O governo acaba de triplicar o IOF que incide sobre a compra de moeda estrangeira em espécie. Era 0,38%, e a partir de amanhã, dia 3 de maio de 2016, passa a vigorar o novo IOF de 1,1%.
E agora? É preciso mudar a estratégia de uso de moeda no exterior?
A resposta é: não. Só ficou um pouquinho mais caro comprar moeda estrangeira -- uma variação de 0,7%, cujo efeito inicial é parecido ao de qualquer variação cambial habitual. A diferença é que esses 0,7% vão ser incorporados ao preço do dólar, sem a possibilidade de baixar na semana que vem. Nesse momento é até um aumento fácil de absorver, já que o real vem se valorizando nos últimos dois meses.
Novo IOF de 1,1%: devo viajar com reais para todos os lugares?
Não, não e não. E não de novo.
Para mim, esse é o efeito mais perverso desse aumento: estimular uma prática que dá grande prejuízo ao viajante brasileiro, que é viajar com reais no bolso para fugir do dólar e dos cartões.
O real só tem cotação justa em países onde há mercado para a compra de reais -- normalmente, grandes emissores de turistas para o Brasil. Esses lugares são: a cidade de Buenos Aires, a cidade de Santiago e o Uruguai inteiro. Fora desses lugares (incluindo outros pontos do Chile e da Argentina) o real é comprado com um deságio de pelo menos 10% ou 15% (há países em que chega a 30% ou 40%). Você foge de pagar 1,1% de IOF pelo dólar aqui e é penalizado por uma cotação 10% ou 15% inferior ao que deveria ser. Qual é a vantagem?
Será que esse imposto vai aumentar ainda mais?
Não sou economista, não tenho bola de cristal, mas não creio que isso vá acontecer. Se esse imposto aumentar mais do que isso, pode dar força ao mercado paralelo, que nunca deixou de existir, mas hoje funciona mais para operações clandestinas. Se o governo equiparasse o IOF do dólar vivo ao IOF dos cartões, certamente criaria a volta do dólar paralelo para o público geral, como ocorreu na Argentina.
O importante é comprar bem o seu dólar
Mais importante do que o IOF (em todas as modalidades: dinheiro vivo e cartões) é a cotação que você encontra. Tanto na hora de comprar aqui, quanto na hora de vender lá fora. Nâo compre dólar no automático, com o seu banco ou com a corretora que entrega na sua casa. Pesquise a melhor cotação da sua cidade; há sites que fazem isso. Se for o caso, negocie a cotação com o seu banco/corretora; eles têm uma margem de negociação. Há diferença de 4%, 5%, às vezes até 10% entre diferentes fornecedores -- e isso pesa bem mais no bolso do que esse aumento do IOF.
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