Escolha sua Chapada: Diamantina x Veadeiros x Guimarães x Mesas x Jalapão
Se o Sul e o Sudeste têm suas serras, o Brasil Central tem as Chapadas – grandes áreas planas pontilhadas por morros com topos achatados.
Enquanto as serras exercem um apelo alpino que pede lareira, fondue e vinho, as Chapadas evocam um contato mais direto com a natureza, turbinado por uma considerável aura mística.
Habituês das Chapadas sempre vão mencionar a energia do lugar – concentrada nas formações geológicas e canalizada, por que não?, pela água das cachoeiras e pela pureza do ar.
Mesmo com alguma similaridade de paisagem e de estações (seca no outono/inverno, chuvosa na primavera/verão), cada Chapada tem seu próprio modo de usar, influenciado pela distância (ou proximidade) da capital, pelos atrativos e pelo público que freqüenta cada lugar.
(Ah, sim: acostume-se com a palavra atrativo. É uma abreviação de “atrativo natural” e virou jargão nos destinos de ecoturismo. Designa as cachoeiras, poços, balneários, grutas e mirantes de cada lugar.)
A Bóia recomenda
- A mais próxima de uma capital: Chapada dos Guimarães
- A que tem mais cachoeiras: Chapada dos Veadeiros
- A que tem maior diversidade de paisagens: Chapada Diamantina
- A mais difícil de chegar: Chapada das Mesas
- A que vale a viagem o ano inteiro: Chapada Diamantina
Chapada Diamantina
Estou para conhecer alguém que tenha ido e não tenha gostado. E acho que sei explicar por quê. Para começar, a Chapada Diamantina tem um pouco pra todo mundo: do sedentário que só vai caçar cartões-postais para publicar no Facebook ao andarilho mais incansável, passando por naturebas de carteirinha, fãs de cidades históricas e viajantes avulsos a fim de conhecer gente legal.
E de quebra, a região pode ser visitada com proveito em qualquer época do ano. A estação chuvosa não é exagerada e — o mais importante: devido à distância da capital, a Chapada Diamantina não estraga nos feriados e nas férias.
O difícil na Chapada Diamantina é decidir o que fazer e onde ficar. Lençóis, Vale do Capão, Guiné, Vale do Pati, Andaraí, Igatu, Mucugê, Ibicoara, Rio de Contas — cada ponto do mapa pode ser um destino único de viagem ou uma das bases de um circuito em torno do parque.
- Leia mais: Miniguia | Chapada Diamantina
Quando ir à Chapada Diamantina
Como eu disse no tópico anterior, as chuvas não chegam a atrapalhar. Entre novembro e março a média de precipitação é ligeiramente inferior a 150mm (bem distante dos 400mm do auge das chuvas na costa brasileira). As temperaturas na estação úmida ficam entre 20ºC e 30ºC.
Entre abril e outubro chove menos de 100 mm (em agosto e setembro, menos de 50 mm!), com temperaturas que podem descer até as redondezas dos 15ºC à noite, mas que sempre passam dos 25ºC de dia (o meio do ano é a melhor época para fazer as trilhas pelo Vale do Pati).
A grande vantagem da Chapada Diamantina com relação às outras é o fato de ser uma ótima escolha mesmo em férias e feriados. Os atrativos mais populares (os poços, a gruta da Pratinha e o rio Mucugezinho) vão lotar com turistas das cidades próximas, mas em compensação o maior afluxo de interessados em ecoturismo vai fazer com que haja quórum para passeios que, fora da temporada, sairiam com menor freqüência.
Como chegar à Chapada Diamantina
A Chapada Diamantina fica no oeste da Bahia, já na zona de transição para o cerrado.
Lençóis é a capital informal e porta de entrada mais comum. Está a 420 km de Salvador e a 1.050 km de Brasília. A Azul voa às quintas e domingos fazendo Belo Horizonte – Lençóis (2h de vôo) ou Salvador – Lençóis (1h de vôo), em turboélices ATR 72. Passageiros vindos de São Paul ou Rio têm conexões mais convenientes via BH. O aeroporto está a 20 km da cidade (o táxi sai R$ 80).
De ônibus são 7 horas desde Salvador (pela Real Expresso/Rápido Federal). A cidade de Seabra, a 70 km, serve de ponto de baldeação para quem vem de ônibus de Brasília (15 horas pela Real Expresso/Rápido Federal) e São Paulo (40 horas pela Emtram), seguindo até Lençóis de ônibus pela Real Expresso/Rápido Federal (1h20).
Três bases estão postadas ao longo da BA 142. Andaraí está a 85 km do aeroporto (R$ 220 de táxi); Igatu, a 100 km do aeroporto (R$ 250 de táxi) e Mucugê, a 125 km do aeroporto (R$ 300 de táxi). De ônibus, dá para vir de Salvador pela Águia Branca, que leva 7 horas a Andaraí (desça e siga de táxi para Igatu, a 15 km) e 8 horas a Mucugê.
O Vale do Capão está a 75 km do aeroporto (os últimos 20 km de terra; R$ 200 de táxi). Vindo de ônibus de Salvador (pela Real Expresso/Rápido Federal, em 9h), é preciso descer em Palmeiras e seguir de van. Vindo de São Paulo (pela Emtram, 40 horas) ou de Brasília (pela Real Expresso/Rápido Federal, 15 horas), desça em Seabra e siga de ônibus (Real Expresso/Rápido Federal) a Palmeiras, continuando de van ao Vale do Capão.
Precisa carro na Chapada Diamantina?
Se você vai fora de feriados ou férias, ou se quer se hospedar em duas ou três bases durante a sua estada, um carro será bastante útil — seja alugado em Salvador, seja alugado ao chegar. O transporte público entre as bases é complicadinho; de carro você tem mobilidade a um custo baixo. O transporte também encarece muitos passeios, quando feitos de maneira avulsa; se você está com carro, pode simplesmente contratar um guia, que deve sair R$ 100 ao dia.
Caso você vá com tempo sobrando, ou limite sua estada a uma ou duas bases, vai poder se encaixar em todos os passeios que estiverem disponíveis, sem precisar alugar carro. Encaixar-se nesses passeios em grupo vai acabar saindo mais em conta do que alugar um carro.
