Como escolher restaurante em viagem

Panela Mágica, Goiânia

Companheiros, eu já fui assim. Saía para viajar já com todos os restaurantes do percurso devidamente pesquisados — alguns até reservados. Inventava viagens em torno de restaurantes. Fazia questão de matar tantos restaurantes badalados quanto pudesse, misturando estrelados no Michelin com incensados nas revistas metidas.

Parei. Primeiro, porque deixei de ser rico 😀 Mas também porque, em 2008, fiz uma viagem realmente transformadora. Passei três meses entre 8 grandes cidades da Europa (terminando em Nova York)  alugando apartamentos.

Ao alugar apês, a vizinhança imediata de onde eu estava hospedado adquiriu uma oooutra importância. E de repente comer naquele restaurante simpático da outra quadra que chamou minha atenção quando passei ficou mais divertido do que conseguir reserva em restaurante top.

Desde então tenho confiado mais no meu taco, com um índice bem aproveitável de acertos (e erros que doem menos no bolso).

Claro que ainda tempero as viagens com um ou outro restaurante mais badalado (alô, Destemperados!) ou mais gastronômico; mas a grande maioria das refeições é decidida só depois de chegar, com ênfase na localização: a que parte da cidade quero voltar hoje à noite? Xô ver o que tem por lá…

Estou para escrever esse texto há um tempinho; mas a faísca para finalmente tirar a idéia da gaveta foi uma ótima entrevista do Seth Kugel — o Frugal Traveler do New York Times, que vai estar no nosso Seminário Viajosfera — ao Business Insider, em que ele faz troça da obsessão de planejar cada refeição.

Claro que nada disso vale para quem é gourmet de carteirinha; nesse caso, a sua viagem tem que ser gastronômica mesmo, e não há o que negociar.

Aí vão as minhas dicas para comer fora de casa:

1. Pesquise bem a localização do hotel

Capriche na pesquisa de localização do seu hotel. Quanto mais bacana (menos turisticão) for o pedaço em que você se hospedar, mais restaurantes bacaninhas você vai descobrir;

2. Passeie pela região do seu hotel

Onde quer que você esteja hospedado, dedique um tempinho ao chegar para reconhecimento de terreno. Você vai identificar lugares próximos, a até três quadras de distância, que no mínimo podem salvar a pátria numa noite em que você voltar cansado demais para sair de novo.

Se você não faz esse reconhecimento de terreno, pode acabar na armadilha-pra-turista do ladinho do hotel, sem saber que caminhando cinco minutos encontraria algo mais simpático.

3. Pesquise bastante sobre a cidade

Entenda a cidade. Ao entender a cidade, você vai encontrar a sua praia. E na sua praia você vai descobrir os restaurantes que são a sua cara.

4. Atenção com as dicas de guias

Guias: Frommer’s e Lonely Planet não costumam ser boas fontes de dicas de restaurantes. Quando o restaurante dá a sorte de emplacar nas listas desses guias, acaba ficando tão voltado para o turista que normalmente perde a personalidade. (Sem falar que a qualidade dos autores dessas séries varia muito.

Já o Time Out é uma fonte consistente de dicas descoladas — às vezes descoladas demais. Meu conselho: separe as dicas de restaurantes do Time Out que você achar simpáticas e tente passar na frente deles nas suas andanças; ao vivo você decide se vai querer voltar na hora do jantar…

5. E o TripAdvisor?

TripAdvisor: use com moderação; os rankings refletem o gosto anglo-americano médio. Mas uma boa tática é usar a versão local (tripadvisor.it, tripadvisor.fr), buscando as resenhas feitas pelos locais, no idioma do país. Fiz isso na Itália e me dei muito bem. (Se precisar, use o Google translator.)

6. Leia as fontes locais

Revistas/suplementos de jornais locais são a melhor fonte para novidades ou para descobrir qual o pedaço da cidade que está realmente bombando no momento. São sempre um bom ponto de partida para você fazer suas descobertas.

7. Dicas estreladas

Para escolher aquele restaurante gastronômico/estrelado, use foruns como o ChowHound ou siga os gourmets da sua preferência  (alô, Constance Escobar!).

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    68 comentários

    Sabe que tenho usado os 4square e até que tenho acertado…
    No Japão foi dureza ir pela dica dos locais usando o tripadvisor ahahah… mas me dei bem por lá também, em Toquio descobri uma rua super legal, cheguei lá para ir no Fuku (Yakitori bar) endereço – 3-23-4 Nishihara, Shibuya-ku, Tokyo / ????????3-23-4), mas estava lotado e eles quase me expulsaram do lugar eheheh… e acabei jantando em outro yakitori bar ali do lado, super bacana! Ninguém falava inglês ou qualquer outra lingua alem do japones e sobrevivemos e comemos muito bem!!! Muito bom 🙂

    Muito bom esse artigo tambem acho que esses restaurantes mais locais são normalmente melhores simplesmente porque precisam cativar a clientela.Porém ainda não consegui praticar o desapego e na minha ultima viagem devorei o istanbuleats.com. Fica a dica!

