IOF: o que muda para o viajante

IOF de 6,38%: e agora?

ATENÇÃO: há um post mais atualizado sobre o assunto:

Clique aqui: ATUALIZADO: dólar x euro x débito x crédito x VTM

O que fazer depois da maxitributação do cartão de crédito nas compras internacionais?

Não há uma resposta simples para esta pergunta. Além da paulada do IOF de 6,38%, o turista ganhou um monte de cáculos para fazer.

Antes de mais nada, é bom ter uma coisa em mente:

– Não existe operação de câmbio em que você não saia perdendo.

Por definição, cada vez que você compra ou vende uma moeda, você está perdendo um pouco. Operação de câmbio é bom pra banco e pra cambista. O objetivo do consumidor é reduzir suas perdas ao mínimo possível.

– A questão não é só 0,38% x 6,38%.

Mal foi promulgado o decreto-lei e já apareceu emissor de cartão de débito internacional (tipo Visa Travel Money) dizendo que esta modalidade ficou “6% mais barata” do que cartão de crédito. Não é bem assim. Há outros números envolvidos. É preciso levar em conta qual a cotação usada para a venda. Quanto custa o dólar do cartão de crédito? Quanto custa o dólar do cartão de débito? Quanto custa o dólar cash? Esses números são tão importantes quanto a alíquota do imposto.

– Quanto custa o seu dólar? R$ 1,66? R$ 1,67? R$ 1,70? R$ 1,72? R$ 1,76? R$ 1,81?

Essas são as várias cotações do dólar apuradas esta semana. R$ 1,66 e R$ 1,67 são as cotações do dólar em cartões Itaú, Caixa e Banrisul. R$ 1,70 é como estão convertendo Banco do Brasil e HSBC. R$ 1,72 parece ser a cotação mais comum do mercado, adotada por Bradesco, Santander, Citibank/Diners e American Express. R$ 1,76 é o dólar-turismo, que é a cotação-base para venda de dólar cash e cartão de débito internacional (tipo Visa Travel Money); dependendo da praça, do banco ou da corretora, pode ficar um pouco mais caro do que isso. E finalmente R$ 1,81 é quanto está custando o dólar no mercado paralelo.

Um dólar de cartão de crédito a R$ 1,66 ou R$ 1,67 (+ IOF de 6,38%) custa exatamente o mesmo de um dólar de cartão cash ou de cartão de débito a R$ 1,76 (+ IOF de 0,38%).

A tendência é, pelo menos num primeiro momento, a cotação do dólar-turismo subir (já subiu 1,5% desde o anúncio da medida, enquanto o dólar comercial declinou 1%).

Bem-vindo ao maravilhoso mundo das contas

Acho importante ressaltar é que não cabe mais nenhum raciocínio generalista-simplista. Não é porque o IOF de uma modalidade é menor do que outra que o custo final seja necessariamente menor. Não é porque o site cobra em reais que seu preço vai ser sempre menor do que o site que cobra em dólar. Muita gente deve aparecer com essa história de 6% mais barato. Mas é preciso comparar preço a preço.

Pese os pós, contras e pegadinhas de cada um dos canais de compra e meios de pagamento:

DÓLAR, EURO OU LIBRA CASH

Prós: IOF continua em 0,38%. Você garante a cotação do dia da compra, sem sustos posteriores.

Contras: é vendido pelo dólar-turismo (mais alto, com tendência de alta). Não é seguro levar grandes quantidades. Se precisar trocar de novo no exterior, dá trabalho (e custa tempo) para procurar a casa de câmbio onde a perda seja menor.

SAQUE INTERNACIONAL EM CAIXA AUTOMÁTICO

Prós: IOF continua em 0,38%. Em muitos bancos a cotação é próxima ao dólar comercial (mais barata que a do dólar-cash, que usa a cotação turismo). Na maioria dos bancos você garante a cotação do dia do saque, sem sustos posteriores.

Contras: há taxas por operação, que variam de banco para banco, de conta para conta e de rede para rede (é difícil, porém, que representem mais do que a diferença entre a cotação comercial — caso o seu banco use — e a cotação turismo, do dólar cash). Mesmo quando a cotação compensa, não é possível custear uma viagem inteira só com saques no caixa automático: há limites de saques por dia, semana ou mês (conforme o banco); o limite de saques não é igual ao saldo em conta corrente.

CARTÃO DE BANCO USADO NA FUNÇÃO DÉBITO (Electron/Maestro)

(Tinha esquecido desta, obrigado por lembrarem!)