Fora de temporada, se você tem limitação de tempo e não quer alugar carro, o ideal é viajar num pacote de operadora de ecoturismo. Todos os traslados e passeios estarão incluídos e garantidos.
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Quantos dias na Chapada Diamantina?
Pela distância, pense em ficar pelo menos quatro noites, para ter três dias inteiros de passeios. Mas se a idéia for fazer a volta inteira à Chapada, pernoitando em três bases (Lençóis + Vale do Capão + Mucugê ou Igatu ou Andaraí ou Ibicoara), fique entre sete e dez noites.
Caso você vá à Chapada Diamantina para fazer a travessia do Vale do Pati, use um ou dois dias para se aclimatar antes e descansar depois.
O que fazer na Chapada Diamantina?
Não desanime ao ver que não dá para ver e fazer tudo numa viagem só. Se você gostar da Chapada Diamantina (e eu aposto que sim), vai acabar voltando, e é bom que haja novidades a explorar.
Você pode escolher os atrativos que mais lhe apetecem e montar um roteiro entre as várias bases ou, caso não queira mudar de base, escolher aquela que oferece mais passeios que você gostaria de fazer.
Grutas e poços
As cavernas mais procuradas são as que têm água dentro. Perto de Lençóis, a Pratinha é a mais popular, porque permite que se entre n’água; tornou-se um balneário. A 30/40 km de Igatu e Andaraí (mas também visitáveis a partir de Lençóis ou Mucugê), o Poço Encantado não deixa cair n’água, mas o Poço Azul permite; entre maio e setembro, ambos ganham uma coloração mágica quando iluminados diretamente pelo sol (vá entre 10h e 13h no Poço Encantado, e entre 12h30 e 14h30 no Poço Azul). Sem água, a gruta mais impressionante é a Torrinha, perto de Lençóis; na mesma região, a Lapa Doce requer menor esforço físico.
Cachoeiras
Faça da cachoeira do Buracão, perto de Ibicoara, o seu último passeio na Chapada Diamantina; nadar (com colete salva-vidas) por um cânion estreito até chegar a uma clareira dominada por uma cachoeira de 75 metros de altura é uma experiência difícil de superar (durma na véspera em Igatu, Mucugê ou Ibicoara). A cachoeira do Roncador, entre Lençóis e Igatu/Andaraí, tem uma gostosa área para banho, e pode ser combinada com um passeio de canoa pelo Pantanal de Marimbus.
Na região de Lençóis, a cachoeira do Mosquito costuma ser visitada no mesmo passeio que leva às inscrições rupestres da Serra das Paridas. As cachoeiras do Mucugezinho, perto de Lençóis, e do Riachinho, no Vale do Capão, servem de praia depois de um dia de caminhada. As caminhadas pelo Vale do Pati e muitas das que são feitas pelos arredores do Vale do Capão também incluem banhos de cachoeira.
Caminhadas
A mais café-com-leite, e que todo mundo faz, é a subida ao Morro do Pai Inácio ao entardecer para contemplar a mais bela paisagem da Chapada Diamantina. É normalmente o primeiro passeio de quem está em Lençóis, no próprio dia de chegada; também há caminhadas longas, saindo do Vale do Capão. Já a caminhada mais séria é a travessia do Vale do Pati, o mais cultuado dos trekkings em território brasileiro. Acompanhado por um guia, você caminha de três a cinco dias por trilhas estabelecidas antes do vale se tornar parque, comendo e dormindo em casas de patizeiros.
Quem não se anima a descer ao vale pode escolher um trekking que chega à borda — a caminhada Capão-Guiné (de 7 horas) ou sua versão mais curta, a caminhada Guiné-rampa do Pati. O Vale do Capão é a melhor base de passeios de caminhada no mato.
O mais vertiginoso é à Cachoeira da Fumaça por cima; procure nas agências do centrinho os outros roteiros oferecidos a cada dia. Em qualquer uma das bases você vai poder fazer roteiros de caminhada aos arredores; informe-se e contrate guia na sua pousada.
Atrações históricas e culturais
Na região de Andaraí-Igatu-Mucugê (visitável a partir de Lençóis também) você encontra as ruínas do garimpo de Igatu (com a Galeria Arte & Memória ao lado), a vila de pedra de Igatu, o Museu Vivo do Garimpo no caminho de Mucugê, o original Cemitério Bizantino de Mucugê e o casario histórico de Andaraí e Mucugê. Outras cidades com casario centenário são Lençóis e Palmeiras (visitável a partir do Capão ou de Lençóis). A Chapada Diamantina também recebe dois grandes festivais de música: o Festival de Jazz do Capão, em setembro, e o Festival de Lençóis, no feriado de 12 de outubro.
Onde ficar na Chapada Diamantina
Lençóis tem os dois hotéis mais confortáveis da Chapada Diamantina — o Canto das Águas, logo na entrada da vila, onde se escuta a correnteza do rio passando pelas pedras, e o Hotel de Lençóis, na parte alta da cidade — e a pousada com o café da manhã mais elogiado do Brasil, a Estalagem do Alcino. A Vila Serrano tem quartos charmosos em meio a muito verde; a Casa da Geléia é bem localizada e costuma ter preços simpáticos.
No Vale do Capão a maioria das pousadas está fora da vila, para oferecer melhores vistas ou um contato mais imediato com a mata. A menos de 10 minutos de carro do centrinho, a Pousada do Capão tem apartamentos de vários níveis de conforto, e uma belíssima vista para o vale.
Para os mesmos lados, a Pousada Candombá tem chalés privativos e apartamentos para grupos, tipo hostel, num ponto ótimo de saída para caminhadas. A 10 minutos de carro na direção de Palmeiras, a Villa Lagoa das Cores tem uma piscina gostosa e faz o gênero fofinha, com decoração romântica (e uns gnomos aqui e ali). No centrinho da vila, a Pé no Mato é uma ótima pedida para quem está sem carro; a Vila Esperança combina mato e localização central no mesmo endereço.
Em Igatu, o Art Cristal fica bem na pracinha principal; o Abrigo de Montanha de Xique-Xique cabe no bolso dos andarilhos e a Pedras de Igatu — a mais bem-estruturada do pedaço — nem sempre está aberta fora de temporada. A Hospedagem Flor de Açucena, na entrada da cidade, é a mais integrada à natureza.
