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Las Vegas, Death Valley e neve em Mammoth Lakes: a viagem em família da Flávia Hedro

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A viagem da Flávia com o marido e o filho adolescente começou ao encontrarem uma passagem promocional para Las Vegas. De lá, a família aproveitou para passar uma semana esquiando na Califórnia e com direito a uma parada estratégia em Death Valley. Confira esse relato abaixo de zero: 

Texto e fotos: Flávia Hedro

Las Vegas no Natal: definindo o itinerário

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Nossa família é iniciante no esqui, mas pegamos gosto pela coisa! Em meados de setembro de 2015, decidimos que queríamos esquiar nas nossas férias do final do ano e começamos a procurar passagens — tardiamente, para meus parâmetros um tanto quanto obsessivos no quesito preparação de viagens. Não tínhamos um destino estabelecido, só queríamos um lugar com neve. Nas minhas buscas pelas profundezas da web, encontrei uma passagem imperdível para Las Vegas e, dada a época da nossa viagem no período de Natal e Ano Novo, era realmente um achado!

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Reservei a passagem por 24 horas e meu marido fez uma pesquisa intensa para ver quais eram as melhores estações de esqui próximas a Las Vegas. Ele descobriu que existiam algumas em Nevada, mas nenhuma valia muito a pena. As melhores e mais viáveis eram na Califórnia mesmo, então ele escolheu Mammoth Mountain ski resort, que fica na cidade de Mammoth Lakes, a cerca de 500 km de Las Vegas. Como ele adora dirigir, ficou empolgadíssimo com o trajeto.

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Batemos o martelo e pagamos a passagem. Iríamos conhecer Las Vegas, esquiar uma semana e ainda passaríamos nosso primeiro Natal com neve! Contrariando o ensinamento do nosso guru, nossa viagem nasceu a partir da passagem, por causa disso tivemos que adaptar o roteiro para ir e voltar por Las Vegas.

Fomos eu, meu marido e meu filho de 13 anos. Ficamos 3 noites em Las Vegas na chegada e nos hospedamos no Cosmopolitan. O hotel é lindo, com decoração impressionante, atendentes simpáticos e um valet que funciona super bem. Antes do nosso retorno ao Brasil, ficamos mais duas noites no The Signature MGM que não recomendo. Não pelas instalações que são muito boas (porém sem o glamour de Las Vegas), mas pelo sistema de reserva que é muito ruim quando efetuado por sites externos.

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Levar um adolescente para Las Vegas (algo que preocupa uma parcela dos pais) também foi tranquilo. Passeamos por vários pontos de interesse dele: atrações do alto do Stratosphere, complexo do New York, New York, show do Cirque de Solei, loja do seriado “Trato Feito”, entre outras coisas.


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Entrando numa fria

Como ir de Las Vegas até Mammoth Mountain

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As maneiras viáveis de se chegar em Mammoth Mountain a partir de Las Vegas são: avião e carro, pois não encontramos nenhum meio interessante de ônibus ou trem. Se a escolha for de avião, antecedência é fundamental para conseguir um valor decente. Considere ainda as políticas de bagagem de cada companhia (principalmente para quem for levar equipamentos de esqui). As companhias que voam para Mammoth são a United Airlines e a Alaska Airlines, mas todos os voos têm escala em Los Angeles. Pesquisando rapidamente, um voo ida e volta de Las Vegas para Mammouth Lakes Airport (que fica a cerca de 10 minutos da cidade), sai por cerca de 350 a 450 dólares por pessoa. Esta opção foi logo descartada por nós.

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Escolhemos ir de carro e fomos pesquisar o trajeto, condições das estradas, etc. Tínhamos receio de ter de enfrentar neve no caminho e estávamos na dúvida sobe que tipo de carro usar, já que carros com tração 4×4 são mais caros e nem sempre é possível escolher esse modelo durante o processo de locação. Lemos muito e no geral os comentários nos deixaram um pouco assustados, mas ainda assim continuamos o projeto. Nessas pesquisas, vimos que havia um caminho mais curto por uma autoestrada (cerca de 5 horas de viagem) e um caminho bem mais longo passando pelo Vale da Morte (cerca de 7 horas).

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Claro que optamos pelo mais longo! Não perderíamos a chance de dar uma olhadinha num dos lugares mais pitorescos dos EUA e cenário de vários filmes. Mais uma vez nos assustamos com os poucos comentários que encontramos a respeito das condições das estradas neste trajeto. Ainda assim, não desistimos!

Resolvemos alugar um carro pelo período todo da viagem, a questão ainda era qual carro conseguiríamos sem pagar uma fortuna. A Avis foi a locadora com melhor custo durante a pesquisa e nos dava a possibilidade de nos inscrever num programa grátis de benefícios chamado Avis Preferred que nos daria atendimento rápido, personalizado e upgrade grátis. Nos inscrevemos neste programa e alugamos o carro na categoria “full”, torcendo por um upgrade para a categoria acima que tinha alguns veículos 4×4.

