaeventos: passagem, hospedagem e outras dicas

No último sábado, no festival de música Planeta Terra, a banda Gossip encerrou a noite tocando “We are the champions”, arrebatando de tal forma os presentes que deixou o público completamente catatônico. Gostaria de ter assistido até o último segundo da apresentação, que foi realmente espetacular, mas ao perceber que ninguém se mexia, pensei: “É a nossa deixa”. Conseguimos cruzar toda a platéia do Jockey Clube de São Paulo antes que a vocalista dissesse o “Obrigado!” final, despertando enfim a audiência para a realidade de ter que lutar por transporte com 30 mil pessoas, depois de 11 horas de shows.

O fato é que, saindo um minuto antes de o evento terminar, conseguimos embarcar com rapidez em um ônibus, pego em frente ao Jockey. O ônibus estava cheio, sim, mas nada diferente do que se pega em horários de pico durante a semana, e deixou os passageiros sãos e salvos em uma estação de metrô próxima que ainda funcionava e estava vazia. (We are the champions! We are the champions!)

Pensando nos festivais ou grandes shows que fui, poucas vezes passei sufoco, mas já ouvi muitas histórias de perrengue. O miniguia para megaeventos surge para encorajar quem tem vontade de fazer as malas para assistir a um show fora de casa, mas fica com preguiça ou com medo de confusão. Usei como base os eventos entre Rio e São Paulo, mas as dicas são aplicáveis a outras cidades.

Passagem

– Não programe a passagem de ida para muito em cima do horário. Deixe espaço para imprevistos. O aeroporto Santos Dumont (RJ), por exemplo, é danado para fechar em caso de mau tempo.

– Programar a passagem de volta para logo depois do show também não é uma boa. A saída pode ser confusa.

– A melhor estratégia é chegar um dia antes, no caso de festivais, para encarar a maratona de shows descansado — ou para curtir os eventos paralelos que sempre acontecem na carona dos shows. A cidade estará cheia de outros fãs do mesmo artista.

– Aproveite que os ingressos são vendidos com bastante antecedência para ficar de olho nas promoções de passagens aéreas.

Hospedagem

– Escolha hotéis em áreas de acesso facilitado.

– No Rio de Janeiro, os bairros Copacabana, Ipanema ou Leblon são a melhor pedida para quem quer combinar o show com um passeio. Já o Centro é uma ótima opção para quem não vai ter tempo de turistar e viaja para assistir a apresentações no Circo Voador, Fundição Progresso, Vivo Rio ou Praça da Apoteose, por sua proximidade às casas de show e ao aeroporto Santos Dumont. Perto do Maracanã não existem hotéis, mas há metrô e ônibus para todos os pontos da cidade. Quem for a três ou mais dias do Rock in Rio pode considerar se hospedar na Barra, para ter acesso mais rápido à Cidade do Rock (considere, apenas, que as principais atrações do Rio ficarão bem, bem distantes).

– Em São Paulo, ficar na região da Avenida Paulista é a opção mais acertada para ir e vir com mais facilidade (para shows no Estádio do Pacaembu, a localização é imbatível). Para quem quer aproveitar a viagem para passear, também. Os arredores do Estádio do Morumbi, Jockey Clube e Chácara do Jockey são um grande vácuo hoteleiro. O Parque Anhembi tem um hotel próximo (o Holiday Inn, que é praticamente anexo ao espaço). O Parque Ibirapuera é bem servido de hospedagem no entorno.

O que levar

– Coloque na mala roupas leves e o sapato mais confortável que tiver no armário — serão horas e horas em pé.

– Guarda-chuvas não são permitidos em shows, e grandes eventos parecem atrair tempestades. Compre uma capa descartável antes de chegar (em bancas de jornal, lojas de plásticos). No local, os ambulantes vendem cada uma por 10 reais.

– Bolsas ou mochilas com compartimentos internos são ideais para guardar carteira, celular e máquina fotográfica com segurança. Evite colocar objetos de valor nos bolsos da calça ou da bermuda; melhor não dar chance para perdas ou furtos.

– Deixe a câmera profissional em casa; elas são barradas na entrada.

– Comidas ou bebidas em geral são barrados, mas alguns festivais permitem a entrada de garrafas d’água e alguns tipos de alimento. Informe-se antes.

– Para as mulheres, lenços de papel descartáveis são item obrigatório na bolsa. Nem sempre os banheiros químicos são limpos e equipados adequadamente.

Transporte

– Muitas estádios ou espaços para show não têm estação de metrô por perto e ficam em locais onde o trânsito é complicado. Chegar no Morumbi (SP), no HSBC Arena (RJ) ou na Cidade do Rock (RJ) pode ser um pesadelo. Caso o evento esteja marcado para um dia de semana, na hora do rush, multiplique por três o tempo que o percurso normalmente levaria.

– Não deixe para ir ao banheiro, comprar água, encontrar amigos no final da apresentação. Quanto mais tempo você demora para sair, mais complicado fica arranjar transporte.

– Todo grande show ou festival monta esquemas especiais de transporte público. Procure se informar. Na volta, é sempre mais fácil conseguir um ônibus do que um táxi vazio. O tempo de percurso vai acabar sendo quase o mesmo, se houver engarrafamento na saída.