Na vizinha Andaraí, a Sincorá tem jeitão de casa de parentes do interior e o Hostel Donanna oferece quartos coletivos e privativos, com banheiro compartilhado.
Em Mucugê, a a pousada Monte Azul fica em frente ao Cemitério Bizantino e tem uma eficiência germânica no serviço. O café da manhã é delicioso. Perto da igreja, a Refúgio da Serra tem chalés caprichados dispostos em torno de um bem-cuidado jardim; o restaurante é o melhor da cidade.
Chapada dos Veadeiros
Todas as Chapadas têm um componente místico, mas a dos Veadeiros extrapola.
Muito antes de se tornar um destino de caçadores de cachoeiras, Alto Paraíso de Goiás se estabeleceu como o principal pólo esotérico do Planalto Central. Não é uma comunidade homogênea — ali se radicaram desde adeptos da vida natural a praticantes de terapias holísticas a seitas que se comunicam com extraterrestres. Já a vila de São Jorge, que fica à porta do Parque Nacional, é mais hippie (e festeira, na temporada) do que zen. A terceira cidadezinha, Cavalcante, não tem tribo definida — seu maior diferencial é estar perto de uma comunidade quilombola.
Em comum, as três bases oferecem um cardápio variado de cachoeiras de todos os tamanhos e formatos, algumas fáceis de chegar de carro, outras acessíveis apenas por trilhas. E impossível ticar todas numa viagem só.
Quando ir à Chapada dos Veadeiros
O acesso às cachoeiras, por carro ou trilha, fica facilitado na estação seca, de meados de abril a meados de outubro. Os dias do meio do ano são quentes e as noites, frias (a temperatura pode descer abaixo de 15ºC). A água também é mais límpida quando não há chuvas.
Na época chuvosa, de novembro a março, a visitação fica mais difícil (em algumas cachoeiras, impossível); em compensação, há cachoeiras que só ficam caudalosas durante o período de chuva e nem são consideradas no meio do ano. Na época chuvosa, porém, é preciso estar atento às trombas d’água, que podem provocar perigosas inundações-relâmpago. Dezembro e janeiro registram o máximo de chuvas (janeiro é também o mês mais quente, com máximas próximas dos 30ºC).
De meados de setembro a meados de outubro é comum encontrar névoa e fumaça. É quando o cerrado registra a secura máxima e algumas áreas entram em combustão espontânea (um fenômeno natural que inclusive é necessário para ativar sementes adormecidas).
Pela proximidade de Brasília, a região lota em todos os feriados e nas férias. Julho é a temporada mais disputada — em São Jorge, na segunda quinzena, acontece o Encontro de Culturas, com apresentação de grupos que preservam a cultura tradicional do Cerrado e da Amazônia.
Fora de feriados e de férias, a região fica vazia de turistas nos dias de semana; poucos restaurantes permanecem abertos e fica muito difícil se encaixar em passeios em grupo (pela falta de… grupos).
Como chegar à Chapada dos Veadeiros
Alto Paraíso está a 230 km de Brasília, saindo por Planaltina, pela BR 010 (sim, é a Belém-Brasília), que nesse trecho também atende por GO 118. Para ir a São Jorge, você sai da estrada principal em Alto Paraíso e segue mais 36 km (agora totalmente asfaltados). Cavalcante está 90 km adiante de Alto Paraíso, seguindo pela mesma BR 010 até Teresina de Goiás e então virando à esquerda (oeste) na GO 241.
Goiânia está a 450 km de Alto Paraíso; é preciso passar por Brasília.
Pirenópolis fica para outro lado: são 380 km desde Alto Paraíso; também é preciso passar por Brasília.
De ônibus: com a falência da empresa Santo Antônio, que ligava Brasília a São Jorge e a Cavalcante, agora a única cidade da Chapada dos Veadeiros aonde se chega de ônibus é Alto Paraíso. A Real Expresso faz a linha Brasília-Alto Paraíso (saída da Rodoviária Interestadual) e a São José do Tocantins, a linha Goiânia-Alto Paraíso (tel. 62/3224-8330).
De carona e transporte compartilhado: a central de compartilhamento de transporte Conexão Chapada BSB tem uma página no Facebook em que caronas são combinadas (a taxa máxima para “ajuda na gasolina” é de R$ 35 por pessoa).
Precisa carro na Chapada dos Veadeiros?
Na real? Precisa, sim. Não há transporte para os atrativos: você vai precisar se encaixar em passeios em grupo (que nem sempre saem quando e para onde você quer ir) ou contratar guias com carro próprio (o que vai sair bem carinho).
Para ir à Chapada dos Veadeiros sem carro, vá num pacote de operadora de ecoturismo. Ou então monte sua base em São Jorge, onde você não precisa de transporte para fazer os passeios dentro do Parque Nacional, e ainda pode ir caminhando (45 minutos) até o Vale da Lua. (Como chegar a São Jorge sem carro? Use a central de compartilhamento de transporte da Conexão Chapada BSB no Facebook).
Quantos dias na Chapada dos Veadeiros?
Se você mora em Brasília, qualquer fim de semana está valendo. Mas se você vem de longe, pense em pelo menos quatro noites, para ter três dias inteiros para passear. Se você é cachoeirófilo, poderá passar uma semana sem repetir nenhuma.
Uma viagem de uma semana também pode ser dividida entre Brasília (duas ou três noites) e a Chapada (quatro ou cinco noites). Com 9 ou 10 dias, dá para pensar em incluir Pirenópolis também.
O que fazer na Chapada dos Veadeiros?
O programa da região é sair todo dia para uma cachoeira. Com exceção do Parque Nacional, que tem visitação gratuita, todos os outros atrativos se localizam em propriedades particulares que cobram entrada entre R$ 15 e R$ 20 por pessoa; a maioria oferece lanchonete ou restaurante.
As principais atrações estão no entorno de São Jorge.
A portaria do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros fica praticamento dentro da cidade. Duas trilhas longas, de 12 km (mais ou menos 6 horas de travessia, com paradas) oferecem dificuldade média: a Trilha dos Saltos (atração top: Salto do Rio Preto) e a Trilha dos Cânions (atração top: Cachoeira da Carioca). Ambas têm banho de cachoeira e de rio (leia o roteiro aqui).
