Patagônia chilena | Terra do Fogo, parte I: terra e fogo
Enviada especial | Carmem Almeida
O fim do Chile começa em Punta Arenas… É dali que sai a maioria dos voos e cruzeiros para aquele emaranhado de ilhas e canais que chegam até o Cabo de Hornos e, mais adiante, até o território Antártico.
Politicamente, Punta Arenas acumula funções de capital da região de Magalhães e Antártica Chilena e capital da província de Magalhães.
A proximidade com o Estreito de Magalhães traz à cidade bonitas paisagens, além das atividades portuárias que movimentam grande parte da economia da cidade.
Do outro lado do Estreito de Magalhães está a imensa Isla Grande de Tierra del Fuego, cujo território, considerado o maior território insular da América do Sul, é compartilhado entre Chile e Argentina.
A ilha foi descoberta por Hernando de Magallanes – versão espanhola do nome do descobridor português Fernão de Magalhães.
Por conta das imensas fogueiras que seus primeiros habitantes, os índios Selk’nam, faziam para obter iluminação e aquecimento, o lugar foi chamado de Terra do Fogo. A cidade de Porvenir é capital da província de Tierra del Fuego.
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Ainda mais ao sul, na província Antártica Chilena, cuja capital é Puerto Williams, estão a Isla Navarino, o Parque Nacional de Cabo de Hornos e o território Antártico.
Esse foi o cenário do programa “Terra do Fogo, um paraíso outdoor”, preparado pela SERNATUR – Direção Regional Magallanes y Antartica Chilena do qual participei como enviada especial do Viaje na Viagem
Cruzamos mares, ares e terras. Os elementos da natureza foram os nossos elementos durante aqueles nove dias. Nada melhor, portanto, que relatar as experiências vividas com cada um desses elementos.
Nesse primeiro post vamos de Terra e Fogo. Bora?
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Terra
Ruas arborizadas, casas antigas, comércio com preços atrativos, bons hotéis e restaurantes… assim é Punta Arenas.
Hospedar-se no Hotel Cabo de Hornos, em plena praça principal da cidade é um must. Quer coisa mais gostosa que olhar pela janela e ver a torre da igreja ali na da Plaza de Armas, bem na sua frente ou, dependendo da localização do seu quarto, dar de cara com as águas azuis – e geladas – do Estreito de Magalhães?
Passamos pouco tempo na cidade, mas foram horas tão intensas que já posso até indicar dois lugares bem interessantes pra comer.
Quem gosta de ambiente informal, drinks criativos e pratos arrumadinhos tipo ikebana, vai se dar bem no La Marmita. Já quem prefere aquele serviço mais convencional, com garçons uniformizados como mandam as escolas de gastronomia, servindo bons vinhos e bons pratos tradicionais, vai se sentir em casa no Sotito’s Bar.
Se você, como eu, curte visitar cemitérios, não perca os túmulos floridos do cemitério local. Lendo as plaquinhas você terá uma ideia da gama de europeus que imigraram para a região. Os croatas são os campeões. Há inclusive um bairro croata na cidade.
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Punta Arenas foi o nosso elo de ligação com o continente chileno. Dali partimos por via marítima e para ali voltamos, no final do circuito, por via aérea.
Era noite quando desembarcamos no Porto Navarino. Um pequeno ônibus nos esperava para nos conduzir ao agradável Lakutaia Lodge, a 54 km dali, por estrada de terra.
Na verdade, só nos demos conta de que o lodge era um espetáculo no dia seguinte, já que chegamos depois das 11 da noite e fomos logo nos encantando com algo que não víamos há dias: o sinal de internet.
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Quando nos vimos com acesso à rede, esquecemos o cansaço do dia e o adiantado da hora. Nos atiramos como loucos aos e-mails, Facebook, Twitter, WhatsApp…
Na manhã seguinte, descansados e satisfeitos, nos conectamos com as belas vistas das janelas, curtimos um pãozinho fresco no café da manhã e saímos pra uma visita às dependências do hotel: estábulos, jardins, horta. Tudo muito organizado e com evidente preocupação em preservar a natureza.
Conhecer Puerto Williams é uma bela experiência. A cidade é pequena mas nem por isso entediante.
Gosta de plantas? Vá visitar o Parque Etnobotánico Omora. Coigües, lengas e ñirres – as árvores típicas da região – e uma infinidade de espécies de musgos e liquens, além de mini bosques que devem ser observados com lupas, vão fazer a festa dos “turisbotânicos”.
Prefere história? Pois então visite o Museo Antropólogico Martin Gusinde e a Casa Stirling, a primeira casa construída na região, que foi transladada várias vezes e agora é parte do museu.
O museu, aliás, não é pra perder. Toda a história do povo yagan, os primeiros a povoar aquelas terras, está exposta ali num arranjo digno de museu de primeiro mundo.
Pra quem tá só a fim de uma cervejinha ouvindo histórias de marinheiros, o melhor lugar é o Club Naval de Yates Micalvi, que acolhe iates em trânsito de e para o Cabo de Hornos e tem um bar bastante curioso, instalado num barco ancorado. Passamos por lá de manhã e o bar estava fechado. Peninha!
