Suas verdinhas: a alta do dólar e as viagens para o exterior

Fonte: Oanda[Dólar x Real: 1 ano de gangorra. Fonte: Oanda]

Todos perguntam: a alta do dólar veio para valer? O dólar vai continuar subindo? Vai baixar?

O fato é que os economistas só perdem para os comentaristas de futebol, os meteorologistas e as mães dinás no quesito confiabilidade de previsões. E não vai ser a um mero blogueiro de viagem que vai se meter a futurólogo, concorda?

O que eu posso fazer é um panorama do jogo jogado: como as coisas (e a nossa cabeça) funcionam nesses momentos de instabilidade cambial.

O que sabemos desta vez é que o governo está tentando desvalorizar o real já há algum tempo, e a crise grega está apenas dando um empurrão mais forte. O real é uma das moedas mais valorizadas do mundo, e nessas crises acaba desvalorizando mais do que as outras (até mesmo que o combalido peso argentino…). O governo só deixará de ter interesse na valorização do dólar se isso causar pressão inflacionária. (Mas como já vimos repetidas vezes, nem sempre a vontade cambial do governo é seguida pelo mercado.)

Ou seja: a única certeza que temos é que, nesse exato momento, o governo não está muito preocupado em salvar sua viagem ao exterior. Se o dólar vai continuar subindo ou vai voltar ao patamar anterior, só os economistas, os meteorologistas, os comentaristas de futebol e as mães dinás poderão dizer.

Fonte: Oanda

[5 anos de câmbio. Fonte: Oanda]

–> O dólar de 2 reais é muito caro?

Comparado ao dólar de R$ 1,55 de julho de 2011, está caro. Mas se o seu parâmetro for o dólar de R$ 2,43 de dezembro de 2008, ainda está atraente.

A subida atual começou no final de fevereiro de 2012, quando o dólar estava em R$ 1,71. O soluço cambial anterior tinha se dado entre agosto e outubro de 2011, quando o dólar passou de R$ 1,60 para R$ 1,81. Desde então estava num sobe-e-desce mais ou menos suave.

O que aconteceu na subida de 2011 foi um susto inicial, que durou mais ou menos um mês, seguido de acomodação geral. Todo mundo continuou viajando com o dólar de R$ 1,75-R$ 1,80 como se ele ainda estivesse a R$ 1,55.

Será que nos conformaremos tão fácil assim com o dólar de R$ 2? (Meu palpite: sim.)

–> Passagens aéreas

O preço das passagens acaba sendo o menos afetado pelas mudanças cambiais. Dólar barato aumenta a procura, que por sua vez eleva as tarifas — então a situação de dólar barato com passagens caríssimas (ao menos nos vôos diretos) é bem conhecida da gente. Com o dólar subindo em reais, o recuo da procura pode causar uma baixa da tarifa em dólar, o que acaba equilibrando a conta.

(A maior ameaça neste quesito é o preço do petróleo, que ao subir empurra as tarifas para o alto).

–> Pacotes

Nessa fase de assimilação de dólar novo é interessante dar uma olhada nas ofertas das operadoras. Muitas têm bloqueios a preços antigos e, ao sentirem retração de procura, vendem seus pacotes com dólar “congelado”. (Mas sempre é bom comparar com o que você consegue por conta própria, porque esse momento também é próprio para maquiagem de preço.)

–> Hotéis

Continua valendo a máxima de reservar com 3 meses de antecedência — que é quando os hotéis costumam liberar as tarifas descontadas nos sites de reservas. Quem tem sangue frio de esperar até a última hora também pode conseguir ótimas ofertas (mas se o destino estiver aquecido naquelas datas, vai acabar pagando caríssimo).

–> Como fazer uma viagem mais econômica

Viajando slow. Quanto menos deslocamentos, menos cara fica uma viagem. Quando mais você fica num lugar só, mais condições tem de curtir o lugar sem as sobretaxas que o turista apressado precisa pagar (táxi, passeios organizados, restaurantes em áreas turísticas…).