Não é mais preciso contratar guia, mas é bastante recomendável; os guias ficam na entrada do parque e têm sua taxa rateada pelo grupo. Os visitantes precisam assinar a lista da trilha que vão fazer; há uma limitação de 200 visitantes para a trilha dos Saltos e 250 para a trilha dos Cânions — por isso, em férias e feriados, chegue cedo.
A entrada é gratuita. O parque abre para entrada das 8h às 12h e fecha às 18h; funciona de terça a domingo (com exceção das férias de janeiro, julho e feriados, quando abre todos os dias; quando um feriadão cai ou abrange a segunda, fecha no primeiro dia útil depois do feriadão).
As rochas esculpidas pela passagem do rio São Mateus fazem do Vale da Lua o cartão-postal e principal atrativo de toda a Chapada dos Veadeiros. O ideal é ir em dia de semana e cedo, para uma experiência mais tranqüila, com menos visitantes. Fica a 9 km de carro (na direção de Colinas) ou 6 km trilha (1h de caminhada).
O mesmo cenário se repete, com menos dramaticidade mas com áreas maiores para banho, na cachoeira Morada do Sol (a 5 km, na direção de Alto Paraíso). O circuito Raizama combina caminhada fácil, banho de rio e de cachoeira (4 km, na direção de Alto Paraíso).
Fora do parque nacional, as cachoeiras que envolvem mais esforço físico na região de São Jorge são a Cachoeira do Segredo (5h de caminhada; fica a 14 km, na direção de Colinas) e a dupla Abismo + Janela (3h de caminhada, com trechos íngremes; fica a 5 km na direção de Alto Paraíso). Se a idéia for só relaxar, considere o Encontro das Águas do São Miguel e do Tocantizinho (20 km na direção de Colinas) e as piscininhas de águas termais da Fazenda Morro Vermelho (15 km na direção de Colinas).
Se ficar em Alto Paraíso, tire um dia para fazer o Vale da Lua e o Morada do Sol em São Jorge; serão 80 km (o total de ida e volta) bem investidos.
Nos arredores de Alto Paraíso, as cachoeiras das Loquinhas (a 5 km, saindo pelos fundos da cidade) não requerem esforço físico e oferecem gostosos poços de água esverdeada. Também pertinho da cidade (9 km na direção de Cavalcante), a Cachoeira dos Cristais exige uma caminhada curta porém íngreme; no mesmo lugar pode-se visitar também a Cachoeira da Água Fria, com caminhada mais difícil. No caminho de São Jorge (10 km), a Fazenda São Bento tem tirolesa; dentro da propriedade encontram-se as cachoeiras de São Bento, Almécegas I e Almécegas II.
Outras cachoeiras exigem deslocamentos maiores. O circuito do Rio Macaquinho tem vários pontos de banho, de rio e de cachoeira (15 km de asfalto na direção de Brasília, mais 25 km de terra). As Cataratas dos Couros estão a 50 km (20 km de asfalto na direção de Brasília, mais 30 km de terra) e têm os melhores pontos para saltos seguros. O Poço Encantado é um balneário com poço e cachoeira (60 km na direção de Cavalcante). A Cris Marques do Dentro do Mochilão tem um excelente post sobre as cachoeiras da região de Alto Paraíso.
A região de Cavalcante abriga a cachoeira mais fotogênica da Chapada: Santa Bárbara, que forma um perfeito poço esmeralda. Para chegar lá, você passa pelo povoado quilombola de Kalunga, com pequenos restaurantes onde você pode (deve!) reservar uma galinhada para traçar na volta. Fica a 30 km da cidade (120 km de Alto Paraíso).
As Cachoeiras do Prata estão 60 km adiante da cidade e precisam de carro 4×4 e guia (veja o relato no Across the Universe). Pertinho da vila, a 3 km, o circuito do Vale das Araras tem trilha fácil, poço e cachoeiras, dentro da propriedade da pousada Vale da Araras.
O melhor passeio para andarilhos é a trilha que dá na Ponte de Pedra, um arco natural no meio da mata, com direito a banhos pelo caminho (é obrigatória a contratação de guia; fica a 10 km da cidade).
Onde ficar na Chapada dos Veadeiros
Em São Jorge, a Casa das Flores é superbem-estruturada (tem piscina e bom restaurante) e está num ponto ótimo da vila para sair à noite sem caminhar demais. Na mesma região, a Trilha Violeta e a Alecrim do Campo têm tarifas mais abordáveis.
Ainda na vila, mas já para os lados do parque, a Bambu Brasil também tem piscina e um café-restaurante aberto ao público. Perto da portaria do parque, a Caminho das Cachoeiras tem um layout mais conservador, enquando a Ba-Guá é a mais transadinha do povoado, com bangalôs grandes com hidromassagem, e uma área social escancarada para o visual da Chapada.
No meio do caminho entre São Jorge e Alto Paraíso, o Yoga Resort Paraíso dos Pândavas organiza retiros temáticos (diversas variantes de ioga, dança, alimentação natural) e tem um restaurante vegano-vegetariano.
Alto Paraíso é uma cidade bastante espalhada. Ficando fora do centrinho, provavelmente você vá querer pegar carro até para jantar. No miolo da cidade, a tradicional Alfa e Ômega guarda o espírito original de Alto Paraíso. Na rua principal, o hotel Tapindaré ainda está novinho e tem equipamentos modernos. O grandalhão Chapadda Hotel fica na entrada da cidade, tem quartos amplos mas abusa um pouco do kitsch.
No canto mais tranqüilo e verde de Alto, a caminho da cachoeira das Loquinhas, a Casa da Lua tem uma bela área ajardinada. No bairro Estância Paraíso no alto de uma colina, a Pousada Maya é a mais charmosinha de toda a Chapada. O Recanto da Grande Paz tem porte de pequeno resort e o Espaço Naves Lunazen encarna o lado mais excêntrico de Alto, com chalés que levam jeito tanto de oca quanto de nave espacial.
Em Cavalcante, a Manacá é uma ótima opção dentro da cidade. A pousada Vale das Araras, a 3 km da vila, é um destino em si: tem seu próprio circuito de caminhada com banho de rio e cachoeira.