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No aeroporto, percebemos que valeu muito a pena a inscrição no programa da Avis, pois o local para retirada do carro é outro, totalmente sem filas e sem burocracia. Chegando lá, eles já nos aguardavam com tudo preparado, inclusive com um belo upgrade para um 4×4!

Nossa estadia em Las Vegas foi muito agradável, tudo correu perfeitamente. Ficamos felizes por estarmos de carro, pois tínhamos liberdade de irmos para diversos lugares e só tivemos experiências boas com os valets pela cidade e também pelos estacionamentos comuns.

As informações que obtivemos nos alertavam para a escassez o de postos de gasolina, restaurantes e banheiros na área do Death Valley. Também soubemos que o sinal de celular na área era bem fraco e em alguns pontos, inexistente.

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Assim levantamos bem cedo (deixamos a cidade em torno das 9h), enchemos o tanque do carro na saída de Las Vegas, levamos muitos snacks, água, bebidas, uma caixa de lenços de papel, carregadores de celular e alguns mapas do parque impressos. Tínhamos chip americano em nossos celulares, mas de fato faltou sinal em diversos pontos, portanto a ideia de carregar o trajeto no Google Maps antes de sair do hotel no seu celular é mais do que válida, assim ele fica disponível offline.

Uma paradinha em Death Valley

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As entradas mais próximas de Las Vegas do Parque Nacional Death Valley estão a cerca de 160 km de distância. O site do parque tem várias informações úteis, como horários, melhor época, principais atrações, um pouco da história de cada atração, opções de rotas, mapas, etc. Utilizamos muito o mapa e as opções de rota pois serviram de base para montarmos a nossa rota personalizada.

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O parque é um deserto que fica entre Nevada e Califórnia com formações rochosas incríveis, além de ser o local o mais quente, seco e baixo (está abaixo do nível do mar) da América do Norte. A alta temporada é durante o inverno, pois o verão no deserto é insuportavelmente quente e seco e as autoridades desaconselham a visitação nessa época.

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Só o parque é um destino em si e a maioria dos turistas opta por passar alguns dias no deserto para explorar bem a região. Existem algumas opções de hospedagem dentro do parque e ao redor dele que lotam rápido durante o inverno. Como nosso tempo não permitia pernoitar por lá, nos contentamos em passar o dia vendo alguns pontos pelo caminho. Seguimos do sul do parque até cerca da metade dele (de Death Valley Junction até Panamint Springs).

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Existem muitos nomes macabros por lá associados a lendas e fatos igualmente mórbidos. A região foi muito explorada no século XIX e começo do século XX devido à mineração. Com a escassez dos minérios, as pessoas foram embora e os lugares ficaram abandonados, por isso existem várias cidades fantasmas que parecem saídas de um filme de faroeste.

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Passamos pelo Dante’s View (um mirante com uma paisagem deslumbrante do vale), pela Badwater (uma planície salina que está a 282 pés abaixo do nível do mar e é o ponto mais baixo da América do Norte. Ela tem esse nome porque parece um grande lago, principalmente após um período com chuvas, quando se forma uma lâmina de água salgada), pela Mesquite Flat Sand Dunes (um conjunto de dunas muito cênico), pelo Devil’s golf course (formação de rochas salinas que simulam um grande gramado de rochas) e pelo Father Crowley Vista (um mirante de onde é possível observar formações vulcânicas).

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Esquiando em Mammoth Lakes

Mammoth Mountain

Saímos de Panamint Springs por volta de 15:30 e conseguimos chegar em Mammoth Lakes antes das 18h. Mammoth Lakes é uma pequena cidade californiana que abriga o resort de esqui Mammoth Mountain, o mais alto da Califórnia com 3369m e conhecido pela ótima qualidade da neve.

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É uma cidade muito pequena, bem urbanizada, com algumas lojinhas, cafés e restaurantes no centro, mas sem o charme dos resorts europeus. É fácil se locomover por lá e ela ainda conta com um bom sistema de ônibus. Segundo minhas pesquisas, muita gente opta por não usar o carro para andar pela cidade. Mammoth Lakes tem vários restaurantes, lanchonetes e fast foods.

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Ficamos satisfeitos por estarmos de carro, pois tudo era bem mais fácil com ele (inclusive carregar o equipamento de esqui) e não tivemos problema em estacionar por lá. Em alguns lodges a diária do estacionamento é paga, enquanto em outros é de graça. No centro, alguns locais são mais difíceis de estacionar, mas é possível parar nas ruas ao redor ou em estacionamentos. No resto da cidade é tudo muito fácil para estacionar.

Esquiando na Califórnia

Optamos por alugar um apartamento pequeno durante uma semana na cidade e foi ótimo! Tínhamos espaço mais do que suficiente, uma ótima cozinha, lareira, depósito para os esquis e lavanderia. Nosso apartamento era bem afastado do centro e íamos de carro todos os dias para os lodges. Quem fica no Village – como eles chamam centrinho da cidade – tem acesso direto para a montanha usando o teleférico local.