    Uso muito o Tripadvisor, mas, não me guio totalmente por ele. Não gosto de ficar pesquisando em um moooonte de sites, pois, acho um desperdício de tempo. Mesmo assim, o link desse post já está salvo no meu e-mail… 🙂

    Para economizar, uso também os sites de compra coletiva. Posso garantir que tenho usado e raríssimas vezes tive problemas. Na média, para cada 10 dias de viagem, compro entre 3 e 4 cupons, entre almoço e Jantar, sempre de olho na localização(google maps) das ofertas. Esses sites guardam gratas surpresas, pois, acabamos parando em restaurantes que jamais imaginaríamos ir!!!

    Esqueci de contar que em Viena tivemos um episódio muito divertido. Estávamos meus pais, minha namorada, eu, uma amiga austríaca (de Graz, não de Viena) e o namorado dela procurando um lugar para comer schnitzel (meu pai já havia morado em Viena e queria que experimentássemos). Paramos numa esquina já no bairro do hotel e, do outro lado da rua, havia um tal Schnitzelhaus, que parecia ser uma cadeia de restaurantes.

    Comentamos entre nós, em inglês, quando uma velhinha passou do nosso lado e, ao nos ouvir dizendo “Schnitzelhaus”, desandou a falar em alemão. Minha amiga, que era a única que entendia a língua, falou com ela e depois nos passou o recado. “Ela disse para nós não irmos lá, porque as porções são pequenas e caras. Disse que, se quisermos comer schnitzel, precisamos ir a um lugar chamado Schnitzelwirt, na Neubaugasse”. Vimos no mapa e a rua era próxima de onde estávamos.

    A dica da velhinha foi matadora. O lugar era incrível e divertido, os garçons nem inglês falam, só aceitam dinheiro, e a comida era farta (do tipo “uma porção dá e sobra pra dois”) e deliciosa! Acabamos voltando lá outras duas noites, de tanto que gostamos.

    Muito interessante o ponto de vista, Riq.

    Restaurantes em viagens, pra mim, são mais no estilo levar e se deixar levar. Fico bem feliz de achar um ótimo restaurante fora do circuito, ainda mais se vier acompanhado de bom atendimento e bom custo-benefício.

    Em Munique achei um ótimo restaurante local (era até ponto de encontro de alguns velhinhos para beberem e jogarem cartas), com uma garçonete octogenária e ainda ótima comida e preço. Voltei lá mais duas vezes, pois era bem perto do local onde eu estava ficando (próximo a Marienplatz).
    Em Salzburg dei sorte de o restaurante ao lado do hotel (que não ficava na zona turística) ser excelente e ter ótimo atendimento também.

    Sou bem fã dos restaurantes locais.

    Mas de vez em quando é salutar dar uma escapada para o mainstream (mas sempre evitando os pega-turistas). ;D No mínimo para termos outros parâmetros de comparação.

    Em tempo: confio mais em comentários feitos em blogs de viagem do que em guias.

    Este verão eu percebi que nem sempre é confiável comentários publicados no tripadvisor. Em Creta, fomos a um restaurante com excelentes comentários no tripadvisor e foi o lugar onde comemos pior. Não havia saladas, ou de qualquer prato de sabor mediterrâneo. Tudo foi projetado para um tipo determinado de turista inglês.

    Bravo, Ricardo, seu texto é muito inteligente e cheio de senso comum.

    Para o Natal, costumamos fazer uma viagem para fora de nossa cidade, pois é a época de reuniões familiares e hotéis e restaurantes não são tão cheio e encontrar melhores oportunidades. Também há hotéis menos aberta, porque o tempo de reuniões familiares que fechar seus negócios. Há menos turistas e você pode comer em qualquer lugar, sem reserva, ou você pode comer onde os moradores comer. Comemos muito bem no menu de restaurantes simples e outras vezes nem tanto. Mas às vezes em restaurantes muito caros não come tão bem e você acha que foi um desperdício de dinheiro …

    Adorei o “não comer no restaurante do lado do hotel”. Taí, nunca tinha pensado nisso, e quantas vezes em 5 minutos encontramos algo mais barato e melhor. Levo sempre umas dicas para 1 jantar bom na cidade onde estamos, normalmente na noite de despedida (sou como o Márcio Antonio, só não repito o restaurante a menos que seja um maravilhoso em Florença onde tenha Trufas!). Normalmente pego as dicas aqui, com amigos e no Destemperados.

    Comer bem é um dos itens importantes das minhas viagens. Levo algumas anotações de bons restaurantes (não tem nenhum estrelado) mas não fico aflita para ticar todos da lista. Exploro as redondezas de onde estou hospedada para saber o que tem de bom. E por comodismo, acabo ficando nos arredores no lanche da noite ou jantar. É ótimo voltar para casa caminhando. Não consulto guias mas sigo a dica de algumas pessoas que conheço em alguns blogs.

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