Chapada dos Guimarães
OK: para a maioria dos brasileiros, Cuiabá não fica propriamente ali na esquina. Mas em termos de distância de um aeroporto, a Chapada dos Guimarães é a mais fácil de chegar: está a meros 75 km do aeroporto de Cuiabá (ou 80 km, se você evitar passar pelo centro da capital. Um cuiabano chega à Chapada em menos tempo do que um carioca leva para ir de Botafogo ao Recreio dos Bandeirantes.
“Chapada dos Guimarães” não designa só a região: é também o nome da cidadezinha que serve como estância climática para a capital — a temperatura está sempre pelo menos 5ºC mais baixa (ou menos alta) do que em Cuiabá. Os moradores da região metropolitana fazem bate-voltas para tomar banho de cachoeira e almoçar em restaurantes com vistas panorâmicas. Quem se aventura para além das cachoeiras e dos mirantes mais populares, porém, é brindado com passeios pela natureza intocada.
- Leia mais: Bom Jardim (Nobres): a Bonito do norte
Quando ir à Chapada dos Guimarães
A época seca vai de maio a setembro. No entanto, no auge do inverno — julho e agosto — a neblina pode prejudicar fotos e atrapalhar passeios. No meio do ano as noites são fresquinhas e pode ocorrer o fenômeno da friagem — frentes frias que trazem temperaturas mínimas sulistas por alguns dias. Os meses mais chuvosos são dezembro, janeiro e fevereiro, com precipitação acima dos 200mm.
Há também grande diferença entre dias úteis e fins de semana. Fora de férias, durante a semana a região fica vazia; é ótimo para visitar até mesmo as cachoeiras principais sem disputar espaço com a massa — mas em compensação, à noite a cidade estará erma, com a maioria dos restaurantes fechada.
Como chegar à Chapada dos Guimarães
Facílimo. Do aeroporto de Cuiabá são 75 km (passando pelo centro) ou 80 km (contornando o centro), em estrada asfaltada.
De ônibus, a Expresso Rubi faz o trajeto desde a rodoviária de Cuiabá em 90 minutos. Consulte preços e horários pelo tel. (65) 3301-1237.
Bom Jardim, o distrito de Nobres que é a Bonito do Mato Grosso, está a 165 km, também asfaltados. Você precisa voltar na direção de Cuiabá e seguir a placa para o Lago Manso.
Precisa carro na Chapada dos Guimarães?
Se você não estiver de carro, vai precisar fazer todos os passeios com agências de ecoturismo, como a Chapada Off Road e a Chapada Explorer.
Estando de carro, você só precisará contratar o guia para ir com você (para passeios em que os guias são obrigatórios, como os do parque nacional e a caverna Aroe Jari). Na época das chuvas, porém, seu carro vai precisar ser 4×4 para encarar algumas estradas.
Se eu fosse você, alugaria carro sim (e continuaria com ele até Bom Jardim).
Quantos dias na Chapada dos Guimarães?
Com três dias você pode escolher passeios diversificados. Querendo fazer todos os passeios top, vai precisar de uns cinco dias.
O ideal é você aproveitar a viagem para explorar todo o potencial dos arredores de Cuiabá. Se você dispuser de 10 dias, dá para ficar um dia em Cuiabá, três na Chapada dos Guimarães, dois ou três dias em Bom Jardim (Nobres) e três ou quatro dias numa pousada do Pantanal Norte.
O que fazer na Chapada dos Guimarães
O balneário mais popular da Chapada dos Guimararães, a Salgadeira, está fechado há alguns anos. O atrativo mais visitado é a cachoeira Véu de Noiva, a 10 km da cidade, que faz parte do Parque Nacional mas não oferece banho, só mirante.
Algumas cachoeiras podem ser visitadas com pouco esforço físico e sem guia. A Cachoeira dos Namorados e a Cachoeirinha requerem meia hora de caminhada, saindo da entrada do Véu de Noiva (dá para entrar só até as 12h; é preciso sair até as 16h). Também visitadas em dupla, as cachoeiras do Marimbondo (10 km) e da Geladeira (12 km) têm acesso por trilhas curtas mas um pouco acidentadas; saia da cidade na direção do distrito de Água Fria.
A cachoeira mais popular — e por isso também a que mais sofre com barulho e lixo nos fins de semana e feriados — é a Cachoeira da Martinha, que oferece o banho mais gostoso, 42 km adiante da vila, na direção de Campo Verde.
Nâo há dúvida, porém, que as jóias da Chapada dos Guimarães são os circuitos guiados dentro do Parque Nacional. É preciso contratar o guia e registrar o passeio (você pode fazer isso contactando diretamente um dos guias listados no aqui ou procurando uma agência de receptivo local). O Circuito de Cachoeiras, de 6 horas de caminhada, passa por 6 cachoeiras (cinco delas abertas para banho) e piscinas naturais; a Casa de Pedra pode ser incluída no percurso.
O circuito do Morro São Jerônimo, de seis horas de caminhada (com aclive), também inclui a Ponte de Pedra, mas não tem parada para banho; o prêmio é a vista aca-chapante (desculpe) do alto do morro, 800 metros acima do vale. O Vale do Rio Claro é um passeio mais lúdico, para ser feito com carro 4×4 de agência; o circuito inclui caminhada, banho no Poço da Anta, flutuação no Rio Claro e subida à Crista de Galo.
Fora da área do parque, outra caminhada guiada que vale muito a pena é o circuito das cavernas Aeroe Jari e Kyogo Brado, com passagem pela Gruta da Lagoa Azul (o banho é proibido). Fica numa propriedade particular 46 km adiante da vila, na direção de Campo Verde; é preciso contratar guia. A caminhada leva três horas. Na volta, dá para passar no Mirante do Centro Geodésico da América do Sul que, apesar de não ser verdadeiro (o centro de verdade está em Cuiabá), oferece uma bela vista do vale, com Cuiabá ao fundo.
No departamento turismo aventura, a Tribo do Remo faz ducking (travessia em caiaque inflável) em rios da região, e o Chapada Aventura é um parque que oferece tirolesa, arvorismo, rapel em cachoeira e cavalgada (fica 5 km ao sul da vila, na direção do Horto).