–> Como juntar dinheiro para viajar

Os economistas dividem os investidores em “conservadores” e “agressivos”. O jeito conservador de juntar dinheiro para viagem é ir comprando moeda forte aos poucos. Se você precisar de liquidez, compre dólar ou euro cash. Se tem certeza de que vai usar o dinheiro só para viagem, é mais seguro e prático fazer um cartão tipo Travel Money e carregar com um pouco de moeda forte todo mês.

O segredo de juntar dinheiro aos poucos é esquecer a cotação que pagou: 1 dólar comprado vale 1 dólar, e só. Você está investindo numa viagem, não num resultado porcentual.  Se conseguir realizar a viagem na época esperada, o investimento terá sido bem-sucedido.

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118 comentários

Sílvia, é uma boa questão essa a tua. Estou agora lendo os termos do contrato do meu VTM (Corretora Confidence). Como todo contrato cambial, tem pontos muito mal esclarecidos pela redação, hehe. Não tem nada específico sobre prazo de validade do SALDO das recargas enevtuais. Mas tem as seguintes cláusulas que aparentemente dão a entender que qualquer valor que você carregue, em qualquer tempo, vai estar sempre disponível:
[…]
2.2.(a). Após o vencimento do cartão, o eventual saldo remanescente poderá ser reivindicado pelo cliente junto ao Agente, ou transferido para novo cartão. Ambas as operações estarão sujeitas a eventuais tarifas cobradas pelo agente.
[…]
4.(a). Até a data do vencimento do cartão, o cliente poderá recarregar um saldo em seu cartão através do Agnte, sujeito aos limites anuais estipulados pelo Administrador.
[…]

Ou seja, os valores eventualmente carregados para viagens futuras, aparentemente, não tem restrição de validade, exceto a a própria validade do cartão (e ainda asim, dá a entender que é possível resgate mesmo após a validade). Meu VTM tem prazo de validade em 05/2014. Se eu carregar uma bolada hoje e quiser usar só em março de 2014, acho que vai estar lá, sim … Mas é claro que uma resposta mais abalizada do que o meu mero achismo seria bem vinda! 🙂

    Cris, acho que você está certa. O que a funcionária da Confidence me falou é que o cartão tem validade de 4 anos e que é necessário fazer recarga de 3 em 3 meses; agora não sei o porquê dessa recarga obrigatória nesse prazo. Se ficar muito tempo inativo a operadora vai descontando algumas tarifas (foi o que aconteceu com o meu, em pesos argentinos. Ficou um saldo que eu não conseguia sacar nem comprar uma garrafa de água, no fim, eles me tomaram esse dinheiro). Então o que você falou está certo: o saldo tem a mesma validade do cartão. Isso se aplica também ao prazo para uso, mas pelo que entendi, não pode ficar inativo muito tempo.
    Só não gostei de saber que se eu levar um cartão com dólares, por exemplo, para um país com outra moeda, será cobrada uma tarifa de 3 a 5% por cada transação, seja débito ou saque. Não sei se nesse caso compensa um VTM.

Bóia, acho que o assunto validade do VTM ficou meio confuso…
O cartão pode ter validade (como todo cartão de crédito), mas o que ficou sem resposta é se os créditos eventuais que vc faça (tem gente comprando euros ou dolares de vez em quando visando viagem futura) tem validade ou prazo para uso…
sugiro post específico ou perguntódromo. abraços

Neste final de semana serão abertos escritórios de representação em todas as capitais brasileiras e o atendimento será ininterrupto
> 48 horas seguidas > para todos que desejarem consultar a Pitonisa de Tebas.

Ric, não sou economista, apenas um curioso. mas lá vai:

Da forma como vejo, o cenário do Brasil não é bom. A copa e as olimpíadas serão aqui, Obama disse que Lula era o cara, fizeram um filme chamado Rio, notícias de “nova classe média”, tudo isso turbinou as expectativas. Em paralelo, as economias de Europa e EUA escorregaram. Criou-se um frenesi em relação ao nosso país nos investidores internacionais. Mas a verdade é que não temos estrutura pra crescer. Temos uma economia baseada quase exclusivamente em commodities, sem estradas decentes, sem ferrovias, sem bons aeroportos, sem escolas/universidades de primeira. Não mudamos tanto assim.