Prós. Continua com IOF de 0,38%. Alguns bancos, como Itaú, Caixa e Banrisul, praticam um câmbio próximo ao comercial. Para usar, basta habilitar seu cartão para saques internacionais; não é preciso fazer um cartão específico.

Contras. O limite é baixo (não é igual ao seu saldo em conta) e interefere no limite para saques de caixa automático.

CARTÃO DE DÉBITO (Visa Travel Money, Cash Passport Visa/MasterCard, Global Traveler American Express)

Prós: o IOF continua em 0,38%. Você garante a cotação do dia da compra, sem sustos posteriores. O cartão pode ser recarregado à distância, por internet banking (é o melhor plano B que existe para qualquer contratempo financeiro; ninguém deveria sair do país sem um desses no bolso). Em caso de perda ou roubo, é substituído durante a viagem. Em muitos países funciona com senha, o que aumenta a segurança. Pode ser emitido em dólar, euro ou libra.

Contras: é vendido na cotação-turismo e, uma vez comprado, só pode ser recarregado na corretora que vendeu o cartão (não dá para recarregar numa corretora que eventualmente venda a moeda por uma cotação melhor). Funciona melhor para compras do que para saques (há incidência de taxas a cada saque, e o limite por operação é baixo). Não funciona 100% em compras online. A conversão para outras moedas (diferentes da moeda que foi carregada) incorre em taxas maiores do que as dos cartões de crédito.

TRAVELER CHEQUES

Prós: o IOF continua em 0,38%. Em caso de perda ou roubo, é restituído. Nos Estados Unidos funciona como moeda corrente: qualquer comerciante vai aceitar e dar muitos estabelecimentos aceitam e dão troco em dinheiro vivo, sobretudo hotéis e lojas de departamentos.

Contras: é vendido na cotação turismo. Fora dos Estados Unidos, dá um trabalhão para ser trocado; encontrar quem troque sem taxa está cada vez mais difícil. Seu sucessor natural é o cartão de débito internacional.

CARTÃO DE CRÉDITO

Prós: alguns bancos, como Itaú, Caixa e Banrisul, praticam uma cotação próxima ao dólar comercial, que faz com que, mesmo com a incidência de IOF de 6,38%, o custo do dólar seja equivalente ao do dólar-cash. Pode oferecer recompensas, como milhas (e as milhas acumuladas durante uma viagem internacional podem ajudar a completar uma passagem-prêmio). Oferece a segurança do estorno de pagamentos por serviços não realizados.

Contras: o IOF aumentou para 6,8%. Pode haver variação cambial entre a data da compra e a data do vencimento da fatura. Alguns bancos, como Santander, Citi e Bradesco, praticam uma taxa de conversão pouco vantajosa, entre o câmbio comercial e o turismo. É preciso lembrar a todo momento que o preço que você está pagando terá um acréscimo de quase 7%.

SITES DE COMPRAS E RESERVAS

Em princípio, tudo o que for pago em real é mais vantajoso, porque não há incidência de IOF. Mas é preciso comparar os preços finais (na penúltima página, depois que todas as taxas são incorporadas). É possível que continue havendo ofertas vantajosas nos sites internacionais.

Mistura e manda

Mais do que nunca é preciso considerar todas as possibilidades. Como o meu cartão de crédito pratica um câmbio favorável, eu vou manter a minha fórmula: uma quantia fixa em dinheiro vivo para emergências, saques no caixa automático para o dinheiro do dia a dia, cartão de crédito para gastos maiores e cartão de débito como plano B.

And the winner is…

Pacotes all-inclusive para o exterior vendidos no Brasil…

Fique de olho:

A medida foi tomada de surpresa. Vale acompanhar não só o comportamento da cotação do dólar-turismo, como também a reação dos cartões de crédito: caso sintam o baque, podem acenar ao mercado com ajustes na taxa de câmbio praticada ou na proporção de milhas auferidas em compras no exterior.

Leia também:

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Novo IOF: a análise da Lena

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200 comentários

Uso o cartão Visa Ourocard Banco do Brasil… já fiz saques no exterior (pagos na fatura do cartão) e compras no crédito. Nessas duas modalidades haverá o extraodinário aumento do IOF…Alguém pode me explicar como comprar no débito no exterior ou sacar da conta corrente? Que taxas incidem?

    Rodrigo, acho que as taxas já foram respondidas 🙂 Mas vai um resumão:

    IOF sempre vai acontecer. 0,38% para compra de papel moeda (incluso traveler ou vtm, cash passport e global traveler) ou no débito internacional (confira com seu banco) e 6,38% para compras no cartão de crédito.