Onde ficar na Chapada dos Guimarães
A Pousada do Parque é a única localizada dentro do parque nacional — dá para começar seus passeios mais cedo, com temperatura mais agradável. A ênfase são mesmo as atividades na natureza (são os mesmos donos da Pousada das Araras, no Pantanal Norte).
Quem busca hospedagem charmosa tem duas boas opções: no centro da vila, a Casa da Quineira, inaugurada em meados de 2014; e debruçada no paredão a 8 minutos de carro do centro, o Atmã Resort.
Duas pousadas têm jeito de casa: a Villa Guimarães e a Villagio.
Para quem vai com criança, a Vivá tem apartamentos tipo flat, com saleta e cozinha equipada, e a Pousada Penhasco tem estrutura de pequeno resort (e recebe não-hóspedes para day-use).
Chapada das Mesas
Apesar de ser vendida como a última bolacha do pacote das Chapadas, uma espécie de Jalapão 2, A Missão nos confins do Maranhão, a verdade é que a Chapada das Mesas é bem menos selvagem do que a imprensa de viagem faz parecer.
O lugar é um pólo turístico bem estabelecido, com balneários e cachoeiras que, nos fins de semana e feriados, lotam com visitantes das cidades da próspera região agrícola entre o norte de Tocantins e o sul do Maranhão, como Araguaína, Imperatriz e Balsas. E com razão: pelo menos três atrativos são sensacionais (Encanto Azul, Poço Azul e Cachoeira do Santuário).
Fora do circuito mais turístico, a área do Parque Nacional da Chapada das Mesas tem atrativos off-road, mas devido à pouca procura e à pequena estrutura de apoio, o ecoturismo autêntico acaba saindo caríssimo.
Quando ir à Chapada das Mesas
A época seca vai de maio a setembro. O meio do ano é também quando faz (ainda) mais calor: a temperatura, que normalmente chega a 30º, em julho e agosto atinge os 35ºC. Julho deve ser evitado por ser época de férias e atrair turistas que vêm de longe, pelas excelentes estradas da região. Atenção: o verão, de dezembro a março, costuma ser bastante chuvoso, com precipitação em torno dos 300mm mensais.
Ou seja: o ideal é ir durante a semana, entre maio e setembro, excluindo julho 😀
Como chegar à Chapada das Mesas
Os atrativos da Chapada das Mesas se dividem entre Carolina e Riachão, distantes 100 km uma da outra. O governo do Maranhão tem intenção de ativar o aeroporto de Carolina; enquanto isso não acontece, os aeroportos mais próximos são os de Araguaína, em Tocantins e Imperatriz, no Maranhão.
Araguaína fica a 110 km de Carolina (mas com uma travessia de balsa). Recebe vôos de Palmas (Azul e Sete) e Brasília (Passaredo).
Imperatriz está a 220 km de Carolina. Recebe vôos de Brasília (TAM e Gol), São Luís (TAM e Gol), Belém (Azul) e Belo Horizonte (Azul).
As duas cidades são pólos de agronegócio; você pode sair com carro alugado já do aeroporto.
A Viação Açailândia faz Imperatriz-Carolina em 3 horas, e São Luís-Carolina em 15 horas.
O trajeto de Araguaína a Carolina e Riachão é feito por vans de cooperativas como a Cooperban.
Dá para encaixar a Chapada das Mesas numa viagem a São Luís e Lençóis Maranhenses: vá por Brasília, desembarque em Imperatriz e depois voe a São Luís.
Para combinar Jalapão e Chapada das Mesas na mesma viagem, sem rodar mais 500 km desde Palmas, dá para voar de Palmas a Araguaína pela Sete.
Precisa carro na Chapada das Mesas?
Precisa. Sem carro você estará na mão das agências para fazer até os passeios mais simples (e ninguém precisa pagar um jipão 4×4 para rodar 35 km pelo asfalto até o complexo da Pedra Caída). Dos atrativos fora do parque, o único a que você não chega de carro é o Encanto Azul (mas dá para ir a pé, de carona ou de caminhonete desde o Poço Azul).
Quantos dias na Chapada das Mesas?
Os atrativos essenciais tomam dois dias: a Pedra Caída em Carolina e o conjunto Poço Azul + Encanto Azul em Riachão. Acrescente um dia se for cacifar o passeio às cachoeiras do Parque Nacional (da Prata e São Romão) e outro se quiser fazer um trekking pelo parque (e outros dias caso queira voltar para curtir a Pedra Caída ou o Poço Azul mais vezes).
O que fazer na Chapada das Mesas
Primeiro, os atrativos que você pode visitar com o próprio carro. Todos estão em propriedades partculares e cobram entre R$ 15 e R$ 30 de ingresso por pessoa.
A 35 km de Carolina (na direção de Imperatriz), o complexo da Pedra Caída oferece um circuito de cachoeiras ligadas por caminhos seguros, com escadas e passarelas onde necessário.
O destaque absoluto vai para o Santuário, uma cachoeira que se esconde ao fim de um desfiladeiro estreito, que você percorre com água pelos joelhos. Uma jardineira leva à Cachoeira da Caverna, que também é imperdível (por trás da queda d’água há uma gruta alagada que faz as vezes de piscina coberta).
O lugar também funciona como um ecoparque de diversões, com duas tirolesas, arvorismo, rapel em cachoeira e bóia-cross. Tem um hotel anexo e fica bastante cheio nos fins de semana.
Na mesma região, a Cachoeira do Dodô é uma boa opção para o dia da chegada, quando você não tem tempo de passar o dia inteiro na Pedra Caída.
30 km adiante de Carolina (70 km antes de Riachão), as cachoeiras de Itapecuru são duas mega-cachoeiras gêmeas que formam um senhor lago. A estrutura de apoio, porém, lembra um clube de cidade, com uma grande laje cimentada que corta a sensação de contato com a natureza.
A propósito, os 100 km entre Carolina e Riachão são superfotogênicos: os pequenos morros achatados se espalham pela planície e fazem você entender porque a chapada é das mesas.
Em Riachão, 25 km depois da vila (em estrada de terra perfeitamente transitável na época seca), o complexo do Poço Azul é, na minha opinião, o ponto alto de uma viagem à Chapada das Mesas. Não só pelo circuito de cachoeiras da propriedade, que culmina com o banho delicioso no Poço Azul. Mas também porque dali você poderá dar um pulinho no Encanto Azul, ainda mais bonito, e ali pertinho (veja como logo abaixo).