Nos últimos anos compramos carros (muito caros), imóveis (caríssimos), geladeiras, viagens, etc, tudo via crédito. Mas o crédito nada mais é que usar a grana do amanhã pra satisfazer o hoje. Quando o amanhã chega, vem a conta. Pois o amanhã chegou! Agora não adianta baixar taxas, tentar fomentar, a capacidade de endividamento já era. O cenário é: população endividada, previsão de pibinho, montadoras com pátios cheios, comércio parado, estoque de imóveis aumentando, governo lançando medida atrás de medida e o paciente nada de reagir… Resultado: os investidores já entenderam que a ilha da fantasia não existe, estão caindo fora e o dólar vai subindo…
Minha conclusão: se vai viajar pra fora, compre seus dólares já! A chance de aumentar me parece bem maior do que cair. Por outro lado, em viagens pelo Brasil, devem surgir boas oportunidades para quem sabe pechinchar.

Em tempo: espero estar errado, torço pelo Brasil! Parabéns pelo blog, adoro viajar e sempre tiro dicas preciosas daqui.

    Leandro, eu concordo com você. Quando eu falo isto, me chamam de ave de mau agouro. Eu moro nos isteitis, e vejo uma semelhança incrível com esta bolha em que o Brasil se meteu. E acho que tudo vai despencar na hora de pagar estes crediários que todos fizeram para comprar mais carros para burlar os dias do rodízio, os apês maiores que os dos amigos, etc. e talz. Uma pena! Eu queria tanto que tivesse chegado mesmo a hora do Brasil!

Um fator cuja importância eu reitero é que o R$ não é a única moeda cuja cotação flutua. O mercado de moedas é igual um leilão de produtos agrícolas, cada um sobe e desce o tempo todo.

Hoje mesmo, por exemplo, a cotação US$/€ está em queda livre. Coisa de 15% de desvalorização recente. Já o peso argentino andava muito desvalorizado em relação a todas as outras moedas.

No caso específico de quem vêm à Europa, eu acho tão arriscado ficar comprando dólares como guardar reais. É melhor fazer VTM em Euros e ir depositando. Ou, como é cada vez mais o caso, usando possibilidades de pagamento antecipado de hoteis – por exemplo.

Hj o dólar está num “sobe desce”.. minha viagem é para novembro, estou arriscando e vou esperar um pouco mais para comprar os dolares, será q estou fazendo certo?? A passagem comprei na semana passada por um preço q achei bom!!

Pretendo viajar em agosto para os Estados Unidos, será que está na hora de comprar dólar, ou ele ainda vai baixar.

Oi Riq, suas ótimas dicas de como viajar mesmo com a alta do dólar foi citada hoje no jornal valor econômico, na reportagem sos câmbio.

Olha, eu acho que ficou mais caro sim e acho que vai impactar sim. Fui pra Buenos Aires e só o hotel ficou mil dólares, para 6 diárias. Um hotel mais ou menos. Perdi na conversão peso/dólar e perdi na conversão dólar/real, sem contar o IOF. Gastei mais de 2000 reais, achei bem caro.
Espero mesmo que esse aumento freie esse consumo alucinado dos brasileiros no exterior. Compras são legais, mas o pessoal anda extrapolando, hehehe

Estou com viagem marcada para Orlando, agora em julho, e essa alta do dólar me assusta cada vez mais! Embora já tenha tudo acertado entre: passagem, hotéis, passeios…falta o $ extra para gastos pessoais. A solução mais viável que encontrei mesmo (já que não tenho como adiar) é ir comprando aos poucos o dólar. Muitos especialistas estão considerando a baixa/alta do dólar como oscilante, mas é difícil conter o pessimismo e não pender para o medo de que ele só pode aumentar rs. Mas uma dose de bom senso e com um pouco de “sorte” essa Crise não vai afetar meu divertimento, um pouquinho das compras talvez rsrs.

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