– Para quem faz questão de táxi, não perca tempo esperando na saída do estádio. Caminhe até a via movimentada mais próxima. Confirme com o motorista a corrida pelo taxímetro.

– Carro alugado: nunca, jamais, em tempo algum. Flanelinhas cobram o que querem, estacionamentos não dão conta do volume de automóveis. É a maior furada.

– Trânsfer com van pode funcionar. Procure por motoristas de confiança e faça uma pesquisa de preços. Nossos leitores deixaram indicações neste post. É importante que o ponto de encontro na saída seja fácil de encontrar.

Dinheiro e alimentação

– A maior parte dos festivais já aceita cartão de débito ou crédito para a compra de alimentos e bebidas, mas caixas exclusivos para pagamento em dinheiro são sempre mais vazios. Os ambulantes autorizados que fazem vendas no meio do público também só aceitam cash.

– Se o pagamento funcionar por esquema de fichas, compre uma quantidade delas de uma vez só, para não precisar retornar à fila a todo momento.

– Espere pagar pelo menos 6 reais por uma cerveja, e 3 por uma água.

– Não vá com fome; com exceção do Rock in Rio, as opções de comida não costumam ser muitas, e os preços assustam.

– Não conte com caixas automáticos no local do evento.

Você costuma viajar para assistir a shows e festivais? Deixe as suas dicas!

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    23 comentários

    olá, Ricardo! ingresso para apresentação do cirque de souleil na mão. o espetaculo vai acontecer no parque villa lobos. Vou de avião e ficarei 4 dias. Queria dicas de hospedagem que favoreçam acesso a curtos passeios. Não conheço a cidade e estou ansiosa.

    Olá! Alguma dica de hospedagem, alimentação e traslado para o citibank hall em SP?

    Obrigada

      Olá, Monica! O Citibank Hall fica fora de mão, mas quem vai a um show lá não enfrenta as agruras por que passam as multidões que vão a megashows em estádios. Há um hotel perto, o Transamérica, mas você terá que sair de táxi ou Uber de qualquer jeito, já que a região não é residencial.

    Ahhhh eu sempre viajo qdo tem um show bom no Rio ou SP. Não dá pra esperar U2, Coldplay, Pearl Jam vir tocar em João Pessoa hehehe. Já fui bater em Tampa só pra ver um show do U2.

    Por falar em capa de chuva, lembrei do último show do Coldplay na Praça da Apoteose, em 2010. Assim que desci do táxi o cara vem me oferecer uma capa (ou seria um plástico velho) por R$ 20,00. Perguntei o motivo do alto preço e ele falou na cara de pau: “pq acabou de cair o primeiro pingo de chuva, hà 5 minutos custava R$ 5,00”

    Mariana, adorei as informações! Minha dica fica para quem pretende curtir algum show no estádio do Morumbi: no final do show, a prefeitura de SP sempre disponibiliza vários ônibus que ficam estacionados na Av. Jorge João Saas. Todos eles vão até a Praça Ramos, no centro, passando pela av. Paulista. Na Paulista ou na Praça Ramos vc tem acesso as linhas do metrô. Se hospedar na Paulista é uma boa solução, mas prepare o bolso, pois cada ano que passa os hoteis ficam mais caros. O hotel Formule 1 (categoria economica do Ibis), por exemplo, teve aumento de mais de 100% nos últimos 2 anos.

    Adorei o guia! Queria saber se alguém tem dica de empresa/táxi/van que faz transfer no Rio. Vou pro show da Madonna em dezembro, que vai ser na Cidade do Rock. Abraços!

    Taí um post que eu queria ter feito 🙂
    Apesar de as máquinas serem proibidas, sempre levo a minha – grandona, semipro – e nunca barraram. É legal também dar uma olhadinha nos jornais locais e se informar sobre o esquema montado p/ o show específico. Por exemplo, no Morumbi é comum você poder deixar o carro no estacionamento do shopping e de lá, vans fazerem o transfer, tudo num preço só. Também gosto de fechar ida e volta com um taxista de confiança, mas é mais complicado e envolve conhecer a área próxima do local, portões de saída do local do envento para poder marcar o ponto de encontro previamente. Na Argentina, saindo do estádio do River (El Monumental) a saída é caminhar, caminhar, caminhar até poder pegar um taxi, ou sair 5 minutinhos antes.

    Para os shows em SP eu sempre olho no mapa qual é o ponto de metrô mais perto. Serve como referência principalmente para o lado do Morumbi que ainda não inaugurou a estação. Dá para economizar na ida já que nem sempre os shows terminam cedo. Se precisar do transporte público basta se informar pq SP tem inúmeros terminais de ônibus. É só ter calma para sair da confusão. Ah, e ande sempre com o número de uma cia. de táxi no bolso!!! Isso é mais importante do que a chave de casa… ou quase a mesma coisa, rs. ;}

    Mariana, ficou ótimo! Pra shows no Morumbi o transfer é mesmo a melhor opção. Carro, táxi e ônibus são uma complicação!
    Outra dica é reservar o hotel com antecedência… No último show do U2 deixamos pra reservar o hotel na semana do show e só tinha muquifo!

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