Minitrekking no glaciar Perito Moreno: holiday on ice
O assunto geleiras vai ocupar todo o seu tempo em El Calafate. Se você decidir que Perito Moreno não é o bastante, vai poder ver outras, em passeios de barco pelos lagos (vou falar de tudo no post de encerramento do Calafate).
Deixe para o último dia, porém, o passeio que vai tornar supérflua qualquer outra atividade que passe perto de um cubo de gelo: o Minitrekking.
Depois de ver geleiras — ou glaciares; dedico o título deste post à Isabel O. — de longe, de perto, do alto, de baixo, da terra, da água, só nos resta mesmo subir numa e caminhar sobre o gelo.
Há duas opções de passeios, realizados pela mesma companhia, a Hielo & Aventura: o Minitrekking, que inclui uma hora e meia de andanças por cima do glaciar, e o Big Ice, que é um pouco mais puxado. Para minha felicidade, a idade máxima recomendada para o passeio mais puxado é 45 anos; como estou com 46, tenho a desculpa perfeita para ter feito a versão compacta 😀
Férias no exterior sem seguro viagem? Melhor não!
Depois de uma curta navegação pelo Brazo Rico (a seção do lago que aparece nos mirantes da estrada, à esquerda das passarelas), desembarcamos num refúgio ao pé de um bosque na outra margem.
De lá fazemos uma curta caminhada até um mirante à beira-lago (onde temos a última vista antes de subir no bicho — essa aí de cima), e depois vamos para a estação onde ganhamos tração nas duas pernas.
Os monitores do passeio instalam grampões na sola dos nossos sapatos. O sistema é o mesmo dos patins de (beeem) antigamente, que a gente usava com calçado normal; a diferença é que em vez de rolimãs ele vem com umas pontas hiperafiadas que previnem tombos (se você cai no gelo, a probabilidade de fratura é alta).
Os guias são bacanas e explicam como caminhar. Precisamos manter os pés separados, pisar com o pé inteiro, manter a postura ereta nas subidas. Em resumo — andar como um pingüim, descer como um macaco.
Caminha-se em fila indiana, com paradas estratégicas para fotografias. As descidas são um pouco tensas, mas nada que se compare com um bugueiro maluco em Natal.
Não preciso dizer que é lindão porque você está vendo com sua própria tela. É como passear por um jardim de esculturas geladas.
O mais bonito de tudo são as fendas azuladas que aparecem a todo momento. Olhos d’água. Olhos azuis d’água! Elizabeth Taylor meets Perito Moreno.
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No fim, tudo acaba em uíqui — no nosso caso, um escocês Famous Grouse oito anos, com gelo produzido há oito segundos.
Gostou? Prepare a carteira. Em 2010, o passeio custou o equivalente a 130 dólares.
O passeio completo inclui uma passada nas passarelas, e resolve a vida de quem vai ficar apenas um dia na cidade. É preciso reservar e pagar na véspera. E não há saídas no auge do inverno (entre meados de junho e meados de agosto).
Agora no fim do verão a temperatura estava agradabilíssima: uns 12 graus. Me arrependi de ter ido com ceroulão por baixo da calça de nylon, e no final suei a camiseta por baixo da parka quebra-vento.
Caso você possa ficar mais dias no Calafate, mantenho a minha sugestão do post inicial: vá no primeiro dia ao parque de carro. No segundo dia, faça um passeio de barco pelos glaciares (voltarei a falar disso no post final). E deixe o Minitrekking para enxugar o gelo final.
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341 comentários
É muito bom relembrar esse passeio por essas belíssimas imagens. E realmente o passeio vale muito a pena!
Que lindo! Luxo mesmo; quero muito fazer quando for pra Calafate de fato (so vi o Perito Moreno do aviao, a caminho de Ushuaia). Definitivamente, ja ta anotado – inclusive sua instrucao para o trekking “andar como um pingüim, descer como um macaco”
Isso sim é que é luuuxo !!
Onde é que se escondeu o Nick , que não consegui encontrar em nenhuma foto ? ( só na dos sapatos )
O Nick ,claro , tava do outro lado , filmando 😳
Haha, esse aí não era o nosso grupo não… era o grupo anterior! O nosso grupo ainda estava no alto, então aproveitei pra fotografar o que seria a continuação do nosso passeio 😎
Riq, estou boba de ver como esse lugar é maravilhoso!!! Só fiquei pensando se eu daria conta de me equilibrar nesses grampos q vcs colocaram nos pés… sou muito estabanada… rs!!!!
A 9a foto deste post tem profundidade e leveza suficiente para ilustrar a paisagem de maneira icônica. É uma vencedora.
E é tudo lindo no gelo, eu fiquei com mais vontade ainda de fazer esse trekking. Eu já adoro um trekking, esse me soa imperdível e inesquecível.
Pus na minha looonga lista de viagens-desejo. 🙂
O que me apavora é a inflação argentina… há exato 1 ano atrás pagamos 350 pesos no minitrekking e 50 para entrar no parque… estávamos com um guia de 2007 e os valores que nele constavam ainda eram metade do que pagamos… quem deixar pro ano que vem vai pagar mais 500 pesos certo…
Rodrigo,
Acho que a cotação deve ser dolarizada, por isso a “inflação”.
Não acredito muito nisso não JB, pode ser que o fluxo de visitantes tenha aumentado (e o olho crescido) bastante nos últimos anos, ou é porque antes era muito barato mesmo 🙂
Mas veja: só a entrada do parque Los Glaciares aumentou 250% em pouco mais de 2 anos. Não é demais não? Será que o parque do Iguaçu, por exemplo, chegou a ter aumentos tão significativos assim? Isso sem contar que agora todos os parques nacionais argentinos tem entrada diferenciada (pra cima) para estrangeiros 🙁
Taí um passeio que me arrependo de não ter feito. É caro, mas tenho certeza que vale demais a pena
Eu já fiz, realmente é muuuuuuuuuito legal. A sensação é indescritível!!!
Extremamente recomendado!
Isso é um incrivel campo de suspiros, daqueles que ficam bem puxa-puxa. Maravilhoso; quero muito ir.
Ademais de tudo que já foi dito, não posso deixar de comentar que as legendas das fotos estão o máximo!!! 🙂