    Quanto ao débito internacional, vc precisa ligar para seu banco/gerente e conferir se seu cartão pode fazer compras e saques internacionais e se puder, vc precisa habilitar antes de viajar.

    De forma rápida, se estiver escrito “Cirrus” (para o cartão do banco com bandeira mastercard) ou “Plus” para os de bandeira Visa, significa que é possível comprar/sacar no exterior.

    Não há diferença no modo de usar o cartão do banco lá fora para débito ou saque em bancos 24h da bandeira correspondente (Cirrus ou Plus).

Excelente post, assim como os anteriores. Usei o seu raciocínio demonstrado aqui para me ajudar no trabalho (que não tem nada a ver com turismo, btw 😉 ). Thanks a lot!!

Heheheeh, somos TODOS UNS PATETAS!!! ACEITAMOS aumentos sistemáticos de impostos sem reclamar, xingar, brigar, mandar email para sites governamentais e do CONGRESSO (ralo master!). SUGESTÃO DIFERENTE: vá no Paraguai, troque os pneus do carro (diferença de 500%, fabricados no Brasil, se quiser!!!; troque a bateria, idem preço…) e procure uma casa de câmbio grande…e troque reais!!!!!! MAIS BARATO!!! e é assim que os DOLEIROS FAZEM!!!!heheeh (aprenda a conhecer as cédulas de Dólar e Euro!!!).

Uma notícia para tomorrow, 1o de abril/2011: Governo vai lançar loteria de cartão corporativo para turistas. Quem ganhar, vai levar um com limite de gastos de $-50.000,00.
Se o ex-presidente barbudo tinha e ele e sua esposa sem dar um prego numa barra de sabão, gastavam o tanto que dava na telha!

Bem, pelo que vi: se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come.
A saída para os universitários e que dependem da sombra dos paipais, é apertar o cinto (aqui no Brasil é 3 x ao dia, Kalzone – além de manter o estudante vivo, emagrece). Em outro país, é só procurar um similar; para os turistas, é fazer uma mixagem de gastos – cartão VTM + cash. Ou, aumentar a renda; Ou, não votar mais nessa cambada de gente que só mente e engsna os trouxas. E quem paga a conta aqui – e lá nos passeios -, somos “nóis”.
See you soon.

Ainda fiquei em dúvida em relação ao paypal. Quando uso ele o valor já é convertido na hora para reais, mas a dúvida é o paypal já considera o IOF na hora de estabelecer a cotação? Se sim, qual IOF 0,38% ou 6,38%?

Compro muita coisa on line para entregar no meu hotel quando viajo, dependendo do IOF do pay pal, vou dar ainda mais preferência a ele!

    Oi Luciana.

    O Paypal quando pago em Real usa a cotação deles (muito pior que a turismo) para a conversão e daí faz a cobrança em reais no seu cartão, ou seja, em cima desse valor já em reais não tem mais IOF. É como se você comprasse em reais aqui dentro do Brasil.

    Não sei como anda a cotação deles hoje, mas pode ser uma boa opção se as continhas (valor x dólar cartao x 6,38%) for mais cara.

    Quando comprei com eles da última vez não valia a pena converter pra real, assim como não valia a pena comprar em real no free shop.

    Já no caso de comprar em dólar, não há conversão ou incidência de IOF feita pelo Pay Pal, mas vai acontecer quando você for pagar seu cartão de crédito, claro 🙂

    Espero ter esclarecido 😉

Olá Ricardo,

Vou morar no Canadá por 4 meses. Tenho pesquisado sobre a melhor maneira de usar o dinheiro/ cartões por lá. Tem o cartão cash passport e o meu cartão do BB tem limite de crédito baixo porque é conta universitária, mas digamos, que minha conta tem um bom saldo e eu poderia usar o débito. Que conselho você pode me dar? Adorei o post, muito completo.

    Olá, Mayara! Aqui quem responde é a Bóia. As dicas são as do texto! 🙂

    Não há limite para o Cash Passport, você pode gastar o que for carregado!

Ótimo post… Tenho certeza que irá ajudar muitos leitores a se decidirem da melhor forma possível na hora de efetivarem uma compra em moeda estrangeira.

Pessoal minha fatura do BB e do ITAU tem o mesmo vencimento e fiz em ambos compras nos exterior. Ao contrario do que falaram aqui, a tarifa do dólar utilizada pelo ITAU foi mais alta que a do BB. Vou continuar com as compras no cartão de crédito e débito do BB mesmo.

    hum… e hoje eu fiz o marido pedir um itaucard pra mim pensando ser mais bonzinho que o meu para usar na próxima viagem… bom saber.

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