E se você quer apenas bater pernas, o centrinho de Puerto Williams, às margens do Canal de Beagle, não vai te decepcionar.
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Dá pra chegar a Puerto Williams voando com a DAP desde Punta Arenas, navegando desde Ushuaia em lanchas ou botes e, pra quem prefere uma aventura roots, enfrentando 28 horas num ferry desde Punta Arenas. Pode escolher!
O Lakutaia prepara programas sob medida para seus hóspedes, com duração, atividades e preços a combinar. É só entrar em contato com eles pelo formulário do site ou pelo e-mail.
O campo de pouso de Pampa Guanaco, em plena Isla Grande de Tierra del Fuego nos serviu de acesso ao Lodge Deseado, às margens do lago que lhe empresta o nome.
O lodge está a uns 50 km do campo de pouso e o acesso é por estrada de terra em ótimo estado. Aliás, estradas pavimentadas não fazem parte desse roteiro…
Antes de embrenhar-se na estrada, dê uma paradinha no posto policial de Pampa Guanaco: há banheiro e sinal de celular. Ligue pra casa, diga que está tudo bem e que por alguns dias não vão ter notícias suas.
No Lodge Deseado não tem sinal de celular e muito menos de internet, mas tem o carinho do casal Ricardo & Andréa e seus colaboradores. Os hóspedes são tão bem tratados que até se esquecem de que estão longe de casa.
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O lodge tem quatro confortáveis apartamentos, com janelões de onde se vê o lago que está ali, a dois passos. Fique ali, no sofá, com a lareira aquecendo o ambiente, e diga se a vida não é bela. Nem precisa sair pra pescar ou caminhar pelos bosques. Só olhar pra aquilo tudo já é um programão.
E ainda tem a comida… Pratos caprichados, sempre acompanhados de um pisco sour, um bom vinho e muitas histórias.
Mas nós saímos, sim! De caminhonete. Fomos explorar a região. Nosso destino era o Lago Fagnano, não muito longe dali, mas atrás das montanhas. Subimos. Lá no alto, nevava. Passeio lindo, com direito a pinguins, picnic e pescaria.
O Lodge Deseado oferece programas de caminhadas, excursões, pesca e navegação, além do privilégio de hospedar-se entre bosques e águas cristalinas. No momento, o site da hospedaria parece estar fora do ar. Para contato com eles, use o e-mail [email protected], aposto que o Ricardo vai responder rapidinho.
Mais uma viagenzinha de caminhonete e chegamos ao Estancia Cámeron Lodge, na Estancia Cámeron, situada na cidade do mesmo nome, às margens do Rio Grande.
O lodge fica num terreno alto, de onde se avistam o rio e suas curvas. As acomodações são aconchegantes.
A sala de estar e jantar é enorme, com uma lareirona e janelões para o rio.
Fora faz um frio de rachar, mas sentado ali com uma taça de pisco ou vinho, nas mãos, quem vai pensar em frio?
O lodge foi construído pra abrigar os fãs da pesca, naquele lugar que é o bam-bam-bam no gênero, mas mesmo que você não tenha interesse nas trutas do Rio Grande, uma estadia por lá não vai ser desagradável, juro!
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Fogo
Assar um cordero al palo é coisa comum por aquelas paragens. Muitos dos cordeirinhos que a gente vê pelos caminhos, felizes ao lado de suas peludas mamães, poderão acabar seus dias espetados num pau, assando ao lado de uma fogueira. Assim é, e assim sempre será! Matar pra comer, dizem, não é pecado…
Na Estancia Cámeron fomos recebidos com esse ritual. Ao ar livre, ao redor de uma enorme fogueira, foram assados dois cordeiros dos quais restou pouco após a nossa passagem por lá.
Pra acompanhar, além dos vinhos e espumantes que fizeram parte dos nossos brindes desde o primeiro dia de viagem, oferecidos pela Viña La Rosa, havia também a cerveja artesanal da Cervecería Hernando de Magallanes, cujas instalações visitamos em Punta Arenas.
Eu nem sou fã de carne, mas experimentei o cordeiro. Afinal, ir à Patagônia e não comer cordero al palo deve ser pecado mais grave que ir a Paris e não visitar a Torre Eiffel, né?
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E a graça da coisa não está só em comer a carne, mas em tudo o que rola no entorno: os gauchos preparando a carne, a mesa posta com mais mil e uma comidinhas, as conversas, as fotos, a paisagem, o cheiro de fumaça que pega na sua roupa e não sai nunca mais…
Foi uma tarde animada. Fogueira, carne, vinho, cerveja, música e dança. Precisava mais?
Precisar, não precisava, mas naquela tarde ainda haveria pescaria para uns e castoreira para outros. Mas isso é assunto para o próximo post.
Vem!
Carmem Almeida viajou a convite da SERNATUR.
Comentários
Boa noite. O que fica mais barato. Sair de Ushuaia de barco até puerto William ou de avião desde Punta arenas???
Olá, Wagner! Só orçando para saber.
ola amigos…alguem tem informamoes se a balsa q transporta os veiculos..
transporta tambem passageiros……….
a empresa que faz o percurso nao me responde
Olá, Angelo! Precisa ver se a empresa já retomou as atividades.