Os próximos atrativos só são alcançáveis com transporte e guia.
O Encanto Azul é uma nascente de águas delicadamente azuladas. O acesso é por uma trilha de areia que sai praticamente em frente ao complexo do Poço Azul. Carros comuns (ou mesmo 4×4 sem motoristas habituados a trafegar na areia) não dão conta de transpor os 6 km de areião. Você pode ir a pé, com guia (debaixo do sol…), esperar na entrada por uma carona, ir em passeio organizado desde Carolina ou então — foi o que eu fiz! — contratar o transporte do Dorivan.
O Dorivan mora em Riachão e pode fazer o traslado na sua caminhonete (mas é preciso combinar antes, porque ele dá expediente numa secretaria do município). Seus telefones: 99/3531-0083, 99/8868-3361.
As caudalosas cachoeiras da Prata e de São Romão ficam dentro do Parque Nacional, entre Carolina e Riachão, e são visitadas em conjunto, num passeio de dia inteiro (São Romão está a 70 km de Carolina, a maior parte em areia).
Todos os pacotes de agências também incluem uma subida ao Portal da Chapada, um mirante onde há uma pedra furada que parece o molde do estado do Tocantins. Fica a 20 km da cidade, na direção de Imperatriz.
Uma diária de jipão com motorista fica em torno de R$ 600. Agências de receptivo de Carolina: EcoTrilhas, Cia. do Cerrado e Torre da Lua.
Onde ficar na Chapada das Mesas
O padrão de hospedagem na região é bastante simples — lembre-se de que o foco é o turismo regional.
Carolina é uma gracinha de cidade. A parte mais histórica fica nas proximidades do rio Tocantins. Ali fica a Pousada dos Candeeiros, a mais charmosa da cidade, com jeito de casa da vó. Fora da cidade (praticamente no entrocamento de entrada), a Pousada do Lajes tem piscina e parquinho para crianças. O complexo Pedra Caída inaugurou há dois anos um anexo de chalés confortáveis, que hospedam até 6 pessoas.
Riachão não tem o charme de Carolina — e tem acomodações ainda mais básicas. Caso você queira estar bem posicionado para negociar seu passeio ao Encanto Azul, a melhor opção da cidade é a Pousada Chapada das Mesas.
Se precisar pernoitar em Imperatriz, a melhor opção é o Imperial, conveniemente localizado ao lado de um shopping, e não muito longe do aeroporto. Uma boa opção econômica é o Stay Inn.
Para um pernoite em Araguaína, recomendo o Relicário, que apesar do nome é moderninho (e fica em frente a um bar/restaurante animado). Considere também o Premier Pallace.
Jalapão
Os brasileiros descobriram o Jalapão como quem descobre um novo planeta: como assim, estava ali o tempo todo e a gente não sabia? Todas as fotos que você viu deste exótico território perdido no sertão do Tocantins são verdade: essas belezas existem, sim; não são truques de Photoshop. Só não vá pensando que o Jalapão é inteiro de campos brilhantes de capim-dourado entre dunas, lagoas e morros.
A paisagem dominante é o cerrado; os acidentes topográficos são poucos e espaçados. As cachoeiras, fervedouros e veredas são incríveis e valem a viagem — mas é preciso ter noção de que os atrativos ficam distantes uns dos outros, e os deslocamentos pelas lentas estradas de terra vão tomar a maior parte dos seus dias.
- Leia mais: Para entender o Jalapão
- Leia mais: Como é o passeio com a Korubo
- Leia mais: De carro, de Brasília ao Jalapão
Quando ir ao Jalapão
Entre e maio e setembro não chove quase nada; julho a setembro têm os dias mais quentes, mas também as noites mais frias (a falta de umidade faz a temperatura descer até perto dos 15ºC). Em setembro os céus já podem começar a ficar carregados por causa da queima natural do cerrado — mas em compensação, é quando você verá o capim-dourado realmente dourado, prestes a ser colhido.
De outubro a maio chove, mas não exageradamente. As estradas ficam menos fofas e proporcionam uma melhor rodagem. No verão, porém, as noites também são quentes.
Em feriados e nas férias, é preciso reservar sua viagem com antecedência. A capacidade de hospedagem do Jalapão é reduzida.
Como chegar ao Jalapão
Palmas, ponto de partida para o Jalapão, é ligada por vôos diretos somente a Brasília (TAM, Gol, Azul e Passaredo) e Goiânia (Azul e Passaredo).
Por via rodoviária são 900 km desde Brasília. Veja o relato deste leitor.
Precisa carro no Jalapão?
Com um 4×4, bom planejamento de abastecimento e mapas detalhados conseguidos localmente nas pousadas (eventualmente contratando guia para um ou outro passeio mais off-road) você dá conta de visitar todos os atrativos. (Mas antes de resolver se aventurar, leia o tópico seguinte.)
Com carro comum, você até consegue trafegar na estrada de Ponte Alta a Mateiros, mas vai atolar nas saídas para os atrativos — tanto no seco (areião), quanto na chuva (lama). Pegue um pacote com transporte incluído.
O que é melhor no Jalapão: pacote ou conta própria?
Viajar com apoio de agência é mais valioso no Jalapão do que em outros destinos de ecoturismo. As distâncias são grandes, a estrutura é precária, o celular não pega, as acomodações são escassas. Errar o caminho pode significar acabar o combustível. Uma pousada que apague sem querer sua reserva, e você vai precisar dormir no carro.
Há várias maneiras de viajar ao Jalapão com assistência. O jeito mais conhecido é o da Korubo, que mantém um acampamento bem-bolado à beira do Rio Novo e transporta os passageiros pra lá e pra cá num caminhão adaptado. A fórmula mais original é a da Venturas, com três dias de rafting entre os locais de acampamento. A NorteTur, de Palmas, tem roteiros circulares com a melhor logística de deslocamentos; a hospedagem é em pousadas. Dá também para montar pacotes com carro e motorista com receptivos de Ponte Alta, como o Belêco, a Dona Lázara e a Águas do Jalapão.
Por outro lado, o Jalapão é um território perfeito para jipeiros. Se for o seu caso, prepare-se para imprevistos e boa viagem.
Quantos dias no Jalapão?