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O complexo (ou ‘resort’, como eles chamam) tem três principais bases de apoio (lodges) que são o ponto de partida para subir a montanha e cada um tem um complexo na base com restaurantes, lojas, bilheteria para comprar os tickets dos meios de elevação, aluguel de equipamento, estacionamento, escola de esqui, além de restaurantes no alto da montanha com uma vista maravilhosa. São eles: Eagle Lodge, Canion Lodge e Main Lodge.

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Existem outros dois menores onde você não encontra todas estas facilidades, mas em todos eles há uma enorme variedade de pistas de todos os graus de dificuldade. Os níveis estão identificados por cores verde (muito fácil), azul (fácil), vermelha (médio) e preta (difícil).

Deixamos para comprar os tickets para os lifts e o alugar o equipamento na hora, mas você pode fazer tudo online e provavelmente poupará tempo e dinheiro fazendo isso, pois no mesmo link acima dos lodges é possível ver todos esses valores.

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Nós compramos um ticket de 5 dias para ser usado em uma semana e dava direito a usar todos os lifts de todos os lodges. É bom que se tenha algum intervalo entre os dias esquiando, para poder descansar um pouco. Os equipamentos disponíveis para a locação eram de excelente qualidade (pelo menos para mim, que sou iniciante), as pessoas são muito solícitas e educadas, mas as filas são enormes. Alugue seu equipamento pelo período todo da viagem pois não compensa ficar devolvendo e re-alugando. O preço das bebidas e comidas é muito alto em qualquer um dos restaurantes nas montanhas e vale a pena levar bebidas e snacks em uma mochila. Você pode andar com ela, deixar no carro ou num locker.

Outro conselho para quem vai começar: faça aulas! Também dá para reservar online. Se não for possível aulas particulares, faça em grupo.

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Tivemos muita sorte com o tempo frio e ensolarado e pudemos aproveitar muito. O único dia que não pudemos sair de casa foi dia 24/12, pois caiu tanta neve que ficamos com medo de dirigir. Aproveitamos para descansar e preparar nosso primeiro White Christmas (Natal branco)! No dia seguinte, toda a neve já tinha sido retirada das ruas bem cedinho e não tivemos problemas para dirigir.

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Para quem vai com crianças pequenas ou para quem quer apenas brincar na neve, existe um parque com outras atividades como um tobogã e passeios de snowmobile chamado de Woolly’s Tube Park que não deu tempo de conhecermos desta vez.


Motorhome pela Califórnia
RV road trip

A volta

Na volta para Las Vegas, passamos mais uma vez pelo Death Valley, agora pela região norte e com direito a um pequeno desvio da rota para passar por uma das cidades fantasmas. Foi muito interessante ver alguns pontos do deserto com uma fina camada de neve! Mais uma vez nos encantamos com a paisagem que parecia ter saído de outro planeta. Aliás algumas cenas de Star Wars foram gravadas por lá. A cidade fantasma que escolhemos foi Rhyolite, pois era a mais próxima da estrada na volta. Ela tem poucas atrações mas deu para captar o clima e uma hora por lá é tempo mais que suficiente.

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O que tenho a dizer sobre as estradas na nossa experiência: se você dirige por estradas vicinais aqui no Brasil, vai achar moleza andar por lá. Tanto no meio do deserto, quanto no caminho que liga o deserto até a cidade de Mammoth Lakes, as estradas são perfeitas, bem conservadas, bem sinalizadas, sem um único buraco ou desnível! Até a inclinação da estrada é bem limitada, coisa de EUA, pois na Europa é mais aventura. Em nenhum momento precisamos usar a corrente de neve que havíamos comprado em Las Vegas, mas a tração integral ajudou (aconselho que se tenha corrente no carro, principalmente se for 4×2). Vá sem medo! Tome as precauções necessárias e pronto. Você só terá uma experiência off road se quiser ou se for permitido, pois em vários locais estava escrito que era proibido sair da estrada principal com o seu carro.

Assim voltamos para Las Vegas e nossa road trip terminou maravilhosamente bem!

Obrigado pelo excelente relato, Flávia!

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3 comentários

Adorei este post pois tenho 2 adolescentes que adoram esquiar, mas não têm experiência em montanhas grandes como as do Hemisfério Norte. Planejamos, no próximo ano, ir esquiar em Mammoth Lakes, porém saindo de Los Angeles. Gostaria de saber como é a estrada até lá, se é fácil chegar.
Obrigada, desde já!

    Eloá, não sei dizer como são as estradas partindo de Los Angeles pois fui de Las Vegas, mas creio que devem ser boas também.
    Não se preocupe com o tamannho das montanhas, elas tem pistas para todos os níveis.

Que viagem legal!!! Sempre que posso vou a Las Vegas, mas nunca fico só por lá, aproveito para conhecer um dos parques no deserto que tem por lá! Já visitei vários e não me canso.
O Death Valley é incrível, especialmente nessa época de inverno.

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