Você vai precisar de três dias no Jalapão para ticar os atrativos essenciais (e vai gastar boa parte do quarto dia no caminho de volta a Palmas). O ideal são quatro pernoites.
O que fazer no Jalapão
Os atrativos mais bacanas ficam na região de Mateiros: por ali estão dois fervedouros (nascentes de água cristalina que brotam com força e impedem que você afunde; pense num poço de areia movediça, só que ao contrário), a espetacular Cachoeira do Formiga (águas esverdeadas, banho nota 1000, não me tire nunca mais daqui) e o povoado Mumbuca, maior centro de produção de artesanato de capim-dourado. Mateiros também é uma boa base para subir na Duna do Jalapão (normalmente para o pôr do sol) e para subir ao mirante da Serra do Espírito Santo (o mais cedo possível, para pegar menos calor na subida).
A Cachoeira da Velha e o Morro da Catedral ficam perto de São Félix do Tocantins.
Nas proximidades de Ponte Alta do Tocantins dá para ir à Pedra Furada e à Vereda de Suçuapara (um cânion-oásis delicioso de visitar).
Onde ficar no Jalapão
Em Ponte Alta, considere a Águas do Jalapão e a Pousada Planalto.
Em Mateiros, a Santa Helena tem piscina. Se não tiver vaga, tente na Buritis e na Panela de Ferro.
Entre Novo Acordo e São Félix do Tocantins, perto do Morro da Catedral e do rio Soninho, abriu uma pousada com proposta interessante, o Jalapão EcoLodge.
Caso precise pernoitar em Palmas, prefira hotéis nas redondezas do Palmas Shopping, como o Rio do Sono, a Pousada dos Girassóis, a Pousada das Artes e o Jalapão Hotel.
Leia mais:
- Roteiro Petrolina + Juazeiro + Serra da Capivara + Teresina
- Como fazer São Luís + Lençóis Maranhenses + Delta do Parnaíba + Jeri com transporte local
- Roteiro BH + Inhotim + Ouro Preto + Tiradentes
- Guia de praias: Sul da Bahia
- Guia de praias: Costa do Dendê + Costa do Cacau
- Guia de praias: Salvador + Litoral norte
- Guia de praias: Maceió e praias ao sul e ao norte
- Guia de praias: Rota Ecológica e Maragogi
- 3 vezes Amazônia: Iberostar x Anavilhanas x Uacari
Resolva sua viagem
113 comentários
Olá Ricardo e equipa, é por posts como este que admiro muito o vosso trabalho. Está genial, parabéns. Na verdade, ando há muito tempo a querer conhecer algumas das chapadas e este post me fez pensar nas hipóteses de combinar várias chapadas numa única viagem. Tenho, por isso, uma pergunta: se alguém quiser visitar as 5, quanto tempo você acha necessário? (para alguém como eu, que gosta de viajar devagar.
Grande abraço e obrigado,
Filipe
Olá, Filipe! Para fazer as chapadas em modo slow, pense em duas semanas para a Chapada Diamantina, 9 ou 10 dias para Veadeiros (ou duas semanas incluindo Pirenópolis), uma semana para Guimarães com Bom Jardim e dez dias para uma combinação de Jalapão com Chapada das Mesas.
Obrigado. Grande abraço e até breve.
10-12 dias para a Chapada Diamantina, 1 semana para Jalapão, 5-7 dias para a Chapada das Mesas e 4-6 dias para a Chapada dos Guimarães (+ 3-4 se for combinar com Nobres)/.
Nossa, que post fantástico. Simplesmente um guia definitivo sobre algumas áreas do Brasil que conhecemos tão pouco.
Só de ler já fico com vontade de fazer as malas e ir conhecer pessoalmente um desses paraísos.
Olá Bóia e Riq, vocês tem alguma sugestão de destino de praia, na Bahia, que poderia ser combinada com a Chapada Diamantina?
Olá, Perla! Sem estar de carro, você vai precisar voltar a Salvador (de ônibus ou avião) para combinar com qualquer parte do litoral. Veja os guias de praias da Bahia listados ao pé do post.
Estando de carro, pode ir à Costa do Dendê por Itaberaba/Amargosa até Valença, ou para a Costa do Descobrimento pelo mesmo caminho, mas descendo pela BR 101 assim que chegar nela.
Valeu Bóia!
Olá Perla,
Se você estiver de carro e escolher fazer por último a cachoeira do buracão em Ibicoara, ao invés de sair por Mucugê, desce por Barra da Estiva, Contendas do Sincorá, Jequié e daí escolher o destino de praias entre Ilhéus, Itacaré e Barra Grande, por exemplo.
Já fiz várias vezes e é tranquilo
Não sei se a informação ainda será útil, mas de Lençóis é possível pegar o ônibus direto até Valença, de lá é meio que tranquilo e rápido chegar à Boipeba ou Morro de São Paulo. Dessa forma se evita voltar para Salvador.
uau, post incrivel Riq! Estive na Chapada Diamantina há muitos anos (nos idos do século passado….) e sempre quis voltar. Quem sabe esse post é um sinal???? rsrsrs
Adorei as dicas. Vou com a família e amigos na Chapada dos Veadeiros no feriado de Corpus Christi e será a nossa primeira vez. Já conheço a Diamantina e estou na expectativa do lugar.
Post maravilhoso, obrigada!
Fantástico esse post!
Morei alguns anos em Cuiabá, e a Chapada dos Guimarães era nossa “praia” no final de semana. Fico feliz em saber que fecharam a Salgadeira, era o lugar que destoava do restante das atrações.
nossa salgadeira fez parte da minha infância, infelizmente fecho mas chapada dos guimaraes é bom demais..
A estrada de Alto Paraíso para São Jorge já está totalmente asfaltada (e com ciclovia) entre essas duas regiões. O asfalto agora está acabando bem em cima de São Jorge.
Obrigado, atualizando djá!
Tem algum site para alugar bicicleta e mapas da ciclovia? Valeu!
Chapada Diamantina é <3
Simplesmente sensacional o post. Parabéns Comandante!
Eu fui à Chapada dos Veadeiros há um ano, e foi como no post, inesquecível! Fiquei na pousada Casa das Flores, que tem ambiente bem agradável e um excelente restaurante com preços razoáveis.